Os bastidores do Planalto e do Congresso

Opinião|Que saudade do ‘Cala a boca, Maluf’!


Primeiro turno da eleição em São Paulo é marcado por ‘vale-tudo’ e ‘queimada digital’ provocada por Pablo Marçal, candidato do PRTB; ataque atinge não só Guilherme Boulos, do PSOL, mas todo o jogo democrático

Por Vera Rosa
Atualização:

A campanha para a Prefeitura de São Paulo vai ficar marcada como um dos episódios mais tristes e lamentáveis da cena política. Depois de cadeiradas e até soco ao vivo, durante debates nos quais deveriam ser apresentadas propostas para a cidade, o primeiro turno da eleição termina com um golpe baixo do candidato Pablo Marçal (PRTB), que recorreu à “Lei de Gerson” para provocar uma “queimada digital” na última hora.

Mas por que a campanha na capital que antes exibia debates acalorados entre o PT e o PSDB, ou mesmo entre petistas e Paulo Maluf, enveredou por esse caminho?

O que Marçal fez ao apresentar um laudo médico falso para tentar associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas foi muito mais do que um ataque ao adversário. Marçal rachou a direita e atacou o jogo democrático.

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Pablo Marçal (PRTB) apresentou laudo médico falso para atacar Guilherme Boulos (PSOL). Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ao ir para o “vale-tudo”, o influenciador passou por cima da ética, debochou da Justiça e desrespeitou eleitores que tantos sobressaltos vêm sofrendo nos últimos anos.

Durante a primeira rodada do confronto, a campanha em São Paulo se transformou em um ringue de luta livre. Candidatos como Tabata Amaral (PSB) e o próprio Boulos bem que tentaram apresentar ideias nos debates. Mas não houve propriamente debates e, sim, shows de baboseiras, insultos e agressões.

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O prefeito Ricardo Nunes (MDB) passou o tempo querendo mostrar o que fez e ninguém viu. Na outra ponta, Marina Helena (Novo) não disse a que veio, aparecendo em dobradinhas com Marçal para alvejar o que o ex-coach batizou como “consórcio comunista”.

O apresentador José Luiz Datena – que mudou de partido dez vezes até desembarcar no PSDB – admitiu ter entrado na eleição errada. Na UTI política, o PSDB representado por Datena acabou de acabar.

Se assistimos a esse espetáculo de horror em São Paulo, a maior cidade do País, o que estará ocorrendo nos rincões do Brasil?

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O Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Universidade Federal do Rio, identificou 455 casos de agressões contra líderes políticos de janeiro a setembro. Somente de julho até o mês passado foram 15 assassinatos.

O quadro de cores sombrias pode ser reflexo da polarização política, da infiltração do crime organizado nas estruturas do Estado e de muito mais do que supõe a nossa vã filosofia.

Agora, na capital paulista, chegamos ao fim da primeira etapa da campanha sem saber quem ganhará o passaporte para o segundo turno, com Boulos, Nunes e Marçal embolados na liderança.

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E o que podemos esperar do próximo round dessa disputa? Que os candidatos a prefeito entendam de uma vez por todas que, para administrar São Paulo, precisam, antes de tudo, respeitar os seus moradores. E que a Justiça Eleitoral compreenda que o tempo das redes sociais é muito mais veloz e, portanto, suas respostas aos descalabros da campanha precisam ser cada vez mais rápidas.

Diante do caos que vemos hoje, o sonoro “Cala a boca, Maluf!” chega a deixar saudade. Nesta temporada em que cadeiras voam no estúdio, óculos são quebrados por soco e “laudo” com assinatura falsificada de médico morto invade as redes, o pito dado por Marta Suplicy (PT) no adversário Paulo Maluf (PP) durante um debate da Band entre candidatos à Prefeitura, vinte e quatro anos atrás, virou piada de salão.

A campanha para a Prefeitura de São Paulo vai ficar marcada como um dos episódios mais tristes e lamentáveis da cena política. Depois de cadeiradas e até soco ao vivo, durante debates nos quais deveriam ser apresentadas propostas para a cidade, o primeiro turno da eleição termina com um golpe baixo do candidato Pablo Marçal (PRTB), que recorreu à “Lei de Gerson” para provocar uma “queimada digital” na última hora.

Mas por que a campanha na capital que antes exibia debates acalorados entre o PT e o PSDB, ou mesmo entre petistas e Paulo Maluf, enveredou por esse caminho?

O que Marçal fez ao apresentar um laudo médico falso para tentar associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas foi muito mais do que um ataque ao adversário. Marçal rachou a direita e atacou o jogo democrático.

Pablo Marçal (PRTB) apresentou laudo médico falso para atacar Guilherme Boulos (PSOL). Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ao ir para o “vale-tudo”, o influenciador passou por cima da ética, debochou da Justiça e desrespeitou eleitores que tantos sobressaltos vêm sofrendo nos últimos anos.

Durante a primeira rodada do confronto, a campanha em São Paulo se transformou em um ringue de luta livre. Candidatos como Tabata Amaral (PSB) e o próprio Boulos bem que tentaram apresentar ideias nos debates. Mas não houve propriamente debates e, sim, shows de baboseiras, insultos e agressões.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) passou o tempo querendo mostrar o que fez e ninguém viu. Na outra ponta, Marina Helena (Novo) não disse a que veio, aparecendo em dobradinhas com Marçal para alvejar o que o ex-coach batizou como “consórcio comunista”.

O apresentador José Luiz Datena – que mudou de partido dez vezes até desembarcar no PSDB – admitiu ter entrado na eleição errada. Na UTI política, o PSDB representado por Datena acabou de acabar.

Se assistimos a esse espetáculo de horror em São Paulo, a maior cidade do País, o que estará ocorrendo nos rincões do Brasil?

O Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Universidade Federal do Rio, identificou 455 casos de agressões contra líderes políticos de janeiro a setembro. Somente de julho até o mês passado foram 15 assassinatos.

O quadro de cores sombrias pode ser reflexo da polarização política, da infiltração do crime organizado nas estruturas do Estado e de muito mais do que supõe a nossa vã filosofia.

Agora, na capital paulista, chegamos ao fim da primeira etapa da campanha sem saber quem ganhará o passaporte para o segundo turno, com Boulos, Nunes e Marçal embolados na liderança.

E o que podemos esperar do próximo round dessa disputa? Que os candidatos a prefeito entendam de uma vez por todas que, para administrar São Paulo, precisam, antes de tudo, respeitar os seus moradores. E que a Justiça Eleitoral compreenda que o tempo das redes sociais é muito mais veloz e, portanto, suas respostas aos descalabros da campanha precisam ser cada vez mais rápidas.

Diante do caos que vemos hoje, o sonoro “Cala a boca, Maluf!” chega a deixar saudade. Nesta temporada em que cadeiras voam no estúdio, óculos são quebrados por soco e “laudo” com assinatura falsificada de médico morto invade as redes, o pito dado por Marta Suplicy (PT) no adversário Paulo Maluf (PP) durante um debate da Band entre candidatos à Prefeitura, vinte e quatro anos atrás, virou piada de salão.

A campanha para a Prefeitura de São Paulo vai ficar marcada como um dos episódios mais tristes e lamentáveis da cena política. Depois de cadeiradas e até soco ao vivo, durante debates nos quais deveriam ser apresentadas propostas para a cidade, o primeiro turno da eleição termina com um golpe baixo do candidato Pablo Marçal (PRTB), que recorreu à “Lei de Gerson” para provocar uma “queimada digital” na última hora.

Mas por que a campanha na capital que antes exibia debates acalorados entre o PT e o PSDB, ou mesmo entre petistas e Paulo Maluf, enveredou por esse caminho?

O que Marçal fez ao apresentar um laudo médico falso para tentar associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas foi muito mais do que um ataque ao adversário. Marçal rachou a direita e atacou o jogo democrático.

Pablo Marçal (PRTB) apresentou laudo médico falso para atacar Guilherme Boulos (PSOL). Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ao ir para o “vale-tudo”, o influenciador passou por cima da ética, debochou da Justiça e desrespeitou eleitores que tantos sobressaltos vêm sofrendo nos últimos anos.

Durante a primeira rodada do confronto, a campanha em São Paulo se transformou em um ringue de luta livre. Candidatos como Tabata Amaral (PSB) e o próprio Boulos bem que tentaram apresentar ideias nos debates. Mas não houve propriamente debates e, sim, shows de baboseiras, insultos e agressões.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) passou o tempo querendo mostrar o que fez e ninguém viu. Na outra ponta, Marina Helena (Novo) não disse a que veio, aparecendo em dobradinhas com Marçal para alvejar o que o ex-coach batizou como “consórcio comunista”.

O apresentador José Luiz Datena – que mudou de partido dez vezes até desembarcar no PSDB – admitiu ter entrado na eleição errada. Na UTI política, o PSDB representado por Datena acabou de acabar.

Se assistimos a esse espetáculo de horror em São Paulo, a maior cidade do País, o que estará ocorrendo nos rincões do Brasil?

O Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Universidade Federal do Rio, identificou 455 casos de agressões contra líderes políticos de janeiro a setembro. Somente de julho até o mês passado foram 15 assassinatos.

O quadro de cores sombrias pode ser reflexo da polarização política, da infiltração do crime organizado nas estruturas do Estado e de muito mais do que supõe a nossa vã filosofia.

Agora, na capital paulista, chegamos ao fim da primeira etapa da campanha sem saber quem ganhará o passaporte para o segundo turno, com Boulos, Nunes e Marçal embolados na liderança.

E o que podemos esperar do próximo round dessa disputa? Que os candidatos a prefeito entendam de uma vez por todas que, para administrar São Paulo, precisam, antes de tudo, respeitar os seus moradores. E que a Justiça Eleitoral compreenda que o tempo das redes sociais é muito mais veloz e, portanto, suas respostas aos descalabros da campanha precisam ser cada vez mais rápidas.

Diante do caos que vemos hoje, o sonoro “Cala a boca, Maluf!” chega a deixar saudade. Nesta temporada em que cadeiras voam no estúdio, óculos são quebrados por soco e “laudo” com assinatura falsificada de médico morto invade as redes, o pito dado por Marta Suplicy (PT) no adversário Paulo Maluf (PP) durante um debate da Band entre candidatos à Prefeitura, vinte e quatro anos atrás, virou piada de salão.

Opinião por Vera Rosa

Repórter especial do ‘Estadão’. Na Sucursal de Brasília desde 2003, sempre cobrindo Planalto e Congresso. É jornalista formada pela PUC-SP. Escreve às quartas-feiras

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