A estratégia adotada pela campanha de Tabata Amaral (PSB) de veicular conteúdos mais críticos e combativos em suas redes sociais contra Pablo Marçal (PRTB), incluindo vídeos recentes que buscam associá-lo ao crime organizado (veja abaixo), faz parte da tática de desconstruir o ex-coach e aumentar a visibilidade da deputada federal – postura que será intensificada ao longo da corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo. Procurado, candidato do PRTB ainda não se manifestou.
As peças de campanha veiculadas pela equipe de Tabata nas últimas semanas buscam tanto “expor quem é Pablo Marçal” quanto marcar posição nas redes sociais, para evitar que o influenciador domine a narrativa digital durante a campanha. “Ele precisa ser confrontado. Senão ele fala sozinho e escolhe a pauta”, explica o marqueteiro da campanha, Pedro Simões.
Simões explica que a estratégia foi adotada especialmente depois que os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB) decidiram não confrontar Marçal diretamente. O marqueteiro ressalta que a postura mais combativa de Tabata não contrasta com o plano inicial de ser “a candidata mais propositiva”. “Eu tenho brincado que é uma pancada, é uma proposta”, diz.
Com 8% na última pesquisa Datafolha e ainda pouco conhecida pelo eleitorado paulista, Tabata não decolou nas intenções de voto. Para o marqueteiro, conteúdos desse tipo também são fundamentais para aumentar a visibilidade da candidata. “Um conteúdo que é só proposta tende a naufragar”.
O marqueteiro indica ainda que a tática de produzir peças mais combativas continuará durante toda a campanha, embora ressalte que a estratégia pode mudar dependendo do cenário. As peças, explica Simões, não se limitarão a Marçal e serão usadas também contra os demais candidatos.
Para a campanha na TV, o marqueteiro afirma que o conteúdo deverá focar mais nas propostas e nos planos para a cidade, principalmente devido ao pouco tempo disponível. “Na televisão é importante apresentar essa outra Tabata, que é essa Tabata propositiva, preparada”, explica.
Na madrugada deste domingo, 26, a campanha de Tabata publicou um vídeo relembrando o caso em que Marçal foi preso em 2005 e, posteriormente, condenado a quatro anos e cinco meses de reclusão por furto qualificado. O ex-coach foi réu em um processo envolvendo supostos criminosos responsáveis por desviar dinheiro de contas de bancos, como a Caixa e o Banco do Brasil. No caso de Marçal, o crime prescreveu entre a sentença (2010) e o julgamento do recurso (2018).
O primeiro vídeo, divulgado na última quinta-feira, 22, mostra Tabata fazendo uma espécie de “cartas marcadas”, no qual expõe fotos de amigos e aliados políticos do ex-coach que teriam ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), como Tarcísio Escobar de Almeida e Júlio César Pereira, o Gordão, acusados de trocar carros de luxo por cocaína para a facção criminosa, caso revelado pelo Estadão. O conteúdo também cita Leonardo Alves Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, atual presidente nacional do PRTB e um dos principais articuladores da candidatura de Marçal. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Avalanche foi flagrado em conversas nas quais mencionava ter ligações com o PCC.
Campanha acredita que Boulos e Nunes evitam Marçal por estratégia
Para aliados de Tabata, a postura de Nunes e Boulos de evitar um confronto direto com Marçal é conveniente e deverá continuar ao longo da campanha. Na avaliação de um nome próximo à campanha, o atual prefeito e candidato à reeleição seguirá “batendo leve” em Marçal, na “esperança” de herdar os votos bolsonaristas em um eventual segundo turno.
Já Boulos critica pontos que os eleitores de Marçal já conhecem, como quando o chama de machista ou fascista. A avaliação é de que o psolista prefere levar o ex-coach para um eventual segundo turno, por considerá-lo uma figura mais extremista e, portanto, mais fácil de derrotar.