A disputa eleitoral nas redes sociais

Bolsonaristas nas redes sociais tentam atrelar vandalismo a infiltrados e black blocs; polícia contesta


Tese contradiz relato da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que confirmou participação de manifestantes acampados em frente ao QG do Exército

Por Samuel Lima

Aliados do presidente Jair Bolsonaro tentam, em postagens nas redes sociais, dissociar os atos de vandalismo praticados na noite desta segunda-feira, 12, em Brasília, das manifestações que contestam a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição e pedem intervenção militar no Brasil.

Manifestantes queimam ônibus e tentam invadir sede da PF em Brasília. Foto: Wilton Junior/Estadão

A tese, replicada por apoiadores em plataformas abertas e aplicativos de mensagens, é a de que as cenas de violência foram protagonizadas por supostos infiltrados de esquerda e grupos radicais conhecidos como black blocs. O objetivo seria desestabilizar as manifestações em frente aos quartéis. Mais cedo, autoridades do Distrito Federal, no entanto, afirmam que parte dos envolvidos eram manifestantes que estavam alojados nos arredores do Quartel General do Exército.

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Nesta segunda-feira, mesmo dia em que Lula foi diplomado, bolsonaristas incendiaram ônibus, carros, depredaram prédios públicos e privados e tentaram invadir a sede da Polícia Federal, na área central de Brasília. A depredação foi iniciada depois que uma liderança entre os apoiadores de Bolsonaro, o líder indígena José Acácio Serere Xavante, teve a prisão temporária decretada pela Justiça.

Ao longo desta terça-feira, o termo "infiltrados" permaneceu nos trending topics do Twitter, lista dos assuntos que ganham mais atenção na rede social, com 297 mil publicações. As citações superavam o termo "bolsonaristas" (231 mil) e tinham cerca de metade da incidência de "Brasília" (606 mil), no começo da tarde. O Monitor de Redes do Estadão, criado em parceria com a empresa Torabit, mostrava tanto o termo infiltrados entre as palavras mais comentadas quanto a presença de hashtags de apoio aos atos antidemocráticos, como #primaverabrasileira, #vemproalvorada e #brazilwasstolen.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas-PI), foi um dos que contestaram a ligação no Twitter. "Eles têm cara de Black Blocs, jeito de Black Blocs, fúria de Black Blocs, cheiro de Black Blocs e violência dos Black Blocs, que não existiram durante todo o governo Bolsonaro. Será coincidência ou a volta deles?", escreveu o político, um dos líderes do Centrão.

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Outros parlamentares e influenciadores passaram a espalhar fotos e vídeos para alegar que se trata de uma armação. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), por exemplo, reproduziu em suas redes um print de uma suposta página black bloc do ABC paulista -- a foto de dois homens com roupas de uma torcida organizada do Corinthians, porém, é antiga e não tem relação com os atos de Brasília, como mostrou o Estadão Verifica.

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) postou um vídeo alegando que pessoas que atearam fogo em um ônibus gritavam "Fora, Bolsonaro". A gravação é feita de um prédio e não é possível saber quem de fato gritou a frase. Mesmo assim, o parlamentar escreve que a "tática terrorista" pertence a organizações de esquerda e que "infiltrados devem ser investigados e punidos". A cena foi registrada por uma repórter do jornal O Tempo, que depois desmentiu a história e informou que as palavras foram proferidas por pessoas que estavam em um hotel ao lado.

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Há ainda entre apoiadores, como o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), a alegação ainda de que o Brasil viveu "40 dias de manifestações pacíficas", ignorando confrontos com as forças de segurança registrados em diferentes pontos do País por conta de bloqueios de rodovias.

"É precipitada a atribuição de autoria a bolsonaristas radicais", opina o senador Marcos Rogério (PL-RO), dizendo haver "indícios" de ação de infiltrados de esquerda, mas sem apresentá-los. "Não fazem parte dos movimentos conservadores. A quem interessa esse tumulto?", escreveu Gilson Machado, ex-ministro do Turismo.

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Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, alegou que existem "muitas versões diferentes" sobre o ocorrido e cobrou investigações das autoridades para que supostos infiltrados sejam "imediatamente desmascarados".

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Oposição cobra punições a extremistas

A oposição reagiu ao cenário de violência em Brasília com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e cobranças pela atuação das forças de segurança e a punição legal dos envolvidos. A principal reclamação incide sobre a ausência de prisões até o momento e a continuidade dos atos que pedem intervenção militar.

"Passou da hora de desmobilizar as frentes de quartéis, não tem nada de liberdade de expressão, só golpismo", escreveu a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR).

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O ex-governador do Maranhão e futuro ministro da Justiça no governo Lula, Flávio Dino (PT), afirma que "as medidas de responsabilização jurídica prosseguirão, nos termos da lei". O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que pediria investigação dos que financiaram e apoiaram os atos em Brasília dentro de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

Aliados do presidente Jair Bolsonaro tentam, em postagens nas redes sociais, dissociar os atos de vandalismo praticados na noite desta segunda-feira, 12, em Brasília, das manifestações que contestam a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição e pedem intervenção militar no Brasil.

Manifestantes queimam ônibus e tentam invadir sede da PF em Brasília. Foto: Wilton Junior/Estadão

A tese, replicada por apoiadores em plataformas abertas e aplicativos de mensagens, é a de que as cenas de violência foram protagonizadas por supostos infiltrados de esquerda e grupos radicais conhecidos como black blocs. O objetivo seria desestabilizar as manifestações em frente aos quartéis. Mais cedo, autoridades do Distrito Federal, no entanto, afirmam que parte dos envolvidos eram manifestantes que estavam alojados nos arredores do Quartel General do Exército.

Nesta segunda-feira, mesmo dia em que Lula foi diplomado, bolsonaristas incendiaram ônibus, carros, depredaram prédios públicos e privados e tentaram invadir a sede da Polícia Federal, na área central de Brasília. A depredação foi iniciada depois que uma liderança entre os apoiadores de Bolsonaro, o líder indígena José Acácio Serere Xavante, teve a prisão temporária decretada pela Justiça.

Ao longo desta terça-feira, o termo "infiltrados" permaneceu nos trending topics do Twitter, lista dos assuntos que ganham mais atenção na rede social, com 297 mil publicações. As citações superavam o termo "bolsonaristas" (231 mil) e tinham cerca de metade da incidência de "Brasília" (606 mil), no começo da tarde. O Monitor de Redes do Estadão, criado em parceria com a empresa Torabit, mostrava tanto o termo infiltrados entre as palavras mais comentadas quanto a presença de hashtags de apoio aos atos antidemocráticos, como #primaverabrasileira, #vemproalvorada e #brazilwasstolen.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas-PI), foi um dos que contestaram a ligação no Twitter. "Eles têm cara de Black Blocs, jeito de Black Blocs, fúria de Black Blocs, cheiro de Black Blocs e violência dos Black Blocs, que não existiram durante todo o governo Bolsonaro. Será coincidência ou a volta deles?", escreveu o político, um dos líderes do Centrão.

Outros parlamentares e influenciadores passaram a espalhar fotos e vídeos para alegar que se trata de uma armação. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), por exemplo, reproduziu em suas redes um print de uma suposta página black bloc do ABC paulista -- a foto de dois homens com roupas de uma torcida organizada do Corinthians, porém, é antiga e não tem relação com os atos de Brasília, como mostrou o Estadão Verifica.

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) postou um vídeo alegando que pessoas que atearam fogo em um ônibus gritavam "Fora, Bolsonaro". A gravação é feita de um prédio e não é possível saber quem de fato gritou a frase. Mesmo assim, o parlamentar escreve que a "tática terrorista" pertence a organizações de esquerda e que "infiltrados devem ser investigados e punidos". A cena foi registrada por uma repórter do jornal O Tempo, que depois desmentiu a história e informou que as palavras foram proferidas por pessoas que estavam em um hotel ao lado.

Há ainda entre apoiadores, como o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), a alegação ainda de que o Brasil viveu "40 dias de manifestações pacíficas", ignorando confrontos com as forças de segurança registrados em diferentes pontos do País por conta de bloqueios de rodovias.

"É precipitada a atribuição de autoria a bolsonaristas radicais", opina o senador Marcos Rogério (PL-RO), dizendo haver "indícios" de ação de infiltrados de esquerda, mas sem apresentá-los. "Não fazem parte dos movimentos conservadores. A quem interessa esse tumulto?", escreveu Gilson Machado, ex-ministro do Turismo.

Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, alegou que existem "muitas versões diferentes" sobre o ocorrido e cobrou investigações das autoridades para que supostos infiltrados sejam "imediatamente desmascarados".

Oposição cobra punições a extremistas

A oposição reagiu ao cenário de violência em Brasília com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e cobranças pela atuação das forças de segurança e a punição legal dos envolvidos. A principal reclamação incide sobre a ausência de prisões até o momento e a continuidade dos atos que pedem intervenção militar.

"Passou da hora de desmobilizar as frentes de quartéis, não tem nada de liberdade de expressão, só golpismo", escreveu a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR).

O ex-governador do Maranhão e futuro ministro da Justiça no governo Lula, Flávio Dino (PT), afirma que "as medidas de responsabilização jurídica prosseguirão, nos termos da lei". O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que pediria investigação dos que financiaram e apoiaram os atos em Brasília dentro de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

Aliados do presidente Jair Bolsonaro tentam, em postagens nas redes sociais, dissociar os atos de vandalismo praticados na noite desta segunda-feira, 12, em Brasília, das manifestações que contestam a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição e pedem intervenção militar no Brasil.

Manifestantes queimam ônibus e tentam invadir sede da PF em Brasília. Foto: Wilton Junior/Estadão

A tese, replicada por apoiadores em plataformas abertas e aplicativos de mensagens, é a de que as cenas de violência foram protagonizadas por supostos infiltrados de esquerda e grupos radicais conhecidos como black blocs. O objetivo seria desestabilizar as manifestações em frente aos quartéis. Mais cedo, autoridades do Distrito Federal, no entanto, afirmam que parte dos envolvidos eram manifestantes que estavam alojados nos arredores do Quartel General do Exército.

Nesta segunda-feira, mesmo dia em que Lula foi diplomado, bolsonaristas incendiaram ônibus, carros, depredaram prédios públicos e privados e tentaram invadir a sede da Polícia Federal, na área central de Brasília. A depredação foi iniciada depois que uma liderança entre os apoiadores de Bolsonaro, o líder indígena José Acácio Serere Xavante, teve a prisão temporária decretada pela Justiça.

Ao longo desta terça-feira, o termo "infiltrados" permaneceu nos trending topics do Twitter, lista dos assuntos que ganham mais atenção na rede social, com 297 mil publicações. As citações superavam o termo "bolsonaristas" (231 mil) e tinham cerca de metade da incidência de "Brasília" (606 mil), no começo da tarde. O Monitor de Redes do Estadão, criado em parceria com a empresa Torabit, mostrava tanto o termo infiltrados entre as palavras mais comentadas quanto a presença de hashtags de apoio aos atos antidemocráticos, como #primaverabrasileira, #vemproalvorada e #brazilwasstolen.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas-PI), foi um dos que contestaram a ligação no Twitter. "Eles têm cara de Black Blocs, jeito de Black Blocs, fúria de Black Blocs, cheiro de Black Blocs e violência dos Black Blocs, que não existiram durante todo o governo Bolsonaro. Será coincidência ou a volta deles?", escreveu o político, um dos líderes do Centrão.

Outros parlamentares e influenciadores passaram a espalhar fotos e vídeos para alegar que se trata de uma armação. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), por exemplo, reproduziu em suas redes um print de uma suposta página black bloc do ABC paulista -- a foto de dois homens com roupas de uma torcida organizada do Corinthians, porém, é antiga e não tem relação com os atos de Brasília, como mostrou o Estadão Verifica.

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) postou um vídeo alegando que pessoas que atearam fogo em um ônibus gritavam "Fora, Bolsonaro". A gravação é feita de um prédio e não é possível saber quem de fato gritou a frase. Mesmo assim, o parlamentar escreve que a "tática terrorista" pertence a organizações de esquerda e que "infiltrados devem ser investigados e punidos". A cena foi registrada por uma repórter do jornal O Tempo, que depois desmentiu a história e informou que as palavras foram proferidas por pessoas que estavam em um hotel ao lado.

Há ainda entre apoiadores, como o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), a alegação ainda de que o Brasil viveu "40 dias de manifestações pacíficas", ignorando confrontos com as forças de segurança registrados em diferentes pontos do País por conta de bloqueios de rodovias.

"É precipitada a atribuição de autoria a bolsonaristas radicais", opina o senador Marcos Rogério (PL-RO), dizendo haver "indícios" de ação de infiltrados de esquerda, mas sem apresentá-los. "Não fazem parte dos movimentos conservadores. A quem interessa esse tumulto?", escreveu Gilson Machado, ex-ministro do Turismo.

Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, alegou que existem "muitas versões diferentes" sobre o ocorrido e cobrou investigações das autoridades para que supostos infiltrados sejam "imediatamente desmascarados".

Oposição cobra punições a extremistas

A oposição reagiu ao cenário de violência em Brasília com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e cobranças pela atuação das forças de segurança e a punição legal dos envolvidos. A principal reclamação incide sobre a ausência de prisões até o momento e a continuidade dos atos que pedem intervenção militar.

"Passou da hora de desmobilizar as frentes de quartéis, não tem nada de liberdade de expressão, só golpismo", escreveu a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR).

O ex-governador do Maranhão e futuro ministro da Justiça no governo Lula, Flávio Dino (PT), afirma que "as medidas de responsabilização jurídica prosseguirão, nos termos da lei". O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que pediria investigação dos que financiaram e apoiaram os atos em Brasília dentro de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

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