Os bastidores do Planalto e do Congresso

Marqueteiros de Lula repetem na Argentina estratégia petista usada contra Bolsonaro no Brasil


Programa de Sergio Massa tentará resgatar a autoestima na esteira da crise, sob o mote ‘Argentina Si’, para destacar que Milei quer país sem benefícios sociais e representa o ‘salve-se quem puder’

Por Vera Rosa
Atualização:

Os marqueteiros ligados ao PT que trabalham na campanha de Sergio Massa à Casa Rosada tentarão resgatar a autoestima da sociedade e o sentimento de unidade nacional, neste segundo turno da eleição, com uma frente ampla para enfrentar a crise. A estratégia de forte tom emocional também foi usada na propaganda de Luiz Inácio Lula da Silva contra Jair Bolsonaro, no ano passado.

O programa de Massa, candidato da coligação Unión por la Patria, será agora inspirado no mote “Argentina Si”. O slogan apareceu no fundo do palco de um centro cultural em Buenos Aires, onde no domingo, 22, ele agradeceu os eleitores pela surpreendente vitória sobre o adversário Javier Milei na primeira rodada da disputa.

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O discurso do ministro da Economia de um país à beira do colapso financeiro deu ali as pistas do que será a âncora da segunda etapa de sua corrida rumo à Presidência da Argentina. Ao dizer estar convencido de que “esse não é um país de merda como têm dito”, mas, sim, “um grande país”, Massa expôs uma das principais linhas de sua campanha: explorar a “argentinidade” e o orgulho portenho.

A ideia dos marqueteiros brasileiros Raul Rabelo, Otávio Antunes e Halley Arrais é mostrar que uma eventual gestão do ulltraliberal Milei, deputado conhecido como “El Loco”, representará um verdadeiro “salve-se quem puder”.

Rabelo participou da campanha de Lula no ano passado, ao lado de Sidonio Palmeira; Antunes assinou programas de Fernando Haddad na disputa presidencial de 2018 e na corrida ao governo de São Paulo, em 2022. Arrais, por sua vez, já passou pelos comitês de Haddad, Dilma Rousseff e outros petistas.

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Propaganda vai ressuscitar medo de Milei

Agora, a propaganda de Massa vai injetar novas doses de pânico nos eleitores para explorar como será a Argentina de Milei, caso o candidato de La Libertad Avanza – que prega dolarização da economia, fim do Banco Central e saída do Mercosul – vença as eleições, em 19 de novembro.

Na TV, o país de Milei exibido pela campanha peronista não terá mais bônus para desempregados e trabalhadores informais nem subsídios para transporte e energia elétrica. Muito menos vouchers para crianças irem à escola. A Argentina da propaganda de Massa, na outra ponta, será o país que olha para todos e não deixa ninguém para trás.

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Figurinha de campanha de Sergio Massa Foto: Redes Sociais do candidato

O rosto de um ministro da Economia sorridente continuará aparecendo dentro do coração vermelho com o apelo “Votá con amor”. Em 2022, a campanha de Lula também trazia o pedido “Vote com Amor”, para divulgação em redes sociais, uma nova versão do “Lulinha paz e amor” de 2002.

Figurinha da campanha Lula 2022 Foto: Redes Sociais do PT
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Massa não terá o apoio de Patricia Bullrich, a ex-ministra de Segurança da gestão de Maurício Macri que ficou em terceiro lugar no embate e vem sendo cortejada por Milei para compor seu eventual governo. Empenhado em disputar os votos dos eleitores de Bullrich, no entanto, Massa procura atrair o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

Em agosto, Bullrich derrotou Larreta nas primárias para a escolha de quem concorreria pela coligação Juntos por el Cambio. Houve um racha na centro-direita e é justamente essa fatia que Massa tenta conquistar ao apelar por uma frente ampla em torno de sua candidatura.

Foi também com uma convocação pela unidade nacional contra o autoritarismo que Lula conseguiu derrotar Bolsonaro, então candidato à reeleição, e chegar pela terceira vez ao Palácio do Planalto.

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Lula não planeja gravar mensagem para aliado

No ano passado, porém, Lula era desafiante de um presidente que protagonizava articulações antidemocráticas, era contra a vacina e defendia a ditadura militar. Massa, por sua vez, enfrenta todo o desgaste de comandar a economia de um país com inflação de 138% ao ano, pobreza atingindo 40% da população e violência nas ruas.

Apesar de apoiar Massa e ter feito gestões para ajudar a Argentina, terceiro parceiro comercial do Brasil, Lula não planeja aparecer na campanha do aliado. No Planalto, a avaliação é a de que essa iniciativa não seria conveniente do ponto de vista político, mesmo porque, se o ministro perder, o presidente será associado a uma derrota. Fora do poder, Bolsonaro já gravou mensagem para Milei.

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“Lula foi essencial na definição do resultado do primeiro turno das eleições argentinas”, disse o deputado Zeca Dirceu, líder da bancada do PT na Câmara. “Todo mundo sabe que Lula apoia Massa e tem com ele e a equipe do presidente Alberto Fernández uma relação antiga. Mas não deve gravar por respeito ao processo eleitoral de outro país, mesmo porque isso suscitaria muitas críticas”, emendou o secretário de Comunicação do PT, deputado Jilmar Tatto.

Integrantes do governo observam que a disputa, de agora em diante, será muito apertada. “Mesmo assim, eu acho que Massa é favorito”, afirmou ao Estadão o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “O que está ocorrendo na Argentina é um pouco do que acontece no mundo inteiro, com eleições polarizadas entre a extrema-direita e quem representa a defesa da democracia.”

Na prática, deixando ou não digitais, Lula e os petistas no governo querem mesmo “Massa lá”. O jogo de esconde-esconde faz parte da retórica oficial.

Os marqueteiros ligados ao PT que trabalham na campanha de Sergio Massa à Casa Rosada tentarão resgatar a autoestima da sociedade e o sentimento de unidade nacional, neste segundo turno da eleição, com uma frente ampla para enfrentar a crise. A estratégia de forte tom emocional também foi usada na propaganda de Luiz Inácio Lula da Silva contra Jair Bolsonaro, no ano passado.

O programa de Massa, candidato da coligação Unión por la Patria, será agora inspirado no mote “Argentina Si”. O slogan apareceu no fundo do palco de um centro cultural em Buenos Aires, onde no domingo, 22, ele agradeceu os eleitores pela surpreendente vitória sobre o adversário Javier Milei na primeira rodada da disputa.

O discurso do ministro da Economia de um país à beira do colapso financeiro deu ali as pistas do que será a âncora da segunda etapa de sua corrida rumo à Presidência da Argentina. Ao dizer estar convencido de que “esse não é um país de merda como têm dito”, mas, sim, “um grande país”, Massa expôs uma das principais linhas de sua campanha: explorar a “argentinidade” e o orgulho portenho.

A ideia dos marqueteiros brasileiros Raul Rabelo, Otávio Antunes e Halley Arrais é mostrar que uma eventual gestão do ulltraliberal Milei, deputado conhecido como “El Loco”, representará um verdadeiro “salve-se quem puder”.

Rabelo participou da campanha de Lula no ano passado, ao lado de Sidonio Palmeira; Antunes assinou programas de Fernando Haddad na disputa presidencial de 2018 e na corrida ao governo de São Paulo, em 2022. Arrais, por sua vez, já passou pelos comitês de Haddad, Dilma Rousseff e outros petistas.

Propaganda vai ressuscitar medo de Milei

Agora, a propaganda de Massa vai injetar novas doses de pânico nos eleitores para explorar como será a Argentina de Milei, caso o candidato de La Libertad Avanza – que prega dolarização da economia, fim do Banco Central e saída do Mercosul – vença as eleições, em 19 de novembro.

Na TV, o país de Milei exibido pela campanha peronista não terá mais bônus para desempregados e trabalhadores informais nem subsídios para transporte e energia elétrica. Muito menos vouchers para crianças irem à escola. A Argentina da propaganda de Massa, na outra ponta, será o país que olha para todos e não deixa ninguém para trás.

Figurinha de campanha de Sergio Massa Foto: Redes Sociais do candidato

O rosto de um ministro da Economia sorridente continuará aparecendo dentro do coração vermelho com o apelo “Votá con amor”. Em 2022, a campanha de Lula também trazia o pedido “Vote com Amor”, para divulgação em redes sociais, uma nova versão do “Lulinha paz e amor” de 2002.

Figurinha da campanha Lula 2022 Foto: Redes Sociais do PT

Massa não terá o apoio de Patricia Bullrich, a ex-ministra de Segurança da gestão de Maurício Macri que ficou em terceiro lugar no embate e vem sendo cortejada por Milei para compor seu eventual governo. Empenhado em disputar os votos dos eleitores de Bullrich, no entanto, Massa procura atrair o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

Em agosto, Bullrich derrotou Larreta nas primárias para a escolha de quem concorreria pela coligação Juntos por el Cambio. Houve um racha na centro-direita e é justamente essa fatia que Massa tenta conquistar ao apelar por uma frente ampla em torno de sua candidatura.

Foi também com uma convocação pela unidade nacional contra o autoritarismo que Lula conseguiu derrotar Bolsonaro, então candidato à reeleição, e chegar pela terceira vez ao Palácio do Planalto.

Lula não planeja gravar mensagem para aliado

No ano passado, porém, Lula era desafiante de um presidente que protagonizava articulações antidemocráticas, era contra a vacina e defendia a ditadura militar. Massa, por sua vez, enfrenta todo o desgaste de comandar a economia de um país com inflação de 138% ao ano, pobreza atingindo 40% da população e violência nas ruas.

Apesar de apoiar Massa e ter feito gestões para ajudar a Argentina, terceiro parceiro comercial do Brasil, Lula não planeja aparecer na campanha do aliado. No Planalto, a avaliação é a de que essa iniciativa não seria conveniente do ponto de vista político, mesmo porque, se o ministro perder, o presidente será associado a uma derrota. Fora do poder, Bolsonaro já gravou mensagem para Milei.

“Lula foi essencial na definição do resultado do primeiro turno das eleições argentinas”, disse o deputado Zeca Dirceu, líder da bancada do PT na Câmara. “Todo mundo sabe que Lula apoia Massa e tem com ele e a equipe do presidente Alberto Fernández uma relação antiga. Mas não deve gravar por respeito ao processo eleitoral de outro país, mesmo porque isso suscitaria muitas críticas”, emendou o secretário de Comunicação do PT, deputado Jilmar Tatto.

Integrantes do governo observam que a disputa, de agora em diante, será muito apertada. “Mesmo assim, eu acho que Massa é favorito”, afirmou ao Estadão o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “O que está ocorrendo na Argentina é um pouco do que acontece no mundo inteiro, com eleições polarizadas entre a extrema-direita e quem representa a defesa da democracia.”

Na prática, deixando ou não digitais, Lula e os petistas no governo querem mesmo “Massa lá”. O jogo de esconde-esconde faz parte da retórica oficial.

Os marqueteiros ligados ao PT que trabalham na campanha de Sergio Massa à Casa Rosada tentarão resgatar a autoestima da sociedade e o sentimento de unidade nacional, neste segundo turno da eleição, com uma frente ampla para enfrentar a crise. A estratégia de forte tom emocional também foi usada na propaganda de Luiz Inácio Lula da Silva contra Jair Bolsonaro, no ano passado.

O programa de Massa, candidato da coligação Unión por la Patria, será agora inspirado no mote “Argentina Si”. O slogan apareceu no fundo do palco de um centro cultural em Buenos Aires, onde no domingo, 22, ele agradeceu os eleitores pela surpreendente vitória sobre o adversário Javier Milei na primeira rodada da disputa.

O discurso do ministro da Economia de um país à beira do colapso financeiro deu ali as pistas do que será a âncora da segunda etapa de sua corrida rumo à Presidência da Argentina. Ao dizer estar convencido de que “esse não é um país de merda como têm dito”, mas, sim, “um grande país”, Massa expôs uma das principais linhas de sua campanha: explorar a “argentinidade” e o orgulho portenho.

A ideia dos marqueteiros brasileiros Raul Rabelo, Otávio Antunes e Halley Arrais é mostrar que uma eventual gestão do ulltraliberal Milei, deputado conhecido como “El Loco”, representará um verdadeiro “salve-se quem puder”.

Rabelo participou da campanha de Lula no ano passado, ao lado de Sidonio Palmeira; Antunes assinou programas de Fernando Haddad na disputa presidencial de 2018 e na corrida ao governo de São Paulo, em 2022. Arrais, por sua vez, já passou pelos comitês de Haddad, Dilma Rousseff e outros petistas.

Propaganda vai ressuscitar medo de Milei

Agora, a propaganda de Massa vai injetar novas doses de pânico nos eleitores para explorar como será a Argentina de Milei, caso o candidato de La Libertad Avanza – que prega dolarização da economia, fim do Banco Central e saída do Mercosul – vença as eleições, em 19 de novembro.

Na TV, o país de Milei exibido pela campanha peronista não terá mais bônus para desempregados e trabalhadores informais nem subsídios para transporte e energia elétrica. Muito menos vouchers para crianças irem à escola. A Argentina da propaganda de Massa, na outra ponta, será o país que olha para todos e não deixa ninguém para trás.

Figurinha de campanha de Sergio Massa Foto: Redes Sociais do candidato

O rosto de um ministro da Economia sorridente continuará aparecendo dentro do coração vermelho com o apelo “Votá con amor”. Em 2022, a campanha de Lula também trazia o pedido “Vote com Amor”, para divulgação em redes sociais, uma nova versão do “Lulinha paz e amor” de 2002.

Figurinha da campanha Lula 2022 Foto: Redes Sociais do PT

Massa não terá o apoio de Patricia Bullrich, a ex-ministra de Segurança da gestão de Maurício Macri que ficou em terceiro lugar no embate e vem sendo cortejada por Milei para compor seu eventual governo. Empenhado em disputar os votos dos eleitores de Bullrich, no entanto, Massa procura atrair o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

Em agosto, Bullrich derrotou Larreta nas primárias para a escolha de quem concorreria pela coligação Juntos por el Cambio. Houve um racha na centro-direita e é justamente essa fatia que Massa tenta conquistar ao apelar por uma frente ampla em torno de sua candidatura.

Foi também com uma convocação pela unidade nacional contra o autoritarismo que Lula conseguiu derrotar Bolsonaro, então candidato à reeleição, e chegar pela terceira vez ao Palácio do Planalto.

Lula não planeja gravar mensagem para aliado

No ano passado, porém, Lula era desafiante de um presidente que protagonizava articulações antidemocráticas, era contra a vacina e defendia a ditadura militar. Massa, por sua vez, enfrenta todo o desgaste de comandar a economia de um país com inflação de 138% ao ano, pobreza atingindo 40% da população e violência nas ruas.

Apesar de apoiar Massa e ter feito gestões para ajudar a Argentina, terceiro parceiro comercial do Brasil, Lula não planeja aparecer na campanha do aliado. No Planalto, a avaliação é a de que essa iniciativa não seria conveniente do ponto de vista político, mesmo porque, se o ministro perder, o presidente será associado a uma derrota. Fora do poder, Bolsonaro já gravou mensagem para Milei.

“Lula foi essencial na definição do resultado do primeiro turno das eleições argentinas”, disse o deputado Zeca Dirceu, líder da bancada do PT na Câmara. “Todo mundo sabe que Lula apoia Massa e tem com ele e a equipe do presidente Alberto Fernández uma relação antiga. Mas não deve gravar por respeito ao processo eleitoral de outro país, mesmo porque isso suscitaria muitas críticas”, emendou o secretário de Comunicação do PT, deputado Jilmar Tatto.

Integrantes do governo observam que a disputa, de agora em diante, será muito apertada. “Mesmo assim, eu acho que Massa é favorito”, afirmou ao Estadão o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “O que está ocorrendo na Argentina é um pouco do que acontece no mundo inteiro, com eleições polarizadas entre a extrema-direita e quem representa a defesa da democracia.”

Na prática, deixando ou não digitais, Lula e os petistas no governo querem mesmo “Massa lá”. O jogo de esconde-esconde faz parte da retórica oficial.

Os marqueteiros ligados ao PT que trabalham na campanha de Sergio Massa à Casa Rosada tentarão resgatar a autoestima da sociedade e o sentimento de unidade nacional, neste segundo turno da eleição, com uma frente ampla para enfrentar a crise. A estratégia de forte tom emocional também foi usada na propaganda de Luiz Inácio Lula da Silva contra Jair Bolsonaro, no ano passado.

O programa de Massa, candidato da coligação Unión por la Patria, será agora inspirado no mote “Argentina Si”. O slogan apareceu no fundo do palco de um centro cultural em Buenos Aires, onde no domingo, 22, ele agradeceu os eleitores pela surpreendente vitória sobre o adversário Javier Milei na primeira rodada da disputa.

O discurso do ministro da Economia de um país à beira do colapso financeiro deu ali as pistas do que será a âncora da segunda etapa de sua corrida rumo à Presidência da Argentina. Ao dizer estar convencido de que “esse não é um país de merda como têm dito”, mas, sim, “um grande país”, Massa expôs uma das principais linhas de sua campanha: explorar a “argentinidade” e o orgulho portenho.

A ideia dos marqueteiros brasileiros Raul Rabelo, Otávio Antunes e Halley Arrais é mostrar que uma eventual gestão do ulltraliberal Milei, deputado conhecido como “El Loco”, representará um verdadeiro “salve-se quem puder”.

Rabelo participou da campanha de Lula no ano passado, ao lado de Sidonio Palmeira; Antunes assinou programas de Fernando Haddad na disputa presidencial de 2018 e na corrida ao governo de São Paulo, em 2022. Arrais, por sua vez, já passou pelos comitês de Haddad, Dilma Rousseff e outros petistas.

Propaganda vai ressuscitar medo de Milei

Agora, a propaganda de Massa vai injetar novas doses de pânico nos eleitores para explorar como será a Argentina de Milei, caso o candidato de La Libertad Avanza – que prega dolarização da economia, fim do Banco Central e saída do Mercosul – vença as eleições, em 19 de novembro.

Na TV, o país de Milei exibido pela campanha peronista não terá mais bônus para desempregados e trabalhadores informais nem subsídios para transporte e energia elétrica. Muito menos vouchers para crianças irem à escola. A Argentina da propaganda de Massa, na outra ponta, será o país que olha para todos e não deixa ninguém para trás.

Figurinha de campanha de Sergio Massa Foto: Redes Sociais do candidato

O rosto de um ministro da Economia sorridente continuará aparecendo dentro do coração vermelho com o apelo “Votá con amor”. Em 2022, a campanha de Lula também trazia o pedido “Vote com Amor”, para divulgação em redes sociais, uma nova versão do “Lulinha paz e amor” de 2002.

Figurinha da campanha Lula 2022 Foto: Redes Sociais do PT

Massa não terá o apoio de Patricia Bullrich, a ex-ministra de Segurança da gestão de Maurício Macri que ficou em terceiro lugar no embate e vem sendo cortejada por Milei para compor seu eventual governo. Empenhado em disputar os votos dos eleitores de Bullrich, no entanto, Massa procura atrair o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

Em agosto, Bullrich derrotou Larreta nas primárias para a escolha de quem concorreria pela coligação Juntos por el Cambio. Houve um racha na centro-direita e é justamente essa fatia que Massa tenta conquistar ao apelar por uma frente ampla em torno de sua candidatura.

Foi também com uma convocação pela unidade nacional contra o autoritarismo que Lula conseguiu derrotar Bolsonaro, então candidato à reeleição, e chegar pela terceira vez ao Palácio do Planalto.

Lula não planeja gravar mensagem para aliado

No ano passado, porém, Lula era desafiante de um presidente que protagonizava articulações antidemocráticas, era contra a vacina e defendia a ditadura militar. Massa, por sua vez, enfrenta todo o desgaste de comandar a economia de um país com inflação de 138% ao ano, pobreza atingindo 40% da população e violência nas ruas.

Apesar de apoiar Massa e ter feito gestões para ajudar a Argentina, terceiro parceiro comercial do Brasil, Lula não planeja aparecer na campanha do aliado. No Planalto, a avaliação é a de que essa iniciativa não seria conveniente do ponto de vista político, mesmo porque, se o ministro perder, o presidente será associado a uma derrota. Fora do poder, Bolsonaro já gravou mensagem para Milei.

“Lula foi essencial na definição do resultado do primeiro turno das eleições argentinas”, disse o deputado Zeca Dirceu, líder da bancada do PT na Câmara. “Todo mundo sabe que Lula apoia Massa e tem com ele e a equipe do presidente Alberto Fernández uma relação antiga. Mas não deve gravar por respeito ao processo eleitoral de outro país, mesmo porque isso suscitaria muitas críticas”, emendou o secretário de Comunicação do PT, deputado Jilmar Tatto.

Integrantes do governo observam que a disputa, de agora em diante, será muito apertada. “Mesmo assim, eu acho que Massa é favorito”, afirmou ao Estadão o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “O que está ocorrendo na Argentina é um pouco do que acontece no mundo inteiro, com eleições polarizadas entre a extrema-direita e quem representa a defesa da democracia.”

Na prática, deixando ou não digitais, Lula e os petistas no governo querem mesmo “Massa lá”. O jogo de esconde-esconde faz parte da retórica oficial.

Os marqueteiros ligados ao PT que trabalham na campanha de Sergio Massa à Casa Rosada tentarão resgatar a autoestima da sociedade e o sentimento de unidade nacional, neste segundo turno da eleição, com uma frente ampla para enfrentar a crise. A estratégia de forte tom emocional também foi usada na propaganda de Luiz Inácio Lula da Silva contra Jair Bolsonaro, no ano passado.

O programa de Massa, candidato da coligação Unión por la Patria, será agora inspirado no mote “Argentina Si”. O slogan apareceu no fundo do palco de um centro cultural em Buenos Aires, onde no domingo, 22, ele agradeceu os eleitores pela surpreendente vitória sobre o adversário Javier Milei na primeira rodada da disputa.

O discurso do ministro da Economia de um país à beira do colapso financeiro deu ali as pistas do que será a âncora da segunda etapa de sua corrida rumo à Presidência da Argentina. Ao dizer estar convencido de que “esse não é um país de merda como têm dito”, mas, sim, “um grande país”, Massa expôs uma das principais linhas de sua campanha: explorar a “argentinidade” e o orgulho portenho.

A ideia dos marqueteiros brasileiros Raul Rabelo, Otávio Antunes e Halley Arrais é mostrar que uma eventual gestão do ulltraliberal Milei, deputado conhecido como “El Loco”, representará um verdadeiro “salve-se quem puder”.

Rabelo participou da campanha de Lula no ano passado, ao lado de Sidonio Palmeira; Antunes assinou programas de Fernando Haddad na disputa presidencial de 2018 e na corrida ao governo de São Paulo, em 2022. Arrais, por sua vez, já passou pelos comitês de Haddad, Dilma Rousseff e outros petistas.

Propaganda vai ressuscitar medo de Milei

Agora, a propaganda de Massa vai injetar novas doses de pânico nos eleitores para explorar como será a Argentina de Milei, caso o candidato de La Libertad Avanza – que prega dolarização da economia, fim do Banco Central e saída do Mercosul – vença as eleições, em 19 de novembro.

Na TV, o país de Milei exibido pela campanha peronista não terá mais bônus para desempregados e trabalhadores informais nem subsídios para transporte e energia elétrica. Muito menos vouchers para crianças irem à escola. A Argentina da propaganda de Massa, na outra ponta, será o país que olha para todos e não deixa ninguém para trás.

Figurinha de campanha de Sergio Massa Foto: Redes Sociais do candidato

O rosto de um ministro da Economia sorridente continuará aparecendo dentro do coração vermelho com o apelo “Votá con amor”. Em 2022, a campanha de Lula também trazia o pedido “Vote com Amor”, para divulgação em redes sociais, uma nova versão do “Lulinha paz e amor” de 2002.

Figurinha da campanha Lula 2022 Foto: Redes Sociais do PT

Massa não terá o apoio de Patricia Bullrich, a ex-ministra de Segurança da gestão de Maurício Macri que ficou em terceiro lugar no embate e vem sendo cortejada por Milei para compor seu eventual governo. Empenhado em disputar os votos dos eleitores de Bullrich, no entanto, Massa procura atrair o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

Em agosto, Bullrich derrotou Larreta nas primárias para a escolha de quem concorreria pela coligação Juntos por el Cambio. Houve um racha na centro-direita e é justamente essa fatia que Massa tenta conquistar ao apelar por uma frente ampla em torno de sua candidatura.

Foi também com uma convocação pela unidade nacional contra o autoritarismo que Lula conseguiu derrotar Bolsonaro, então candidato à reeleição, e chegar pela terceira vez ao Palácio do Planalto.

Lula não planeja gravar mensagem para aliado

No ano passado, porém, Lula era desafiante de um presidente que protagonizava articulações antidemocráticas, era contra a vacina e defendia a ditadura militar. Massa, por sua vez, enfrenta todo o desgaste de comandar a economia de um país com inflação de 138% ao ano, pobreza atingindo 40% da população e violência nas ruas.

Apesar de apoiar Massa e ter feito gestões para ajudar a Argentina, terceiro parceiro comercial do Brasil, Lula não planeja aparecer na campanha do aliado. No Planalto, a avaliação é a de que essa iniciativa não seria conveniente do ponto de vista político, mesmo porque, se o ministro perder, o presidente será associado a uma derrota. Fora do poder, Bolsonaro já gravou mensagem para Milei.

“Lula foi essencial na definição do resultado do primeiro turno das eleições argentinas”, disse o deputado Zeca Dirceu, líder da bancada do PT na Câmara. “Todo mundo sabe que Lula apoia Massa e tem com ele e a equipe do presidente Alberto Fernández uma relação antiga. Mas não deve gravar por respeito ao processo eleitoral de outro país, mesmo porque isso suscitaria muitas críticas”, emendou o secretário de Comunicação do PT, deputado Jilmar Tatto.

Integrantes do governo observam que a disputa, de agora em diante, será muito apertada. “Mesmo assim, eu acho que Massa é favorito”, afirmou ao Estadão o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “O que está ocorrendo na Argentina é um pouco do que acontece no mundo inteiro, com eleições polarizadas entre a extrema-direita e quem representa a defesa da democracia.”

Na prática, deixando ou não digitais, Lula e os petistas no governo querem mesmo “Massa lá”. O jogo de esconde-esconde faz parte da retórica oficial.

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