O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, se encontra nesta quinta-feira, 20, com o deputado federal licenciado Yury do Paredão (PL-CE) em Brasília. Nesta segunda-feira, 17, Costa Neto pediu a abertura do processo de expulsão do parlamentar pelo diretório do partido no Ceará. Mesmo fazendo parte da legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Yury apoia ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar publicou fotos com o petista, viajou com ministros, fez o “L” e defendeu políticas do governo.
“Solicitei ao Diretório do PL no Ceará a abertura do processo de expulsão do deputado federal Yury do Paredão. Ao que tudo indica, o parlamentar licenciado parece não comungar com os ideais do Partido Liberal”, disse Costa Neto em uma rede social.
No dia seguinte, terça-feira, 18, o presidente do PL do Ceará, Acilon Gonçalvez, afirmou que cumpriria a orientação da Executiva Nacional da sigla e abriria processo de investigação sobre fidelidade partidária, mas voltou atrás e passou a defender que a decisão voltasse para as mãos de Valdemar ao compreender que o caso tem de ser deliberado pela direção nacional.
Apoio a Lula
Durante o primeiro semestre do ano, Yury fez repetidos acenos ao governo Lula, destacando boas notícias da atual gestão e se aliando a petistas no Ceará. A tensão entre o deputado e os correligionários começou em maio, quando ele publicou uma foto ao lado de Lula e do ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Estado.
“Pude recepcionar o presidente Lula em Juazeiro do Norte, minha cidade natal, ao lado do Senador e Ministro da Educação, Camilo Santana, o governador do Ceará, Elmano Freitas, e o líder do governo na Câmara, deputado Zé Guimarães. Estamos ansiosos para discutir ideias e soluções para o desenvolvimento do nosso Estado. Juntos, podemos construir um Ceará mais forte e justo para todos”, disse na legenda da foto.
Valdemar decidiu manter Yury na legenda mesmo após o episódio. O parlamentar continuou com os acenos ao governo. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, votou a favor da medida provisória (MP) dos Ministérios, contra a orientação do partido, em maio. Ele está afastado do cargo desde o final de junho, para tratar de “assuntos pessoais”.
Em julho, viajou ao lado dos ministros Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Paulo Pimenta (Comunicação Social) para inaugurar um novo sistema da transposição do rio São Francisco em Salgueiro (PE). Durante esse evento, ele posou ao lado dos ministros e fez o “L” com as mãos.
Enquanto a decisão sobre a manutenção de Yury saltava das mãos presidente do PL do Ceará, Acilon Gonçalvez, para Valdemar Costa Neto, o parlamentar continuava com seu apoio a Lula. Mesmo após o anúncio da possível expulsão, nesta quarta-feira, 19, o deputado defendeu, mais uma vez, das ações do governo na área econômica.
“A reforma tributária, o novo arcabouço fiscal, o Desenrola e o Minha Casa Minha Vida são projetos que têm o potencial de impulsionar o crescimento econômico do Brasil. Estou otimista em relação ao futuro e às transformações positivas que essas iniciativas podem trazer para o país”, disse.
Membros do PL
A ala mais bolsonarista do partido discordou do pedido de expulsão, pois avalia que seria um prêmio, uma vez que a medida permite ao deputado continuar com o mandato. O líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), afirmou que caso Valdemar opte pela expulsão, ele estaria agindo da forma que Yury deseja.
“Presidente, você estará fazendo o que ele quer. Ele quer ser expulso para poder levar o mandato dele. A melhor alternativa seria deixá-lo no sal: sem comissões, sem fundo e sem diretórios. Um morto-vivo no PL. E, se ele tentar sair do partido, perderá o mandato. Avalie!”, escreveu Jordy.
Yury manterá a função como deputado ainda que expulso por decisão da legenda e poderá migrar para outro partido. Caso esse cenário ocorra, o deputado perderia apenas a capacidade de participar de comissões que o PL o indicou. Ele é titular na Comissão de Turismo e na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos esquemas de pirâmide, e suplente na Comissão de Finanças e Tributação.