Os bastidores do Planalto e do Congresso

Campanha de Bolsonaro terá mais Michelle, pão de queijo e pitadas de ‘conspiração’


Divergências com Centrão se acentuam e aliados do núcleo ideológico avaliam que é preciso focar mais em pauta de costumes

Por Vera Rosa
Atualização:

Em público, está tudo sob controle: aliados do presidente Jair Bolsonaro ainda minimizam a pesquisa do Datafolha, que causou rebuliço no mundo político ao mostrar nesta quinta-feira, 26, que, se a eleição fosse hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria no primeiro turno. Nos bastidores, porém, o comitê bolsonarista planeja mudanças na estratégia da campanha. E não é de hoje. Levantamentos em poder do Palácio do Planalto também indicam que Bolsonaro tem perdido votos nas classes mais pobres e entre as mulheres, além de enfrentar dificuldades no Nordeste e em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País.

O problema é que há divergências na equipe e no Centrão sobre os rumos a seguir. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, e o núcleo militar do governo avaliam que o presidente deve não apenas insistir como reforçar o discurso sobre a existência de uma “conspiração” em curso para eleger Lula, incentivada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle. Foto: Joédson Alves/EFE
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Na outra ponta, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira – ambos do Progressistas – são contra os ataques ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Não sem motivo: temem as consequências da crise entre os Poderes e represálias do Judiciário.

Nos últimos tempos, Flávio está mais afinado com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do que com Nogueira. Bolsonaro, aliás, disse que o PL – partido ao qual se filiou há seis meses – vai contratar uma empresa privada para fazer auditoria nas urnas eletrônicas durante as eleições. Trata-se, na prática, de mais um lance saído da fábrica de factoides para desviar o foco das turbulências e ocupar espaço político, assim como os vários recursos impetrados contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, por abuso de autoridade.

Acusado de movimentos golpistas, Bolsonaro age para associar a mais alta Corte do País a Lula. Em mais de uma ocasião, disse que três ministros do Supremo “infernizam” o País. Acusou Edson Fachin, presidente do TSE; Luís Roberto Barroso, o antecessor, e Moraes, que estará no comando do tribunal a partir de agosto, de quererem tirá-lo do cargo “na canetada” para beneficiar o petista. Na mesma toada, Flávio afirmou, em entrevista ao SBT News, que “as pesquisas estão servindo para legitimar um golpe”.

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Economia na campanha

A influência da economia na campanha também tem sido objeto de embates, embora as últimas sondagens eleitorais indiquem que a desaprovação do presidente subiu diante da escalada da inflação, do desemprego e do aumento dos combustíveis. Enquanto os responsáveis pelo comitê da reeleição dizem que Bolsonaro precisa introduzir o cenário internacional em seus discursos, sob o argumento de que o custo de vida tem subido no mundo inteiro, a ala ideológica quer destaque para outros temas.

“A campanha precisa entrar logo na pauta de costumes, falar contra o aborto, defender a família, os valores cristãos, o armamento. É o fator ideológico, e não a economia, que levará Bolsonaro para o segundo turno”, afirmou o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL. “Esta será uma eleição muito polarizada, um plebiscito entre a direita e a esquerda.”

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Apesar das divisões, a equipe de Bolsonaro já bateu o martelo sobre alguns pontos. Um deles: a primeira-dama Michelle terá agenda própria nos próximos meses, principalmente no meio evangélico, na tentativa de atrair o eleitorado feminino. Michelle vai viajar e aparecer mais. O Nordeste, celeiro de votos do PT, também entrará no roteiro da primeira-dama.

A pesquisa Datafolha mostrou que 51% das mulheres consideram a gestão de Bolsonaro “ruim ou péssima” – entre os homens, esse patamar é de 45%. Lula venceria a disputa no primeiro turno, caso a eleição fosse hoje, com 54% dos votos válidos, porcentual que exclui nulos e em branco. Bolsonaro teria 30%.

Além de tentar construir uma estratégia voltada para “elas”, o presidente também vai ampliar a ofensiva sobre Minas Gerais, terra do general Walter Braga Netto, “pule de dez” para ser vice na chapa. No Planalto, auxiliares brincam que está faltando pão de queijo na campanha. No Estado que representa o segundo maior colégio eleitoral do País, atrás apenas de São Paulo, Lula conseguiu fechar acordo com o PSD de Gilberto Kassab e apoiará o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil na corrida ao governo.

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Em busca de reverter o mau desempenho em Minas, Bolsonaro está prestes a se aliar ao governador Romeu Zema (Novo), que disputa a reeleição, mesmo se tiver de abandonar a candidatura do senador aliado Carlos Viana (PL).

Entre não ter palanque forte no Estado estratégico para a campanha e rifar o líder do governo no Senado, Bolsonaro prefere a segunda opção. Mesmo porque, desde 1989, o peso de Minas é decisivo: todos os candidatos que chegaram ao Planalto venceram na terra das Alterosas.

Em público, está tudo sob controle: aliados do presidente Jair Bolsonaro ainda minimizam a pesquisa do Datafolha, que causou rebuliço no mundo político ao mostrar nesta quinta-feira, 26, que, se a eleição fosse hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria no primeiro turno. Nos bastidores, porém, o comitê bolsonarista planeja mudanças na estratégia da campanha. E não é de hoje. Levantamentos em poder do Palácio do Planalto também indicam que Bolsonaro tem perdido votos nas classes mais pobres e entre as mulheres, além de enfrentar dificuldades no Nordeste e em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País.

O problema é que há divergências na equipe e no Centrão sobre os rumos a seguir. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, e o núcleo militar do governo avaliam que o presidente deve não apenas insistir como reforçar o discurso sobre a existência de uma “conspiração” em curso para eleger Lula, incentivada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle. Foto: Joédson Alves/EFE

Na outra ponta, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira – ambos do Progressistas – são contra os ataques ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Não sem motivo: temem as consequências da crise entre os Poderes e represálias do Judiciário.

Nos últimos tempos, Flávio está mais afinado com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do que com Nogueira. Bolsonaro, aliás, disse que o PL – partido ao qual se filiou há seis meses – vai contratar uma empresa privada para fazer auditoria nas urnas eletrônicas durante as eleições. Trata-se, na prática, de mais um lance saído da fábrica de factoides para desviar o foco das turbulências e ocupar espaço político, assim como os vários recursos impetrados contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, por abuso de autoridade.

Acusado de movimentos golpistas, Bolsonaro age para associar a mais alta Corte do País a Lula. Em mais de uma ocasião, disse que três ministros do Supremo “infernizam” o País. Acusou Edson Fachin, presidente do TSE; Luís Roberto Barroso, o antecessor, e Moraes, que estará no comando do tribunal a partir de agosto, de quererem tirá-lo do cargo “na canetada” para beneficiar o petista. Na mesma toada, Flávio afirmou, em entrevista ao SBT News, que “as pesquisas estão servindo para legitimar um golpe”.

Economia na campanha

A influência da economia na campanha também tem sido objeto de embates, embora as últimas sondagens eleitorais indiquem que a desaprovação do presidente subiu diante da escalada da inflação, do desemprego e do aumento dos combustíveis. Enquanto os responsáveis pelo comitê da reeleição dizem que Bolsonaro precisa introduzir o cenário internacional em seus discursos, sob o argumento de que o custo de vida tem subido no mundo inteiro, a ala ideológica quer destaque para outros temas.

“A campanha precisa entrar logo na pauta de costumes, falar contra o aborto, defender a família, os valores cristãos, o armamento. É o fator ideológico, e não a economia, que levará Bolsonaro para o segundo turno”, afirmou o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL. “Esta será uma eleição muito polarizada, um plebiscito entre a direita e a esquerda.”

Apesar das divisões, a equipe de Bolsonaro já bateu o martelo sobre alguns pontos. Um deles: a primeira-dama Michelle terá agenda própria nos próximos meses, principalmente no meio evangélico, na tentativa de atrair o eleitorado feminino. Michelle vai viajar e aparecer mais. O Nordeste, celeiro de votos do PT, também entrará no roteiro da primeira-dama.

A pesquisa Datafolha mostrou que 51% das mulheres consideram a gestão de Bolsonaro “ruim ou péssima” – entre os homens, esse patamar é de 45%. Lula venceria a disputa no primeiro turno, caso a eleição fosse hoje, com 54% dos votos válidos, porcentual que exclui nulos e em branco. Bolsonaro teria 30%.

Além de tentar construir uma estratégia voltada para “elas”, o presidente também vai ampliar a ofensiva sobre Minas Gerais, terra do general Walter Braga Netto, “pule de dez” para ser vice na chapa. No Planalto, auxiliares brincam que está faltando pão de queijo na campanha. No Estado que representa o segundo maior colégio eleitoral do País, atrás apenas de São Paulo, Lula conseguiu fechar acordo com o PSD de Gilberto Kassab e apoiará o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil na corrida ao governo.

Em busca de reverter o mau desempenho em Minas, Bolsonaro está prestes a se aliar ao governador Romeu Zema (Novo), que disputa a reeleição, mesmo se tiver de abandonar a candidatura do senador aliado Carlos Viana (PL).

Entre não ter palanque forte no Estado estratégico para a campanha e rifar o líder do governo no Senado, Bolsonaro prefere a segunda opção. Mesmo porque, desde 1989, o peso de Minas é decisivo: todos os candidatos que chegaram ao Planalto venceram na terra das Alterosas.

Em público, está tudo sob controle: aliados do presidente Jair Bolsonaro ainda minimizam a pesquisa do Datafolha, que causou rebuliço no mundo político ao mostrar nesta quinta-feira, 26, que, se a eleição fosse hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria no primeiro turno. Nos bastidores, porém, o comitê bolsonarista planeja mudanças na estratégia da campanha. E não é de hoje. Levantamentos em poder do Palácio do Planalto também indicam que Bolsonaro tem perdido votos nas classes mais pobres e entre as mulheres, além de enfrentar dificuldades no Nordeste e em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País.

O problema é que há divergências na equipe e no Centrão sobre os rumos a seguir. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, e o núcleo militar do governo avaliam que o presidente deve não apenas insistir como reforçar o discurso sobre a existência de uma “conspiração” em curso para eleger Lula, incentivada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle. Foto: Joédson Alves/EFE

Na outra ponta, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira – ambos do Progressistas – são contra os ataques ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Não sem motivo: temem as consequências da crise entre os Poderes e represálias do Judiciário.

Nos últimos tempos, Flávio está mais afinado com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do que com Nogueira. Bolsonaro, aliás, disse que o PL – partido ao qual se filiou há seis meses – vai contratar uma empresa privada para fazer auditoria nas urnas eletrônicas durante as eleições. Trata-se, na prática, de mais um lance saído da fábrica de factoides para desviar o foco das turbulências e ocupar espaço político, assim como os vários recursos impetrados contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, por abuso de autoridade.

Acusado de movimentos golpistas, Bolsonaro age para associar a mais alta Corte do País a Lula. Em mais de uma ocasião, disse que três ministros do Supremo “infernizam” o País. Acusou Edson Fachin, presidente do TSE; Luís Roberto Barroso, o antecessor, e Moraes, que estará no comando do tribunal a partir de agosto, de quererem tirá-lo do cargo “na canetada” para beneficiar o petista. Na mesma toada, Flávio afirmou, em entrevista ao SBT News, que “as pesquisas estão servindo para legitimar um golpe”.

Economia na campanha

A influência da economia na campanha também tem sido objeto de embates, embora as últimas sondagens eleitorais indiquem que a desaprovação do presidente subiu diante da escalada da inflação, do desemprego e do aumento dos combustíveis. Enquanto os responsáveis pelo comitê da reeleição dizem que Bolsonaro precisa introduzir o cenário internacional em seus discursos, sob o argumento de que o custo de vida tem subido no mundo inteiro, a ala ideológica quer destaque para outros temas.

“A campanha precisa entrar logo na pauta de costumes, falar contra o aborto, defender a família, os valores cristãos, o armamento. É o fator ideológico, e não a economia, que levará Bolsonaro para o segundo turno”, afirmou o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL. “Esta será uma eleição muito polarizada, um plebiscito entre a direita e a esquerda.”

Apesar das divisões, a equipe de Bolsonaro já bateu o martelo sobre alguns pontos. Um deles: a primeira-dama Michelle terá agenda própria nos próximos meses, principalmente no meio evangélico, na tentativa de atrair o eleitorado feminino. Michelle vai viajar e aparecer mais. O Nordeste, celeiro de votos do PT, também entrará no roteiro da primeira-dama.

A pesquisa Datafolha mostrou que 51% das mulheres consideram a gestão de Bolsonaro “ruim ou péssima” – entre os homens, esse patamar é de 45%. Lula venceria a disputa no primeiro turno, caso a eleição fosse hoje, com 54% dos votos válidos, porcentual que exclui nulos e em branco. Bolsonaro teria 30%.

Além de tentar construir uma estratégia voltada para “elas”, o presidente também vai ampliar a ofensiva sobre Minas Gerais, terra do general Walter Braga Netto, “pule de dez” para ser vice na chapa. No Planalto, auxiliares brincam que está faltando pão de queijo na campanha. No Estado que representa o segundo maior colégio eleitoral do País, atrás apenas de São Paulo, Lula conseguiu fechar acordo com o PSD de Gilberto Kassab e apoiará o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil na corrida ao governo.

Em busca de reverter o mau desempenho em Minas, Bolsonaro está prestes a se aliar ao governador Romeu Zema (Novo), que disputa a reeleição, mesmo se tiver de abandonar a candidatura do senador aliado Carlos Viana (PL).

Entre não ter palanque forte no Estado estratégico para a campanha e rifar o líder do governo no Senado, Bolsonaro prefere a segunda opção. Mesmo porque, desde 1989, o peso de Minas é decisivo: todos os candidatos que chegaram ao Planalto venceram na terra das Alterosas.

Em público, está tudo sob controle: aliados do presidente Jair Bolsonaro ainda minimizam a pesquisa do Datafolha, que causou rebuliço no mundo político ao mostrar nesta quinta-feira, 26, que, se a eleição fosse hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria no primeiro turno. Nos bastidores, porém, o comitê bolsonarista planeja mudanças na estratégia da campanha. E não é de hoje. Levantamentos em poder do Palácio do Planalto também indicam que Bolsonaro tem perdido votos nas classes mais pobres e entre as mulheres, além de enfrentar dificuldades no Nordeste e em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País.

O problema é que há divergências na equipe e no Centrão sobre os rumos a seguir. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, e o núcleo militar do governo avaliam que o presidente deve não apenas insistir como reforçar o discurso sobre a existência de uma “conspiração” em curso para eleger Lula, incentivada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle. Foto: Joédson Alves/EFE

Na outra ponta, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira – ambos do Progressistas – são contra os ataques ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Não sem motivo: temem as consequências da crise entre os Poderes e represálias do Judiciário.

Nos últimos tempos, Flávio está mais afinado com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do que com Nogueira. Bolsonaro, aliás, disse que o PL – partido ao qual se filiou há seis meses – vai contratar uma empresa privada para fazer auditoria nas urnas eletrônicas durante as eleições. Trata-se, na prática, de mais um lance saído da fábrica de factoides para desviar o foco das turbulências e ocupar espaço político, assim como os vários recursos impetrados contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, por abuso de autoridade.

Acusado de movimentos golpistas, Bolsonaro age para associar a mais alta Corte do País a Lula. Em mais de uma ocasião, disse que três ministros do Supremo “infernizam” o País. Acusou Edson Fachin, presidente do TSE; Luís Roberto Barroso, o antecessor, e Moraes, que estará no comando do tribunal a partir de agosto, de quererem tirá-lo do cargo “na canetada” para beneficiar o petista. Na mesma toada, Flávio afirmou, em entrevista ao SBT News, que “as pesquisas estão servindo para legitimar um golpe”.

Economia na campanha

A influência da economia na campanha também tem sido objeto de embates, embora as últimas sondagens eleitorais indiquem que a desaprovação do presidente subiu diante da escalada da inflação, do desemprego e do aumento dos combustíveis. Enquanto os responsáveis pelo comitê da reeleição dizem que Bolsonaro precisa introduzir o cenário internacional em seus discursos, sob o argumento de que o custo de vida tem subido no mundo inteiro, a ala ideológica quer destaque para outros temas.

“A campanha precisa entrar logo na pauta de costumes, falar contra o aborto, defender a família, os valores cristãos, o armamento. É o fator ideológico, e não a economia, que levará Bolsonaro para o segundo turno”, afirmou o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL. “Esta será uma eleição muito polarizada, um plebiscito entre a direita e a esquerda.”

Apesar das divisões, a equipe de Bolsonaro já bateu o martelo sobre alguns pontos. Um deles: a primeira-dama Michelle terá agenda própria nos próximos meses, principalmente no meio evangélico, na tentativa de atrair o eleitorado feminino. Michelle vai viajar e aparecer mais. O Nordeste, celeiro de votos do PT, também entrará no roteiro da primeira-dama.

A pesquisa Datafolha mostrou que 51% das mulheres consideram a gestão de Bolsonaro “ruim ou péssima” – entre os homens, esse patamar é de 45%. Lula venceria a disputa no primeiro turno, caso a eleição fosse hoje, com 54% dos votos válidos, porcentual que exclui nulos e em branco. Bolsonaro teria 30%.

Além de tentar construir uma estratégia voltada para “elas”, o presidente também vai ampliar a ofensiva sobre Minas Gerais, terra do general Walter Braga Netto, “pule de dez” para ser vice na chapa. No Planalto, auxiliares brincam que está faltando pão de queijo na campanha. No Estado que representa o segundo maior colégio eleitoral do País, atrás apenas de São Paulo, Lula conseguiu fechar acordo com o PSD de Gilberto Kassab e apoiará o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil na corrida ao governo.

Em busca de reverter o mau desempenho em Minas, Bolsonaro está prestes a se aliar ao governador Romeu Zema (Novo), que disputa a reeleição, mesmo se tiver de abandonar a candidatura do senador aliado Carlos Viana (PL).

Entre não ter palanque forte no Estado estratégico para a campanha e rifar o líder do governo no Senado, Bolsonaro prefere a segunda opção. Mesmo porque, desde 1989, o peso de Minas é decisivo: todos os candidatos que chegaram ao Planalto venceram na terra das Alterosas.

Em público, está tudo sob controle: aliados do presidente Jair Bolsonaro ainda minimizam a pesquisa do Datafolha, que causou rebuliço no mundo político ao mostrar nesta quinta-feira, 26, que, se a eleição fosse hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria no primeiro turno. Nos bastidores, porém, o comitê bolsonarista planeja mudanças na estratégia da campanha. E não é de hoje. Levantamentos em poder do Palácio do Planalto também indicam que Bolsonaro tem perdido votos nas classes mais pobres e entre as mulheres, além de enfrentar dificuldades no Nordeste e em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País.

O problema é que há divergências na equipe e no Centrão sobre os rumos a seguir. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, e o núcleo militar do governo avaliam que o presidente deve não apenas insistir como reforçar o discurso sobre a existência de uma “conspiração” em curso para eleger Lula, incentivada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle. Foto: Joédson Alves/EFE

Na outra ponta, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira – ambos do Progressistas – são contra os ataques ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Não sem motivo: temem as consequências da crise entre os Poderes e represálias do Judiciário.

Nos últimos tempos, Flávio está mais afinado com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do que com Nogueira. Bolsonaro, aliás, disse que o PL – partido ao qual se filiou há seis meses – vai contratar uma empresa privada para fazer auditoria nas urnas eletrônicas durante as eleições. Trata-se, na prática, de mais um lance saído da fábrica de factoides para desviar o foco das turbulências e ocupar espaço político, assim como os vários recursos impetrados contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, por abuso de autoridade.

Acusado de movimentos golpistas, Bolsonaro age para associar a mais alta Corte do País a Lula. Em mais de uma ocasião, disse que três ministros do Supremo “infernizam” o País. Acusou Edson Fachin, presidente do TSE; Luís Roberto Barroso, o antecessor, e Moraes, que estará no comando do tribunal a partir de agosto, de quererem tirá-lo do cargo “na canetada” para beneficiar o petista. Na mesma toada, Flávio afirmou, em entrevista ao SBT News, que “as pesquisas estão servindo para legitimar um golpe”.

Economia na campanha

A influência da economia na campanha também tem sido objeto de embates, embora as últimas sondagens eleitorais indiquem que a desaprovação do presidente subiu diante da escalada da inflação, do desemprego e do aumento dos combustíveis. Enquanto os responsáveis pelo comitê da reeleição dizem que Bolsonaro precisa introduzir o cenário internacional em seus discursos, sob o argumento de que o custo de vida tem subido no mundo inteiro, a ala ideológica quer destaque para outros temas.

“A campanha precisa entrar logo na pauta de costumes, falar contra o aborto, defender a família, os valores cristãos, o armamento. É o fator ideológico, e não a economia, que levará Bolsonaro para o segundo turno”, afirmou o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL. “Esta será uma eleição muito polarizada, um plebiscito entre a direita e a esquerda.”

Apesar das divisões, a equipe de Bolsonaro já bateu o martelo sobre alguns pontos. Um deles: a primeira-dama Michelle terá agenda própria nos próximos meses, principalmente no meio evangélico, na tentativa de atrair o eleitorado feminino. Michelle vai viajar e aparecer mais. O Nordeste, celeiro de votos do PT, também entrará no roteiro da primeira-dama.

A pesquisa Datafolha mostrou que 51% das mulheres consideram a gestão de Bolsonaro “ruim ou péssima” – entre os homens, esse patamar é de 45%. Lula venceria a disputa no primeiro turno, caso a eleição fosse hoje, com 54% dos votos válidos, porcentual que exclui nulos e em branco. Bolsonaro teria 30%.

Além de tentar construir uma estratégia voltada para “elas”, o presidente também vai ampliar a ofensiva sobre Minas Gerais, terra do general Walter Braga Netto, “pule de dez” para ser vice na chapa. No Planalto, auxiliares brincam que está faltando pão de queijo na campanha. No Estado que representa o segundo maior colégio eleitoral do País, atrás apenas de São Paulo, Lula conseguiu fechar acordo com o PSD de Gilberto Kassab e apoiará o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil na corrida ao governo.

Em busca de reverter o mau desempenho em Minas, Bolsonaro está prestes a se aliar ao governador Romeu Zema (Novo), que disputa a reeleição, mesmo se tiver de abandonar a candidatura do senador aliado Carlos Viana (PL).

Entre não ter palanque forte no Estado estratégico para a campanha e rifar o líder do governo no Senado, Bolsonaro prefere a segunda opção. Mesmo porque, desde 1989, o peso de Minas é decisivo: todos os candidatos que chegaram ao Planalto venceram na terra das Alterosas.

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