Faltam apenas dois dias para a estreia da propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio. E, pelo espetáculo deplorável dos últimos dias, tudo indica que estaremos diante de um novo Festival de Besteira que Assola o País, o famoso Febeapá, como diria Stanislaw Ponte Preta.
Em uma disputa na qual até o “Cramulhão” foi importado da novela Pantanal para dar as caras na campanha, temas como possessão demoníaca, aborto, kit gay e fechamento de igrejas evangélicas voltam a aparecer. Um retrocesso sem fim.
Líder das pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer levar a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) para o centro do debate. A presença de Marina é importante ativo para Lula, e não apenas por seu prestígio na área ambiental.
Evangélica da Assembleia de Deus, Marina tem dito que o petista nunca interferiu na liberdade religiosa. No passado, porém, ela também virou alvo de fake news do PT. Foi rotulada de “fundamentalista” na campanha à reeleição de Dilma Rousseff, em 2014. À época, o marqueteiro era João Santana, que hoje está com Ciro Gomes (PDT). Dono de 52 segundos para expor ideias no horário eleitoral, Ciro será o nanico da propaganda, a partir de sábado, num campeonato no qual a terceira via parece peça de ficção.
Na prática, o dilema posto para o eleitor, agora, é típico de um duelo de segundo turno. Na TV e no rádio, o presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrará os escândalos de corrupção dos governos petistas. Mas já pediu à equipe mais ataques nos próximos programas. Está furioso com Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo. Moraes fechou o cerco contra empresários bolsonaristas que, em mensagens de WhatsApp, defenderam um golpe, caso o PT vença as eleições. A suspeita é a de que esses empresários estariam financiando atos antidemocráticos no 7 de Setembro.
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Lula, por sua vez, destacará no horário político como andava o poder aquisitivo da população em seus governos, logicamente sem falar no caos econômico da era Dilma. A “guerra santa”, no entanto, vai continuar. “Estamos vendo o que o comunismo está fazendo (...). Vão perseguir os cristãos no Brasil”, afirmou anteontem a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A campanha de Lula está preocupada com essa ofensiva. “Teve presidente (...) que utilizava os pastores, mas depois tinha vergonha de aparecer ao lado do pastor. Eu não”, dirá Lula em um comercial, numa referência ao balcão de negócios no MEC, revelado pelo Estadão. No meio disso tudo, a alcunha “tchutchuca do Centrão”, dada a Bolsonaro por um youtuber que o desafiou, não sairá do ar tão cedo. Como se vê, o Febeapá dessa temporada está longe de terminar.