Os bastidores do Planalto e do Congresso

Análise|Centrão quer recauchutar imagem para ter força em 2026 enquanto PT disputa rumos do governo Lula


Ciro Nogueira diz que não vai mais “perder tempo” com extrema direita e Gleisi faz contraponto a corte de gastos defendido por Haddad

Por Vera Rosa
Atualização:

“A direita só pensa em falar de impeachment, de aborto e de outras coisas que não dizem respeito à vida do cidadão. Estou cansado disso.” A frase cairia bem na boca de qualquer político de esquerda. Ao contrário do que se imagina, porém, é de autoria do senador Ciro Nogueira, presidente do PP, o partido de Arthur Lira, expoente do Centrão que está prestes a deixar o comando da Câmara.

Em julho de 2021, Ciro assumiu a Casa Civil na gestão de Jair Bolsonaro dizendo que atuaria como um “amortecedor” para evitar trepidações no governo. Passados três anos e quatro meses, o senador afirma agora que não pode ser um “acelerador” de crises.

“Sou de centro-direita e não tenho a menor identidade com essas questões de armas nem com a pauta de costumes. Não vou ficar mais perdendo tempo com esses extremos”, disse o senador, em conversa com a Coluna. “O Brasil precisa de menos ideologia e mais dia a dia. O Trump não ganhou porque foi contra o aborto, mas, sim, porque a vida das pessoas não melhorou nos últimos anos”, emendou ele, numa referência à vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.

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Ciro Nogueira quer se desvencilhar do bolsonarismo raiz: “Sou de centro-direita e não tenho a menor identidade com essas questões de armas nem com a pauta de costumes". Foto: Pedro França/Agência Senado

Como se vê, após o resultado das urnas, lá e aqui, há um novo Centrão na praça. No Brasil, seus integrantes querem se desvencilhar do elo com a extrema direita e disputam espaço para definir não apenas quem será o herdeiro dos votos de Bolsonaro, em 2026, como também os rumos da oposição.

Enquanto a direita faz movimentos para se descolar do “bolsonarismo raiz”, correntes do PT brigam para dar as cartas na segunda metade do governo comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Uma ala do partido prega uma guinada ao centro, a partir de 2025, mas outra acha que a salvação é virar à esquerda, mesmo se for para tirar de cena o arcabouço fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Nós não podemos fazer corte de gastos em cima dos mais pobres”, afirma a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, repetindo palavras de Lula.

Gleisi Hoffmann diz que corte de gastos não pode recair nas costas dos mais pobres: divergências são estimuladas por Lula. Foto: Zeca Ribeiro
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É o próprio presidente, aliás, quem estimula essa queda de braço de petistas com Haddad e lança desafios na direção do tal “mercado”, a quem promete vencer. Na prática, Lula sempre teve o hábito de incentivar conflitos na equipe para depois dar a última palavra.

Do outro lado, apesar do discurso de Bolsonaro de que conseguirá derrubar a inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para concorrer em 2026, poucos aliados acreditam nisso.

É nesse cenário que desponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um dos candidatos ao espólio de Bolsonaro. Mas os movimentos de Tarcísio, que fez campanha no interior paulista contra candidatos do PP, irritaram Ciro, principalmente porque essas ações deram musculatura ao PSD de Gilberto Kassab. Em todo o País, o PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos: 891 nomes saíram vitoriosos das urnas.

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A briga nas fileiras da direita serve aos interesses do governo Lula e muitos veem uma reaproximação de Ciro com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí. “Estamos afastados. Não vou me aliar ao PT, não”, rebate Ciro, candidato à reeleição no Senado.

Padrinho político do deputado Hugo Motta (Republicanos), que deve ser o próximo presidente da Câmara, o senador não parou de criticar o governo Lula nas redes sociais, mas amenizou um pouco o tom.

Para 2026, o PT tentará ampliar as alianças. A ordem é apoiar candidatos até de direita ao Senado, desde que, em troca, eles fechem com Lula. Ciro estará nessa lista? É improvável, mas, como diz o ditado clichê, “o futuro a Deus pertence”.

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Bolsonaro também investe em estratégias para eleger mais senadores, na tentativa de fazer maioria na Casa de Salão Azul e aprovar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar da rota de colisão nos objetivos, Bolsonaro, Ciro e o PT estão unidos no apoio a Motta e a Davi Alcolumbre (União Brasil), candidato à presidência do Senado. “O PL está quase como zumbi no Senado, com todo respeito à nossa bancada. Não temos espaço na Mesa Diretora nem em comissões”, reclamou o ex-presidente.

Não é de hoje, porém, que fantasmas sobrevoam o Congresso e zumbis aparecem por lá. Aliás, o que mais se diz em Brasília é que forças ocultas agem por toda parte, na Praça dos Três Poderes. Com ou sem harmonização facial.

“A direita só pensa em falar de impeachment, de aborto e de outras coisas que não dizem respeito à vida do cidadão. Estou cansado disso.” A frase cairia bem na boca de qualquer político de esquerda. Ao contrário do que se imagina, porém, é de autoria do senador Ciro Nogueira, presidente do PP, o partido de Arthur Lira, expoente do Centrão que está prestes a deixar o comando da Câmara.

Em julho de 2021, Ciro assumiu a Casa Civil na gestão de Jair Bolsonaro dizendo que atuaria como um “amortecedor” para evitar trepidações no governo. Passados três anos e quatro meses, o senador afirma agora que não pode ser um “acelerador” de crises.

“Sou de centro-direita e não tenho a menor identidade com essas questões de armas nem com a pauta de costumes. Não vou ficar mais perdendo tempo com esses extremos”, disse o senador, em conversa com a Coluna. “O Brasil precisa de menos ideologia e mais dia a dia. O Trump não ganhou porque foi contra o aborto, mas, sim, porque a vida das pessoas não melhorou nos últimos anos”, emendou ele, numa referência à vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.

Ciro Nogueira quer se desvencilhar do bolsonarismo raiz: “Sou de centro-direita e não tenho a menor identidade com essas questões de armas nem com a pauta de costumes". Foto: Pedro França/Agência Senado

Como se vê, após o resultado das urnas, lá e aqui, há um novo Centrão na praça. No Brasil, seus integrantes querem se desvencilhar do elo com a extrema direita e disputam espaço para definir não apenas quem será o herdeiro dos votos de Bolsonaro, em 2026, como também os rumos da oposição.

Enquanto a direita faz movimentos para se descolar do “bolsonarismo raiz”, correntes do PT brigam para dar as cartas na segunda metade do governo comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma ala do partido prega uma guinada ao centro, a partir de 2025, mas outra acha que a salvação é virar à esquerda, mesmo se for para tirar de cena o arcabouço fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Nós não podemos fazer corte de gastos em cima dos mais pobres”, afirma a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, repetindo palavras de Lula.

Gleisi Hoffmann diz que corte de gastos não pode recair nas costas dos mais pobres: divergências são estimuladas por Lula. Foto: Zeca Ribeiro

É o próprio presidente, aliás, quem estimula essa queda de braço de petistas com Haddad e lança desafios na direção do tal “mercado”, a quem promete vencer. Na prática, Lula sempre teve o hábito de incentivar conflitos na equipe para depois dar a última palavra.

Do outro lado, apesar do discurso de Bolsonaro de que conseguirá derrubar a inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para concorrer em 2026, poucos aliados acreditam nisso.

É nesse cenário que desponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um dos candidatos ao espólio de Bolsonaro. Mas os movimentos de Tarcísio, que fez campanha no interior paulista contra candidatos do PP, irritaram Ciro, principalmente porque essas ações deram musculatura ao PSD de Gilberto Kassab. Em todo o País, o PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos: 891 nomes saíram vitoriosos das urnas.

A briga nas fileiras da direita serve aos interesses do governo Lula e muitos veem uma reaproximação de Ciro com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí. “Estamos afastados. Não vou me aliar ao PT, não”, rebate Ciro, candidato à reeleição no Senado.

Padrinho político do deputado Hugo Motta (Republicanos), que deve ser o próximo presidente da Câmara, o senador não parou de criticar o governo Lula nas redes sociais, mas amenizou um pouco o tom.

Para 2026, o PT tentará ampliar as alianças. A ordem é apoiar candidatos até de direita ao Senado, desde que, em troca, eles fechem com Lula. Ciro estará nessa lista? É improvável, mas, como diz o ditado clichê, “o futuro a Deus pertence”.

Bolsonaro também investe em estratégias para eleger mais senadores, na tentativa de fazer maioria na Casa de Salão Azul e aprovar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar da rota de colisão nos objetivos, Bolsonaro, Ciro e o PT estão unidos no apoio a Motta e a Davi Alcolumbre (União Brasil), candidato à presidência do Senado. “O PL está quase como zumbi no Senado, com todo respeito à nossa bancada. Não temos espaço na Mesa Diretora nem em comissões”, reclamou o ex-presidente.

Não é de hoje, porém, que fantasmas sobrevoam o Congresso e zumbis aparecem por lá. Aliás, o que mais se diz em Brasília é que forças ocultas agem por toda parte, na Praça dos Três Poderes. Com ou sem harmonização facial.

“A direita só pensa em falar de impeachment, de aborto e de outras coisas que não dizem respeito à vida do cidadão. Estou cansado disso.” A frase cairia bem na boca de qualquer político de esquerda. Ao contrário do que se imagina, porém, é de autoria do senador Ciro Nogueira, presidente do PP, o partido de Arthur Lira, expoente do Centrão que está prestes a deixar o comando da Câmara.

Em julho de 2021, Ciro assumiu a Casa Civil na gestão de Jair Bolsonaro dizendo que atuaria como um “amortecedor” para evitar trepidações no governo. Passados três anos e quatro meses, o senador afirma agora que não pode ser um “acelerador” de crises.

“Sou de centro-direita e não tenho a menor identidade com essas questões de armas nem com a pauta de costumes. Não vou ficar mais perdendo tempo com esses extremos”, disse o senador, em conversa com a Coluna. “O Brasil precisa de menos ideologia e mais dia a dia. O Trump não ganhou porque foi contra o aborto, mas, sim, porque a vida das pessoas não melhorou nos últimos anos”, emendou ele, numa referência à vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.

Ciro Nogueira quer se desvencilhar do bolsonarismo raiz: “Sou de centro-direita e não tenho a menor identidade com essas questões de armas nem com a pauta de costumes". Foto: Pedro França/Agência Senado

Como se vê, após o resultado das urnas, lá e aqui, há um novo Centrão na praça. No Brasil, seus integrantes querem se desvencilhar do elo com a extrema direita e disputam espaço para definir não apenas quem será o herdeiro dos votos de Bolsonaro, em 2026, como também os rumos da oposição.

Enquanto a direita faz movimentos para se descolar do “bolsonarismo raiz”, correntes do PT brigam para dar as cartas na segunda metade do governo comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma ala do partido prega uma guinada ao centro, a partir de 2025, mas outra acha que a salvação é virar à esquerda, mesmo se for para tirar de cena o arcabouço fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Nós não podemos fazer corte de gastos em cima dos mais pobres”, afirma a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, repetindo palavras de Lula.

Gleisi Hoffmann diz que corte de gastos não pode recair nas costas dos mais pobres: divergências são estimuladas por Lula. Foto: Zeca Ribeiro

É o próprio presidente, aliás, quem estimula essa queda de braço de petistas com Haddad e lança desafios na direção do tal “mercado”, a quem promete vencer. Na prática, Lula sempre teve o hábito de incentivar conflitos na equipe para depois dar a última palavra.

Do outro lado, apesar do discurso de Bolsonaro de que conseguirá derrubar a inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para concorrer em 2026, poucos aliados acreditam nisso.

É nesse cenário que desponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um dos candidatos ao espólio de Bolsonaro. Mas os movimentos de Tarcísio, que fez campanha no interior paulista contra candidatos do PP, irritaram Ciro, principalmente porque essas ações deram musculatura ao PSD de Gilberto Kassab. Em todo o País, o PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos: 891 nomes saíram vitoriosos das urnas.

A briga nas fileiras da direita serve aos interesses do governo Lula e muitos veem uma reaproximação de Ciro com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí. “Estamos afastados. Não vou me aliar ao PT, não”, rebate Ciro, candidato à reeleição no Senado.

Padrinho político do deputado Hugo Motta (Republicanos), que deve ser o próximo presidente da Câmara, o senador não parou de criticar o governo Lula nas redes sociais, mas amenizou um pouco o tom.

Para 2026, o PT tentará ampliar as alianças. A ordem é apoiar candidatos até de direita ao Senado, desde que, em troca, eles fechem com Lula. Ciro estará nessa lista? É improvável, mas, como diz o ditado clichê, “o futuro a Deus pertence”.

Bolsonaro também investe em estratégias para eleger mais senadores, na tentativa de fazer maioria na Casa de Salão Azul e aprovar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar da rota de colisão nos objetivos, Bolsonaro, Ciro e o PT estão unidos no apoio a Motta e a Davi Alcolumbre (União Brasil), candidato à presidência do Senado. “O PL está quase como zumbi no Senado, com todo respeito à nossa bancada. Não temos espaço na Mesa Diretora nem em comissões”, reclamou o ex-presidente.

Não é de hoje, porém, que fantasmas sobrevoam o Congresso e zumbis aparecem por lá. Aliás, o que mais se diz em Brasília é que forças ocultas agem por toda parte, na Praça dos Três Poderes. Com ou sem harmonização facial.

Análise por Vera Rosa

Repórter especial do ‘Estadão’. Na Sucursal de Brasília desde 2003, sempre cobrindo Planalto e Congresso. É jornalista formada pela PUC-SP. Escreve às quartas-feiras

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