Tempo usado para ataques pessoais diminui 89% entre debates da RedeTV e do SBT; compare números


Marçal foi o postulante que mais atacou os adversários e chegou a criar 16 apelidos para se dirigir aos oponentes em ambos os encontros; Nunes, em contrapartida, foi o nome mais atacado nas duas ocasiões

Por Adriana Victorino e Pedro Lima

Ao contrário dos últimos debates entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, marcados por agressões físicas e verbais, o evento promovido por SBT, portal Terra e Rádio Novabrasil nesta sexta-feira, 20, contou com um tom mais ameno e propositivo. Um levantamento realizado pelo Estadão mostrou que os candidatos usaram quase todo o tempo destinado à discussão de ideias para apresentar propostas de governo e questionar detalhes dos planos dos adversários.

No último debate organizado pelo portal UOL e pela RedeTV, mais de um terço do tempo foi usado pelos postulantes para fazer ataques pessoais e para se defender das investidas dos adversários. Foram quase 30 minutos de confrontos. No evento de hoje, os candidatos passaram apenas 3 minutos e 5 segundos brigando sobre assuntos alheios aos interesses dos eleitores. Ou seja, 88,8% a mais de tempo destinado ao confronto de ideias se compararmos os dois eventos.

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Pablo Marçal (PRTB) foi quem mais atacou seus oponentes nos dois debates e também o candidato que menos apresentou propostas de governo. Marina Helena (Novo) aparece logo em seguida como a segunda postulante que mais fez investidas contra os adversários.

Tempo usado para ataques pessoais diminui 89% entre debates da RedeTV! e do SBT. Encontro na emissora de Silvio Santos foi mais propositivo e menos tenso do que evento anterior. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Em contrapartida, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), foi o mais atacado pelos concorrentes em ambos os encontros e quem mais se dedicou a trazer um tom propositivo para os embates, aproveitando o tempo dos direitos de resposta concedidos a ele para destacar obras realizadas na atual gestão. José Luiz Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) foram os candidatos que menos utilizaram o tempo para atacar os adversários.

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Tabata e a candidata do Novo tiveram tempos parecidos de discussão de propostas. A economista, no entanto, foi a postulante que menos recebeu ataques dos outros concorrentes. Portanto, ao contrário da deputada, que precisou se defender em algumas ocasiões, não fez uso do tempo para se esquivar de falas contra sua honra em nenhum momento do debate.

Os apelidos, que fizeram parte de todo o debate anterior, foram menos utilizados no evento de hoje. No início do embate, o apresentador Cesar Filho fez um apelo aos candidatos para que promovessem uma “discussão civilizada” e chamassem os oponentes apenas pelos nomes. Ainda assim, Marçal se destacou nesse quesito, e criou 14 – dois terços – dos 21 apelidos usados pelos candidatos no evento anterior, e dois dos cinco nomes no debate de hoje.

Para o cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a mudança de postura dos candidatos mostra que perceberam o que outras eleições já pautaram: “o rechaço da política ser meramente a desconstrução do oponente da maneira mais absurda possível, quando a população municipal espera propostas por seus problemas concretos.”

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No entanto, o especialista ressalta que o crescimento nos índices de rejeição de Marçal - que chegou a 47% no último Datafolha -, fizeram com que o ex-coach mudasse de comportamento. “Houve um recuo da postura mais agressiva, sobretudo no Marçal, que vinha pautando a nível muito baixo do debate”, explica Grin.

Grin avalia que essa dinâmica de ataques durante os debates prejudica o cenário eleitoral e incomoda os eleitores, o que contribui para o aumento dos índices de abstenção. “Se é esse o nível de discussão, então, a forma de protesto é não comparecer para votar”, explica.

Bruno Schaefer, cientista político do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), acredita que atualmente as eleições são muito mais sobre a vida dos candidatos do que sobre políticas públicas em si. “Então, nesse contexto, talvez atacar o outro, atacar a personalidade do outro, seja bastante importante”, argumentou Schaefer

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Entenda os critérios usados para definir cada fala

Para a produção do levantamento, a reportagem estabeleceu critérios específicos para categorizar as declarações dos candidatos. Foram considerados como ataques pessoais quaisquer afirmações de opositores que atingissem a honra do indivíduo, desde que desvinculadas do contexto eleitoral. A análise também levou em conta o tempo dedicado pelos candidatos a se defenderem dos ataques.

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Excluíram-se desta categoria críticas direcionadas às propostas ou ao plano de governo dos candidatos, assim como, especificamente no caso de Nunes, avaliações negativas referentes à sua gestão enquanto prefeito de São Paulo.

Na categoria “debate propositivo”, foram agrupadas as ocasiões em que os candidatos discutiram ideias e propostas, inclusive quando acompanhadas de críticas aos planos de governo dos adversários. Segundo analistas políticos consultados pelo Estadão, é natural que haja comentários negativos sobre as propostas dos candidatos em um debate construtivo. Portanto, essas observações não foram classificadas como ataques pessoais ou ofensas à honra.

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Ataques pessoais e defesas tomaram conta de quase 30 minutos na RedeTV

Na RedeTV, Marçal já começou sua participação no debate dizendo que Datena não era “homem”, mesmo insulto que fez o jornalista agredi-lo com uma cadeira no debate da TV Cultura, no domingo. O candidato do PRTB também reforçou que o tucano tinha se comportado como um “orangotango”. “Eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só”, retrucou Datena.

O clima de tensão seguiu nos embates seguintes, especialmente no protagonizado por Nunes e, novamente, por Marçal. Os dois discutiram aos gritos fora dos microfones quando o tempo de fala de ambos já havia terminado. Eles foram advertidos pela mediadora.

O ex-coach tentou provocar Nunes o chamando de “Bananinha” e de “tchutchuca do PCC” (Primeiro Comando da Capital). Também citou boletim de ocorrência por ameaça e violência registrado por sua mulher, Regina Nunes, e disse que ele será preso em uma eventual gestão sua. Nunes e a esposa já negaram o episódio. O candidato do PRTB também tentou irritar Boulos ao lembrar do episódio da carteira de trabalho, mas o psolista não caiu na provocação.

O ex-coach também voltou a chamar o candidato do PSOL de “Boules”, fazendo alusão ao uso da linguagem neutra defendida por setores da esquerda. A mediadora interveio, pedindo para ele se referir ao adversário pelo nome. O influenciador colou um adesivo de sua campanha na boca, sugerindo que estava sendo censurado.

Na avaliação de Grin, as atitudes dos postulantes provocam sentimentos variados entre os eleitores. “Essa coisa de cada vez mais ir para o grotesco, teatralidade, exagero ou agressão, produz sentimentos de amor e ódio nas redes sociais, sobretudo, num contexto no qual a polarização política no Brasil reforça esse tipo de ideia do tipo, eu sou torcedor de um lado e odeio o outro lado”, explica.

Principal alvo de Marina, Tabata também se envolveu em polêmicas com a candidata do Novo. A economista sugeriu que ela estaria sendo beneficiada por viagens de jatinho para visitar o namorado João Campos (PSB), prefeito de Recife. A deputada chamou a afirmação de delírio e disse que deve processar a adversária pela fala.

Ao contrário dos outros debates, o encontro desta sexta não carregou tantos momentos tensos. Especialmente porque Marçal reduziu o tom. Com mais espaço para propostas, a administração realizada pelo prefeito foi o centro das discussões. O emedebista defendeu a gestão e ressaltou medidas realizadas em parceria com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu principal aliado.

No SBT, Boulos e Nunes protagonizaram um dos embates. O prefeito disse que Boulos é “desinformado” ao citar ações de seu governo sobre cobertura vegetal, parques e desapropriação de áreas de mata privada. O psolista afirmou que o que o emedebista diz não corresponde à realidade vista nas ruas pelos eleitores. “Fazer propaganda, e discurso bonito, não resolve a sua vida”, dirigindo-se ao eleitor.

O tempo total em que os candidatos foram atacados no SBT excede a soma total de ataques porque, em algumas falas, mais de um postulante pode ter sido atacado ao mesmo tempo. Em outro confronto direto, a candidata do Novo retrucou Nunes quando ele falou sobre os programas feitos durante sua gestão. Marina afirmou que a política “se distanciou” da realidade, e que o debate está sendo “um grande circo” de propostas iguais às de outros debates e campanhas de pleitos anteriores.

“Até o Datena que gaguejava no primeiro debate aprendeu a falar de proposta”, acrescentou a economista. “O cidadão está cansado de ver tanto dinheiro de ser arrancado do seu bolso para ir para um estado inchado. Defendo mais dinheiro no seu bolso e menos nas mãos desses parasitas.”

Ainda, Tabata comentou que “Marçal é como o jogo do tigrinho: promessas fáceis que podem até atrair quem está desiludido”, e citou alguns casos em que o candidato do PRTB é suspeito de desviar dinheiro de aposentados, por exemplo. “Em todos os debates eu nunca fui o palhaço, sempre debati com palhaços”, e disse que a deputada, que sempre pareceu “comportada”, deu esse espaço à ele. “Agora terei postura de governante”, declarou o influenciador.

Quando a candidata do PSB questionou Marçal sobre o financiamento do Primeiro Comando da Capital (PCC) em determinadas candidaturas nestas eleições, o influenciador respondeu: “pergunta para quem é tchutchuca do PCC. Está do lado de você no debate”, referindo-se a Nunes. Depois disso, o prefeito ganhou um direito de resposta, e disparou: “Você quer roubar até o apelido que eu dei a você de ‘tchutchuca’. Lamento muito o nível que esse rapaz vem trazer para os debates.”

Marçal foi, de certa maneira, isolado por seus oponentes. Ele foi o candidato menos atacado no debate desta sexta, 20. No anterior, ele havia sido o segundo - atrás apenas do emedebista.

Número de apelidos criados por candidatos caiu de 21 para 5

Os candidatos fizeram uso de muitos apelidos para chamar os adversários no debate de terça. Foram 21, ao todo. No encontro desta sexta, no entanto, o número de codinomes usados pelos postulantes foi muito menor: apenas cinco.

Marçal foi o campeão em criar codinomes para seus oponentes em ambas as ocasiões. Ao todo, o influenciador nomeou seus concorrentes por 14 nomes diferentes na RedeTV. Além dos já conhecidos “Bananinha”, ao Nunes, e “Boules”, dirigido ao psolista, o ex-coach chamou Datena de “Orangotango” e batizou a todos os candidatos como “Turma do Chaves”, em referência ao programa infantil de mesmo nome exibido pelo SBT.

Ele também chamou seus adversários de “palhaços” e o atual prefeito de “tchutchuca do PCC”. O emedebista, que declarou que Pablo era um “rapaz”, chegou a dizer, no SBT, que Marçal tenta “roubar até o apelido” que deu a ele, já que foi o primeiro a usar a alcunha para nomear o empresário. Na emissora de Silvio Santos, Marina se dirigiu a seus oponentes como “parasitas”.

Grin, cientista político da FGV, também explica que é comum, na política, o uso de apelidos. “No caso do Marçal, a gente não está falando de apelido. A gente está falando de ofensas. Um candidato que escolheu como postura ser mal educado com outros candidatos”, diz. Ele pondera que os eleitores não veem esse tipo de conduta com “bons olhos” e que, em uma democracia, deve-se ter respeito pelos adversários políticos.

“Acho que a população também repudia muito esse tipo de conduta que não tem limite, do ponto de vista de criar qualquer atributo negativo que vai para o lado da ofensa pessoal”, argumenta.

O apresentador de TV foi o segundo postulante que mais fez uso dos nomes alternativos. O alvo de todos os codinomes criados por Datena no debate da RedeTV! foi o candidato do PRTB. “Condenado”, “bandido”, “ladrão de velhinho virtual” e “covarde” foram os apelidos criados pelo tucano. Nunes também usou o termo “condenado” para falar com Marçal na ocasião.

“Marmanjo” foi a maneira que Tabata encontrou para apelidar o influenciador. Ela também comparou o candidato do PRTB ao “jogo do tigrinho”. Boulos ainda chamou o atual prefeito de “irmão mais novo de Marçal”. A fala aconteceu durante o direito de resposta concedido ao psolista no debate da RedeTV.

Pedidos de direito de resposta caíram de 17 para 4 de um debate para outro

No debate organizado pelo SBT nesta sexta, 20, os candidatos pediram, ao todo, quatro direitos de resposta, sendo que três foram efetivamente concedidos. Nunes teve seus dois pedidos aceitos pela organização do evento, enquanto Marçal recebeu um minuto a mais para se defender. Datena fez uma solicitação, mas foi negada.

Já no confronto da RedeTV/UOL, os candidatos fizeram 17 pedidos de direito de resposta. Nunes (7) e Marçal (5) lideraram o ranking de solicitações. Datena (4) e Boulos (1) aparecem na sequência. Mesmo assim, a quantidade de espaços de defesa de fato concedidos foi bem inferior: apenas oito.

O emedebista teve três oportunidades para exercer seu direito de resposta. O ex-coach e o apresentador ganharam outras duas cada. Já o candidato apoiado pelo presidente Lula (PT) conseguiu converter o único pedido que fez em um minuto a mais de fala – o tempo destinado ao direito de resposta era de 60 segundos para os postulantes.

Ao contrário dos últimos debates entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, marcados por agressões físicas e verbais, o evento promovido por SBT, portal Terra e Rádio Novabrasil nesta sexta-feira, 20, contou com um tom mais ameno e propositivo. Um levantamento realizado pelo Estadão mostrou que os candidatos usaram quase todo o tempo destinado à discussão de ideias para apresentar propostas de governo e questionar detalhes dos planos dos adversários.

No último debate organizado pelo portal UOL e pela RedeTV, mais de um terço do tempo foi usado pelos postulantes para fazer ataques pessoais e para se defender das investidas dos adversários. Foram quase 30 minutos de confrontos. No evento de hoje, os candidatos passaram apenas 3 minutos e 5 segundos brigando sobre assuntos alheios aos interesses dos eleitores. Ou seja, 88,8% a mais de tempo destinado ao confronto de ideias se compararmos os dois eventos.

Pablo Marçal (PRTB) foi quem mais atacou seus oponentes nos dois debates e também o candidato que menos apresentou propostas de governo. Marina Helena (Novo) aparece logo em seguida como a segunda postulante que mais fez investidas contra os adversários.

Tempo usado para ataques pessoais diminui 89% entre debates da RedeTV! e do SBT. Encontro na emissora de Silvio Santos foi mais propositivo e menos tenso do que evento anterior. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Em contrapartida, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), foi o mais atacado pelos concorrentes em ambos os encontros e quem mais se dedicou a trazer um tom propositivo para os embates, aproveitando o tempo dos direitos de resposta concedidos a ele para destacar obras realizadas na atual gestão. José Luiz Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) foram os candidatos que menos utilizaram o tempo para atacar os adversários.

Tabata e a candidata do Novo tiveram tempos parecidos de discussão de propostas. A economista, no entanto, foi a postulante que menos recebeu ataques dos outros concorrentes. Portanto, ao contrário da deputada, que precisou se defender em algumas ocasiões, não fez uso do tempo para se esquivar de falas contra sua honra em nenhum momento do debate.

Os apelidos, que fizeram parte de todo o debate anterior, foram menos utilizados no evento de hoje. No início do embate, o apresentador Cesar Filho fez um apelo aos candidatos para que promovessem uma “discussão civilizada” e chamassem os oponentes apenas pelos nomes. Ainda assim, Marçal se destacou nesse quesito, e criou 14 – dois terços – dos 21 apelidos usados pelos candidatos no evento anterior, e dois dos cinco nomes no debate de hoje.

Para o cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a mudança de postura dos candidatos mostra que perceberam o que outras eleições já pautaram: “o rechaço da política ser meramente a desconstrução do oponente da maneira mais absurda possível, quando a população municipal espera propostas por seus problemas concretos.”

No entanto, o especialista ressalta que o crescimento nos índices de rejeição de Marçal - que chegou a 47% no último Datafolha -, fizeram com que o ex-coach mudasse de comportamento. “Houve um recuo da postura mais agressiva, sobretudo no Marçal, que vinha pautando a nível muito baixo do debate”, explica Grin.

Grin avalia que essa dinâmica de ataques durante os debates prejudica o cenário eleitoral e incomoda os eleitores, o que contribui para o aumento dos índices de abstenção. “Se é esse o nível de discussão, então, a forma de protesto é não comparecer para votar”, explica.

Bruno Schaefer, cientista político do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), acredita que atualmente as eleições são muito mais sobre a vida dos candidatos do que sobre políticas públicas em si. “Então, nesse contexto, talvez atacar o outro, atacar a personalidade do outro, seja bastante importante”, argumentou Schaefer

Entenda os critérios usados para definir cada fala

Para a produção do levantamento, a reportagem estabeleceu critérios específicos para categorizar as declarações dos candidatos. Foram considerados como ataques pessoais quaisquer afirmações de opositores que atingissem a honra do indivíduo, desde que desvinculadas do contexto eleitoral. A análise também levou em conta o tempo dedicado pelos candidatos a se defenderem dos ataques.

Excluíram-se desta categoria críticas direcionadas às propostas ou ao plano de governo dos candidatos, assim como, especificamente no caso de Nunes, avaliações negativas referentes à sua gestão enquanto prefeito de São Paulo.

Na categoria “debate propositivo”, foram agrupadas as ocasiões em que os candidatos discutiram ideias e propostas, inclusive quando acompanhadas de críticas aos planos de governo dos adversários. Segundo analistas políticos consultados pelo Estadão, é natural que haja comentários negativos sobre as propostas dos candidatos em um debate construtivo. Portanto, essas observações não foram classificadas como ataques pessoais ou ofensas à honra.

Ataques pessoais e defesas tomaram conta de quase 30 minutos na RedeTV

Na RedeTV, Marçal já começou sua participação no debate dizendo que Datena não era “homem”, mesmo insulto que fez o jornalista agredi-lo com uma cadeira no debate da TV Cultura, no domingo. O candidato do PRTB também reforçou que o tucano tinha se comportado como um “orangotango”. “Eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só”, retrucou Datena.

O clima de tensão seguiu nos embates seguintes, especialmente no protagonizado por Nunes e, novamente, por Marçal. Os dois discutiram aos gritos fora dos microfones quando o tempo de fala de ambos já havia terminado. Eles foram advertidos pela mediadora.

O ex-coach tentou provocar Nunes o chamando de “Bananinha” e de “tchutchuca do PCC” (Primeiro Comando da Capital). Também citou boletim de ocorrência por ameaça e violência registrado por sua mulher, Regina Nunes, e disse que ele será preso em uma eventual gestão sua. Nunes e a esposa já negaram o episódio. O candidato do PRTB também tentou irritar Boulos ao lembrar do episódio da carteira de trabalho, mas o psolista não caiu na provocação.

O ex-coach também voltou a chamar o candidato do PSOL de “Boules”, fazendo alusão ao uso da linguagem neutra defendida por setores da esquerda. A mediadora interveio, pedindo para ele se referir ao adversário pelo nome. O influenciador colou um adesivo de sua campanha na boca, sugerindo que estava sendo censurado.

Na avaliação de Grin, as atitudes dos postulantes provocam sentimentos variados entre os eleitores. “Essa coisa de cada vez mais ir para o grotesco, teatralidade, exagero ou agressão, produz sentimentos de amor e ódio nas redes sociais, sobretudo, num contexto no qual a polarização política no Brasil reforça esse tipo de ideia do tipo, eu sou torcedor de um lado e odeio o outro lado”, explica.

Principal alvo de Marina, Tabata também se envolveu em polêmicas com a candidata do Novo. A economista sugeriu que ela estaria sendo beneficiada por viagens de jatinho para visitar o namorado João Campos (PSB), prefeito de Recife. A deputada chamou a afirmação de delírio e disse que deve processar a adversária pela fala.

Ao contrário dos outros debates, o encontro desta sexta não carregou tantos momentos tensos. Especialmente porque Marçal reduziu o tom. Com mais espaço para propostas, a administração realizada pelo prefeito foi o centro das discussões. O emedebista defendeu a gestão e ressaltou medidas realizadas em parceria com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu principal aliado.

No SBT, Boulos e Nunes protagonizaram um dos embates. O prefeito disse que Boulos é “desinformado” ao citar ações de seu governo sobre cobertura vegetal, parques e desapropriação de áreas de mata privada. O psolista afirmou que o que o emedebista diz não corresponde à realidade vista nas ruas pelos eleitores. “Fazer propaganda, e discurso bonito, não resolve a sua vida”, dirigindo-se ao eleitor.

O tempo total em que os candidatos foram atacados no SBT excede a soma total de ataques porque, em algumas falas, mais de um postulante pode ter sido atacado ao mesmo tempo. Em outro confronto direto, a candidata do Novo retrucou Nunes quando ele falou sobre os programas feitos durante sua gestão. Marina afirmou que a política “se distanciou” da realidade, e que o debate está sendo “um grande circo” de propostas iguais às de outros debates e campanhas de pleitos anteriores.

“Até o Datena que gaguejava no primeiro debate aprendeu a falar de proposta”, acrescentou a economista. “O cidadão está cansado de ver tanto dinheiro de ser arrancado do seu bolso para ir para um estado inchado. Defendo mais dinheiro no seu bolso e menos nas mãos desses parasitas.”

Ainda, Tabata comentou que “Marçal é como o jogo do tigrinho: promessas fáceis que podem até atrair quem está desiludido”, e citou alguns casos em que o candidato do PRTB é suspeito de desviar dinheiro de aposentados, por exemplo. “Em todos os debates eu nunca fui o palhaço, sempre debati com palhaços”, e disse que a deputada, que sempre pareceu “comportada”, deu esse espaço à ele. “Agora terei postura de governante”, declarou o influenciador.

Quando a candidata do PSB questionou Marçal sobre o financiamento do Primeiro Comando da Capital (PCC) em determinadas candidaturas nestas eleições, o influenciador respondeu: “pergunta para quem é tchutchuca do PCC. Está do lado de você no debate”, referindo-se a Nunes. Depois disso, o prefeito ganhou um direito de resposta, e disparou: “Você quer roubar até o apelido que eu dei a você de ‘tchutchuca’. Lamento muito o nível que esse rapaz vem trazer para os debates.”

Marçal foi, de certa maneira, isolado por seus oponentes. Ele foi o candidato menos atacado no debate desta sexta, 20. No anterior, ele havia sido o segundo - atrás apenas do emedebista.

Número de apelidos criados por candidatos caiu de 21 para 5

Os candidatos fizeram uso de muitos apelidos para chamar os adversários no debate de terça. Foram 21, ao todo. No encontro desta sexta, no entanto, o número de codinomes usados pelos postulantes foi muito menor: apenas cinco.

Marçal foi o campeão em criar codinomes para seus oponentes em ambas as ocasiões. Ao todo, o influenciador nomeou seus concorrentes por 14 nomes diferentes na RedeTV. Além dos já conhecidos “Bananinha”, ao Nunes, e “Boules”, dirigido ao psolista, o ex-coach chamou Datena de “Orangotango” e batizou a todos os candidatos como “Turma do Chaves”, em referência ao programa infantil de mesmo nome exibido pelo SBT.

Ele também chamou seus adversários de “palhaços” e o atual prefeito de “tchutchuca do PCC”. O emedebista, que declarou que Pablo era um “rapaz”, chegou a dizer, no SBT, que Marçal tenta “roubar até o apelido” que deu a ele, já que foi o primeiro a usar a alcunha para nomear o empresário. Na emissora de Silvio Santos, Marina se dirigiu a seus oponentes como “parasitas”.

Grin, cientista político da FGV, também explica que é comum, na política, o uso de apelidos. “No caso do Marçal, a gente não está falando de apelido. A gente está falando de ofensas. Um candidato que escolheu como postura ser mal educado com outros candidatos”, diz. Ele pondera que os eleitores não veem esse tipo de conduta com “bons olhos” e que, em uma democracia, deve-se ter respeito pelos adversários políticos.

“Acho que a população também repudia muito esse tipo de conduta que não tem limite, do ponto de vista de criar qualquer atributo negativo que vai para o lado da ofensa pessoal”, argumenta.

O apresentador de TV foi o segundo postulante que mais fez uso dos nomes alternativos. O alvo de todos os codinomes criados por Datena no debate da RedeTV! foi o candidato do PRTB. “Condenado”, “bandido”, “ladrão de velhinho virtual” e “covarde” foram os apelidos criados pelo tucano. Nunes também usou o termo “condenado” para falar com Marçal na ocasião.

“Marmanjo” foi a maneira que Tabata encontrou para apelidar o influenciador. Ela também comparou o candidato do PRTB ao “jogo do tigrinho”. Boulos ainda chamou o atual prefeito de “irmão mais novo de Marçal”. A fala aconteceu durante o direito de resposta concedido ao psolista no debate da RedeTV.

Pedidos de direito de resposta caíram de 17 para 4 de um debate para outro

No debate organizado pelo SBT nesta sexta, 20, os candidatos pediram, ao todo, quatro direitos de resposta, sendo que três foram efetivamente concedidos. Nunes teve seus dois pedidos aceitos pela organização do evento, enquanto Marçal recebeu um minuto a mais para se defender. Datena fez uma solicitação, mas foi negada.

Já no confronto da RedeTV/UOL, os candidatos fizeram 17 pedidos de direito de resposta. Nunes (7) e Marçal (5) lideraram o ranking de solicitações. Datena (4) e Boulos (1) aparecem na sequência. Mesmo assim, a quantidade de espaços de defesa de fato concedidos foi bem inferior: apenas oito.

O emedebista teve três oportunidades para exercer seu direito de resposta. O ex-coach e o apresentador ganharam outras duas cada. Já o candidato apoiado pelo presidente Lula (PT) conseguiu converter o único pedido que fez em um minuto a mais de fala – o tempo destinado ao direito de resposta era de 60 segundos para os postulantes.

Ao contrário dos últimos debates entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, marcados por agressões físicas e verbais, o evento promovido por SBT, portal Terra e Rádio Novabrasil nesta sexta-feira, 20, contou com um tom mais ameno e propositivo. Um levantamento realizado pelo Estadão mostrou que os candidatos usaram quase todo o tempo destinado à discussão de ideias para apresentar propostas de governo e questionar detalhes dos planos dos adversários.

No último debate organizado pelo portal UOL e pela RedeTV, mais de um terço do tempo foi usado pelos postulantes para fazer ataques pessoais e para se defender das investidas dos adversários. Foram quase 30 minutos de confrontos. No evento de hoje, os candidatos passaram apenas 3 minutos e 5 segundos brigando sobre assuntos alheios aos interesses dos eleitores. Ou seja, 88,8% a mais de tempo destinado ao confronto de ideias se compararmos os dois eventos.

Pablo Marçal (PRTB) foi quem mais atacou seus oponentes nos dois debates e também o candidato que menos apresentou propostas de governo. Marina Helena (Novo) aparece logo em seguida como a segunda postulante que mais fez investidas contra os adversários.

Tempo usado para ataques pessoais diminui 89% entre debates da RedeTV! e do SBT. Encontro na emissora de Silvio Santos foi mais propositivo e menos tenso do que evento anterior. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Em contrapartida, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), foi o mais atacado pelos concorrentes em ambos os encontros e quem mais se dedicou a trazer um tom propositivo para os embates, aproveitando o tempo dos direitos de resposta concedidos a ele para destacar obras realizadas na atual gestão. José Luiz Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) foram os candidatos que menos utilizaram o tempo para atacar os adversários.

Tabata e a candidata do Novo tiveram tempos parecidos de discussão de propostas. A economista, no entanto, foi a postulante que menos recebeu ataques dos outros concorrentes. Portanto, ao contrário da deputada, que precisou se defender em algumas ocasiões, não fez uso do tempo para se esquivar de falas contra sua honra em nenhum momento do debate.

Os apelidos, que fizeram parte de todo o debate anterior, foram menos utilizados no evento de hoje. No início do embate, o apresentador Cesar Filho fez um apelo aos candidatos para que promovessem uma “discussão civilizada” e chamassem os oponentes apenas pelos nomes. Ainda assim, Marçal se destacou nesse quesito, e criou 14 – dois terços – dos 21 apelidos usados pelos candidatos no evento anterior, e dois dos cinco nomes no debate de hoje.

Para o cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a mudança de postura dos candidatos mostra que perceberam o que outras eleições já pautaram: “o rechaço da política ser meramente a desconstrução do oponente da maneira mais absurda possível, quando a população municipal espera propostas por seus problemas concretos.”

No entanto, o especialista ressalta que o crescimento nos índices de rejeição de Marçal - que chegou a 47% no último Datafolha -, fizeram com que o ex-coach mudasse de comportamento. “Houve um recuo da postura mais agressiva, sobretudo no Marçal, que vinha pautando a nível muito baixo do debate”, explica Grin.

Grin avalia que essa dinâmica de ataques durante os debates prejudica o cenário eleitoral e incomoda os eleitores, o que contribui para o aumento dos índices de abstenção. “Se é esse o nível de discussão, então, a forma de protesto é não comparecer para votar”, explica.

Bruno Schaefer, cientista político do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), acredita que atualmente as eleições são muito mais sobre a vida dos candidatos do que sobre políticas públicas em si. “Então, nesse contexto, talvez atacar o outro, atacar a personalidade do outro, seja bastante importante”, argumentou Schaefer

Entenda os critérios usados para definir cada fala

Para a produção do levantamento, a reportagem estabeleceu critérios específicos para categorizar as declarações dos candidatos. Foram considerados como ataques pessoais quaisquer afirmações de opositores que atingissem a honra do indivíduo, desde que desvinculadas do contexto eleitoral. A análise também levou em conta o tempo dedicado pelos candidatos a se defenderem dos ataques.

Excluíram-se desta categoria críticas direcionadas às propostas ou ao plano de governo dos candidatos, assim como, especificamente no caso de Nunes, avaliações negativas referentes à sua gestão enquanto prefeito de São Paulo.

Na categoria “debate propositivo”, foram agrupadas as ocasiões em que os candidatos discutiram ideias e propostas, inclusive quando acompanhadas de críticas aos planos de governo dos adversários. Segundo analistas políticos consultados pelo Estadão, é natural que haja comentários negativos sobre as propostas dos candidatos em um debate construtivo. Portanto, essas observações não foram classificadas como ataques pessoais ou ofensas à honra.

Ataques pessoais e defesas tomaram conta de quase 30 minutos na RedeTV

Na RedeTV, Marçal já começou sua participação no debate dizendo que Datena não era “homem”, mesmo insulto que fez o jornalista agredi-lo com uma cadeira no debate da TV Cultura, no domingo. O candidato do PRTB também reforçou que o tucano tinha se comportado como um “orangotango”. “Eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só”, retrucou Datena.

O clima de tensão seguiu nos embates seguintes, especialmente no protagonizado por Nunes e, novamente, por Marçal. Os dois discutiram aos gritos fora dos microfones quando o tempo de fala de ambos já havia terminado. Eles foram advertidos pela mediadora.

O ex-coach tentou provocar Nunes o chamando de “Bananinha” e de “tchutchuca do PCC” (Primeiro Comando da Capital). Também citou boletim de ocorrência por ameaça e violência registrado por sua mulher, Regina Nunes, e disse que ele será preso em uma eventual gestão sua. Nunes e a esposa já negaram o episódio. O candidato do PRTB também tentou irritar Boulos ao lembrar do episódio da carteira de trabalho, mas o psolista não caiu na provocação.

O ex-coach também voltou a chamar o candidato do PSOL de “Boules”, fazendo alusão ao uso da linguagem neutra defendida por setores da esquerda. A mediadora interveio, pedindo para ele se referir ao adversário pelo nome. O influenciador colou um adesivo de sua campanha na boca, sugerindo que estava sendo censurado.

Na avaliação de Grin, as atitudes dos postulantes provocam sentimentos variados entre os eleitores. “Essa coisa de cada vez mais ir para o grotesco, teatralidade, exagero ou agressão, produz sentimentos de amor e ódio nas redes sociais, sobretudo, num contexto no qual a polarização política no Brasil reforça esse tipo de ideia do tipo, eu sou torcedor de um lado e odeio o outro lado”, explica.

Principal alvo de Marina, Tabata também se envolveu em polêmicas com a candidata do Novo. A economista sugeriu que ela estaria sendo beneficiada por viagens de jatinho para visitar o namorado João Campos (PSB), prefeito de Recife. A deputada chamou a afirmação de delírio e disse que deve processar a adversária pela fala.

Ao contrário dos outros debates, o encontro desta sexta não carregou tantos momentos tensos. Especialmente porque Marçal reduziu o tom. Com mais espaço para propostas, a administração realizada pelo prefeito foi o centro das discussões. O emedebista defendeu a gestão e ressaltou medidas realizadas em parceria com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu principal aliado.

No SBT, Boulos e Nunes protagonizaram um dos embates. O prefeito disse que Boulos é “desinformado” ao citar ações de seu governo sobre cobertura vegetal, parques e desapropriação de áreas de mata privada. O psolista afirmou que o que o emedebista diz não corresponde à realidade vista nas ruas pelos eleitores. “Fazer propaganda, e discurso bonito, não resolve a sua vida”, dirigindo-se ao eleitor.

O tempo total em que os candidatos foram atacados no SBT excede a soma total de ataques porque, em algumas falas, mais de um postulante pode ter sido atacado ao mesmo tempo. Em outro confronto direto, a candidata do Novo retrucou Nunes quando ele falou sobre os programas feitos durante sua gestão. Marina afirmou que a política “se distanciou” da realidade, e que o debate está sendo “um grande circo” de propostas iguais às de outros debates e campanhas de pleitos anteriores.

“Até o Datena que gaguejava no primeiro debate aprendeu a falar de proposta”, acrescentou a economista. “O cidadão está cansado de ver tanto dinheiro de ser arrancado do seu bolso para ir para um estado inchado. Defendo mais dinheiro no seu bolso e menos nas mãos desses parasitas.”

Ainda, Tabata comentou que “Marçal é como o jogo do tigrinho: promessas fáceis que podem até atrair quem está desiludido”, e citou alguns casos em que o candidato do PRTB é suspeito de desviar dinheiro de aposentados, por exemplo. “Em todos os debates eu nunca fui o palhaço, sempre debati com palhaços”, e disse que a deputada, que sempre pareceu “comportada”, deu esse espaço à ele. “Agora terei postura de governante”, declarou o influenciador.

Quando a candidata do PSB questionou Marçal sobre o financiamento do Primeiro Comando da Capital (PCC) em determinadas candidaturas nestas eleições, o influenciador respondeu: “pergunta para quem é tchutchuca do PCC. Está do lado de você no debate”, referindo-se a Nunes. Depois disso, o prefeito ganhou um direito de resposta, e disparou: “Você quer roubar até o apelido que eu dei a você de ‘tchutchuca’. Lamento muito o nível que esse rapaz vem trazer para os debates.”

Marçal foi, de certa maneira, isolado por seus oponentes. Ele foi o candidato menos atacado no debate desta sexta, 20. No anterior, ele havia sido o segundo - atrás apenas do emedebista.

Número de apelidos criados por candidatos caiu de 21 para 5

Os candidatos fizeram uso de muitos apelidos para chamar os adversários no debate de terça. Foram 21, ao todo. No encontro desta sexta, no entanto, o número de codinomes usados pelos postulantes foi muito menor: apenas cinco.

Marçal foi o campeão em criar codinomes para seus oponentes em ambas as ocasiões. Ao todo, o influenciador nomeou seus concorrentes por 14 nomes diferentes na RedeTV. Além dos já conhecidos “Bananinha”, ao Nunes, e “Boules”, dirigido ao psolista, o ex-coach chamou Datena de “Orangotango” e batizou a todos os candidatos como “Turma do Chaves”, em referência ao programa infantil de mesmo nome exibido pelo SBT.

Ele também chamou seus adversários de “palhaços” e o atual prefeito de “tchutchuca do PCC”. O emedebista, que declarou que Pablo era um “rapaz”, chegou a dizer, no SBT, que Marçal tenta “roubar até o apelido” que deu a ele, já que foi o primeiro a usar a alcunha para nomear o empresário. Na emissora de Silvio Santos, Marina se dirigiu a seus oponentes como “parasitas”.

Grin, cientista político da FGV, também explica que é comum, na política, o uso de apelidos. “No caso do Marçal, a gente não está falando de apelido. A gente está falando de ofensas. Um candidato que escolheu como postura ser mal educado com outros candidatos”, diz. Ele pondera que os eleitores não veem esse tipo de conduta com “bons olhos” e que, em uma democracia, deve-se ter respeito pelos adversários políticos.

“Acho que a população também repudia muito esse tipo de conduta que não tem limite, do ponto de vista de criar qualquer atributo negativo que vai para o lado da ofensa pessoal”, argumenta.

O apresentador de TV foi o segundo postulante que mais fez uso dos nomes alternativos. O alvo de todos os codinomes criados por Datena no debate da RedeTV! foi o candidato do PRTB. “Condenado”, “bandido”, “ladrão de velhinho virtual” e “covarde” foram os apelidos criados pelo tucano. Nunes também usou o termo “condenado” para falar com Marçal na ocasião.

“Marmanjo” foi a maneira que Tabata encontrou para apelidar o influenciador. Ela também comparou o candidato do PRTB ao “jogo do tigrinho”. Boulos ainda chamou o atual prefeito de “irmão mais novo de Marçal”. A fala aconteceu durante o direito de resposta concedido ao psolista no debate da RedeTV.

Pedidos de direito de resposta caíram de 17 para 4 de um debate para outro

No debate organizado pelo SBT nesta sexta, 20, os candidatos pediram, ao todo, quatro direitos de resposta, sendo que três foram efetivamente concedidos. Nunes teve seus dois pedidos aceitos pela organização do evento, enquanto Marçal recebeu um minuto a mais para se defender. Datena fez uma solicitação, mas foi negada.

Já no confronto da RedeTV/UOL, os candidatos fizeram 17 pedidos de direito de resposta. Nunes (7) e Marçal (5) lideraram o ranking de solicitações. Datena (4) e Boulos (1) aparecem na sequência. Mesmo assim, a quantidade de espaços de defesa de fato concedidos foi bem inferior: apenas oito.

O emedebista teve três oportunidades para exercer seu direito de resposta. O ex-coach e o apresentador ganharam outras duas cada. Já o candidato apoiado pelo presidente Lula (PT) conseguiu converter o único pedido que fez em um minuto a mais de fala – o tempo destinado ao direito de resposta era de 60 segundos para os postulantes.

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