Os bastidores do Planalto e do Congresso

Ministros do STF acham que Bolsonaro quer golpe e Mourão vê magistrados ‘com medo da própria sombra’


Presidente atiça as Forças Armadas, em uma estratégia ‘kamikaze’, que pode resultar em perda de apoio no próprio Centrão

Por Vera Rosa
Atualização:

Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral estão convencidos de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem um plano para tumultuar e até impedir as eleições de outubro. Sob o argumento de que é preciso promover uma contagem de votos paralela à do TSE, Bolsonaro atiça as Forças Armadas, em uma estratégia “kamikaze”, palavra da moda, que pode resultar em perda de apoio no próprio Centrão.

Mas enquanto dirigentes do PL divergem de Bolsonaro e admitem, nos bastidores, que ele tem feito tudo para perder a disputa, o vice-presidente Hamilton Mourão – preterido na chapa pela entrada de Braga Netto – assume o discurso de defesa. A cinco meses e meio de deixar o cargo, Mourão diz não ver escalada de violência na arena política e chegou a atribuir o assassinato de um militante do PT por um apoiador de Bolsonaro a um “incidente policial”.

Sob o argumento de que é preciso promover uma contagem de votos paralela à do TSE, Bolsonaro atiça as Forças Armadas, em uma estratégia 'kamikaze'. Foto: Adriano Machado/Reuters
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Em agosto do ano passado, quando blindados desfilaram diante do Planalto, Mourão foi convidado pelo então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, para uma conversa reservada. Horas antes de a Câmara derrubar o voto impresso, Barroso queria saber se as Forças Armadas embarcariam em um golpe. O general o tranquilizou. De lá para cá, porém, o tom das ameaças só cresceu. Agora, a maioria dos magistrados tem certeza de que o presidente tentará uma ruptura institucional.

“Tem magistrado com medo da própria sombra”, disse-me Mourão, sentado numa poltrona de couro off-white, em seu gabinete. “O processo eleitoral vai ter paixões exacerbadas, mas será realizado normalmente. E o vencedor que leve as batatas”, emendou ele, rindo, numa referência à famosa frase do clássico Quincas Borba, de Machado de Assis.

'O 7 de Setembro terá um discurso aqui e ali, recheado com desfile militar, mas no dia seguinte a quitanda vai abrir com berinjelas para vender e troco no caixa para atender o freguês', disse Mourão. Foto: Sergio Lima/AFP
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O comando da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusa o governo de incentivar tragédias como o assassinato do guarda municipal Marcelo de Arruda, baleado pelo policial penal Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu. Para Mourão, no entanto, o clima de acirramento começou com o “nós contra eles” dos tempos de Lula. “Quem semeia vento colhe tempestade”, resumiu.

Candidato a uma vaga ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Mourão precisa do apoio do presidente em um Estado onde o bolsonarismo é forte. A reaproximação, porém, não o faz tentar convencer o homem com quem viveu às turras a ficar longe dos atos de rua do 7 de Setembro, às vésperas das eleições.

“O 7 de Setembro terá um discurso aqui e ali, recheado com desfile militar, mas no dia seguinte a quitanda vai abrir com berinjelas para vender e troco no caixa para atender o freguês”, afirmou Mourão, parafraseando Delfim Netto. Diante de tantos ataques à democracia, é preciso ver se a quitanda ficará de pé.

Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral estão convencidos de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem um plano para tumultuar e até impedir as eleições de outubro. Sob o argumento de que é preciso promover uma contagem de votos paralela à do TSE, Bolsonaro atiça as Forças Armadas, em uma estratégia “kamikaze”, palavra da moda, que pode resultar em perda de apoio no próprio Centrão.

Mas enquanto dirigentes do PL divergem de Bolsonaro e admitem, nos bastidores, que ele tem feito tudo para perder a disputa, o vice-presidente Hamilton Mourão – preterido na chapa pela entrada de Braga Netto – assume o discurso de defesa. A cinco meses e meio de deixar o cargo, Mourão diz não ver escalada de violência na arena política e chegou a atribuir o assassinato de um militante do PT por um apoiador de Bolsonaro a um “incidente policial”.

Sob o argumento de que é preciso promover uma contagem de votos paralela à do TSE, Bolsonaro atiça as Forças Armadas, em uma estratégia 'kamikaze'. Foto: Adriano Machado/Reuters

Em agosto do ano passado, quando blindados desfilaram diante do Planalto, Mourão foi convidado pelo então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, para uma conversa reservada. Horas antes de a Câmara derrubar o voto impresso, Barroso queria saber se as Forças Armadas embarcariam em um golpe. O general o tranquilizou. De lá para cá, porém, o tom das ameaças só cresceu. Agora, a maioria dos magistrados tem certeza de que o presidente tentará uma ruptura institucional.

“Tem magistrado com medo da própria sombra”, disse-me Mourão, sentado numa poltrona de couro off-white, em seu gabinete. “O processo eleitoral vai ter paixões exacerbadas, mas será realizado normalmente. E o vencedor que leve as batatas”, emendou ele, rindo, numa referência à famosa frase do clássico Quincas Borba, de Machado de Assis.

'O 7 de Setembro terá um discurso aqui e ali, recheado com desfile militar, mas no dia seguinte a quitanda vai abrir com berinjelas para vender e troco no caixa para atender o freguês', disse Mourão. Foto: Sergio Lima/AFP

O comando da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusa o governo de incentivar tragédias como o assassinato do guarda municipal Marcelo de Arruda, baleado pelo policial penal Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu. Para Mourão, no entanto, o clima de acirramento começou com o “nós contra eles” dos tempos de Lula. “Quem semeia vento colhe tempestade”, resumiu.

Candidato a uma vaga ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Mourão precisa do apoio do presidente em um Estado onde o bolsonarismo é forte. A reaproximação, porém, não o faz tentar convencer o homem com quem viveu às turras a ficar longe dos atos de rua do 7 de Setembro, às vésperas das eleições.

“O 7 de Setembro terá um discurso aqui e ali, recheado com desfile militar, mas no dia seguinte a quitanda vai abrir com berinjelas para vender e troco no caixa para atender o freguês”, afirmou Mourão, parafraseando Delfim Netto. Diante de tantos ataques à democracia, é preciso ver se a quitanda ficará de pé.

Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral estão convencidos de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem um plano para tumultuar e até impedir as eleições de outubro. Sob o argumento de que é preciso promover uma contagem de votos paralela à do TSE, Bolsonaro atiça as Forças Armadas, em uma estratégia “kamikaze”, palavra da moda, que pode resultar em perda de apoio no próprio Centrão.

Mas enquanto dirigentes do PL divergem de Bolsonaro e admitem, nos bastidores, que ele tem feito tudo para perder a disputa, o vice-presidente Hamilton Mourão – preterido na chapa pela entrada de Braga Netto – assume o discurso de defesa. A cinco meses e meio de deixar o cargo, Mourão diz não ver escalada de violência na arena política e chegou a atribuir o assassinato de um militante do PT por um apoiador de Bolsonaro a um “incidente policial”.

Sob o argumento de que é preciso promover uma contagem de votos paralela à do TSE, Bolsonaro atiça as Forças Armadas, em uma estratégia 'kamikaze'. Foto: Adriano Machado/Reuters

Em agosto do ano passado, quando blindados desfilaram diante do Planalto, Mourão foi convidado pelo então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, para uma conversa reservada. Horas antes de a Câmara derrubar o voto impresso, Barroso queria saber se as Forças Armadas embarcariam em um golpe. O general o tranquilizou. De lá para cá, porém, o tom das ameaças só cresceu. Agora, a maioria dos magistrados tem certeza de que o presidente tentará uma ruptura institucional.

“Tem magistrado com medo da própria sombra”, disse-me Mourão, sentado numa poltrona de couro off-white, em seu gabinete. “O processo eleitoral vai ter paixões exacerbadas, mas será realizado normalmente. E o vencedor que leve as batatas”, emendou ele, rindo, numa referência à famosa frase do clássico Quincas Borba, de Machado de Assis.

'O 7 de Setembro terá um discurso aqui e ali, recheado com desfile militar, mas no dia seguinte a quitanda vai abrir com berinjelas para vender e troco no caixa para atender o freguês', disse Mourão. Foto: Sergio Lima/AFP

O comando da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusa o governo de incentivar tragédias como o assassinato do guarda municipal Marcelo de Arruda, baleado pelo policial penal Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu. Para Mourão, no entanto, o clima de acirramento começou com o “nós contra eles” dos tempos de Lula. “Quem semeia vento colhe tempestade”, resumiu.

Candidato a uma vaga ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Mourão precisa do apoio do presidente em um Estado onde o bolsonarismo é forte. A reaproximação, porém, não o faz tentar convencer o homem com quem viveu às turras a ficar longe dos atos de rua do 7 de Setembro, às vésperas das eleições.

“O 7 de Setembro terá um discurso aqui e ali, recheado com desfile militar, mas no dia seguinte a quitanda vai abrir com berinjelas para vender e troco no caixa para atender o freguês”, afirmou Mourão, parafraseando Delfim Netto. Diante de tantos ataques à democracia, é preciso ver se a quitanda ficará de pé.

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