O candidato ao governo de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) defendeu, nesta terça-feira, 25, o que chamou de “liberdade” dos cidadãos para obter a posse e, em determinados casos, o porte de armas de fogo no Estado, se eleito. Ele ponderou, contudo, que episódios como o do último domingo, quando o ex-deputado Roberto Jefferson fez disparos de fuzil contra agentes da Polícia Federal, são “lamentáveis”. “Não se pode atacar a polícia. Quem ataca a polícia é bandido”, afirmou, em entrevista ao Estadão/Rádio Eldorado.
“No caso do Roberto Jefferson, a gente percebe que ele estava numa situação de irregularidade. Não podemos comparar quem está fora da lei com aquele que está dentro da lei”, disse. O ex-deputado estava com sua licença de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC) suspensa, e não poderia ter armas em sua residência no Rio de Janeiro. “O que aconteceu foi absolutamente lamentável sob todas as dimensões, primeiro pelo ataque a uma ministra do Supremo Tribunal Federal (Cármen Lúcia, chamada de “prostituta” por Jefferson) e pela reação à ordem de prisão”.
Passe livre no 2º turno
O ex-ministro defendeu a ampliação da gratuidade do transporte público no dia da eleição a todo o Estado. A Prefeitura da capital paulista liberou as catracas no próximo domingo, 30, e a Defensoria Pública acionou a Justiça para ampliar o benefício ao transporte intermunicipal, incluindo Metrô, CPTM e EMTU. Tarcísio disse entender que essa prerrogativa é do gestor atual do Estado, Rodrigo Garcia (PSDB), mas afirmou que, se fosse ele o governador, liberaria a gratuidade.
“Eu liberaria. Entendo que nós estamos falando da festa da democracia. (...) É uma questão que cabe aos gestores municipal e estadual, dentro de uma lógica de sustentabilidade financeira. (Mas) existe um evento muito importante, que é a eleição, e é razoável ter a liberação nesse dia”, afirmou.
A medida beneficiaria a parcela mais pobre da população, que, segundo pesquisas eleitorais, tende a votar no candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência. Questionado sobre isso, Tarcísio afirmou que sua campanha deve trabalhar no “convencimento do eleitor”. “Qualquer outra atitude não é o caso. A gente ganha a eleição se convencer o eleitor que o nosso projeto é o melhor”, disse.
Apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no palanque paulista, o candidato negou que o chefe do Executivo vá exercer influência em seu eventual mandato no Palácio dos Bandeirantes. “Qual vai ser a participação do presidente (Bolsonaro) no governo Tarcísio no Estado de São Paulo? Nenhuma. O governo vai ser meu”, disse.
Tarcísio também negou que vá distribuir cargos a quadros do PSDB que apoiam sua campanha. Ele afirmou que os diálogos com os partidos ocorrem estritamente no “campo programático” e prometeu priorizar indicações técnicas para as secretarias. “Deixei claro que não estou oferecendo cargos para ninguém”, afirmou. “Posso acolher uma indicação, desde que tenha capacidade técnica e conhecimento do assunto”, acrescentou.
Sabesp
Questionado sobre a gestão da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Tarcísio afirmou que vê na privatização um “caminho possível” para a empresa, mas que pretende estudar o modelo de concessão antes de tomar uma decisão. “Pretendo melhorar a prestação de serviço, diminuir o tempo para a universalização da prestação de coleta e tratamento do esgoto (...) e quero que o cidadão pague menos. Enxergo na privatização um caminho possível”, afirmou.
O ex-ministro ponderou que pode desistir da proposta se concluir que ela representa risco para a prestação de serviço, embora seja “levado a crer” que a privatização é vantajosa. “Se a gente observar que a privatização, em alguma medida, pressupõe risco para o cidadão, nós não faremos, seguiremos com a empresa pública”, ponderou.
A entrevista teve participação dos âncoras da rádio, Carolina Ercolin e Haisem Abaki, e da jornalista do Estadão Mariana Caetano.
Na quarta-feira, 26 será a vez do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que está na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes com Tarcísio.
No primeiro turno, o candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teve 9,8 milhões de votos (42,3%), enquanto o petista recebeu 8,3 milhões de votos, 35,7% do total contabilizado pela Justiça Eleitoral.