É possível que a ideologia do magistrado influa em sua decisão. É de se esperar ainda que ministros discutam se acreditam que o modelo de financiamento é realmente uma fonte relevante para os problemas de corrupção no país. No atual momento, é evidente que podem ser realizadas considerações sobre conjuntura econômica e política do país. Porém, nesse julgamento todas as expectativas e limites foram ultrapassados: tratou-se da prestação de contas da Presidente Dilma, dos dados de corrupção da Operação Lava Jato e se esmiuçou os escândalos de corrupção na Petrobrás. Para Gilmar, a discussão sobre financiamento de campanhas é uma conspiração contra a oposição e, por isso, deve ser rejeitada. Abandonou-se o debate constitucional e optou-se por uma ode ao impeachment.
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O problema está na subversão da lógica do espaço institucional que um ministro do STF ocupa. Ainda que juízes não sejam neutros, eles possuem deveres de imparcialidade que ancoram a sua legitimidade democrática. Desabafos políticos são importantes, mas são cabíveis em apenas em dois edifícios da Praça dos Três Poderes.
Rubens Glezer, Professor e Coordenador do Supremo em Pauta da FGV Direito SP