Os bastidores do Planalto e do Congresso

Bolsonaro teme que chapa da reeleição seja cassada por fake news


Gritos do presidente revelam desespero e solidão na Praça dos Três Poderes

Por Vera Rosa
Atualização:

O ataque de fúria do presidente Jair Bolsonaro, demonstrado após a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir manter a cassação do deputado Fernando Francischini (União Brasil-PR) por disseminação de notícias falsas contra as urnas eletrônicas, revelou a solidão do poder. Apesar do apoio do Centrão, Bolsonaro tem certeza de que seu governo está sob cerco político e vem sendo abandonado até mesmo por aliados mais próximos.

No seu diagnóstico, o Supremo quer derrubá-lo e dará munição ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar sua candidatura à reeleição por fake news. A estratégia de Bolsonaro é cada vez mais desviar o foco dos problemas do governo, da inflação, do desemprego, da fome e das fake news propriamente ditas e culpar a trinca de ministros do STF e do TSE – formada por Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso – por todas as mazelas do País.

“Duvido que tenham coragem de cassar meu registro. (...) Não tem nenhum maluco querendo cancelar minha candidatura por fake news. É brincadeira”, disse o presidente há quatro dias. Na noite desta terça-feira, 7, ao ser informado do placar de 3 a 2 no julgamento que atingiu seu aliado Francischini, Bolsonaro reagiu aos gritos.

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Na prática, ele já sabia que seus dois amigos no Supremo – os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça – não conseguiriam vencer o jogo na Segunda Turma da Corte, formada por cinco integrantes. Não foi pego de surpresa, mas o tom de sua retórica indignada surpreendeu os presentes na cerimônia “Brasil pela Vida e pela Família”, que transcorria no Salão Nobre do Palácio do Planalto.

Indicados por Bolsonaro, os ministros do STF Kassio Nunes Marques e André Mendonça não conseguiriam vencer o jogo na Segunda Turma da Corte Foto: Fellipe Sampaio/STF

Bolsonaro foi na mesma linha do xingamento “Acabou, porra!”, de maio de 2020, quando, em tom exaltado, criticou uma operação da Polícia Federal que mirou seus apoiadores no inquérito das fake news. Ali também ele já dizia que “ordens absurdas não se cumprem”.

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Convencido de que o TSE atua para cassar a chapa Bolsonaro-Braga Netto por difundir inverdades sobre o processo eleitoral, o presidente insulta e joga luz sobre quem classifica como algozes. Relator dos inquéritos das fake news e das milícias digitais, Alexandre de Moraes lidera essa lista e é justamente quem vai presidir o TSE a partir de meados de agosto, mês do início oficial da campanha eleitoral.

Não foi à toa que Bolsonaro apontou o dedo para Moraes ao dizer que o ministro não cumpriu o combinado para “diminuir a pressão” sobre seus aliados após os atos antidemocráticos de 7 de Setembro do ano passado. À época, Bolsonaro chamou Moraes de “canalha”, mas dois dias depois assinou uma carta – escrita pelo ex-presidente Michel Temer – na qual dizia não ter tido “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.

Mas que acordo foi esse? Moraes não quis se pronunciar e Temer já negou que tenha havido “condicionantes” e acertos prévios para a assinatura da carta. A “trégua” proposta ali não virou o ano.

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Estagnado nas pesquisas de intenção de voto, que indicam o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro está acuado e não esconde o desespero. Lança pacote de medidas para cortar impostos e reduzir o preço dos combustíveis e agrada ao Centrão com orçamento secreto. No Planalto, porém, reclama de boicote e conspiração contra o governo.

Embora marqueteiros tentem “vender” sua imagem como a de um presidente “paz e amor”, como se vê na propaganda do PL exibida na TV, todos sabem que esse enquadramento não vai funcionar. Bolsonaro pode até mesmo aparecer apertando a mão do presidente dos EUA Joe Biden na Cúpula das Américas – uma cena que certamente será exibida em seu programa eleitoral. Antes, porém, vai sondar se sua água não está envenenada ou se alguém falou mal dele. Como fez nesta terça-feira, aliás, quando, em reunião com executivos do Telegram, perguntou o que eles haviam conversado no dia anterior com Edson Fachin. Ficou sem saber.

O ataque de fúria do presidente Jair Bolsonaro, demonstrado após a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir manter a cassação do deputado Fernando Francischini (União Brasil-PR) por disseminação de notícias falsas contra as urnas eletrônicas, revelou a solidão do poder. Apesar do apoio do Centrão, Bolsonaro tem certeza de que seu governo está sob cerco político e vem sendo abandonado até mesmo por aliados mais próximos.

No seu diagnóstico, o Supremo quer derrubá-lo e dará munição ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar sua candidatura à reeleição por fake news. A estratégia de Bolsonaro é cada vez mais desviar o foco dos problemas do governo, da inflação, do desemprego, da fome e das fake news propriamente ditas e culpar a trinca de ministros do STF e do TSE – formada por Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso – por todas as mazelas do País.

“Duvido que tenham coragem de cassar meu registro. (...) Não tem nenhum maluco querendo cancelar minha candidatura por fake news. É brincadeira”, disse o presidente há quatro dias. Na noite desta terça-feira, 7, ao ser informado do placar de 3 a 2 no julgamento que atingiu seu aliado Francischini, Bolsonaro reagiu aos gritos.

Na prática, ele já sabia que seus dois amigos no Supremo – os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça – não conseguiriam vencer o jogo na Segunda Turma da Corte, formada por cinco integrantes. Não foi pego de surpresa, mas o tom de sua retórica indignada surpreendeu os presentes na cerimônia “Brasil pela Vida e pela Família”, que transcorria no Salão Nobre do Palácio do Planalto.

Indicados por Bolsonaro, os ministros do STF Kassio Nunes Marques e André Mendonça não conseguiriam vencer o jogo na Segunda Turma da Corte Foto: Fellipe Sampaio/STF

Bolsonaro foi na mesma linha do xingamento “Acabou, porra!”, de maio de 2020, quando, em tom exaltado, criticou uma operação da Polícia Federal que mirou seus apoiadores no inquérito das fake news. Ali também ele já dizia que “ordens absurdas não se cumprem”.

Convencido de que o TSE atua para cassar a chapa Bolsonaro-Braga Netto por difundir inverdades sobre o processo eleitoral, o presidente insulta e joga luz sobre quem classifica como algozes. Relator dos inquéritos das fake news e das milícias digitais, Alexandre de Moraes lidera essa lista e é justamente quem vai presidir o TSE a partir de meados de agosto, mês do início oficial da campanha eleitoral.

Não foi à toa que Bolsonaro apontou o dedo para Moraes ao dizer que o ministro não cumpriu o combinado para “diminuir a pressão” sobre seus aliados após os atos antidemocráticos de 7 de Setembro do ano passado. À época, Bolsonaro chamou Moraes de “canalha”, mas dois dias depois assinou uma carta – escrita pelo ex-presidente Michel Temer – na qual dizia não ter tido “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.

Mas que acordo foi esse? Moraes não quis se pronunciar e Temer já negou que tenha havido “condicionantes” e acertos prévios para a assinatura da carta. A “trégua” proposta ali não virou o ano.

Estagnado nas pesquisas de intenção de voto, que indicam o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro está acuado e não esconde o desespero. Lança pacote de medidas para cortar impostos e reduzir o preço dos combustíveis e agrada ao Centrão com orçamento secreto. No Planalto, porém, reclama de boicote e conspiração contra o governo.

Embora marqueteiros tentem “vender” sua imagem como a de um presidente “paz e amor”, como se vê na propaganda do PL exibida na TV, todos sabem que esse enquadramento não vai funcionar. Bolsonaro pode até mesmo aparecer apertando a mão do presidente dos EUA Joe Biden na Cúpula das Américas – uma cena que certamente será exibida em seu programa eleitoral. Antes, porém, vai sondar se sua água não está envenenada ou se alguém falou mal dele. Como fez nesta terça-feira, aliás, quando, em reunião com executivos do Telegram, perguntou o que eles haviam conversado no dia anterior com Edson Fachin. Ficou sem saber.

O ataque de fúria do presidente Jair Bolsonaro, demonstrado após a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir manter a cassação do deputado Fernando Francischini (União Brasil-PR) por disseminação de notícias falsas contra as urnas eletrônicas, revelou a solidão do poder. Apesar do apoio do Centrão, Bolsonaro tem certeza de que seu governo está sob cerco político e vem sendo abandonado até mesmo por aliados mais próximos.

No seu diagnóstico, o Supremo quer derrubá-lo e dará munição ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar sua candidatura à reeleição por fake news. A estratégia de Bolsonaro é cada vez mais desviar o foco dos problemas do governo, da inflação, do desemprego, da fome e das fake news propriamente ditas e culpar a trinca de ministros do STF e do TSE – formada por Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso – por todas as mazelas do País.

“Duvido que tenham coragem de cassar meu registro. (...) Não tem nenhum maluco querendo cancelar minha candidatura por fake news. É brincadeira”, disse o presidente há quatro dias. Na noite desta terça-feira, 7, ao ser informado do placar de 3 a 2 no julgamento que atingiu seu aliado Francischini, Bolsonaro reagiu aos gritos.

Na prática, ele já sabia que seus dois amigos no Supremo – os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça – não conseguiriam vencer o jogo na Segunda Turma da Corte, formada por cinco integrantes. Não foi pego de surpresa, mas o tom de sua retórica indignada surpreendeu os presentes na cerimônia “Brasil pela Vida e pela Família”, que transcorria no Salão Nobre do Palácio do Planalto.

Indicados por Bolsonaro, os ministros do STF Kassio Nunes Marques e André Mendonça não conseguiriam vencer o jogo na Segunda Turma da Corte Foto: Fellipe Sampaio/STF

Bolsonaro foi na mesma linha do xingamento “Acabou, porra!”, de maio de 2020, quando, em tom exaltado, criticou uma operação da Polícia Federal que mirou seus apoiadores no inquérito das fake news. Ali também ele já dizia que “ordens absurdas não se cumprem”.

Convencido de que o TSE atua para cassar a chapa Bolsonaro-Braga Netto por difundir inverdades sobre o processo eleitoral, o presidente insulta e joga luz sobre quem classifica como algozes. Relator dos inquéritos das fake news e das milícias digitais, Alexandre de Moraes lidera essa lista e é justamente quem vai presidir o TSE a partir de meados de agosto, mês do início oficial da campanha eleitoral.

Não foi à toa que Bolsonaro apontou o dedo para Moraes ao dizer que o ministro não cumpriu o combinado para “diminuir a pressão” sobre seus aliados após os atos antidemocráticos de 7 de Setembro do ano passado. À época, Bolsonaro chamou Moraes de “canalha”, mas dois dias depois assinou uma carta – escrita pelo ex-presidente Michel Temer – na qual dizia não ter tido “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.

Mas que acordo foi esse? Moraes não quis se pronunciar e Temer já negou que tenha havido “condicionantes” e acertos prévios para a assinatura da carta. A “trégua” proposta ali não virou o ano.

Estagnado nas pesquisas de intenção de voto, que indicam o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro está acuado e não esconde o desespero. Lança pacote de medidas para cortar impostos e reduzir o preço dos combustíveis e agrada ao Centrão com orçamento secreto. No Planalto, porém, reclama de boicote e conspiração contra o governo.

Embora marqueteiros tentem “vender” sua imagem como a de um presidente “paz e amor”, como se vê na propaganda do PL exibida na TV, todos sabem que esse enquadramento não vai funcionar. Bolsonaro pode até mesmo aparecer apertando a mão do presidente dos EUA Joe Biden na Cúpula das Américas – uma cena que certamente será exibida em seu programa eleitoral. Antes, porém, vai sondar se sua água não está envenenada ou se alguém falou mal dele. Como fez nesta terça-feira, aliás, quando, em reunião com executivos do Telegram, perguntou o que eles haviam conversado no dia anterior com Edson Fachin. Ficou sem saber.

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