Os bastidores do Planalto e do Congresso

‘Vou apoiar Lula. O segundo turno já começou’, diz Aloysio Nunes, da velha guarda do PSDB


Ex-ministro não vê chance em candidatura de João Doria e afirma que o partido não pode perder mais tempo com “espertezas políticas” diante de situação “catastrófica”

Por Vera Rosa
Atualização:

O ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira está convencido de que não existe espaço para a terceira via nas eleições e vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da disputa ao Planalto. Integrante da velha guarda do PSDB, Aloysio avalia que o ex-governador de São Paulo João Doria não tem como emplacar sua pré-candidatura e já foi rifado pelo partido.

Sob o argumento de que estamos diante de “uma situação catastrófica”, o ex-ministro das Relações Exteriores no governo de Michel Temer e da Justiça na gestão de Fernando Henrique Cardoso vai além: diz ser preciso criar um amplo movimento em torno de Lula, desde já, para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, afirmou Aloysio. “Não existe essa terceira via. Só existem duas: a da democracia e a do fascismo. Se quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que vamos fazer juntos”, insistiu o ex-ministro.

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O tucano Aloysio Nunes Ferreira afirma que "não existe terceira via": "Só existem duas: a da democracia e do fascismo". Foto: Taba Benedicto/Estadão

Diante do isolamento de Doria, a tendência de tucanos históricos, como José Aníbal e Arthur Virgílio, por exemplo, é aderir à campanha de Lula. A expectativa é em relação ao momento em que o ex-presidente Fernando Henrique seguirá o mesmo caminho.

Aloysio puxou a fila, mas FHC - que no ano passado se reuniu com Lula - tem repetido que só estará com o petista caso Doria não vá para o segundo turno. Até hoje, no entanto, após muitas brigas, idas e vindas, não se sabe nem mesmo se o ex-governador conseguirá ser candidato.

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Em conversas reservadas, Lula já disse que, se for eleito, pretende chamar expoentes do PSDB para compor o governo e ocupar ministérios. O Estadão apurou que o nome de Aloysio está na lista, mas ele diz nunca ter tratado do assunto.

Na prática, o primeiro sinal de que o ex-presidente planeja atrair integrantes do PSDB foi dado quando ele convidou o ex-governador Geraldo Alckmin para vice. Depois de muitas críticas por se aliar a um antigo adversário, Alckmin se filiou ao PSB e, tirando proveito de seu apelido, até batizou a chapa de “Lula com Chuchu”.

Mesmo sem avançar casas no jogo, porém, Doria é o pré-candidato aprovado nas prévias do PSDB, que custaram R$ 12 milhões, em novembro. Venceu Virgílio e o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. Está claro, no entanto, que o comando do partido não sabe o que fazer com ele.

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Agora, o PSDB, o MDB e o Cidadania decidiram promover uma rodada de pesquisas para verificar quem tem mais viabilidade eleitoral, se Doria ou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). O União Brasil deixou o grupo, que se autointitula “centro democrático”, e lançou a candidatura de Luciano Bivar. No mercado da política, a indicação é vista como chamariz para negociar vantagens à legenda, que tem o maior tempo de TV para oferecer como dote no horário eleitoral, além de R$ 1 bilhão em recursos públicos.

Ciro Gomes (PDT), por sua vez, corre em raia própria e faz acenos a Tebet para que ela seja vice em sua chapa. A proposta não tem eco. Ninguém nesse jogo aceita ser vice e tudo parece caminhar para Tebet, e não Doria, vencer o “paredão” que escolherá o desafiante da terceira via.

“Tenho muito carinho pela Simone, mas vamos fazer campanha para ela no primeiro turno para quê?”, provocou Aloysio, que foi do MDB por muitos anos. “O PSDB precisa parar de perder tempo com essas espertezas políticas”, completou, numa referência às últimas manobras da cúpula tucana.

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Na avaliação do ex-chanceler, hoje presidente da SP Negócios, a cúpula do partido fecha o cerco a Doria para fazê-lo desistir. Só que “João”, como o ex-governador é chamado na propaganda do PSDB, promete recorrer até mesmo à Justiça, se for impedido de concorrer.

Há também outro fator que alimenta a crise nas fileiras tucanas. Boa parte do PSDB apoia Bolsonaro, mas, por não ter condições de assumir o namoro em público, prefere que o partido libere os palanques. No mais importante deles, em São Paulo - Estado comandado pelo PSDB desde 1995 -, o governador Rodrigo Garcia foge do alto índice de rejeição de Doria. Garcia tem o apoio de Aloysio, que foi convidado para retornar ao MDB e ser seu vice, mas recusou.

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“Chegou-se a esse dilema no PSDB porque o partido não tem unidade interna para lançar um candidato a presidente da República. Num período de grande turbulência e exacerbação de Bolsonaro, não foi capaz de dar nenhum sinal claro para o eleitorado. Então, desapareceu no cenário político. Sumiu”, constatou Aloysio, que está no PSDB há 25 anos.

O diagnóstico foi feito pelo ex-ministro quando a conversa girava em torno das acirradas disputas entre o PT e o PSDB, que marcaram a vida política brasileira após a redemocratização. Vice na chapa de Aécio Neves, em 2014, Aloysio lembrou que, à época, o segundo turno só ficou evidente quando o então senador tucano ultrapassou Marina Silva na disputa com a presidente Dilma Rousseff.

Aécio foi derrotado e hoje é o principal rival de Doria. Dizem que o PSDB não sobreviverá nessa ambiguidade, mas o fato é que, qualquer que seja o desfecho das eleições, o racha no partido vai continuar. Só que, na atual fase do jogo, o relógio anda mais rápido.

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O ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira está convencido de que não existe espaço para a terceira via nas eleições e vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da disputa ao Planalto. Integrante da velha guarda do PSDB, Aloysio avalia que o ex-governador de São Paulo João Doria não tem como emplacar sua pré-candidatura e já foi rifado pelo partido.

Sob o argumento de que estamos diante de “uma situação catastrófica”, o ex-ministro das Relações Exteriores no governo de Michel Temer e da Justiça na gestão de Fernando Henrique Cardoso vai além: diz ser preciso criar um amplo movimento em torno de Lula, desde já, para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, afirmou Aloysio. “Não existe essa terceira via. Só existem duas: a da democracia e a do fascismo. Se quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que vamos fazer juntos”, insistiu o ex-ministro.

O tucano Aloysio Nunes Ferreira afirma que "não existe terceira via": "Só existem duas: a da democracia e do fascismo". Foto: Taba Benedicto/Estadão

Diante do isolamento de Doria, a tendência de tucanos históricos, como José Aníbal e Arthur Virgílio, por exemplo, é aderir à campanha de Lula. A expectativa é em relação ao momento em que o ex-presidente Fernando Henrique seguirá o mesmo caminho.

Aloysio puxou a fila, mas FHC - que no ano passado se reuniu com Lula - tem repetido que só estará com o petista caso Doria não vá para o segundo turno. Até hoje, no entanto, após muitas brigas, idas e vindas, não se sabe nem mesmo se o ex-governador conseguirá ser candidato.

Em conversas reservadas, Lula já disse que, se for eleito, pretende chamar expoentes do PSDB para compor o governo e ocupar ministérios. O Estadão apurou que o nome de Aloysio está na lista, mas ele diz nunca ter tratado do assunto.

Na prática, o primeiro sinal de que o ex-presidente planeja atrair integrantes do PSDB foi dado quando ele convidou o ex-governador Geraldo Alckmin para vice. Depois de muitas críticas por se aliar a um antigo adversário, Alckmin se filiou ao PSB e, tirando proveito de seu apelido, até batizou a chapa de “Lula com Chuchu”.

Mesmo sem avançar casas no jogo, porém, Doria é o pré-candidato aprovado nas prévias do PSDB, que custaram R$ 12 milhões, em novembro. Venceu Virgílio e o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. Está claro, no entanto, que o comando do partido não sabe o que fazer com ele.

Agora, o PSDB, o MDB e o Cidadania decidiram promover uma rodada de pesquisas para verificar quem tem mais viabilidade eleitoral, se Doria ou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). O União Brasil deixou o grupo, que se autointitula “centro democrático”, e lançou a candidatura de Luciano Bivar. No mercado da política, a indicação é vista como chamariz para negociar vantagens à legenda, que tem o maior tempo de TV para oferecer como dote no horário eleitoral, além de R$ 1 bilhão em recursos públicos.

Ciro Gomes (PDT), por sua vez, corre em raia própria e faz acenos a Tebet para que ela seja vice em sua chapa. A proposta não tem eco. Ninguém nesse jogo aceita ser vice e tudo parece caminhar para Tebet, e não Doria, vencer o “paredão” que escolherá o desafiante da terceira via.

“Tenho muito carinho pela Simone, mas vamos fazer campanha para ela no primeiro turno para quê?”, provocou Aloysio, que foi do MDB por muitos anos. “O PSDB precisa parar de perder tempo com essas espertezas políticas”, completou, numa referência às últimas manobras da cúpula tucana.

Na avaliação do ex-chanceler, hoje presidente da SP Negócios, a cúpula do partido fecha o cerco a Doria para fazê-lo desistir. Só que “João”, como o ex-governador é chamado na propaganda do PSDB, promete recorrer até mesmo à Justiça, se for impedido de concorrer.

Há também outro fator que alimenta a crise nas fileiras tucanas. Boa parte do PSDB apoia Bolsonaro, mas, por não ter condições de assumir o namoro em público, prefere que o partido libere os palanques. No mais importante deles, em São Paulo - Estado comandado pelo PSDB desde 1995 -, o governador Rodrigo Garcia foge do alto índice de rejeição de Doria. Garcia tem o apoio de Aloysio, que foi convidado para retornar ao MDB e ser seu vice, mas recusou.

“Chegou-se a esse dilema no PSDB porque o partido não tem unidade interna para lançar um candidato a presidente da República. Num período de grande turbulência e exacerbação de Bolsonaro, não foi capaz de dar nenhum sinal claro para o eleitorado. Então, desapareceu no cenário político. Sumiu”, constatou Aloysio, que está no PSDB há 25 anos.

O diagnóstico foi feito pelo ex-ministro quando a conversa girava em torno das acirradas disputas entre o PT e o PSDB, que marcaram a vida política brasileira após a redemocratização. Vice na chapa de Aécio Neves, em 2014, Aloysio lembrou que, à época, o segundo turno só ficou evidente quando o então senador tucano ultrapassou Marina Silva na disputa com a presidente Dilma Rousseff.

Aécio foi derrotado e hoje é o principal rival de Doria. Dizem que o PSDB não sobreviverá nessa ambiguidade, mas o fato é que, qualquer que seja o desfecho das eleições, o racha no partido vai continuar. Só que, na atual fase do jogo, o relógio anda mais rápido.

O ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira está convencido de que não existe espaço para a terceira via nas eleições e vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da disputa ao Planalto. Integrante da velha guarda do PSDB, Aloysio avalia que o ex-governador de São Paulo João Doria não tem como emplacar sua pré-candidatura e já foi rifado pelo partido.

Sob o argumento de que estamos diante de “uma situação catastrófica”, o ex-ministro das Relações Exteriores no governo de Michel Temer e da Justiça na gestão de Fernando Henrique Cardoso vai além: diz ser preciso criar um amplo movimento em torno de Lula, desde já, para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, afirmou Aloysio. “Não existe essa terceira via. Só existem duas: a da democracia e a do fascismo. Se quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que vamos fazer juntos”, insistiu o ex-ministro.

O tucano Aloysio Nunes Ferreira afirma que "não existe terceira via": "Só existem duas: a da democracia e do fascismo". Foto: Taba Benedicto/Estadão

Diante do isolamento de Doria, a tendência de tucanos históricos, como José Aníbal e Arthur Virgílio, por exemplo, é aderir à campanha de Lula. A expectativa é em relação ao momento em que o ex-presidente Fernando Henrique seguirá o mesmo caminho.

Aloysio puxou a fila, mas FHC - que no ano passado se reuniu com Lula - tem repetido que só estará com o petista caso Doria não vá para o segundo turno. Até hoje, no entanto, após muitas brigas, idas e vindas, não se sabe nem mesmo se o ex-governador conseguirá ser candidato.

Em conversas reservadas, Lula já disse que, se for eleito, pretende chamar expoentes do PSDB para compor o governo e ocupar ministérios. O Estadão apurou que o nome de Aloysio está na lista, mas ele diz nunca ter tratado do assunto.

Na prática, o primeiro sinal de que o ex-presidente planeja atrair integrantes do PSDB foi dado quando ele convidou o ex-governador Geraldo Alckmin para vice. Depois de muitas críticas por se aliar a um antigo adversário, Alckmin se filiou ao PSB e, tirando proveito de seu apelido, até batizou a chapa de “Lula com Chuchu”.

Mesmo sem avançar casas no jogo, porém, Doria é o pré-candidato aprovado nas prévias do PSDB, que custaram R$ 12 milhões, em novembro. Venceu Virgílio e o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. Está claro, no entanto, que o comando do partido não sabe o que fazer com ele.

Agora, o PSDB, o MDB e o Cidadania decidiram promover uma rodada de pesquisas para verificar quem tem mais viabilidade eleitoral, se Doria ou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). O União Brasil deixou o grupo, que se autointitula “centro democrático”, e lançou a candidatura de Luciano Bivar. No mercado da política, a indicação é vista como chamariz para negociar vantagens à legenda, que tem o maior tempo de TV para oferecer como dote no horário eleitoral, além de R$ 1 bilhão em recursos públicos.

Ciro Gomes (PDT), por sua vez, corre em raia própria e faz acenos a Tebet para que ela seja vice em sua chapa. A proposta não tem eco. Ninguém nesse jogo aceita ser vice e tudo parece caminhar para Tebet, e não Doria, vencer o “paredão” que escolherá o desafiante da terceira via.

“Tenho muito carinho pela Simone, mas vamos fazer campanha para ela no primeiro turno para quê?”, provocou Aloysio, que foi do MDB por muitos anos. “O PSDB precisa parar de perder tempo com essas espertezas políticas”, completou, numa referência às últimas manobras da cúpula tucana.

Na avaliação do ex-chanceler, hoje presidente da SP Negócios, a cúpula do partido fecha o cerco a Doria para fazê-lo desistir. Só que “João”, como o ex-governador é chamado na propaganda do PSDB, promete recorrer até mesmo à Justiça, se for impedido de concorrer.

Há também outro fator que alimenta a crise nas fileiras tucanas. Boa parte do PSDB apoia Bolsonaro, mas, por não ter condições de assumir o namoro em público, prefere que o partido libere os palanques. No mais importante deles, em São Paulo - Estado comandado pelo PSDB desde 1995 -, o governador Rodrigo Garcia foge do alto índice de rejeição de Doria. Garcia tem o apoio de Aloysio, que foi convidado para retornar ao MDB e ser seu vice, mas recusou.

“Chegou-se a esse dilema no PSDB porque o partido não tem unidade interna para lançar um candidato a presidente da República. Num período de grande turbulência e exacerbação de Bolsonaro, não foi capaz de dar nenhum sinal claro para o eleitorado. Então, desapareceu no cenário político. Sumiu”, constatou Aloysio, que está no PSDB há 25 anos.

O diagnóstico foi feito pelo ex-ministro quando a conversa girava em torno das acirradas disputas entre o PT e o PSDB, que marcaram a vida política brasileira após a redemocratização. Vice na chapa de Aécio Neves, em 2014, Aloysio lembrou que, à época, o segundo turno só ficou evidente quando o então senador tucano ultrapassou Marina Silva na disputa com a presidente Dilma Rousseff.

Aécio foi derrotado e hoje é o principal rival de Doria. Dizem que o PSDB não sobreviverá nessa ambiguidade, mas o fato é que, qualquer que seja o desfecho das eleições, o racha no partido vai continuar. Só que, na atual fase do jogo, o relógio anda mais rápido.

O ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira está convencido de que não existe espaço para a terceira via nas eleições e vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da disputa ao Planalto. Integrante da velha guarda do PSDB, Aloysio avalia que o ex-governador de São Paulo João Doria não tem como emplacar sua pré-candidatura e já foi rifado pelo partido.

Sob o argumento de que estamos diante de “uma situação catastrófica”, o ex-ministro das Relações Exteriores no governo de Michel Temer e da Justiça na gestão de Fernando Henrique Cardoso vai além: diz ser preciso criar um amplo movimento em torno de Lula, desde já, para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, afirmou Aloysio. “Não existe essa terceira via. Só existem duas: a da democracia e a do fascismo. Se quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que vamos fazer juntos”, insistiu o ex-ministro.

O tucano Aloysio Nunes Ferreira afirma que "não existe terceira via": "Só existem duas: a da democracia e do fascismo". Foto: Taba Benedicto/Estadão

Diante do isolamento de Doria, a tendência de tucanos históricos, como José Aníbal e Arthur Virgílio, por exemplo, é aderir à campanha de Lula. A expectativa é em relação ao momento em que o ex-presidente Fernando Henrique seguirá o mesmo caminho.

Aloysio puxou a fila, mas FHC - que no ano passado se reuniu com Lula - tem repetido que só estará com o petista caso Doria não vá para o segundo turno. Até hoje, no entanto, após muitas brigas, idas e vindas, não se sabe nem mesmo se o ex-governador conseguirá ser candidato.

Em conversas reservadas, Lula já disse que, se for eleito, pretende chamar expoentes do PSDB para compor o governo e ocupar ministérios. O Estadão apurou que o nome de Aloysio está na lista, mas ele diz nunca ter tratado do assunto.

Na prática, o primeiro sinal de que o ex-presidente planeja atrair integrantes do PSDB foi dado quando ele convidou o ex-governador Geraldo Alckmin para vice. Depois de muitas críticas por se aliar a um antigo adversário, Alckmin se filiou ao PSB e, tirando proveito de seu apelido, até batizou a chapa de “Lula com Chuchu”.

Mesmo sem avançar casas no jogo, porém, Doria é o pré-candidato aprovado nas prévias do PSDB, que custaram R$ 12 milhões, em novembro. Venceu Virgílio e o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. Está claro, no entanto, que o comando do partido não sabe o que fazer com ele.

Agora, o PSDB, o MDB e o Cidadania decidiram promover uma rodada de pesquisas para verificar quem tem mais viabilidade eleitoral, se Doria ou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). O União Brasil deixou o grupo, que se autointitula “centro democrático”, e lançou a candidatura de Luciano Bivar. No mercado da política, a indicação é vista como chamariz para negociar vantagens à legenda, que tem o maior tempo de TV para oferecer como dote no horário eleitoral, além de R$ 1 bilhão em recursos públicos.

Ciro Gomes (PDT), por sua vez, corre em raia própria e faz acenos a Tebet para que ela seja vice em sua chapa. A proposta não tem eco. Ninguém nesse jogo aceita ser vice e tudo parece caminhar para Tebet, e não Doria, vencer o “paredão” que escolherá o desafiante da terceira via.

“Tenho muito carinho pela Simone, mas vamos fazer campanha para ela no primeiro turno para quê?”, provocou Aloysio, que foi do MDB por muitos anos. “O PSDB precisa parar de perder tempo com essas espertezas políticas”, completou, numa referência às últimas manobras da cúpula tucana.

Na avaliação do ex-chanceler, hoje presidente da SP Negócios, a cúpula do partido fecha o cerco a Doria para fazê-lo desistir. Só que “João”, como o ex-governador é chamado na propaganda do PSDB, promete recorrer até mesmo à Justiça, se for impedido de concorrer.

Há também outro fator que alimenta a crise nas fileiras tucanas. Boa parte do PSDB apoia Bolsonaro, mas, por não ter condições de assumir o namoro em público, prefere que o partido libere os palanques. No mais importante deles, em São Paulo - Estado comandado pelo PSDB desde 1995 -, o governador Rodrigo Garcia foge do alto índice de rejeição de Doria. Garcia tem o apoio de Aloysio, que foi convidado para retornar ao MDB e ser seu vice, mas recusou.

“Chegou-se a esse dilema no PSDB porque o partido não tem unidade interna para lançar um candidato a presidente da República. Num período de grande turbulência e exacerbação de Bolsonaro, não foi capaz de dar nenhum sinal claro para o eleitorado. Então, desapareceu no cenário político. Sumiu”, constatou Aloysio, que está no PSDB há 25 anos.

O diagnóstico foi feito pelo ex-ministro quando a conversa girava em torno das acirradas disputas entre o PT e o PSDB, que marcaram a vida política brasileira após a redemocratização. Vice na chapa de Aécio Neves, em 2014, Aloysio lembrou que, à época, o segundo turno só ficou evidente quando o então senador tucano ultrapassou Marina Silva na disputa com a presidente Dilma Rousseff.

Aécio foi derrotado e hoje é o principal rival de Doria. Dizem que o PSDB não sobreviverá nessa ambiguidade, mas o fato é que, qualquer que seja o desfecho das eleições, o racha no partido vai continuar. Só que, na atual fase do jogo, o relógio anda mais rápido.

O ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira está convencido de que não existe espaço para a terceira via nas eleições e vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da disputa ao Planalto. Integrante da velha guarda do PSDB, Aloysio avalia que o ex-governador de São Paulo João Doria não tem como emplacar sua pré-candidatura e já foi rifado pelo partido.

Sob o argumento de que estamos diante de “uma situação catastrófica”, o ex-ministro das Relações Exteriores no governo de Michel Temer e da Justiça na gestão de Fernando Henrique Cardoso vai além: diz ser preciso criar um amplo movimento em torno de Lula, desde já, para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, afirmou Aloysio. “Não existe essa terceira via. Só existem duas: a da democracia e a do fascismo. Se quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que vamos fazer juntos”, insistiu o ex-ministro.

O tucano Aloysio Nunes Ferreira afirma que "não existe terceira via": "Só existem duas: a da democracia e do fascismo". Foto: Taba Benedicto/Estadão

Diante do isolamento de Doria, a tendência de tucanos históricos, como José Aníbal e Arthur Virgílio, por exemplo, é aderir à campanha de Lula. A expectativa é em relação ao momento em que o ex-presidente Fernando Henrique seguirá o mesmo caminho.

Aloysio puxou a fila, mas FHC - que no ano passado se reuniu com Lula - tem repetido que só estará com o petista caso Doria não vá para o segundo turno. Até hoje, no entanto, após muitas brigas, idas e vindas, não se sabe nem mesmo se o ex-governador conseguirá ser candidato.

Em conversas reservadas, Lula já disse que, se for eleito, pretende chamar expoentes do PSDB para compor o governo e ocupar ministérios. O Estadão apurou que o nome de Aloysio está na lista, mas ele diz nunca ter tratado do assunto.

Na prática, o primeiro sinal de que o ex-presidente planeja atrair integrantes do PSDB foi dado quando ele convidou o ex-governador Geraldo Alckmin para vice. Depois de muitas críticas por se aliar a um antigo adversário, Alckmin se filiou ao PSB e, tirando proveito de seu apelido, até batizou a chapa de “Lula com Chuchu”.

Mesmo sem avançar casas no jogo, porém, Doria é o pré-candidato aprovado nas prévias do PSDB, que custaram R$ 12 milhões, em novembro. Venceu Virgílio e o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. Está claro, no entanto, que o comando do partido não sabe o que fazer com ele.

Agora, o PSDB, o MDB e o Cidadania decidiram promover uma rodada de pesquisas para verificar quem tem mais viabilidade eleitoral, se Doria ou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). O União Brasil deixou o grupo, que se autointitula “centro democrático”, e lançou a candidatura de Luciano Bivar. No mercado da política, a indicação é vista como chamariz para negociar vantagens à legenda, que tem o maior tempo de TV para oferecer como dote no horário eleitoral, além de R$ 1 bilhão em recursos públicos.

Ciro Gomes (PDT), por sua vez, corre em raia própria e faz acenos a Tebet para que ela seja vice em sua chapa. A proposta não tem eco. Ninguém nesse jogo aceita ser vice e tudo parece caminhar para Tebet, e não Doria, vencer o “paredão” que escolherá o desafiante da terceira via.

“Tenho muito carinho pela Simone, mas vamos fazer campanha para ela no primeiro turno para quê?”, provocou Aloysio, que foi do MDB por muitos anos. “O PSDB precisa parar de perder tempo com essas espertezas políticas”, completou, numa referência às últimas manobras da cúpula tucana.

Na avaliação do ex-chanceler, hoje presidente da SP Negócios, a cúpula do partido fecha o cerco a Doria para fazê-lo desistir. Só que “João”, como o ex-governador é chamado na propaganda do PSDB, promete recorrer até mesmo à Justiça, se for impedido de concorrer.

Há também outro fator que alimenta a crise nas fileiras tucanas. Boa parte do PSDB apoia Bolsonaro, mas, por não ter condições de assumir o namoro em público, prefere que o partido libere os palanques. No mais importante deles, em São Paulo - Estado comandado pelo PSDB desde 1995 -, o governador Rodrigo Garcia foge do alto índice de rejeição de Doria. Garcia tem o apoio de Aloysio, que foi convidado para retornar ao MDB e ser seu vice, mas recusou.

“Chegou-se a esse dilema no PSDB porque o partido não tem unidade interna para lançar um candidato a presidente da República. Num período de grande turbulência e exacerbação de Bolsonaro, não foi capaz de dar nenhum sinal claro para o eleitorado. Então, desapareceu no cenário político. Sumiu”, constatou Aloysio, que está no PSDB há 25 anos.

O diagnóstico foi feito pelo ex-ministro quando a conversa girava em torno das acirradas disputas entre o PT e o PSDB, que marcaram a vida política brasileira após a redemocratização. Vice na chapa de Aécio Neves, em 2014, Aloysio lembrou que, à época, o segundo turno só ficou evidente quando o então senador tucano ultrapassou Marina Silva na disputa com a presidente Dilma Rousseff.

Aécio foi derrotado e hoje é o principal rival de Doria. Dizem que o PSDB não sobreviverá nessa ambiguidade, mas o fato é que, qualquer que seja o desfecho das eleições, o racha no partido vai continuar. Só que, na atual fase do jogo, o relógio anda mais rápido.

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