BRASÍLIA – Uma série de mensagens trocadas pelo general Mário Fernandes, número 2 da Secretaria-Geral da Presidência do governo de Jair Bolsonaro (PL), serviu para que a Polícia Federal demonstrasse que oficiais do Exército trabalhavam por um plano golpista com uma conspiração para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo seria manter Bolsonaro no poder, apesar da derrota dele nas urnas.
Ao analisar as conversas do general Mário Fernandes, a Polícia Federal detectou que ele interagia normalmente com civis, mas que “os principais diálogos em torno de temas antidemocráticos e/ou relacionados aos ideários golpistas” eram travados com militares.
Um dos advogados do general Mário Fernandes afirmou ao Estadão que ainda não teve acesso ao inquérito, mas que considera a prisão cautelar dele despropositada. A defesa pediu a transferência do militar do Rio de Janeiro para Brasília.
No dia 4 de novembro, às 14h16, ele enviou áudio para um interlocutor identificado como Hélio Coelho:
General Mario Fernandes a Hélio Coelho
Às 19h15 do mesmo dia, ele enviou áudio ao então chefe da Secretaria-Geral, general Luiz Eduardo Ramos, comentando a live realizada pelo argentino Fernando Cerimedo com dados falsos sobre o resultado das eleições no Brasil. O estrangeiro também foi indiciado.
General Fernandes ao general Ramos
Às 19h34, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como Velame, enviou áudio para o general Mário Fernandes.
Coronel Velame ao general Fernandes
Nesse dia, o general também conversou com o coronel Roberto Criscuoli, ex-subcomandante do Batalhão de Forças Especiais, um ex-”kid preto”. Às 10h21, o coronel enviou a seguinte mensagem de áudio ao general:
Coronel Criscuoli ao general Fernandes
No dia 5 de novembro de 2022, às 18h37, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu enviou outra mensagem ao general Fernandes.
Coronel Velame ao general Fernandes
Em 8 de dezembro, às 22h56, ele enviou áudio ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, cobrando ação e citando conversa que tivera com o então presidente.
General Fernandes ao coronel Mario Fernandes
General da reserva, Mário Fernandes foi um dos quatro oficiais presos pela PF no último dia 19, no âmbito da operação batizada de Contragolpe. De acordo com a investigação, ele era o articulador da trama que contava com “detalhado planejamento operacional”, chamado “Punhal Verde e Amarelo”, previsto para ser executado em 15 de dezembro de 2022.
Além das conversas, a PF reuniu provas com outros dados de celulares, cruzamento de dados de antenas, registros do entra e sai em portarias de prédios oficiais e perícia em uma digital que aparecia em uma foto.