Os bastidores do Planalto e do Congresso

Articulação política do governo falha e sete ministros são chamados a depor no Congresso


Sete deles foram chamados a dar explicações sobre suas pastas nesta semana, numa ofensiva que tem o objetivo de fustigar o Planalto e mandar recados para Lula

Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA -Uma romaria de ministros irá ao Congresso, nesta semana, para ser “sabatinada” em comissões. Em mais um capítulo da pressão sobre o Palácio do Planalto, deputados e senadores conseguiram aprovar requerimentos para que sete ministros compareçam à Câmara e ao Senado. O movimento expõe, mais uma vez, a fragilidade na articulação política do governo.

Sem maioria no Congresso, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda contam com a infidelidade de partidos que controlam ministérios, como o União Brasil e, em tese, deveriam barrar iniciativas propostas apenas para constranger o governo.

Na fila dos auxiliares de Lula chamados para ficar horas em comissões da Câmara, nesta semana, estão Marina Silva (Meio Ambiente), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e o general Marcos Antonio Amaro (Gabinete de Segurança Institucional).

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Marina Silva, Paulo Pimenta, Mauro Vieira e Silvio Almeida; ministros de Lula na mira do Congresso Foto: Wilton Júnior/Estadão, Pedro França/Agência Senado e Salvatore Di Nolfi/EFE

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, participou nesta terça-feira, 23, de audiência no Senado sobre cobertura de telefonia celular e internet 5G no País. Juscelino passou a ser investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência por ter usado avião da Força Aérea Brasileira (FAB), em janeiro, para visitar leilões de cavalos, como revelou o Estadão. Já Alexandre Silveira (Minas e Energia), que enfrenta uma queda de braço com Marina sobre a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, comparecerá ao Senado nesta quarta, 24.

Chamadas sob pretexto de discutir os planos de cada ministério, essas audiências acabam se transformando na chance de ouro para a oposição fustigar Lula e o governo, além de virarem palanque digital para adversários do PT.

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Muitos aliados do governo, porém, aderem ao movimento para passar um recado ao Planalto. Embora o presidente tenha mandado pagar R$ 10 bilhões em emendas parlamentares do antigo orçamento secreto de Jair Bolsonaro, deputados dizem que não estão recebendo nada. Além disso, a disputa por cargos nos Estados, principalmente com o PT, continua a todo vapor.

Rédeas

A decisão de Lula de assumir as rédeas da articulação política começou com a ordem para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, destravar emendas e cargos. Lula decidiu, porém, adiar sua participação nas reuniões com presidentes de partidos e líderes. Foi aconselhado a só aparecer quando as coisas estiverem mais encaminhadas.

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Não são poucos os que reclamam, ainda, de não serem atendidos pelo ministro da Casa Civil. Conhecido como “Rui Correria”, Costa até hoje bate cabeça com o chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Recentemente, um deputado do PT ligou para Costa e disse o seguinte: “Você prefere receber por 15 minutos um parlamentar ou ter de ficar cinco horas aqui na Câmara dando explicações sobre por que o governo acabou com a Funasa?”

Depois de muitas idas e vindas, o ministro recebeu Danilo Forte (União Brasil-CE), que tenta por todo jeito manter a Funasa na estrutura do governo. Forte, no entanto, foi mais um dos que levaram chá de cadeira. Para conseguir falar com Costa, teve de ir ao Planalto duas vezes.

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“O problema é que a gente está na velocidade digital e o governo, no analógico”, disse o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), repetindo uma frase do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), expoente do Centrão. “O arcabouço fiscal vai passar, mas o governo tende a sofrer revés em outras votações. Sem cumprimento de acordo e com as coisas saindo a conta-gotas, a temperatura vai aumentando”, previu.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, lidera a lista de requerimentos para depor no Congresso. Foi chamado 63 vezes e até agora já compareceu em três ocasiões na Câmara e uma no Senado. No último dia 9, por exemplo, bateu boca com os senadores Sérgio Moro (União Brasil-PR), Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES).

“Não precisa o senhor ir para a porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet. Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? Homem-Aranha? Então, é assim que a gente faz o debate democrático”, provocou Dino. A frase rendeu vários memes nas redes sociais.

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Rui Costa também coleciona pedidos para se explicar ao Congresso. No último dia 11, o deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) protocolou um deles, requerendo a convocação de Costa no plenário da Câmara. Mendonça Filho quer que o ministro esclareça onde está o “cheiro ruim, de falta de moralidade” na privatização da Eletrobras.

O chefe da Casa Civil usou essa expressão, há poucos dias, numa referência ao processo de desestatização da companhia. Detalhe: o relator da Medida Provisória da Eletrobras foi Elmar Nascimento, o líder do União Brasil, partido que tem três ministérios no governo (Comunicações, Turismo e Integração), mas diz ser “independente” do Planalto.

“Quero saber onde está esse cheiro ruim. Um ministro precisa ter responsabilidade com o que fala”, insistiu Mendonça Filho.

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O requerimento de convocação de Costa, agora, está sobre a mesa de Arthur Lira, que tanto pode segurá-lo como submeter o assunto para votação do plenário. Na prática, é mais uma arma que Lira tem nas mãos para pressionar o Planalto.

BRASÍLIA -Uma romaria de ministros irá ao Congresso, nesta semana, para ser “sabatinada” em comissões. Em mais um capítulo da pressão sobre o Palácio do Planalto, deputados e senadores conseguiram aprovar requerimentos para que sete ministros compareçam à Câmara e ao Senado. O movimento expõe, mais uma vez, a fragilidade na articulação política do governo.

Sem maioria no Congresso, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda contam com a infidelidade de partidos que controlam ministérios, como o União Brasil e, em tese, deveriam barrar iniciativas propostas apenas para constranger o governo.

Na fila dos auxiliares de Lula chamados para ficar horas em comissões da Câmara, nesta semana, estão Marina Silva (Meio Ambiente), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e o general Marcos Antonio Amaro (Gabinete de Segurança Institucional).

Marina Silva, Paulo Pimenta, Mauro Vieira e Silvio Almeida; ministros de Lula na mira do Congresso Foto: Wilton Júnior/Estadão, Pedro França/Agência Senado e Salvatore Di Nolfi/EFE

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, participou nesta terça-feira, 23, de audiência no Senado sobre cobertura de telefonia celular e internet 5G no País. Juscelino passou a ser investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência por ter usado avião da Força Aérea Brasileira (FAB), em janeiro, para visitar leilões de cavalos, como revelou o Estadão. Já Alexandre Silveira (Minas e Energia), que enfrenta uma queda de braço com Marina sobre a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, comparecerá ao Senado nesta quarta, 24.

Chamadas sob pretexto de discutir os planos de cada ministério, essas audiências acabam se transformando na chance de ouro para a oposição fustigar Lula e o governo, além de virarem palanque digital para adversários do PT.

Muitos aliados do governo, porém, aderem ao movimento para passar um recado ao Planalto. Embora o presidente tenha mandado pagar R$ 10 bilhões em emendas parlamentares do antigo orçamento secreto de Jair Bolsonaro, deputados dizem que não estão recebendo nada. Além disso, a disputa por cargos nos Estados, principalmente com o PT, continua a todo vapor.

Rédeas

A decisão de Lula de assumir as rédeas da articulação política começou com a ordem para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, destravar emendas e cargos. Lula decidiu, porém, adiar sua participação nas reuniões com presidentes de partidos e líderes. Foi aconselhado a só aparecer quando as coisas estiverem mais encaminhadas.

Não são poucos os que reclamam, ainda, de não serem atendidos pelo ministro da Casa Civil. Conhecido como “Rui Correria”, Costa até hoje bate cabeça com o chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Recentemente, um deputado do PT ligou para Costa e disse o seguinte: “Você prefere receber por 15 minutos um parlamentar ou ter de ficar cinco horas aqui na Câmara dando explicações sobre por que o governo acabou com a Funasa?”

Depois de muitas idas e vindas, o ministro recebeu Danilo Forte (União Brasil-CE), que tenta por todo jeito manter a Funasa na estrutura do governo. Forte, no entanto, foi mais um dos que levaram chá de cadeira. Para conseguir falar com Costa, teve de ir ao Planalto duas vezes.

“O problema é que a gente está na velocidade digital e o governo, no analógico”, disse o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), repetindo uma frase do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), expoente do Centrão. “O arcabouço fiscal vai passar, mas o governo tende a sofrer revés em outras votações. Sem cumprimento de acordo e com as coisas saindo a conta-gotas, a temperatura vai aumentando”, previu.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, lidera a lista de requerimentos para depor no Congresso. Foi chamado 63 vezes e até agora já compareceu em três ocasiões na Câmara e uma no Senado. No último dia 9, por exemplo, bateu boca com os senadores Sérgio Moro (União Brasil-PR), Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES).

“Não precisa o senhor ir para a porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet. Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? Homem-Aranha? Então, é assim que a gente faz o debate democrático”, provocou Dino. A frase rendeu vários memes nas redes sociais.

Rui Costa também coleciona pedidos para se explicar ao Congresso. No último dia 11, o deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) protocolou um deles, requerendo a convocação de Costa no plenário da Câmara. Mendonça Filho quer que o ministro esclareça onde está o “cheiro ruim, de falta de moralidade” na privatização da Eletrobras.

O chefe da Casa Civil usou essa expressão, há poucos dias, numa referência ao processo de desestatização da companhia. Detalhe: o relator da Medida Provisória da Eletrobras foi Elmar Nascimento, o líder do União Brasil, partido que tem três ministérios no governo (Comunicações, Turismo e Integração), mas diz ser “independente” do Planalto.

“Quero saber onde está esse cheiro ruim. Um ministro precisa ter responsabilidade com o que fala”, insistiu Mendonça Filho.

O requerimento de convocação de Costa, agora, está sobre a mesa de Arthur Lira, que tanto pode segurá-lo como submeter o assunto para votação do plenário. Na prática, é mais uma arma que Lira tem nas mãos para pressionar o Planalto.

BRASÍLIA -Uma romaria de ministros irá ao Congresso, nesta semana, para ser “sabatinada” em comissões. Em mais um capítulo da pressão sobre o Palácio do Planalto, deputados e senadores conseguiram aprovar requerimentos para que sete ministros compareçam à Câmara e ao Senado. O movimento expõe, mais uma vez, a fragilidade na articulação política do governo.

Sem maioria no Congresso, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda contam com a infidelidade de partidos que controlam ministérios, como o União Brasil e, em tese, deveriam barrar iniciativas propostas apenas para constranger o governo.

Na fila dos auxiliares de Lula chamados para ficar horas em comissões da Câmara, nesta semana, estão Marina Silva (Meio Ambiente), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e o general Marcos Antonio Amaro (Gabinete de Segurança Institucional).

Marina Silva, Paulo Pimenta, Mauro Vieira e Silvio Almeida; ministros de Lula na mira do Congresso Foto: Wilton Júnior/Estadão, Pedro França/Agência Senado e Salvatore Di Nolfi/EFE

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, participou nesta terça-feira, 23, de audiência no Senado sobre cobertura de telefonia celular e internet 5G no País. Juscelino passou a ser investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência por ter usado avião da Força Aérea Brasileira (FAB), em janeiro, para visitar leilões de cavalos, como revelou o Estadão. Já Alexandre Silveira (Minas e Energia), que enfrenta uma queda de braço com Marina sobre a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, comparecerá ao Senado nesta quarta, 24.

Chamadas sob pretexto de discutir os planos de cada ministério, essas audiências acabam se transformando na chance de ouro para a oposição fustigar Lula e o governo, além de virarem palanque digital para adversários do PT.

Muitos aliados do governo, porém, aderem ao movimento para passar um recado ao Planalto. Embora o presidente tenha mandado pagar R$ 10 bilhões em emendas parlamentares do antigo orçamento secreto de Jair Bolsonaro, deputados dizem que não estão recebendo nada. Além disso, a disputa por cargos nos Estados, principalmente com o PT, continua a todo vapor.

Rédeas

A decisão de Lula de assumir as rédeas da articulação política começou com a ordem para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, destravar emendas e cargos. Lula decidiu, porém, adiar sua participação nas reuniões com presidentes de partidos e líderes. Foi aconselhado a só aparecer quando as coisas estiverem mais encaminhadas.

Não são poucos os que reclamam, ainda, de não serem atendidos pelo ministro da Casa Civil. Conhecido como “Rui Correria”, Costa até hoje bate cabeça com o chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Recentemente, um deputado do PT ligou para Costa e disse o seguinte: “Você prefere receber por 15 minutos um parlamentar ou ter de ficar cinco horas aqui na Câmara dando explicações sobre por que o governo acabou com a Funasa?”

Depois de muitas idas e vindas, o ministro recebeu Danilo Forte (União Brasil-CE), que tenta por todo jeito manter a Funasa na estrutura do governo. Forte, no entanto, foi mais um dos que levaram chá de cadeira. Para conseguir falar com Costa, teve de ir ao Planalto duas vezes.

“O problema é que a gente está na velocidade digital e o governo, no analógico”, disse o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), repetindo uma frase do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), expoente do Centrão. “O arcabouço fiscal vai passar, mas o governo tende a sofrer revés em outras votações. Sem cumprimento de acordo e com as coisas saindo a conta-gotas, a temperatura vai aumentando”, previu.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, lidera a lista de requerimentos para depor no Congresso. Foi chamado 63 vezes e até agora já compareceu em três ocasiões na Câmara e uma no Senado. No último dia 9, por exemplo, bateu boca com os senadores Sérgio Moro (União Brasil-PR), Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES).

“Não precisa o senhor ir para a porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet. Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? Homem-Aranha? Então, é assim que a gente faz o debate democrático”, provocou Dino. A frase rendeu vários memes nas redes sociais.

Rui Costa também coleciona pedidos para se explicar ao Congresso. No último dia 11, o deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) protocolou um deles, requerendo a convocação de Costa no plenário da Câmara. Mendonça Filho quer que o ministro esclareça onde está o “cheiro ruim, de falta de moralidade” na privatização da Eletrobras.

O chefe da Casa Civil usou essa expressão, há poucos dias, numa referência ao processo de desestatização da companhia. Detalhe: o relator da Medida Provisória da Eletrobras foi Elmar Nascimento, o líder do União Brasil, partido que tem três ministérios no governo (Comunicações, Turismo e Integração), mas diz ser “independente” do Planalto.

“Quero saber onde está esse cheiro ruim. Um ministro precisa ter responsabilidade com o que fala”, insistiu Mendonça Filho.

O requerimento de convocação de Costa, agora, está sobre a mesa de Arthur Lira, que tanto pode segurá-lo como submeter o assunto para votação do plenário. Na prática, é mais uma arma que Lira tem nas mãos para pressionar o Planalto.

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