Eleito vice-prefeito de São Paulo, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL) rejeita a ideia de se dedicar a um único tema na Prefeitura. Ao Estadão, o vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB) deixou claro que seu desejo é atuar de forma abrangente, desatando nós e ajudando a resolver “encrencas” da administração municipal. A declaração coloca Mello Araújo mais distante de assumir a Secretaria de Transportes, cargo para o qual ele vinha sendo cotado.
“Gostaria de ser vice-prefeito, e não secretário. Tenho conversado nesse sentido. O Ricardo (Nunes) me deixou bem à vontade, quero ajudar como um todo, e não (em um tema) específico. Mas estamos jogando ideias na mesa e nada está decidido. Quero fazer a diferença”, disse o coronel, que viajou para Nova York no início do mês para realizar um curso de Segurança Pública na Universidade de Columbia.
O vice-prefeito eleito confirmou que vê com bons olhos a possibilidade de comandar uma secretaria que cuide de temas sensíveis do governo, como a Secretaria de Projetos Estratégicos. “Sim, penso em algo assim. Tratando de todos os problemas, e não uma coisa só”, respondeu ele, acrescentando que quer lidar com “encrencas” da cidade.
Como mostrou o Estadão, a Secretaria de Projetos Estratégicos é uma das pastas que estão sendo avaliadas por Mello e Nunes. Nesse cargo, o vice-prefeito seria responsável por tratar de “pepinos” da gestão, como a Cracolândia, o Brás e a concessão do serviço funerário.
Já a possível indicação de Mello Araújo para a pasta de Transportes é defendida por integrantes do PL e até por emedebistas próximos ao prefeito, que veem na nomeação do coronel uma forma de reforçar o compromisso da gestão no combate à suposta infiltração do crime organizado no transporte público da capital, já que o coronel tem fama de ser “linha-dura”. Mello Araújo foi comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), batalhão de elite da Polícia Militar, e presidiu a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), período em que afirma ter desmantelado esquemas de corrupção e eliminado os casos de prostituição infantil na companhia.
Questionado se está descartada a possibilidade de assumir a pasta de Transportes, Mello Araújo afirmou que não. O Estadão mostrou que uma eventual indicação de um nome do PL pode gerar atritos com o União Brasil. “Nada está descartado, gosto de desafios. Se eu entender que posso ajudar nessa área, não há problema algum”, disse ele, que defende a escolha de pessoas técnicas, e não de políticos, para a pasta, mas reforça que a decisão será do prefeito.