No que tange à distribuição geográfica, 41% dos deputados são do Sudeste, 31% do Nordeste, 12% do Sul, 8% do Norte e 8% do Centro Oeste. Entre os deputados do Sudeste, Centro Oeste e Sul, a votação foi majoritariamente a favor do relatório pró impeachment. Dos deputados do Nordeste e do Norte, a votação foi majoritariamente contra o relatório. A dimensão federativa poderá exercer, no caso do impeachment, impacto maior do que a lógica partidária.
No tocante aos partidos políticos, 17% dos representados na Comissão têm apenas seis anos de existência. Quanto à representatividade de gênero na Comissão, apenas 3% são mulheres; em toda a Câmara dos Deputados, são 8,7%.
Dos 65 deputados que compõem a Comissão, quase um terço é investigado em algum processo, sendo que 2 tiveram seus mandatos impugnados na Lei Ficha Limpa, mas recorreram e foram diplomados. Um é procurado pela Interpol. Dos 38 deputados que votaram a favor do relatório do impeachment, 12 são indiciados por corrupção.
Apenas 8 dos 65 deputados conseguiram se eleger com votos próprios. Todos os outros foram eleitos por meio do quociente partidário. São esses os parlamentares que afirmam representar o clamor público, que brada contra a corrupção. Ao que tudo indica, a Comissão Especial é um exemplo dos problemas de representatividade que afetam o Legislativo brasileiro. A Comissão, que cumpre papel relevante da definição dos rumos do país, poderia ser questionada quanto a sua legitimidade eleitoral e quanto à representatividade da pluralidade da sociedade brasileira.
Caio Bertoli, Danilo Sousa, Matheus Rios, Matias Falcone, Paulo Saad, alunos de graduação em Direito da FGV Direito SP
Supervisão: Eloísa Machado de Almeida professora FGV Direito SP