Trump propôs ‘ações mais drásticas’ contra Venezuela, diz Temer em livro


Revelação foi confirmada pelo ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira; Brasil atuou para impedir ação militar contra vizinho

Por Marcelo Godoy

O presidente Donald Trump defendeu “ações mais drásticas” contra a Venezuela em conjunto com o Brasil, Panamá e Colômbia. A revelação foi feita pelo ex-presidente Michel Temer. Segundo ele, o presidente americano não deixou claro se isso se tratava “de uma intervenção ou não” no sentido militar contra o país vizinho. A revelação foi feita pelo brasileiro em seu livro A Escolha, no qual ele é entrevistado pelo professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield.

A reunião entre Temer e Trump aconteceu em 18 de setembro de 2017, às vésperas da reunião anual das Nações Unidas, em um hotel, em Nova York. O jantar oferecido pelo americano teve ainda como convidados os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Panamá, Juan Carlos Varela. O então presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, cancelou sua participação em razão da crise política em seu país – ele acabaria afastado do cargo em 2018. A pauta do encontro era a Venezuela. Coincidentemente, os países convidados recebiam o grosso dos refugiados venezuelanos em razão da crise humanitária e política que atingia o regime de Nicolás Maduro.

O então presidente Michel Temer com Donald Trump em 2017 Foto: EFE/EPA/Felipe Trueba
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O Estadão confirmou a revelação do ex-presidente com o então ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. “Mais de um presidente falou em exercer pressões e jogou lenha na fogueira. O Temer pôs água na fervura”, afirmou o ex-chanceler brasileiro. No relato de Temer, a solução drástica do americano recebeu a rejeição dos outros presidentes. Mas houve quem propusesse ações alternativas também drásticas. “Foi proposto por um dos presidentes que os Estados Unidos parassem de comprar petróleo da Venezuela. O Trump então respondeu que não podia fazer isso e disse: ‘Eu tenho de pensar no preço da gasolina para meus eleitores’.”

O ex-chanceler não soube dizer se a proposta de sanção contra o petróleo venezuelano partiu da Colômbia ou do Panamá. De acordo com ele, durante a discussão sobre ações e sanções contra a Venezuela, o presidente Trump interrompeu a conversa e pediu aos três presidentes latino-americanos que se entendessem com Juan Cruz, então o principal assessor para a América Latina do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. “Foi um pedido constrangedor para os presidentes”, disse.

De acordo com Aloysio, o Itamaraty nunca recebeu oficialmente um pedido ou consulta para que o Brasil participasse de uma intervenção no país vizinho. Ele afirmou que a política de Temer para o governo Maduro previa a aplicação de dispositivos como a cláusula democrática do Mercosul para suspender a Venezuela. Também previa a atuação do País na Organização dos Estados Americanos (OEA) “de modo a impedir tentativas de intervenção militar na Venezuela”.

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Na reunião em Nova York, contou Aloysio Nunes Ferreira, Temer disse ao colega americano que o Brasil ia pautar suas ações pela sua Constituição – que estabelece a não intervenção como principio constitucional. “Nossas relações com a Venezuela eram as relações que devemos ter com um país vizinho”, disse o ex-chanceler.

Uma ação militar contra a Venezuela nunca foi totalmente descartada pelo governo americano. De fato, a gestão Trump escalou suas sanções contra integrantes do governo Nicolás Maduro, por meio do bloqueio de bens e até mesmo da promoção de acusações de tráfico de drogas contra a cúpula do regime da Venezuela. Em seu livro de memória, o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton afirmou que Trump disse que "seria cool invadir a Venezuela".

O que parece confirmar o relato de Temer e de Aloysio foi o comportamento do governo americano logo após a posse de Jair Bolsonaro, ampliando a pressão contraa Venezuela. Mais uma vez é Bolton quem conta. De acordo com ele, o ministro da Defesa do Brasil, general Fernando Azevedo e Silva, previu para a americano que Maduro cairia em 2019. O governo Bolsonaro se comportava então como uma de suas missões intervir na Venezuela e ajudar a derrubar Maduro.

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Ainda de acordo com o relato de Bolton, o Brasil desempenhava então um papel complementar na estratégia americana para derrubar o ditador venezuelano. Trump queria usar o Brasil como porta de entrada, uma espécie de trampolim para entrar no país vizinho com ajuda humanitária na Venezuela e contava com ajuda brasileira. E, de fato, no dia 23 de fevereiro, atendendo aos planos americanos, o governo brasileiro permitiu que a oposição venezuelana usasse Roraima para entrar com dois caminhões no país vizinho.

A decisão de apoiar a estratégia americana e da oposição venezuelana contra Maduro e permitir o uso do território brasileiro para a ação foi decidida em uma reunião no Palácio do Planalto com a cúpula do governo. Um único ministro se pôs contra a decisão do governo brasileiro de agir em conjunto com a administração Trump. Tratava-se do então chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz. A ação fracassou contra Maduro. Também fracassaram as tentativas de promover um golpe de Estado contra o ditador com o auxílio das Forças Armadas venezuelanas e uma ação de um grupo armado que invadiu a Venezuela para derrubar Maduro.

O presidente Donald Trump defendeu “ações mais drásticas” contra a Venezuela em conjunto com o Brasil, Panamá e Colômbia. A revelação foi feita pelo ex-presidente Michel Temer. Segundo ele, o presidente americano não deixou claro se isso se tratava “de uma intervenção ou não” no sentido militar contra o país vizinho. A revelação foi feita pelo brasileiro em seu livro A Escolha, no qual ele é entrevistado pelo professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield.

A reunião entre Temer e Trump aconteceu em 18 de setembro de 2017, às vésperas da reunião anual das Nações Unidas, em um hotel, em Nova York. O jantar oferecido pelo americano teve ainda como convidados os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Panamá, Juan Carlos Varela. O então presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, cancelou sua participação em razão da crise política em seu país – ele acabaria afastado do cargo em 2018. A pauta do encontro era a Venezuela. Coincidentemente, os países convidados recebiam o grosso dos refugiados venezuelanos em razão da crise humanitária e política que atingia o regime de Nicolás Maduro.

O então presidente Michel Temer com Donald Trump em 2017 Foto: EFE/EPA/Felipe Trueba

O Estadão confirmou a revelação do ex-presidente com o então ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. “Mais de um presidente falou em exercer pressões e jogou lenha na fogueira. O Temer pôs água na fervura”, afirmou o ex-chanceler brasileiro. No relato de Temer, a solução drástica do americano recebeu a rejeição dos outros presidentes. Mas houve quem propusesse ações alternativas também drásticas. “Foi proposto por um dos presidentes que os Estados Unidos parassem de comprar petróleo da Venezuela. O Trump então respondeu que não podia fazer isso e disse: ‘Eu tenho de pensar no preço da gasolina para meus eleitores’.”

O ex-chanceler não soube dizer se a proposta de sanção contra o petróleo venezuelano partiu da Colômbia ou do Panamá. De acordo com ele, durante a discussão sobre ações e sanções contra a Venezuela, o presidente Trump interrompeu a conversa e pediu aos três presidentes latino-americanos que se entendessem com Juan Cruz, então o principal assessor para a América Latina do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. “Foi um pedido constrangedor para os presidentes”, disse.

De acordo com Aloysio, o Itamaraty nunca recebeu oficialmente um pedido ou consulta para que o Brasil participasse de uma intervenção no país vizinho. Ele afirmou que a política de Temer para o governo Maduro previa a aplicação de dispositivos como a cláusula democrática do Mercosul para suspender a Venezuela. Também previa a atuação do País na Organização dos Estados Americanos (OEA) “de modo a impedir tentativas de intervenção militar na Venezuela”.

Na reunião em Nova York, contou Aloysio Nunes Ferreira, Temer disse ao colega americano que o Brasil ia pautar suas ações pela sua Constituição – que estabelece a não intervenção como principio constitucional. “Nossas relações com a Venezuela eram as relações que devemos ter com um país vizinho”, disse o ex-chanceler.

Uma ação militar contra a Venezuela nunca foi totalmente descartada pelo governo americano. De fato, a gestão Trump escalou suas sanções contra integrantes do governo Nicolás Maduro, por meio do bloqueio de bens e até mesmo da promoção de acusações de tráfico de drogas contra a cúpula do regime da Venezuela. Em seu livro de memória, o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton afirmou que Trump disse que "seria cool invadir a Venezuela".

O que parece confirmar o relato de Temer e de Aloysio foi o comportamento do governo americano logo após a posse de Jair Bolsonaro, ampliando a pressão contraa Venezuela. Mais uma vez é Bolton quem conta. De acordo com ele, o ministro da Defesa do Brasil, general Fernando Azevedo e Silva, previu para a americano que Maduro cairia em 2019. O governo Bolsonaro se comportava então como uma de suas missões intervir na Venezuela e ajudar a derrubar Maduro.

Ainda de acordo com o relato de Bolton, o Brasil desempenhava então um papel complementar na estratégia americana para derrubar o ditador venezuelano. Trump queria usar o Brasil como porta de entrada, uma espécie de trampolim para entrar no país vizinho com ajuda humanitária na Venezuela e contava com ajuda brasileira. E, de fato, no dia 23 de fevereiro, atendendo aos planos americanos, o governo brasileiro permitiu que a oposição venezuelana usasse Roraima para entrar com dois caminhões no país vizinho.

A decisão de apoiar a estratégia americana e da oposição venezuelana contra Maduro e permitir o uso do território brasileiro para a ação foi decidida em uma reunião no Palácio do Planalto com a cúpula do governo. Um único ministro se pôs contra a decisão do governo brasileiro de agir em conjunto com a administração Trump. Tratava-se do então chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz. A ação fracassou contra Maduro. Também fracassaram as tentativas de promover um golpe de Estado contra o ditador com o auxílio das Forças Armadas venezuelanas e uma ação de um grupo armado que invadiu a Venezuela para derrubar Maduro.

O presidente Donald Trump defendeu “ações mais drásticas” contra a Venezuela em conjunto com o Brasil, Panamá e Colômbia. A revelação foi feita pelo ex-presidente Michel Temer. Segundo ele, o presidente americano não deixou claro se isso se tratava “de uma intervenção ou não” no sentido militar contra o país vizinho. A revelação foi feita pelo brasileiro em seu livro A Escolha, no qual ele é entrevistado pelo professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield.

A reunião entre Temer e Trump aconteceu em 18 de setembro de 2017, às vésperas da reunião anual das Nações Unidas, em um hotel, em Nova York. O jantar oferecido pelo americano teve ainda como convidados os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Panamá, Juan Carlos Varela. O então presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, cancelou sua participação em razão da crise política em seu país – ele acabaria afastado do cargo em 2018. A pauta do encontro era a Venezuela. Coincidentemente, os países convidados recebiam o grosso dos refugiados venezuelanos em razão da crise humanitária e política que atingia o regime de Nicolás Maduro.

O então presidente Michel Temer com Donald Trump em 2017 Foto: EFE/EPA/Felipe Trueba

O Estadão confirmou a revelação do ex-presidente com o então ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. “Mais de um presidente falou em exercer pressões e jogou lenha na fogueira. O Temer pôs água na fervura”, afirmou o ex-chanceler brasileiro. No relato de Temer, a solução drástica do americano recebeu a rejeição dos outros presidentes. Mas houve quem propusesse ações alternativas também drásticas. “Foi proposto por um dos presidentes que os Estados Unidos parassem de comprar petróleo da Venezuela. O Trump então respondeu que não podia fazer isso e disse: ‘Eu tenho de pensar no preço da gasolina para meus eleitores’.”

O ex-chanceler não soube dizer se a proposta de sanção contra o petróleo venezuelano partiu da Colômbia ou do Panamá. De acordo com ele, durante a discussão sobre ações e sanções contra a Venezuela, o presidente Trump interrompeu a conversa e pediu aos três presidentes latino-americanos que se entendessem com Juan Cruz, então o principal assessor para a América Latina do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. “Foi um pedido constrangedor para os presidentes”, disse.

De acordo com Aloysio, o Itamaraty nunca recebeu oficialmente um pedido ou consulta para que o Brasil participasse de uma intervenção no país vizinho. Ele afirmou que a política de Temer para o governo Maduro previa a aplicação de dispositivos como a cláusula democrática do Mercosul para suspender a Venezuela. Também previa a atuação do País na Organização dos Estados Americanos (OEA) “de modo a impedir tentativas de intervenção militar na Venezuela”.

Na reunião em Nova York, contou Aloysio Nunes Ferreira, Temer disse ao colega americano que o Brasil ia pautar suas ações pela sua Constituição – que estabelece a não intervenção como principio constitucional. “Nossas relações com a Venezuela eram as relações que devemos ter com um país vizinho”, disse o ex-chanceler.

Uma ação militar contra a Venezuela nunca foi totalmente descartada pelo governo americano. De fato, a gestão Trump escalou suas sanções contra integrantes do governo Nicolás Maduro, por meio do bloqueio de bens e até mesmo da promoção de acusações de tráfico de drogas contra a cúpula do regime da Venezuela. Em seu livro de memória, o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton afirmou que Trump disse que "seria cool invadir a Venezuela".

O que parece confirmar o relato de Temer e de Aloysio foi o comportamento do governo americano logo após a posse de Jair Bolsonaro, ampliando a pressão contraa Venezuela. Mais uma vez é Bolton quem conta. De acordo com ele, o ministro da Defesa do Brasil, general Fernando Azevedo e Silva, previu para a americano que Maduro cairia em 2019. O governo Bolsonaro se comportava então como uma de suas missões intervir na Venezuela e ajudar a derrubar Maduro.

Ainda de acordo com o relato de Bolton, o Brasil desempenhava então um papel complementar na estratégia americana para derrubar o ditador venezuelano. Trump queria usar o Brasil como porta de entrada, uma espécie de trampolim para entrar no país vizinho com ajuda humanitária na Venezuela e contava com ajuda brasileira. E, de fato, no dia 23 de fevereiro, atendendo aos planos americanos, o governo brasileiro permitiu que a oposição venezuelana usasse Roraima para entrar com dois caminhões no país vizinho.

A decisão de apoiar a estratégia americana e da oposição venezuelana contra Maduro e permitir o uso do território brasileiro para a ação foi decidida em uma reunião no Palácio do Planalto com a cúpula do governo. Um único ministro se pôs contra a decisão do governo brasileiro de agir em conjunto com a administração Trump. Tratava-se do então chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz. A ação fracassou contra Maduro. Também fracassaram as tentativas de promover um golpe de Estado contra o ditador com o auxílio das Forças Armadas venezuelanas e uma ação de um grupo armado que invadiu a Venezuela para derrubar Maduro.

O presidente Donald Trump defendeu “ações mais drásticas” contra a Venezuela em conjunto com o Brasil, Panamá e Colômbia. A revelação foi feita pelo ex-presidente Michel Temer. Segundo ele, o presidente americano não deixou claro se isso se tratava “de uma intervenção ou não” no sentido militar contra o país vizinho. A revelação foi feita pelo brasileiro em seu livro A Escolha, no qual ele é entrevistado pelo professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield.

A reunião entre Temer e Trump aconteceu em 18 de setembro de 2017, às vésperas da reunião anual das Nações Unidas, em um hotel, em Nova York. O jantar oferecido pelo americano teve ainda como convidados os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Panamá, Juan Carlos Varela. O então presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, cancelou sua participação em razão da crise política em seu país – ele acabaria afastado do cargo em 2018. A pauta do encontro era a Venezuela. Coincidentemente, os países convidados recebiam o grosso dos refugiados venezuelanos em razão da crise humanitária e política que atingia o regime de Nicolás Maduro.

O então presidente Michel Temer com Donald Trump em 2017 Foto: EFE/EPA/Felipe Trueba

O Estadão confirmou a revelação do ex-presidente com o então ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. “Mais de um presidente falou em exercer pressões e jogou lenha na fogueira. O Temer pôs água na fervura”, afirmou o ex-chanceler brasileiro. No relato de Temer, a solução drástica do americano recebeu a rejeição dos outros presidentes. Mas houve quem propusesse ações alternativas também drásticas. “Foi proposto por um dos presidentes que os Estados Unidos parassem de comprar petróleo da Venezuela. O Trump então respondeu que não podia fazer isso e disse: ‘Eu tenho de pensar no preço da gasolina para meus eleitores’.”

O ex-chanceler não soube dizer se a proposta de sanção contra o petróleo venezuelano partiu da Colômbia ou do Panamá. De acordo com ele, durante a discussão sobre ações e sanções contra a Venezuela, o presidente Trump interrompeu a conversa e pediu aos três presidentes latino-americanos que se entendessem com Juan Cruz, então o principal assessor para a América Latina do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. “Foi um pedido constrangedor para os presidentes”, disse.

De acordo com Aloysio, o Itamaraty nunca recebeu oficialmente um pedido ou consulta para que o Brasil participasse de uma intervenção no país vizinho. Ele afirmou que a política de Temer para o governo Maduro previa a aplicação de dispositivos como a cláusula democrática do Mercosul para suspender a Venezuela. Também previa a atuação do País na Organização dos Estados Americanos (OEA) “de modo a impedir tentativas de intervenção militar na Venezuela”.

Na reunião em Nova York, contou Aloysio Nunes Ferreira, Temer disse ao colega americano que o Brasil ia pautar suas ações pela sua Constituição – que estabelece a não intervenção como principio constitucional. “Nossas relações com a Venezuela eram as relações que devemos ter com um país vizinho”, disse o ex-chanceler.

Uma ação militar contra a Venezuela nunca foi totalmente descartada pelo governo americano. De fato, a gestão Trump escalou suas sanções contra integrantes do governo Nicolás Maduro, por meio do bloqueio de bens e até mesmo da promoção de acusações de tráfico de drogas contra a cúpula do regime da Venezuela. Em seu livro de memória, o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton afirmou que Trump disse que "seria cool invadir a Venezuela".

O que parece confirmar o relato de Temer e de Aloysio foi o comportamento do governo americano logo após a posse de Jair Bolsonaro, ampliando a pressão contraa Venezuela. Mais uma vez é Bolton quem conta. De acordo com ele, o ministro da Defesa do Brasil, general Fernando Azevedo e Silva, previu para a americano que Maduro cairia em 2019. O governo Bolsonaro se comportava então como uma de suas missões intervir na Venezuela e ajudar a derrubar Maduro.

Ainda de acordo com o relato de Bolton, o Brasil desempenhava então um papel complementar na estratégia americana para derrubar o ditador venezuelano. Trump queria usar o Brasil como porta de entrada, uma espécie de trampolim para entrar no país vizinho com ajuda humanitária na Venezuela e contava com ajuda brasileira. E, de fato, no dia 23 de fevereiro, atendendo aos planos americanos, o governo brasileiro permitiu que a oposição venezuelana usasse Roraima para entrar com dois caminhões no país vizinho.

A decisão de apoiar a estratégia americana e da oposição venezuelana contra Maduro e permitir o uso do território brasileiro para a ação foi decidida em uma reunião no Palácio do Planalto com a cúpula do governo. Um único ministro se pôs contra a decisão do governo brasileiro de agir em conjunto com a administração Trump. Tratava-se do então chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz. A ação fracassou contra Maduro. Também fracassaram as tentativas de promover um golpe de Estado contra o ditador com o auxílio das Forças Armadas venezuelanas e uma ação de um grupo armado que invadiu a Venezuela para derrubar Maduro.

O presidente Donald Trump defendeu “ações mais drásticas” contra a Venezuela em conjunto com o Brasil, Panamá e Colômbia. A revelação foi feita pelo ex-presidente Michel Temer. Segundo ele, o presidente americano não deixou claro se isso se tratava “de uma intervenção ou não” no sentido militar contra o país vizinho. A revelação foi feita pelo brasileiro em seu livro A Escolha, no qual ele é entrevistado pelo professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield.

A reunião entre Temer e Trump aconteceu em 18 de setembro de 2017, às vésperas da reunião anual das Nações Unidas, em um hotel, em Nova York. O jantar oferecido pelo americano teve ainda como convidados os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Panamá, Juan Carlos Varela. O então presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, cancelou sua participação em razão da crise política em seu país – ele acabaria afastado do cargo em 2018. A pauta do encontro era a Venezuela. Coincidentemente, os países convidados recebiam o grosso dos refugiados venezuelanos em razão da crise humanitária e política que atingia o regime de Nicolás Maduro.

O então presidente Michel Temer com Donald Trump em 2017 Foto: EFE/EPA/Felipe Trueba

O Estadão confirmou a revelação do ex-presidente com o então ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. “Mais de um presidente falou em exercer pressões e jogou lenha na fogueira. O Temer pôs água na fervura”, afirmou o ex-chanceler brasileiro. No relato de Temer, a solução drástica do americano recebeu a rejeição dos outros presidentes. Mas houve quem propusesse ações alternativas também drásticas. “Foi proposto por um dos presidentes que os Estados Unidos parassem de comprar petróleo da Venezuela. O Trump então respondeu que não podia fazer isso e disse: ‘Eu tenho de pensar no preço da gasolina para meus eleitores’.”

O ex-chanceler não soube dizer se a proposta de sanção contra o petróleo venezuelano partiu da Colômbia ou do Panamá. De acordo com ele, durante a discussão sobre ações e sanções contra a Venezuela, o presidente Trump interrompeu a conversa e pediu aos três presidentes latino-americanos que se entendessem com Juan Cruz, então o principal assessor para a América Latina do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. “Foi um pedido constrangedor para os presidentes”, disse.

De acordo com Aloysio, o Itamaraty nunca recebeu oficialmente um pedido ou consulta para que o Brasil participasse de uma intervenção no país vizinho. Ele afirmou que a política de Temer para o governo Maduro previa a aplicação de dispositivos como a cláusula democrática do Mercosul para suspender a Venezuela. Também previa a atuação do País na Organização dos Estados Americanos (OEA) “de modo a impedir tentativas de intervenção militar na Venezuela”.

Na reunião em Nova York, contou Aloysio Nunes Ferreira, Temer disse ao colega americano que o Brasil ia pautar suas ações pela sua Constituição – que estabelece a não intervenção como principio constitucional. “Nossas relações com a Venezuela eram as relações que devemos ter com um país vizinho”, disse o ex-chanceler.

Uma ação militar contra a Venezuela nunca foi totalmente descartada pelo governo americano. De fato, a gestão Trump escalou suas sanções contra integrantes do governo Nicolás Maduro, por meio do bloqueio de bens e até mesmo da promoção de acusações de tráfico de drogas contra a cúpula do regime da Venezuela. Em seu livro de memória, o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton afirmou que Trump disse que "seria cool invadir a Venezuela".

O que parece confirmar o relato de Temer e de Aloysio foi o comportamento do governo americano logo após a posse de Jair Bolsonaro, ampliando a pressão contraa Venezuela. Mais uma vez é Bolton quem conta. De acordo com ele, o ministro da Defesa do Brasil, general Fernando Azevedo e Silva, previu para a americano que Maduro cairia em 2019. O governo Bolsonaro se comportava então como uma de suas missões intervir na Venezuela e ajudar a derrubar Maduro.

Ainda de acordo com o relato de Bolton, o Brasil desempenhava então um papel complementar na estratégia americana para derrubar o ditador venezuelano. Trump queria usar o Brasil como porta de entrada, uma espécie de trampolim para entrar no país vizinho com ajuda humanitária na Venezuela e contava com ajuda brasileira. E, de fato, no dia 23 de fevereiro, atendendo aos planos americanos, o governo brasileiro permitiu que a oposição venezuelana usasse Roraima para entrar com dois caminhões no país vizinho.

A decisão de apoiar a estratégia americana e da oposição venezuelana contra Maduro e permitir o uso do território brasileiro para a ação foi decidida em uma reunião no Palácio do Planalto com a cúpula do governo. Um único ministro se pôs contra a decisão do governo brasileiro de agir em conjunto com a administração Trump. Tratava-se do então chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz. A ação fracassou contra Maduro. Também fracassaram as tentativas de promover um golpe de Estado contra o ditador com o auxílio das Forças Armadas venezuelanas e uma ação de um grupo armado que invadiu a Venezuela para derrubar Maduro.

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