O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) quer firmar uma Parceria Público-Privada (PPP) para viabilizar a transferência da sede do governo de São Paulo para as proximidades da região da cracolândia, no centro da capital. Promessa de campanha, a mudança pode englobar também secretarias e envolver cerca de 18 mil funcionários.
Segundo um integrante do primeiro escalão, a autorização para o início dos estudos se dará no dia 14, durante reunião dos conselhos de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Equipes técnicas do governo e também de universidades, como a USP, definirão o modelo, que se expandiu depois da posse. O projeto agora prevê que toda a estrutura pública se organize ao redor do Palácio dos Campos Elíseos, na Avenida Rio Branco, onde hoje funciona o Museu das Favelas e, no futuro, poderia servir como gabinete do governador. Uma das possibilidades de PPP seria, por exemplo, liberar repartições desocupadas para projetos habitacionais
Para que secretarias e demais órgãos estaduais também passem a funcionar no centro, porém, interlocutores do governador estimam que será preciso construir uma espécie de polo administrativo ao longo da Rio Branco. Só depois é que 18 mil funcionários, hoje espalhados por 62 prédios, poderiam então trabalhar perto da nova sede.
O custo do projeto não foi divulgado. Segundo a gestão Tarcísio, o orçamento será definido com a conclusão dos estudos, mas, independentemente do valor, a intenção é viabilizá-lo a partir de parcerias com a iniciativa privada. Também não está definido onde será a nova residência do governador, hoje instalada, assim como seu gabinete, no Palácio dos Bandeirantes.
CPTM
Na mesma reunião do conselho das PPPs, Tarcísio encomendará um outro estudo para averiguar a viabilidade financeira de um projeto debatido há décadas em São Paulo: o enterramento do trilhos dos trens da CPTM que passam pela capital, especialmente o trecho entre a Lapa e o Brás.
A avaliação é que a medida complementaria o projeto de requalificação do centro previsto na proposta de mudança da sede. A intenção é abrir espaço para a construção de prédios públicos e de moradias populares a partir de intervenções em quatro linhas. Ao se tornarem subterrâneas, 2,3 mil hectares de terra seriam liberados – na campanha, Tarcísio prometeu construir 200 mil unidades habitacionais.
De acordo com auxiliares do governador, a proposta será desenvolvida em parceria com a Prefeitura. Uma das possibilidades é a de trabalhar a aprovação de legislações específicas para regiões dotadas de trilhos, como a Operação Urbana Lapa-Brás, aguardada há mais de dez anos.
Com ela, o Município definiria o projeto como prioritário e destinaria os recursos arrecadados com a venda de títulos imobiliários na região para a obra. Em troca, o Estado utilizaria os terrenos liberados para ampliar a oferta de habitação social e abrir uma avenida ligando a zona oeste ao centro.
A intenção vai de encontro a outro projeto, desta vez da Prefeitura: o de transformar o elevado João Goulart, o Minhocão, em parque. Em entrevista ao Estadão, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que o fechamento da via elevada para carros só é possível com a construção de uma alternativa viária. Se o enterramento dos trilhos não sair, Nunes pretende construir um túnel sob o Minhocão por cerca de R$ 1 bilhão.
COLABOROU ADRIANA FERRAZ