Os bastidores do Planalto e do Congresso

Planalto veta Lindbergh para CPI dos atos golpistas após críticas à nova âncora fiscal


Pelo andar da carruagem petista há quem diga que, na terceira temporada, governo Lula não precisa de inimigos

Por Vera Rosa
Atualização:

O estica e puxa sobre a nova âncora fiscal provocou a primeira “punição” no PT e expôs as divergências nas fileiras petistas sobre os rumos do governo comandado por Luiz Inácio Lula da Silva. Sem alarde, o Palácio do Planalto vetou o nome do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) para compor a CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro e impôs um freio de arrumação no partido

Lindbergh é um dos maiores críticos da bancada ao projeto de arcabouço apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Essa proposta é uma camisa de força”, diz o deputado. “Para fazer déficit primário zero vai ser necessário cortar investimentos e políticas sociais. Com a desaceleração da economia, haverá crise política e isso será uma bomba que explodirá dentro do governo Lula”.

"Com a desaceleração da economia, haverá crise política e isso será uma bomba que explodirá dentro do governo Lula”, diz Lindbergh Foto: André Dusek/Estadão
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Às vésperas de viajar para Nova York, na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mandou um recado ao Planalto: disse que garantia o apoio do Centrão e de outros partidos do bloco parlamentar formado por ele para votar o ajuste das contas públicas.

Antes que seus interlocutores comemorassem, no entanto, foi logo avisando ter dúvidas se o governo conseguiria “segurar” o PT e seus aliados antimercado. Lira retornou dos EUA nesta quinta-feira, 11, mas, de lá para cá, a fatura política só aumentou.

O líder da bancada do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), indicou como titulares da CPI dos atos golpistas os deputados Rubens Pereira Jr., Rogério Correia e Jandira Feghali, a única do PCdoB. Para suplentes entraram Arlindo Chinaglia, Carlos Veras e Delegada Adriana Accorsi, todos petistas.

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Não era segredo para o governo que Lindbergh sonhava com a cadeira de titular dessa comissão. No Planalto, porém, auxiliares de Lula argumentavam que, se ele queria o “bônus” dos holofotes da CPI, deveria também arcar com o “ônus” de defender medidas difíceis e muitas vezes impopulares, a exemplo da nova âncora fiscal.

Relator do projeto na Câmara, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) tem sido pressionado por partidos com ministérios no governo, como o União Brasil, a endurecer o texto da equipe econômica. Uma das emendas cogitadas propõe a obrigatoriedade de maior tesourada nas despesas – o tal do contingenciamento – e de punição para o presidente da República, quando o Executivo não cumprir a meta fiscal.

Enquanto a Faria Lima aplaude essas ideias, a esquerda do PT protesta e não são poucos ali que querem turbinar os gastos, a um ano e cinco meses das eleições municipais de 2024.

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Mesmo assim, Zeca Dirceu disse que seu partido não apresentará emendas ao projeto. “A bancada não vai ficar piscando nem dando sinal trocado”, afirmou o deputado ao Estadão. “Podemos dar sugestões, mas com responsabilidade, porque não somos oposição. Não tem cabimento o PT jogar para a plateia.”

Apesar das declarações de Zeca, Lindbergh não se comprometeu a fazer o que o governo quer. Além disso, atacou propostas do Centrão que, no seu diagnóstico, ressuscitam o teto de gastos na prática e inviabilizam a gestão de Lula.

“Do ponto de vista do mercado e de retorno dos investimentos para o Brasil, nossas ideias são positivas, a despeito de o PT e o governo concordarem”, observou, com um sorriso, o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA).

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Para piorar o ambiente político, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi dizer que o modelo de privatização da Eletrobras tinha “cheiro ruim de falta de moralidade”. Lula, por sua vez, chamou o processo de “sacanagem”. E quem foi o relator da Medida Provisória sobre a desestatização da Eletrobras? Elmar Nascimento, homem da confiança de Lira e candidato à sua sucessão, em 2025.

Pelo andar da carruagem, há quem diga que, na terceira temporada, o governo Lula não precisa mesmo de inimigos.

O estica e puxa sobre a nova âncora fiscal provocou a primeira “punição” no PT e expôs as divergências nas fileiras petistas sobre os rumos do governo comandado por Luiz Inácio Lula da Silva. Sem alarde, o Palácio do Planalto vetou o nome do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) para compor a CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro e impôs um freio de arrumação no partido

Lindbergh é um dos maiores críticos da bancada ao projeto de arcabouço apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Essa proposta é uma camisa de força”, diz o deputado. “Para fazer déficit primário zero vai ser necessário cortar investimentos e políticas sociais. Com a desaceleração da economia, haverá crise política e isso será uma bomba que explodirá dentro do governo Lula”.

"Com a desaceleração da economia, haverá crise política e isso será uma bomba que explodirá dentro do governo Lula”, diz Lindbergh Foto: André Dusek/Estadão

Às vésperas de viajar para Nova York, na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mandou um recado ao Planalto: disse que garantia o apoio do Centrão e de outros partidos do bloco parlamentar formado por ele para votar o ajuste das contas públicas.

Antes que seus interlocutores comemorassem, no entanto, foi logo avisando ter dúvidas se o governo conseguiria “segurar” o PT e seus aliados antimercado. Lira retornou dos EUA nesta quinta-feira, 11, mas, de lá para cá, a fatura política só aumentou.

O líder da bancada do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), indicou como titulares da CPI dos atos golpistas os deputados Rubens Pereira Jr., Rogério Correia e Jandira Feghali, a única do PCdoB. Para suplentes entraram Arlindo Chinaglia, Carlos Veras e Delegada Adriana Accorsi, todos petistas.

Não era segredo para o governo que Lindbergh sonhava com a cadeira de titular dessa comissão. No Planalto, porém, auxiliares de Lula argumentavam que, se ele queria o “bônus” dos holofotes da CPI, deveria também arcar com o “ônus” de defender medidas difíceis e muitas vezes impopulares, a exemplo da nova âncora fiscal.

Relator do projeto na Câmara, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) tem sido pressionado por partidos com ministérios no governo, como o União Brasil, a endurecer o texto da equipe econômica. Uma das emendas cogitadas propõe a obrigatoriedade de maior tesourada nas despesas – o tal do contingenciamento – e de punição para o presidente da República, quando o Executivo não cumprir a meta fiscal.

Enquanto a Faria Lima aplaude essas ideias, a esquerda do PT protesta e não são poucos ali que querem turbinar os gastos, a um ano e cinco meses das eleições municipais de 2024.

Mesmo assim, Zeca Dirceu disse que seu partido não apresentará emendas ao projeto. “A bancada não vai ficar piscando nem dando sinal trocado”, afirmou o deputado ao Estadão. “Podemos dar sugestões, mas com responsabilidade, porque não somos oposição. Não tem cabimento o PT jogar para a plateia.”

Apesar das declarações de Zeca, Lindbergh não se comprometeu a fazer o que o governo quer. Além disso, atacou propostas do Centrão que, no seu diagnóstico, ressuscitam o teto de gastos na prática e inviabilizam a gestão de Lula.

“Do ponto de vista do mercado e de retorno dos investimentos para o Brasil, nossas ideias são positivas, a despeito de o PT e o governo concordarem”, observou, com um sorriso, o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA).

Para piorar o ambiente político, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi dizer que o modelo de privatização da Eletrobras tinha “cheiro ruim de falta de moralidade”. Lula, por sua vez, chamou o processo de “sacanagem”. E quem foi o relator da Medida Provisória sobre a desestatização da Eletrobras? Elmar Nascimento, homem da confiança de Lira e candidato à sua sucessão, em 2025.

Pelo andar da carruagem, há quem diga que, na terceira temporada, o governo Lula não precisa mesmo de inimigos.

O estica e puxa sobre a nova âncora fiscal provocou a primeira “punição” no PT e expôs as divergências nas fileiras petistas sobre os rumos do governo comandado por Luiz Inácio Lula da Silva. Sem alarde, o Palácio do Planalto vetou o nome do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) para compor a CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro e impôs um freio de arrumação no partido

Lindbergh é um dos maiores críticos da bancada ao projeto de arcabouço apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Essa proposta é uma camisa de força”, diz o deputado. “Para fazer déficit primário zero vai ser necessário cortar investimentos e políticas sociais. Com a desaceleração da economia, haverá crise política e isso será uma bomba que explodirá dentro do governo Lula”.

"Com a desaceleração da economia, haverá crise política e isso será uma bomba que explodirá dentro do governo Lula”, diz Lindbergh Foto: André Dusek/Estadão

Às vésperas de viajar para Nova York, na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mandou um recado ao Planalto: disse que garantia o apoio do Centrão e de outros partidos do bloco parlamentar formado por ele para votar o ajuste das contas públicas.

Antes que seus interlocutores comemorassem, no entanto, foi logo avisando ter dúvidas se o governo conseguiria “segurar” o PT e seus aliados antimercado. Lira retornou dos EUA nesta quinta-feira, 11, mas, de lá para cá, a fatura política só aumentou.

O líder da bancada do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), indicou como titulares da CPI dos atos golpistas os deputados Rubens Pereira Jr., Rogério Correia e Jandira Feghali, a única do PCdoB. Para suplentes entraram Arlindo Chinaglia, Carlos Veras e Delegada Adriana Accorsi, todos petistas.

Não era segredo para o governo que Lindbergh sonhava com a cadeira de titular dessa comissão. No Planalto, porém, auxiliares de Lula argumentavam que, se ele queria o “bônus” dos holofotes da CPI, deveria também arcar com o “ônus” de defender medidas difíceis e muitas vezes impopulares, a exemplo da nova âncora fiscal.

Relator do projeto na Câmara, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) tem sido pressionado por partidos com ministérios no governo, como o União Brasil, a endurecer o texto da equipe econômica. Uma das emendas cogitadas propõe a obrigatoriedade de maior tesourada nas despesas – o tal do contingenciamento – e de punição para o presidente da República, quando o Executivo não cumprir a meta fiscal.

Enquanto a Faria Lima aplaude essas ideias, a esquerda do PT protesta e não são poucos ali que querem turbinar os gastos, a um ano e cinco meses das eleições municipais de 2024.

Mesmo assim, Zeca Dirceu disse que seu partido não apresentará emendas ao projeto. “A bancada não vai ficar piscando nem dando sinal trocado”, afirmou o deputado ao Estadão. “Podemos dar sugestões, mas com responsabilidade, porque não somos oposição. Não tem cabimento o PT jogar para a plateia.”

Apesar das declarações de Zeca, Lindbergh não se comprometeu a fazer o que o governo quer. Além disso, atacou propostas do Centrão que, no seu diagnóstico, ressuscitam o teto de gastos na prática e inviabilizam a gestão de Lula.

“Do ponto de vista do mercado e de retorno dos investimentos para o Brasil, nossas ideias são positivas, a despeito de o PT e o governo concordarem”, observou, com um sorriso, o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA).

Para piorar o ambiente político, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi dizer que o modelo de privatização da Eletrobras tinha “cheiro ruim de falta de moralidade”. Lula, por sua vez, chamou o processo de “sacanagem”. E quem foi o relator da Medida Provisória sobre a desestatização da Eletrobras? Elmar Nascimento, homem da confiança de Lira e candidato à sua sucessão, em 2025.

Pelo andar da carruagem, há quem diga que, na terceira temporada, o governo Lula não precisa mesmo de inimigos.

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