BRASÍLIA – Nos últimos três anos, o orçamento secreto se apropriou de R$ 53,9 bilhões dos recursos públicos para destinar verbas, sem transparência, a redutos de deputados e senadores. No esquema montado com aval do governo do presidente Jair Bolsonaro, o deputado pede ao Executivo para enviar dinheiro a uma prefeitura de um aliado e determina o que deve ser comprado com o valor sem qualquer estudo que indique que a cidade realmente precisa daquele bem público.
Como mostrou o Estadão, o bem é comprado com sobrepreço, razão pela qual os políticos têm interesse em esconder que estão por trás dessa compra. Assim, cidades brasileiras receberam até quatro caminhões de lixo superpotentes sem ter sequer produção suficiente de resíduos para enchê-los ou qualquer política pública de descarte.
Na véspera do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) de a ação que pede o fim do orçamento secreto, líderes do Congresso redigiram uma minuta de projeto de resolução para mudar as regras na tentativa de evitar que o esquema seja considerado inconstitucional. Somente em 2023, há previsão de R$ 19,4 bilhões para essas emendas do orçamento secreto.