O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Costa Leite, será convidado a intermediar as complicadas conversas entre o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e os professores das universidades federais, em greve há mais de dois meses. A presença do ministro do STJ na negociação está sendo solicitada pelos líderes do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes). Em audiência nesta terça-feira, os sindicalistas vão reiterar o convite a Costa Leite e fazer um relato da paralisação. A cúpula do Andes afirma que a idéia de pedir a intermediação do presidente do STJ não é uma provocação ao ministro Paulo Renato. "Nosso objetivo não é desqualificá-lo, mas melhorar a negociação", diz o presidente do Andes, Roberto Leher. "Costa Leite poderá criar um ambiente para resolver o problema dentro de em clima de responsabilidade e ética." A greve dos professores está sendo marcada por duelos verbais entre representantes do Ministério da Educação (MEC) e do Andes. Os ânimos se acirraram com o bloqueio do salário de setembro. Desde o início deste mês, estão sobrando farpas e ataques. Paulo Renato Souza acusa o sindicato de tentar tirar proveito partidário do movimento. Já o Andes diz que a paralisação é apenas reivindicatória. "O ministro quer dar uma conotação partidária que nunca existiu", diz Leher. Nesta terça-feira à tarde o sindicalista se reunirá com a secretária de Ensino Superior do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro. O ministro da Educação decidiu contra-atacar o Andes por meio de carta aos professores universitários. Paulo Renato Souza pediu, nesta segunda-feira, aos docentes que retornem ao trabalho e fez um relato das conversas com o sindicato. A "dificuldade" das negociações com o Andes, segundo o ministro, poderá levar à retirada da proposta de remanejamento do Orçamento por parte dos parlamentares. "Com o Andes só conseguimos realizar até agora quatro reuniões", ressaltou o ministro. Na correspondência, Paulo Renato insistiu na proposta de reajuste de 30% da Gratificação de Estímulo à Docência (GED), que representaria um aumento salarial médio de 12%. O Andes não aceita e quer incorporar a gratificação ao salário. O governo calcula que o reajuste da GED dará uma despesa de R$ 250 milhões em 2002. "O reajuste é o máximo que podemos oferecer", destacou o ministro, na carta aos professores. O fim da greve dos servidores técnico-administrativos, previsto para a próxima quarta-feira está sendo aguardado com expectativa no MEC. Nesta terça-feira, a Federação de Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra) voltará ao ministério para acertar detalhes do acordo firmado na noite de quinta-feira. O acordo prevê o retorno ao trabalho na quinta-feira e reajustes de até 50% com a incorporação da Gratificação de Atividade Executiva (GAE).