Um político profissional na Saúde municipal à frente do coronavírus em SP


Ex-deputado federal e antigo quadro do PSDB, secretário de Covas está à frente da crise do coronavírus

Por Pedro Venceslau

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB) contam com médicos na linha de frente do combate ao coronavírus – o ortopedista e ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em Brasília, e o infectologista e chefe do Centro de Contingência em São Paulo, David Uip –, o prefeito Bruno Covas (PSDB) mantém na secretária de Saúde um quadro do PSDB com longo currículo e de atuação nos bastidores da sigla.

Formado em história, Edson Aparecido é hoje a face pública ao lado de Covas nas ações da capital para deter o avanço da covid-19. Com 62 anos e o histórico de um câncer recente no reto, o tucano, que está no grupo de risco, passa a maior parte do dia em reuniões com profissionais da saúde ou em visitas equipamentos médicos da cidade. O secretário já fez dois exames para detectar o coronavírus. O primeiro logo no começo da epidemia, quando um vizinho foi infectado, e o segundo após o exame de David Uip, com quem ele se reúne com frequência, testar positivo.

Secretário Municipal de Saúde, Edson Aparecido dos Santos, mostra alguns dos leitos do Hospital de Campanha montado no Anhembi para atender os pacientes de baixa e média complexidade portadores dacovid-19. Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
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“Eu estou o tempo todo com médico e enfermeiro. Uso máscara e estou sempre com álcool gel. Não tem como administrar o sistema sem ir nas unidades”, contou o secretário ao Estado. Aparecido assumiu a secretaria da Saúde em 2018 no momento que Bruno Covas começou a dispensar secretários “doristas” e montou uma equipe com seu perfil. Ligado ao ex-governador Geraldo Alckmin, o escolhido havia perdido espaço na máquina estadual após a vitória de João Doria. Antes de ir para a Saúde, Aparecido presidia a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab).

Ele começou a carreira política no movimento estudantil da PUC-SP nos anos 1980, quando era do PCdoB, partido do qual foi filiado por 20 anos. “Foi uma escola política”, conta o secretário. Nos tempos de dirigente estudantil e presidente do DCE, seu maior líder era o hoje ex-ministro Aldo Rebelo. No processo de redemocratização migrou para o PMDB (hoje MDB) e, em 1988, foi um fundadores do PSDB em São Paulo, sendo próximo ao ex-ministro Sérgio Motta, de quem foi assessor. Foi eleito deputado estadual, federal, presidiu o PSDB e ocupou várias pastas, sendo a Casa Civil de Alckmin a mais importante.

“O médico é especialista em medicina, cirurgia e diagnóstico, não em gestão pública. O grande desafio na pandemia é gerar contratos, preparar licitações e formular políticas públicas”, disse o secretário da Casa Civil de Covas, Orlando Faria (PSDB). Ele conta que foi Aparecido quem fez toda articulação para implementar os hospitais de campanha do Pacaembu e Anhembi: “Isso envolve a SPTuris, limpeza, Organizações Sociais, CET, o hotel do Anhembi e conversa com parlamentares para a liberação de emendas”, afirmou Faria.

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Dos três níveis da administração pública, é no municipal que acontece a batalha mais direta contra a pandemia do coronavírus. No caso de São Paulo, a capital é o epicentro dos casos no Brasil – são 364 óbitos, 5.832 casos confirmados e 16.559 suspeitos até a conclusão desta edição.

Hospital de campanha no Anhembi para tratamento de pacientes da covid-19. Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

A permanência de Aparecido em meio à crise do coronavírus, no entanto, é alvo de críticas. “A manutenção de um secretário da Saúde que não seja da área médica gera insegurança. Edson Aparecido passou por diversas secretarias, mas nunca foi escolhido por ser um técnico. É uma irresponsabilidade do Bruno mantê-lo no cargo. Ele devia ser substituído por um médico nesse momento de crise”, disse o vereador Fernando Holiday (Patriotas).

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O secretário argumenta que o mais importante nesse momento é saber como se efetiva o processo de gestão pública. “É nos municípios que as ações se concretizam. O perfil de gestor é importante para fazer a máquina andar”, afirmou o tucano. O secretário é cauteloso ao falar da ideia de prefeitos e governadores de confiscar equipamentos médicos e máscaras que seriam exportados durante a crise, como fez Doria, que recolheu 500 mil máscaras da empresa 3M. “Não acho que isso resolve o problema”, disse. 

Antes da pandemia dominar a agenda política, o secretário de Saúde era um dos principais integrantes do núcleo de Bruno Covas que articula sua campanha à reeleição.

Ação por improbidade administrativa

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Em maio do ano passado, Aparecido enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua carreira política, mas foi preservado por Covas. No dia 23 de maio, a Justiça de São Paulo aceitou uma ação do promotor Marcelo Milani e tornou o secretário réu por improbidade administrativa. Em 2016, o tucano passou a ser investigado após a compra de um apartamento na Vila Nova Conceição, área nobre da Zona Sul paulistana. Ele pagou R$ 620 mil por um imóvel que havia sido vendido por mais de R$ 1 milhão seis meses antes.

“Está agora para o julgamento final do TJ. Quando surgiu a denúncia, eu que pedi para ser ouvido. Não levei nem advogado na época (2016). Apresentei todos os meus documentos, inclusive o Imposto de Renda, que comprovavam que eu podia ter feito o que fiz. Não fiz nada de irregular. Essas coisas têm grande notoriedade quando sai a denúncia. É um desgaste. A família sofre muito, mesmo que se ganhe juridicamente”, afirmou.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB) contam com médicos na linha de frente do combate ao coronavírus – o ortopedista e ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em Brasília, e o infectologista e chefe do Centro de Contingência em São Paulo, David Uip –, o prefeito Bruno Covas (PSDB) mantém na secretária de Saúde um quadro do PSDB com longo currículo e de atuação nos bastidores da sigla.

Formado em história, Edson Aparecido é hoje a face pública ao lado de Covas nas ações da capital para deter o avanço da covid-19. Com 62 anos e o histórico de um câncer recente no reto, o tucano, que está no grupo de risco, passa a maior parte do dia em reuniões com profissionais da saúde ou em visitas equipamentos médicos da cidade. O secretário já fez dois exames para detectar o coronavírus. O primeiro logo no começo da epidemia, quando um vizinho foi infectado, e o segundo após o exame de David Uip, com quem ele se reúne com frequência, testar positivo.

Secretário Municipal de Saúde, Edson Aparecido dos Santos, mostra alguns dos leitos do Hospital de Campanha montado no Anhembi para atender os pacientes de baixa e média complexidade portadores dacovid-19. Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Eu estou o tempo todo com médico e enfermeiro. Uso máscara e estou sempre com álcool gel. Não tem como administrar o sistema sem ir nas unidades”, contou o secretário ao Estado. Aparecido assumiu a secretaria da Saúde em 2018 no momento que Bruno Covas começou a dispensar secretários “doristas” e montou uma equipe com seu perfil. Ligado ao ex-governador Geraldo Alckmin, o escolhido havia perdido espaço na máquina estadual após a vitória de João Doria. Antes de ir para a Saúde, Aparecido presidia a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab).

Ele começou a carreira política no movimento estudantil da PUC-SP nos anos 1980, quando era do PCdoB, partido do qual foi filiado por 20 anos. “Foi uma escola política”, conta o secretário. Nos tempos de dirigente estudantil e presidente do DCE, seu maior líder era o hoje ex-ministro Aldo Rebelo. No processo de redemocratização migrou para o PMDB (hoje MDB) e, em 1988, foi um fundadores do PSDB em São Paulo, sendo próximo ao ex-ministro Sérgio Motta, de quem foi assessor. Foi eleito deputado estadual, federal, presidiu o PSDB e ocupou várias pastas, sendo a Casa Civil de Alckmin a mais importante.

“O médico é especialista em medicina, cirurgia e diagnóstico, não em gestão pública. O grande desafio na pandemia é gerar contratos, preparar licitações e formular políticas públicas”, disse o secretário da Casa Civil de Covas, Orlando Faria (PSDB). Ele conta que foi Aparecido quem fez toda articulação para implementar os hospitais de campanha do Pacaembu e Anhembi: “Isso envolve a SPTuris, limpeza, Organizações Sociais, CET, o hotel do Anhembi e conversa com parlamentares para a liberação de emendas”, afirmou Faria.

Dos três níveis da administração pública, é no municipal que acontece a batalha mais direta contra a pandemia do coronavírus. No caso de São Paulo, a capital é o epicentro dos casos no Brasil – são 364 óbitos, 5.832 casos confirmados e 16.559 suspeitos até a conclusão desta edição.

Hospital de campanha no Anhembi para tratamento de pacientes da covid-19. Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

A permanência de Aparecido em meio à crise do coronavírus, no entanto, é alvo de críticas. “A manutenção de um secretário da Saúde que não seja da área médica gera insegurança. Edson Aparecido passou por diversas secretarias, mas nunca foi escolhido por ser um técnico. É uma irresponsabilidade do Bruno mantê-lo no cargo. Ele devia ser substituído por um médico nesse momento de crise”, disse o vereador Fernando Holiday (Patriotas).

O secretário argumenta que o mais importante nesse momento é saber como se efetiva o processo de gestão pública. “É nos municípios que as ações se concretizam. O perfil de gestor é importante para fazer a máquina andar”, afirmou o tucano. O secretário é cauteloso ao falar da ideia de prefeitos e governadores de confiscar equipamentos médicos e máscaras que seriam exportados durante a crise, como fez Doria, que recolheu 500 mil máscaras da empresa 3M. “Não acho que isso resolve o problema”, disse. 

Antes da pandemia dominar a agenda política, o secretário de Saúde era um dos principais integrantes do núcleo de Bruno Covas que articula sua campanha à reeleição.

Ação por improbidade administrativa

Em maio do ano passado, Aparecido enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua carreira política, mas foi preservado por Covas. No dia 23 de maio, a Justiça de São Paulo aceitou uma ação do promotor Marcelo Milani e tornou o secretário réu por improbidade administrativa. Em 2016, o tucano passou a ser investigado após a compra de um apartamento na Vila Nova Conceição, área nobre da Zona Sul paulistana. Ele pagou R$ 620 mil por um imóvel que havia sido vendido por mais de R$ 1 milhão seis meses antes.

“Está agora para o julgamento final do TJ. Quando surgiu a denúncia, eu que pedi para ser ouvido. Não levei nem advogado na época (2016). Apresentei todos os meus documentos, inclusive o Imposto de Renda, que comprovavam que eu podia ter feito o que fiz. Não fiz nada de irregular. Essas coisas têm grande notoriedade quando sai a denúncia. É um desgaste. A família sofre muito, mesmo que se ganhe juridicamente”, afirmou.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB) contam com médicos na linha de frente do combate ao coronavírus – o ortopedista e ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em Brasília, e o infectologista e chefe do Centro de Contingência em São Paulo, David Uip –, o prefeito Bruno Covas (PSDB) mantém na secretária de Saúde um quadro do PSDB com longo currículo e de atuação nos bastidores da sigla.

Formado em história, Edson Aparecido é hoje a face pública ao lado de Covas nas ações da capital para deter o avanço da covid-19. Com 62 anos e o histórico de um câncer recente no reto, o tucano, que está no grupo de risco, passa a maior parte do dia em reuniões com profissionais da saúde ou em visitas equipamentos médicos da cidade. O secretário já fez dois exames para detectar o coronavírus. O primeiro logo no começo da epidemia, quando um vizinho foi infectado, e o segundo após o exame de David Uip, com quem ele se reúne com frequência, testar positivo.

Secretário Municipal de Saúde, Edson Aparecido dos Santos, mostra alguns dos leitos do Hospital de Campanha montado no Anhembi para atender os pacientes de baixa e média complexidade portadores dacovid-19. Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Eu estou o tempo todo com médico e enfermeiro. Uso máscara e estou sempre com álcool gel. Não tem como administrar o sistema sem ir nas unidades”, contou o secretário ao Estado. Aparecido assumiu a secretaria da Saúde em 2018 no momento que Bruno Covas começou a dispensar secretários “doristas” e montou uma equipe com seu perfil. Ligado ao ex-governador Geraldo Alckmin, o escolhido havia perdido espaço na máquina estadual após a vitória de João Doria. Antes de ir para a Saúde, Aparecido presidia a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab).

Ele começou a carreira política no movimento estudantil da PUC-SP nos anos 1980, quando era do PCdoB, partido do qual foi filiado por 20 anos. “Foi uma escola política”, conta o secretário. Nos tempos de dirigente estudantil e presidente do DCE, seu maior líder era o hoje ex-ministro Aldo Rebelo. No processo de redemocratização migrou para o PMDB (hoje MDB) e, em 1988, foi um fundadores do PSDB em São Paulo, sendo próximo ao ex-ministro Sérgio Motta, de quem foi assessor. Foi eleito deputado estadual, federal, presidiu o PSDB e ocupou várias pastas, sendo a Casa Civil de Alckmin a mais importante.

“O médico é especialista em medicina, cirurgia e diagnóstico, não em gestão pública. O grande desafio na pandemia é gerar contratos, preparar licitações e formular políticas públicas”, disse o secretário da Casa Civil de Covas, Orlando Faria (PSDB). Ele conta que foi Aparecido quem fez toda articulação para implementar os hospitais de campanha do Pacaembu e Anhembi: “Isso envolve a SPTuris, limpeza, Organizações Sociais, CET, o hotel do Anhembi e conversa com parlamentares para a liberação de emendas”, afirmou Faria.

Dos três níveis da administração pública, é no municipal que acontece a batalha mais direta contra a pandemia do coronavírus. No caso de São Paulo, a capital é o epicentro dos casos no Brasil – são 364 óbitos, 5.832 casos confirmados e 16.559 suspeitos até a conclusão desta edição.

Hospital de campanha no Anhembi para tratamento de pacientes da covid-19. Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

A permanência de Aparecido em meio à crise do coronavírus, no entanto, é alvo de críticas. “A manutenção de um secretário da Saúde que não seja da área médica gera insegurança. Edson Aparecido passou por diversas secretarias, mas nunca foi escolhido por ser um técnico. É uma irresponsabilidade do Bruno mantê-lo no cargo. Ele devia ser substituído por um médico nesse momento de crise”, disse o vereador Fernando Holiday (Patriotas).

O secretário argumenta que o mais importante nesse momento é saber como se efetiva o processo de gestão pública. “É nos municípios que as ações se concretizam. O perfil de gestor é importante para fazer a máquina andar”, afirmou o tucano. O secretário é cauteloso ao falar da ideia de prefeitos e governadores de confiscar equipamentos médicos e máscaras que seriam exportados durante a crise, como fez Doria, que recolheu 500 mil máscaras da empresa 3M. “Não acho que isso resolve o problema”, disse. 

Antes da pandemia dominar a agenda política, o secretário de Saúde era um dos principais integrantes do núcleo de Bruno Covas que articula sua campanha à reeleição.

Ação por improbidade administrativa

Em maio do ano passado, Aparecido enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua carreira política, mas foi preservado por Covas. No dia 23 de maio, a Justiça de São Paulo aceitou uma ação do promotor Marcelo Milani e tornou o secretário réu por improbidade administrativa. Em 2016, o tucano passou a ser investigado após a compra de um apartamento na Vila Nova Conceição, área nobre da Zona Sul paulistana. Ele pagou R$ 620 mil por um imóvel que havia sido vendido por mais de R$ 1 milhão seis meses antes.

“Está agora para o julgamento final do TJ. Quando surgiu a denúncia, eu que pedi para ser ouvido. Não levei nem advogado na época (2016). Apresentei todos os meus documentos, inclusive o Imposto de Renda, que comprovavam que eu podia ter feito o que fiz. Não fiz nada de irregular. Essas coisas têm grande notoriedade quando sai a denúncia. É um desgaste. A família sofre muito, mesmo que se ganhe juridicamente”, afirmou.

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