As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Viagem de Lula marca virada positiva para diplomacia, mas não deve gerar ilusões sobre futuro


Chegada do petista mantém a diplomacia nos mesmos trilhos, sem uma guinada radical

Por Silvio Cascione
Atualização:

A participação de Lula na cúpula sobre o clima (COP 27), nesta semana, é notável sob muitos aspectos. O presidente eleito há poucas semanas ainda nem assumiu o cargo, nem completou a formação do gabinete de transição. Porém, com a ausência de Bolsonaro e a baixa credibilidade da delegação oficial, manchada por anos de desmatamento sem controle na Amazônia, será Lula o representante de fato do Brasil nas negociações internacionais, o que por si só é bastante atípico.

Do ponto de vista climático, a ida de Lula reforça a posição do Brasil como um ator relevante nas negociações climáticas, aumentando as chances de investimentos nas áreas de preservação e energia renovável; numa perspectiva mais ampla de política externa, as pontes reconstruídas com países que repudiavam a postura de Bolsonaro – especialmente na Europa – também favorecem a diplomacia brasileira para a defesa de interesses estratégicos do País.

Marina Silva na COP 27; uma boa imagem internacional não poupará Lula de uma oposição bastante dura no Congresso e nas ruas caso sua popularidade entre os eleitores diminua. Foto: Mohammed Abed/AFP
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É preciso ter cautela, no entanto, para interpretar a importância desses movimentos para a política externa do Brasil, e os efeitos disso sobre as condições de governabilidade. Os gestos de Lula têm peso simbólico, e em alguns casos, como na agenda climática, também haverá consequências práticas bastante relevantes. Mas não se devem esperar grandes rupturas na política externa brasileira para além disso.

A verdade é que o atual governo já havia adotado uma postura muito mais moderada, e alinhada com a tradição diplomática brasileira, do que indicava há quatro anos. Desde a saída do chanceler Ernesto Araújo, e a chegada de Carlos Alberto França, o Brasil deixou de lado a defesa de teses da direita radical, como a luta contra o globalismo e o comunismo. Mesmo naquele período, o Brasil manteve laços importantes com seus principais parceiros comerciais, incluindo uma visita de Bolsonaro a Pequim e a negociação de um aporte bilionário dos chineses na exploração do pré-sal. Houve vários atritos, mas nenhum grande abalo nas relações externas brasileiras.

A chegada de Lula mantém a diplomacia nos mesmos trilhos, sem uma guinada radical. A diplomacia brasileira continuará guiada por princípios como a autodeterminação dos povos e a não-intervenção. Haverá uma aproximação com países latino-americanos e emergentes de modo geral, especialmente aqueles com maior afinidade ideológica com o futuro governo – como a Argentina de Alberto Fernández –, mas as principais oportunidades estratégicas envolverão diálogo com países ricos e os parceiros dos BRICS. Além da agenda climática, também há a chance de finalizar o acordo comercial com a União Europeia.

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A ida de Lula, portanto, marca um momento positivo para a diplomacia brasileira, mas não deve criar grandes ilusões sobre o futuro governo. A importância disso para a agenda doméstica também deve continuar pequena. Uma boa imagem internacional não poupará Lula de uma oposição bastante dura no Congresso e nas ruas caso sua popularidade entre os eleitores diminua.

A participação de Lula na cúpula sobre o clima (COP 27), nesta semana, é notável sob muitos aspectos. O presidente eleito há poucas semanas ainda nem assumiu o cargo, nem completou a formação do gabinete de transição. Porém, com a ausência de Bolsonaro e a baixa credibilidade da delegação oficial, manchada por anos de desmatamento sem controle na Amazônia, será Lula o representante de fato do Brasil nas negociações internacionais, o que por si só é bastante atípico.

Do ponto de vista climático, a ida de Lula reforça a posição do Brasil como um ator relevante nas negociações climáticas, aumentando as chances de investimentos nas áreas de preservação e energia renovável; numa perspectiva mais ampla de política externa, as pontes reconstruídas com países que repudiavam a postura de Bolsonaro – especialmente na Europa – também favorecem a diplomacia brasileira para a defesa de interesses estratégicos do País.

Marina Silva na COP 27; uma boa imagem internacional não poupará Lula de uma oposição bastante dura no Congresso e nas ruas caso sua popularidade entre os eleitores diminua. Foto: Mohammed Abed/AFP

É preciso ter cautela, no entanto, para interpretar a importância desses movimentos para a política externa do Brasil, e os efeitos disso sobre as condições de governabilidade. Os gestos de Lula têm peso simbólico, e em alguns casos, como na agenda climática, também haverá consequências práticas bastante relevantes. Mas não se devem esperar grandes rupturas na política externa brasileira para além disso.

A verdade é que o atual governo já havia adotado uma postura muito mais moderada, e alinhada com a tradição diplomática brasileira, do que indicava há quatro anos. Desde a saída do chanceler Ernesto Araújo, e a chegada de Carlos Alberto França, o Brasil deixou de lado a defesa de teses da direita radical, como a luta contra o globalismo e o comunismo. Mesmo naquele período, o Brasil manteve laços importantes com seus principais parceiros comerciais, incluindo uma visita de Bolsonaro a Pequim e a negociação de um aporte bilionário dos chineses na exploração do pré-sal. Houve vários atritos, mas nenhum grande abalo nas relações externas brasileiras.

A chegada de Lula mantém a diplomacia nos mesmos trilhos, sem uma guinada radical. A diplomacia brasileira continuará guiada por princípios como a autodeterminação dos povos e a não-intervenção. Haverá uma aproximação com países latino-americanos e emergentes de modo geral, especialmente aqueles com maior afinidade ideológica com o futuro governo – como a Argentina de Alberto Fernández –, mas as principais oportunidades estratégicas envolverão diálogo com países ricos e os parceiros dos BRICS. Além da agenda climática, também há a chance de finalizar o acordo comercial com a União Europeia.

A ida de Lula, portanto, marca um momento positivo para a diplomacia brasileira, mas não deve criar grandes ilusões sobre o futuro governo. A importância disso para a agenda doméstica também deve continuar pequena. Uma boa imagem internacional não poupará Lula de uma oposição bastante dura no Congresso e nas ruas caso sua popularidade entre os eleitores diminua.

A participação de Lula na cúpula sobre o clima (COP 27), nesta semana, é notável sob muitos aspectos. O presidente eleito há poucas semanas ainda nem assumiu o cargo, nem completou a formação do gabinete de transição. Porém, com a ausência de Bolsonaro e a baixa credibilidade da delegação oficial, manchada por anos de desmatamento sem controle na Amazônia, será Lula o representante de fato do Brasil nas negociações internacionais, o que por si só é bastante atípico.

Do ponto de vista climático, a ida de Lula reforça a posição do Brasil como um ator relevante nas negociações climáticas, aumentando as chances de investimentos nas áreas de preservação e energia renovável; numa perspectiva mais ampla de política externa, as pontes reconstruídas com países que repudiavam a postura de Bolsonaro – especialmente na Europa – também favorecem a diplomacia brasileira para a defesa de interesses estratégicos do País.

Marina Silva na COP 27; uma boa imagem internacional não poupará Lula de uma oposição bastante dura no Congresso e nas ruas caso sua popularidade entre os eleitores diminua. Foto: Mohammed Abed/AFP

É preciso ter cautela, no entanto, para interpretar a importância desses movimentos para a política externa do Brasil, e os efeitos disso sobre as condições de governabilidade. Os gestos de Lula têm peso simbólico, e em alguns casos, como na agenda climática, também haverá consequências práticas bastante relevantes. Mas não se devem esperar grandes rupturas na política externa brasileira para além disso.

A verdade é que o atual governo já havia adotado uma postura muito mais moderada, e alinhada com a tradição diplomática brasileira, do que indicava há quatro anos. Desde a saída do chanceler Ernesto Araújo, e a chegada de Carlos Alberto França, o Brasil deixou de lado a defesa de teses da direita radical, como a luta contra o globalismo e o comunismo. Mesmo naquele período, o Brasil manteve laços importantes com seus principais parceiros comerciais, incluindo uma visita de Bolsonaro a Pequim e a negociação de um aporte bilionário dos chineses na exploração do pré-sal. Houve vários atritos, mas nenhum grande abalo nas relações externas brasileiras.

A chegada de Lula mantém a diplomacia nos mesmos trilhos, sem uma guinada radical. A diplomacia brasileira continuará guiada por princípios como a autodeterminação dos povos e a não-intervenção. Haverá uma aproximação com países latino-americanos e emergentes de modo geral, especialmente aqueles com maior afinidade ideológica com o futuro governo – como a Argentina de Alberto Fernández –, mas as principais oportunidades estratégicas envolverão diálogo com países ricos e os parceiros dos BRICS. Além da agenda climática, também há a chance de finalizar o acordo comercial com a União Europeia.

A ida de Lula, portanto, marca um momento positivo para a diplomacia brasileira, mas não deve criar grandes ilusões sobre o futuro governo. A importância disso para a agenda doméstica também deve continuar pequena. Uma boa imagem internacional não poupará Lula de uma oposição bastante dura no Congresso e nas ruas caso sua popularidade entre os eleitores diminua.

A participação de Lula na cúpula sobre o clima (COP 27), nesta semana, é notável sob muitos aspectos. O presidente eleito há poucas semanas ainda nem assumiu o cargo, nem completou a formação do gabinete de transição. Porém, com a ausência de Bolsonaro e a baixa credibilidade da delegação oficial, manchada por anos de desmatamento sem controle na Amazônia, será Lula o representante de fato do Brasil nas negociações internacionais, o que por si só é bastante atípico.

Do ponto de vista climático, a ida de Lula reforça a posição do Brasil como um ator relevante nas negociações climáticas, aumentando as chances de investimentos nas áreas de preservação e energia renovável; numa perspectiva mais ampla de política externa, as pontes reconstruídas com países que repudiavam a postura de Bolsonaro – especialmente na Europa – também favorecem a diplomacia brasileira para a defesa de interesses estratégicos do País.

Marina Silva na COP 27; uma boa imagem internacional não poupará Lula de uma oposição bastante dura no Congresso e nas ruas caso sua popularidade entre os eleitores diminua. Foto: Mohammed Abed/AFP

É preciso ter cautela, no entanto, para interpretar a importância desses movimentos para a política externa do Brasil, e os efeitos disso sobre as condições de governabilidade. Os gestos de Lula têm peso simbólico, e em alguns casos, como na agenda climática, também haverá consequências práticas bastante relevantes. Mas não se devem esperar grandes rupturas na política externa brasileira para além disso.

A verdade é que o atual governo já havia adotado uma postura muito mais moderada, e alinhada com a tradição diplomática brasileira, do que indicava há quatro anos. Desde a saída do chanceler Ernesto Araújo, e a chegada de Carlos Alberto França, o Brasil deixou de lado a defesa de teses da direita radical, como a luta contra o globalismo e o comunismo. Mesmo naquele período, o Brasil manteve laços importantes com seus principais parceiros comerciais, incluindo uma visita de Bolsonaro a Pequim e a negociação de um aporte bilionário dos chineses na exploração do pré-sal. Houve vários atritos, mas nenhum grande abalo nas relações externas brasileiras.

A chegada de Lula mantém a diplomacia nos mesmos trilhos, sem uma guinada radical. A diplomacia brasileira continuará guiada por princípios como a autodeterminação dos povos e a não-intervenção. Haverá uma aproximação com países latino-americanos e emergentes de modo geral, especialmente aqueles com maior afinidade ideológica com o futuro governo – como a Argentina de Alberto Fernández –, mas as principais oportunidades estratégicas envolverão diálogo com países ricos e os parceiros dos BRICS. Além da agenda climática, também há a chance de finalizar o acordo comercial com a União Europeia.

A ida de Lula, portanto, marca um momento positivo para a diplomacia brasileira, mas não deve criar grandes ilusões sobre o futuro governo. A importância disso para a agenda doméstica também deve continuar pequena. Uma boa imagem internacional não poupará Lula de uma oposição bastante dura no Congresso e nas ruas caso sua popularidade entre os eleitores diminua.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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