A disputa eleitoral nas redes sociais

Google bateu recorde em busca por comunismo em outubro de 2018; termo volta a crescer em 2022


Brasileiros pesquisam por teorias da conspiração, Venezuela e se figuras públicas são comunistas

Por Levy Teles

Por Levy Teles, Samuel Lima e Gustavo Queiroz

A população brasileira se interessa mais em procurar sobre o comunismo na internet em períodos de eleição. A primeira candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência levou ao recorde de buscas. O maior pico no Google nos últimos 18 anos foi registrado em outubro de 2018, quando o atual presidente foi eleito na disputa contra Fernando Haddad (PT). Em 2022, o termo volta a aparecer com tendência de crescimento até a data do pleito.

Os dados foram coletados na plataforma Google Trends. A empresa não informa a quantidade absoluta de buscas, mas fornece um comparativo dentro de uma escala de 0 a 100. Em 2018, por exemplo, a quantidade de buscas sobre comunismo mais do que dobrou em relação ao ano anterior. O volume está concentrado justamente no período eleitoral.

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VEJA TAMBÉM:* Agregador de Pesquisas * Feed Estadão * Monitor de Redes Sociais * Geografia do Voto

Os usuários procuraram saber sobre o que é comunismo, além de pesquisarem sobre Venezuela. O termo aparece associado nas buscas ao "kit gay", nome atribuído por bolsonaristas a uma cartilha contra a homofobia que supostamente estimulava as crianças a se interessarem por sexo.

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Brasileiros também questionaram se personalidades seriam comunistas. Entre os nomes buscados estavam o então candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB), a jornalista Miriam Leitão e o ditador alemão Adolf Hitler.

Em 2022, houve um pico de interesse em fevereiro, quando Bolsonaro comparou o comunismo ao nazismo e defendeu a sua criminalização, na esteira do caso do apresentador Monark, que sugeriu a existência de um partido nazista. O tema volta a disparar no início oficial de campanha, quando usuários buscam, por exemplo, se Lula é comunista.

Série histórica

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O comunismo entrou em pauta nos anos de 2004 e 2005, início da série histórica do Google Trends. O período compreende a reta final do primeiro governo Lula e coincide com a articulação de uma nova extrema direita na internet brasileira, aponta Michele Prado, estudiosa do grupo no País.

"Ali já começava uma aglutinação em torno do (filósofo) Olavo (de Carvalho), com teorias conspiratórias como o marxismo cultural. Naquele ano, já começavam a dizer que havia 40 milhões de comunistas no Brasil", afirmou a pesquisadora.

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Apoiadores de Bolsonaro levantam cartazes com ataques ao STF Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Nos pleitos presidenciais de 2006 e 2010 há menos influência da pauta. A relação fica evidente a partir de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) é reeleita, um ano depois das manifestações de rua, as chamadas Jornadas de Junho. O gráfico daquele ano foi praticamente idêntico ao de 2018, mas o ápice em outubro representou 30% do nível da eleição seguinte.

Por Levy Teles, Samuel Lima e Gustavo Queiroz

A população brasileira se interessa mais em procurar sobre o comunismo na internet em períodos de eleição. A primeira candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência levou ao recorde de buscas. O maior pico no Google nos últimos 18 anos foi registrado em outubro de 2018, quando o atual presidente foi eleito na disputa contra Fernando Haddad (PT). Em 2022, o termo volta a aparecer com tendência de crescimento até a data do pleito.

Os dados foram coletados na plataforma Google Trends. A empresa não informa a quantidade absoluta de buscas, mas fornece um comparativo dentro de uma escala de 0 a 100. Em 2018, por exemplo, a quantidade de buscas sobre comunismo mais do que dobrou em relação ao ano anterior. O volume está concentrado justamente no período eleitoral.

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Os usuários procuraram saber sobre o que é comunismo, além de pesquisarem sobre Venezuela. O termo aparece associado nas buscas ao "kit gay", nome atribuído por bolsonaristas a uma cartilha contra a homofobia que supostamente estimulava as crianças a se interessarem por sexo.

Brasileiros também questionaram se personalidades seriam comunistas. Entre os nomes buscados estavam o então candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB), a jornalista Miriam Leitão e o ditador alemão Adolf Hitler.

Em 2022, houve um pico de interesse em fevereiro, quando Bolsonaro comparou o comunismo ao nazismo e defendeu a sua criminalização, na esteira do caso do apresentador Monark, que sugeriu a existência de um partido nazista. O tema volta a disparar no início oficial de campanha, quando usuários buscam, por exemplo, se Lula é comunista.

Série histórica

O comunismo entrou em pauta nos anos de 2004 e 2005, início da série histórica do Google Trends. O período compreende a reta final do primeiro governo Lula e coincide com a articulação de uma nova extrema direita na internet brasileira, aponta Michele Prado, estudiosa do grupo no País.

"Ali já começava uma aglutinação em torno do (filósofo) Olavo (de Carvalho), com teorias conspiratórias como o marxismo cultural. Naquele ano, já começavam a dizer que havia 40 milhões de comunistas no Brasil", afirmou a pesquisadora.

Apoiadores de Bolsonaro levantam cartazes com ataques ao STF Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Nos pleitos presidenciais de 2006 e 2010 há menos influência da pauta. A relação fica evidente a partir de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) é reeleita, um ano depois das manifestações de rua, as chamadas Jornadas de Junho. O gráfico daquele ano foi praticamente idêntico ao de 2018, mas o ápice em outubro representou 30% do nível da eleição seguinte.

Por Levy Teles, Samuel Lima e Gustavo Queiroz

A população brasileira se interessa mais em procurar sobre o comunismo na internet em períodos de eleição. A primeira candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência levou ao recorde de buscas. O maior pico no Google nos últimos 18 anos foi registrado em outubro de 2018, quando o atual presidente foi eleito na disputa contra Fernando Haddad (PT). Em 2022, o termo volta a aparecer com tendência de crescimento até a data do pleito.

Os dados foram coletados na plataforma Google Trends. A empresa não informa a quantidade absoluta de buscas, mas fornece um comparativo dentro de uma escala de 0 a 100. Em 2018, por exemplo, a quantidade de buscas sobre comunismo mais do que dobrou em relação ao ano anterior. O volume está concentrado justamente no período eleitoral.

VEJA TAMBÉM:* Agregador de Pesquisas * Feed Estadão * Monitor de Redes Sociais * Geografia do Voto

Os usuários procuraram saber sobre o que é comunismo, além de pesquisarem sobre Venezuela. O termo aparece associado nas buscas ao "kit gay", nome atribuído por bolsonaristas a uma cartilha contra a homofobia que supostamente estimulava as crianças a se interessarem por sexo.

Brasileiros também questionaram se personalidades seriam comunistas. Entre os nomes buscados estavam o então candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB), a jornalista Miriam Leitão e o ditador alemão Adolf Hitler.

Em 2022, houve um pico de interesse em fevereiro, quando Bolsonaro comparou o comunismo ao nazismo e defendeu a sua criminalização, na esteira do caso do apresentador Monark, que sugeriu a existência de um partido nazista. O tema volta a disparar no início oficial de campanha, quando usuários buscam, por exemplo, se Lula é comunista.

Série histórica

O comunismo entrou em pauta nos anos de 2004 e 2005, início da série histórica do Google Trends. O período compreende a reta final do primeiro governo Lula e coincide com a articulação de uma nova extrema direita na internet brasileira, aponta Michele Prado, estudiosa do grupo no País.

"Ali já começava uma aglutinação em torno do (filósofo) Olavo (de Carvalho), com teorias conspiratórias como o marxismo cultural. Naquele ano, já começavam a dizer que havia 40 milhões de comunistas no Brasil", afirmou a pesquisadora.

Apoiadores de Bolsonaro levantam cartazes com ataques ao STF Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Nos pleitos presidenciais de 2006 e 2010 há menos influência da pauta. A relação fica evidente a partir de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) é reeleita, um ano depois das manifestações de rua, as chamadas Jornadas de Junho. O gráfico daquele ano foi praticamente idêntico ao de 2018, mas o ápice em outubro representou 30% do nível da eleição seguinte.

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