BRASÍLIA – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva vai indicar Marina Silva para comandar novamente o Ministério do Meio Ambiente. Marina recusou o convite feito por ele, nesta sexta-feira, 23, para ocupar o cargo de Autoridade Nacional de Segurança Climática. Em reunião com o petista, a deputada eleita pela Rede disse que essa função, a ser criada pelo novo governo, precisa ser desempenhada por um técnico, e não por alguém de perfil político.
Diante do impasse, Lula chamou mais uma vez a senadora Simone Tebet (MDB-MS), com quem já havia conversado pela manhã, na tentativa de encontrar uma saída. O presidente eleito queria que as duas fizessem uma dobradinha, com Simone à frente do Ministério do Meio Ambiente. A proposta já havia sido apresentada à senadora em outras duas ocasiões pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Desta vez, Simone respondeu que só aceitaria a pasta se Marina concordasse em assumir a Autoridade Climática, o que não ocorreu.
Nas redes sociais, a deputada eleita negou que esse tenha sido o assunto da reunião com Lula. “Tive uma boa conversa com o @LulaOficial sobre os rumos da política socioambiental do país. Esclareço que no encontro não tratamos sobre convite para assumir a autoridade climática, que defendo ser um cargo técnico vinculado ao Ministério do Meio Ambiente”, escreveu ela no Twitter.
A cadeira de Simone na Esplanada não está definida até agora. O Estadão apurou que, durante voo de Brasília para São Paulo, Lula disse a ela que não poderia dispensar sua colaboração no governo. A senadora já recusou sondagens para Turismo e Planejamento. Uma das opções seria agora o Ministério das Cidades.
O problema é que a pasta já foi prometida pelo presidente eleito para a bancada do MDB na Câmara. Pelo Senado, o indicado do partido é Renan Filho, ex-governador de Alagoas, que será ministro dos Transportes.
O deputado José Priante (MDB-PA) tinha sido indicado para Cidades, mas o governador do Pará, Helder Barbalho, que é seu primo, vetou o nome. Os dois não se dão bem. “Me sinto lisonjeado por ter sido lembrado pela bancada, mas todo partido tem sua neura. Sempre tem muita confusão. Tem um colega nosso que diz que só acredita em Deus e no Diário Oficial”, disse Priante.
Pressão
Simone só foi convidada para o Meio Ambiente após o PT barrar o nome dela para comandar o Ministério do Desenvolvimento Social, entregue ao senador eleito Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí. Nas redes sociais, entidades climáticas criticaram a possibilidade de Simone ser titular da pasta, sob o argumento de que ela é ligada ao agronegócio. Foi criada até a hashtag #TemQueSerMarina.
A deputada eleita foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula, de 2003 a 2008, mas saiu após vários embates com o PT e com o agronegócio. Em seguida, desfiliou-se do partido e só se reaproximou de Lula nesta campanha, pelas mãos de Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda. /COLABORARAM WESLLEY GALZO E DANIEL WETERMAN