Os bastidores do Planalto e do Congresso

Planalto vê impacto de investigação contra Bolsonaro nas eleições municipais de São Paulo e Rio


Avaliação de ministros é a de que ex-presidente vai se tornar um cabo eleitoral tóxico

Por Vera Rosa
Atualização:

Ministros do governo Lula avaliam que as últimas descobertas das investigações para apurar uma tentativa de golpe no País têm potencial para provocar impacto nas eleições municipais, principalmente nas disputas pelas prefeituras de São Paulo e do Rio. A percepção no Planalto é a de que, com o cerco se fechando em torno de Jair Bolsonaro e de seu núcleo político e militar, o ex-presidente vai se tornar um cabo eleitoral tóxico, caso não seja preso antes.

Candidato a novo mandato, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem o apoio de Bolsonaro e de seu partido, o PL. Mas, após a prisão de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, por posse ilegal de arma – e das revelações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a participação de Bolsonaro numa trama para abolir o Estado Democrático de Direito –, a campanha de Nunes entrou em estado de alerta máximo.

O prefeito quer, é claro, os votos de eleitores de Bolsonaro. A equação a ser resolvida agora é: como fazer para evitar o desgaste e se descolar da imagem dele? Na prática, aliados de Nunes tentarão fazer o ex-presidente desistir de indicar o vice na chapa.

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Guilherme Boulos e Marta Suplicy querem 'nacionalizar' a disputa, enquanto Ricardo Nunes (à dir.) tenta esconder Bolsonaro. Fotos: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação Foto: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação

No diagnóstico do Planalto, a crise favorece Guilherme Boulos (PSOL), que tem Marta Suplicy, agora de volta ao PT, como candidata a vice. Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais da Prefeitura há um mês para fazer aliança com Boulos, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário de Nunes, a dobradinha Boulos-Marta trabalha para “nacionalizar” a disputa.

A candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) à Prefeitura do Rio também sofrerá abalos e, na visão de auxiliares de Lula, pode nem mesmo sair do papel. Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem é alvo de investigação da PF sob suspeita de fazer uso de um software para monitorar adversários de Bolsonaro e ministros do Supremo. O inquérito também envolve o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente e coordenador do “gabinete do ódio”.

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No Planalto, ministros lembram que, antes de Ramagem, Bolsonaro havia lançado a pré-candidatura de Braga Netto à Prefeitura do Rio, mas foi obrigado a recuar diante das investigações que põem o general como um dos principais líderes do plano para solapar a democracia. Braga Netto foi ministro da Casa Civil, da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro. Nesta quinta-feira, 8, a PF executou ações de busca e apreensão em endereços do general.

Como mostrou o Estadão, Braga Netto fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em 8 de julho de 2021, o aviso de que não haveria eleições se não houvesse voto impresso e auditável. Ao conversar com um importante interlocutor de Lira sobre o assunto, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

À época, Lira considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. Disse ao então presidente que contasse com ele para ganhar ou para perder as eleições, mas não para uma ruptura institucional.

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Um vídeo que veio à tona nesta quinta-feira revelou que, um ano depois e três dias depois, em 5 de julho de 2022, Bolsonaro comandou uma reunião com ministros, na qual atacou o processo eleitoral e afirmou que não poderia esperar 2023 para agir.

“Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros (...) Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: ‘O que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia?”, afirmou ele, durante o encontro.

A gravação estava armazenada em um computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apreendido pela PF. Preso no ano passado, Cid também teve o nome envolvido no escândalo da venda de joias do arquivo presidencial e hoje é colaborador das investigações.

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O tenente-coronel sempre gravava vídeos com “entrevistas” de Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada, além de reuniões com ministros. Tirava selfies com apoiadores e distribuía fake news pelo WhatsApp. Tinha até um quarto no Palácio da Alvorada.

Ministros do governo Lula avaliam que as últimas descobertas das investigações para apurar uma tentativa de golpe no País têm potencial para provocar impacto nas eleições municipais, principalmente nas disputas pelas prefeituras de São Paulo e do Rio. A percepção no Planalto é a de que, com o cerco se fechando em torno de Jair Bolsonaro e de seu núcleo político e militar, o ex-presidente vai se tornar um cabo eleitoral tóxico, caso não seja preso antes.

Candidato a novo mandato, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem o apoio de Bolsonaro e de seu partido, o PL. Mas, após a prisão de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, por posse ilegal de arma – e das revelações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a participação de Bolsonaro numa trama para abolir o Estado Democrático de Direito –, a campanha de Nunes entrou em estado de alerta máximo.

O prefeito quer, é claro, os votos de eleitores de Bolsonaro. A equação a ser resolvida agora é: como fazer para evitar o desgaste e se descolar da imagem dele? Na prática, aliados de Nunes tentarão fazer o ex-presidente desistir de indicar o vice na chapa.

Guilherme Boulos e Marta Suplicy querem 'nacionalizar' a disputa, enquanto Ricardo Nunes (à dir.) tenta esconder Bolsonaro. Fotos: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação Foto: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação

No diagnóstico do Planalto, a crise favorece Guilherme Boulos (PSOL), que tem Marta Suplicy, agora de volta ao PT, como candidata a vice. Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais da Prefeitura há um mês para fazer aliança com Boulos, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário de Nunes, a dobradinha Boulos-Marta trabalha para “nacionalizar” a disputa.

A candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) à Prefeitura do Rio também sofrerá abalos e, na visão de auxiliares de Lula, pode nem mesmo sair do papel. Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem é alvo de investigação da PF sob suspeita de fazer uso de um software para monitorar adversários de Bolsonaro e ministros do Supremo. O inquérito também envolve o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente e coordenador do “gabinete do ódio”.

No Planalto, ministros lembram que, antes de Ramagem, Bolsonaro havia lançado a pré-candidatura de Braga Netto à Prefeitura do Rio, mas foi obrigado a recuar diante das investigações que põem o general como um dos principais líderes do plano para solapar a democracia. Braga Netto foi ministro da Casa Civil, da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro. Nesta quinta-feira, 8, a PF executou ações de busca e apreensão em endereços do general.

Como mostrou o Estadão, Braga Netto fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em 8 de julho de 2021, o aviso de que não haveria eleições se não houvesse voto impresso e auditável. Ao conversar com um importante interlocutor de Lira sobre o assunto, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

À época, Lira considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. Disse ao então presidente que contasse com ele para ganhar ou para perder as eleições, mas não para uma ruptura institucional.

Um vídeo que veio à tona nesta quinta-feira revelou que, um ano depois e três dias depois, em 5 de julho de 2022, Bolsonaro comandou uma reunião com ministros, na qual atacou o processo eleitoral e afirmou que não poderia esperar 2023 para agir.

“Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros (...) Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: ‘O que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia?”, afirmou ele, durante o encontro.

A gravação estava armazenada em um computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apreendido pela PF. Preso no ano passado, Cid também teve o nome envolvido no escândalo da venda de joias do arquivo presidencial e hoje é colaborador das investigações.

O tenente-coronel sempre gravava vídeos com “entrevistas” de Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada, além de reuniões com ministros. Tirava selfies com apoiadores e distribuía fake news pelo WhatsApp. Tinha até um quarto no Palácio da Alvorada.

Ministros do governo Lula avaliam que as últimas descobertas das investigações para apurar uma tentativa de golpe no País têm potencial para provocar impacto nas eleições municipais, principalmente nas disputas pelas prefeituras de São Paulo e do Rio. A percepção no Planalto é a de que, com o cerco se fechando em torno de Jair Bolsonaro e de seu núcleo político e militar, o ex-presidente vai se tornar um cabo eleitoral tóxico, caso não seja preso antes.

Candidato a novo mandato, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem o apoio de Bolsonaro e de seu partido, o PL. Mas, após a prisão de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, por posse ilegal de arma – e das revelações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a participação de Bolsonaro numa trama para abolir o Estado Democrático de Direito –, a campanha de Nunes entrou em estado de alerta máximo.

O prefeito quer, é claro, os votos de eleitores de Bolsonaro. A equação a ser resolvida agora é: como fazer para evitar o desgaste e se descolar da imagem dele? Na prática, aliados de Nunes tentarão fazer o ex-presidente desistir de indicar o vice na chapa.

Guilherme Boulos e Marta Suplicy querem 'nacionalizar' a disputa, enquanto Ricardo Nunes (à dir.) tenta esconder Bolsonaro. Fotos: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação Foto: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação

No diagnóstico do Planalto, a crise favorece Guilherme Boulos (PSOL), que tem Marta Suplicy, agora de volta ao PT, como candidata a vice. Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais da Prefeitura há um mês para fazer aliança com Boulos, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário de Nunes, a dobradinha Boulos-Marta trabalha para “nacionalizar” a disputa.

A candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) à Prefeitura do Rio também sofrerá abalos e, na visão de auxiliares de Lula, pode nem mesmo sair do papel. Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem é alvo de investigação da PF sob suspeita de fazer uso de um software para monitorar adversários de Bolsonaro e ministros do Supremo. O inquérito também envolve o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente e coordenador do “gabinete do ódio”.

No Planalto, ministros lembram que, antes de Ramagem, Bolsonaro havia lançado a pré-candidatura de Braga Netto à Prefeitura do Rio, mas foi obrigado a recuar diante das investigações que põem o general como um dos principais líderes do plano para solapar a democracia. Braga Netto foi ministro da Casa Civil, da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro. Nesta quinta-feira, 8, a PF executou ações de busca e apreensão em endereços do general.

Como mostrou o Estadão, Braga Netto fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em 8 de julho de 2021, o aviso de que não haveria eleições se não houvesse voto impresso e auditável. Ao conversar com um importante interlocutor de Lira sobre o assunto, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

À época, Lira considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. Disse ao então presidente que contasse com ele para ganhar ou para perder as eleições, mas não para uma ruptura institucional.

Um vídeo que veio à tona nesta quinta-feira revelou que, um ano depois e três dias depois, em 5 de julho de 2022, Bolsonaro comandou uma reunião com ministros, na qual atacou o processo eleitoral e afirmou que não poderia esperar 2023 para agir.

“Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros (...) Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: ‘O que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia?”, afirmou ele, durante o encontro.

A gravação estava armazenada em um computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apreendido pela PF. Preso no ano passado, Cid também teve o nome envolvido no escândalo da venda de joias do arquivo presidencial e hoje é colaborador das investigações.

O tenente-coronel sempre gravava vídeos com “entrevistas” de Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada, além de reuniões com ministros. Tirava selfies com apoiadores e distribuía fake news pelo WhatsApp. Tinha até um quarto no Palácio da Alvorada.

Ministros do governo Lula avaliam que as últimas descobertas das investigações para apurar uma tentativa de golpe no País têm potencial para provocar impacto nas eleições municipais, principalmente nas disputas pelas prefeituras de São Paulo e do Rio. A percepção no Planalto é a de que, com o cerco se fechando em torno de Jair Bolsonaro e de seu núcleo político e militar, o ex-presidente vai se tornar um cabo eleitoral tóxico, caso não seja preso antes.

Candidato a novo mandato, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem o apoio de Bolsonaro e de seu partido, o PL. Mas, após a prisão de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, por posse ilegal de arma – e das revelações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a participação de Bolsonaro numa trama para abolir o Estado Democrático de Direito –, a campanha de Nunes entrou em estado de alerta máximo.

O prefeito quer, é claro, os votos de eleitores de Bolsonaro. A equação a ser resolvida agora é: como fazer para evitar o desgaste e se descolar da imagem dele? Na prática, aliados de Nunes tentarão fazer o ex-presidente desistir de indicar o vice na chapa.

Guilherme Boulos e Marta Suplicy querem 'nacionalizar' a disputa, enquanto Ricardo Nunes (à dir.) tenta esconder Bolsonaro. Fotos: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação Foto: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação

No diagnóstico do Planalto, a crise favorece Guilherme Boulos (PSOL), que tem Marta Suplicy, agora de volta ao PT, como candidata a vice. Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais da Prefeitura há um mês para fazer aliança com Boulos, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário de Nunes, a dobradinha Boulos-Marta trabalha para “nacionalizar” a disputa.

A candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) à Prefeitura do Rio também sofrerá abalos e, na visão de auxiliares de Lula, pode nem mesmo sair do papel. Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem é alvo de investigação da PF sob suspeita de fazer uso de um software para monitorar adversários de Bolsonaro e ministros do Supremo. O inquérito também envolve o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente e coordenador do “gabinete do ódio”.

No Planalto, ministros lembram que, antes de Ramagem, Bolsonaro havia lançado a pré-candidatura de Braga Netto à Prefeitura do Rio, mas foi obrigado a recuar diante das investigações que põem o general como um dos principais líderes do plano para solapar a democracia. Braga Netto foi ministro da Casa Civil, da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro. Nesta quinta-feira, 8, a PF executou ações de busca e apreensão em endereços do general.

Como mostrou o Estadão, Braga Netto fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em 8 de julho de 2021, o aviso de que não haveria eleições se não houvesse voto impresso e auditável. Ao conversar com um importante interlocutor de Lira sobre o assunto, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

À época, Lira considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. Disse ao então presidente que contasse com ele para ganhar ou para perder as eleições, mas não para uma ruptura institucional.

Um vídeo que veio à tona nesta quinta-feira revelou que, um ano depois e três dias depois, em 5 de julho de 2022, Bolsonaro comandou uma reunião com ministros, na qual atacou o processo eleitoral e afirmou que não poderia esperar 2023 para agir.

“Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros (...) Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: ‘O que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia?”, afirmou ele, durante o encontro.

A gravação estava armazenada em um computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apreendido pela PF. Preso no ano passado, Cid também teve o nome envolvido no escândalo da venda de joias do arquivo presidencial e hoje é colaborador das investigações.

O tenente-coronel sempre gravava vídeos com “entrevistas” de Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada, além de reuniões com ministros. Tirava selfies com apoiadores e distribuía fake news pelo WhatsApp. Tinha até um quarto no Palácio da Alvorada.

Ministros do governo Lula avaliam que as últimas descobertas das investigações para apurar uma tentativa de golpe no País têm potencial para provocar impacto nas eleições municipais, principalmente nas disputas pelas prefeituras de São Paulo e do Rio. A percepção no Planalto é a de que, com o cerco se fechando em torno de Jair Bolsonaro e de seu núcleo político e militar, o ex-presidente vai se tornar um cabo eleitoral tóxico, caso não seja preso antes.

Candidato a novo mandato, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem o apoio de Bolsonaro e de seu partido, o PL. Mas, após a prisão de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, por posse ilegal de arma – e das revelações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a participação de Bolsonaro numa trama para abolir o Estado Democrático de Direito –, a campanha de Nunes entrou em estado de alerta máximo.

O prefeito quer, é claro, os votos de eleitores de Bolsonaro. A equação a ser resolvida agora é: como fazer para evitar o desgaste e se descolar da imagem dele? Na prática, aliados de Nunes tentarão fazer o ex-presidente desistir de indicar o vice na chapa.

Guilherme Boulos e Marta Suplicy querem 'nacionalizar' a disputa, enquanto Ricardo Nunes (à dir.) tenta esconder Bolsonaro. Fotos: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação Foto: José Luis da Conceição/Divulgação e Fernando Antunes e Wesley Viana/PL/Divulgação

No diagnóstico do Planalto, a crise favorece Guilherme Boulos (PSOL), que tem Marta Suplicy, agora de volta ao PT, como candidata a vice. Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais da Prefeitura há um mês para fazer aliança com Boulos, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário de Nunes, a dobradinha Boulos-Marta trabalha para “nacionalizar” a disputa.

A candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) à Prefeitura do Rio também sofrerá abalos e, na visão de auxiliares de Lula, pode nem mesmo sair do papel. Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem é alvo de investigação da PF sob suspeita de fazer uso de um software para monitorar adversários de Bolsonaro e ministros do Supremo. O inquérito também envolve o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente e coordenador do “gabinete do ódio”.

No Planalto, ministros lembram que, antes de Ramagem, Bolsonaro havia lançado a pré-candidatura de Braga Netto à Prefeitura do Rio, mas foi obrigado a recuar diante das investigações que põem o general como um dos principais líderes do plano para solapar a democracia. Braga Netto foi ministro da Casa Civil, da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro. Nesta quinta-feira, 8, a PF executou ações de busca e apreensão em endereços do general.

Como mostrou o Estadão, Braga Netto fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em 8 de julho de 2021, o aviso de que não haveria eleições se não houvesse voto impresso e auditável. Ao conversar com um importante interlocutor de Lira sobre o assunto, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

À época, Lira considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. Disse ao então presidente que contasse com ele para ganhar ou para perder as eleições, mas não para uma ruptura institucional.

Um vídeo que veio à tona nesta quinta-feira revelou que, um ano depois e três dias depois, em 5 de julho de 2022, Bolsonaro comandou uma reunião com ministros, na qual atacou o processo eleitoral e afirmou que não poderia esperar 2023 para agir.

“Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros (...) Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: ‘O que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia?”, afirmou ele, durante o encontro.

A gravação estava armazenada em um computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apreendido pela PF. Preso no ano passado, Cid também teve o nome envolvido no escândalo da venda de joias do arquivo presidencial e hoje é colaborador das investigações.

O tenente-coronel sempre gravava vídeos com “entrevistas” de Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada, além de reuniões com ministros. Tirava selfies com apoiadores e distribuía fake news pelo WhatsApp. Tinha até um quarto no Palácio da Alvorada.

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