RIO – A Marinha vai entregar nesta sexta-feira, 12, o segundo submarino construído pelo Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) – iniciativa que teve origem em acordo firmado com a França, em 2008, no segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A participação do chefe do Executivo na cerimônia estava prevista, mas foi cancelada nesta quarta-feira, 10.
Desenvolvido para a construção das embarcações, o Prosub utiliza da transferência de tecnologia entre os países para o desenvolvimento de quatro submarinos convencionais da classe da embarcação francesa Scorpène e a fabricação do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear, com conclusão prevista para 2029 e lançamento para 2033. O projeto está sendo colocado em prática no Complexo Naval de Itaguaí (RJ).
O Humaitá tem 72 metros de comprimento e capacidade de deslocamento de 1,8 mil toneladas. A embarcação é o segundo dos quatro submersíveis comprados do estaleiro DCNS e financiados pelo banco BNP Paribas, ambos franceses, em 2008. O primeiro da classe entregue foi o submarino Riachuelo, em 2022.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou da solenidade de uma das etapas da construção do submarino Humaitá. Após o batismo com a presença do então chefe do Executivo, em 2020, o Humaitá passou por mais de um ano de construção e aprimoramento de seu interior. Lula também visitou o Complexo Naval de Itaguaí, no litoral sul do Rio, para acompanhar as obras do submarino em março do ano passado.
A justificativa brasileira para, em parceria com a França, construir os quatro submarinos convencionais e comprar o casco do futuro submarino com propulsão nuclear é defender a soberania nacional.
Depois dos quatro submarinos convencionais, a Marinha prevê a construção do submarino à propulsão nuclear. Ele levará o nome de Álvaro Alberto, almirante brasileiro pioneiro na pesquisa do setor. Segundo o Almirante-de-Esquadra Petrônio Aguiar, Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), o Prosub é sobretudo um indutor da ciência e da tecnologia nacionais, com transferência de tecnologia e construção no País. Representa a interação de três projetos interrelacionados: a construção da infraestrutura industrial e operacional; a construção e operação de quatro Submarinos Convencionais Classe “Riachuelo”; e a construção e operação do primeiro Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN) – objeto principal de todo o Programa.
“Para o Brasil, esse Programa representa uma significativa ampliação da capacidade de dissuasão e defesa da Amazônia Azul, além de contribuir significativamente para o desenvolvimento de nossa base industrial de defesa”, diz Aguiar.
Submarinos usam motores diesel-elétricos
A tecnologia escolhida pela Marinha é francesa, dos submarinos Scorpène, que usam motores diesel-elétricos. O processo de transferência de conhecimento é amplo. No navio atômico, último do pacote binacional contratado, a participação da engenharia do Naval Group está limitada às partes não nucleares.
O projeto original dos quatro modelos convencionais sofreram alterações em benefício do conforto dos 31 tripulantes regulares e da capacidade de alcance. A “Versão Br”, uma denominação informal, é cerca de 10 metros mais longa que a da especificação de catálogo.