Violência política toma conta de igrejas; leia análise


Bolsonarismo trouxe para o entorno de si uma legião de religiosos

Por Vinicius do Valle*

Certamente, esta eleição entrará para a história pela forte presença das pautas religiosas, morais e de costumes. Meses atrás, entretanto, quem previsse tal quadro estaria na contramão dos principais analistas e das pesquisas de opinião, que identificavam como preocupação central do eleitorado questões econômicas, como desemprego, inflação, pobreza e fome. Teria o Brasil se tornado mais suscetível aos temas morais? Certamente, o crescimento dos evangélicos na população e, consequentemente, na política, tem a ver com esse quadro. Há, porém, um outro fator que explica o cenário.

A maioria dos analistas tem apontado a baixa influência eleitoral dos auxílios da apelidada “PEC Kamikaze”, da intervenção nos preços dos combustíveis e da política de expansão do crédito consignado dos bancos públicos. Ao olhar as pesquisas de intenção de voto, realmente as faixas do eleitorado de menor renda, principais beneficiárias das medidas, aparecem ainda dando preferência ao candidato oposicionista, Lula, por ampla margem. Talvez o principal efeito de tais políticas não tenha se dado diretamente na intenção de voto, mas sim na instauração de um ambiente econômico que tornou a pauta moral e religiosa mais favorável.

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O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. Foto: Viramundo e Mundovirado

Por estarem no terreno das crenças e das paixões, e menos conectadas à materialidade, tais pautas são mais suscetíveis à dinâmica do marketing político agressivo e das fake news. O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. E é preciso dizer que, nesse aspecto, não há simetria entre os lados da disputa. Foi o bolsonarismo que trouxe para o entorno de si uma legião de religiosos e, por eles, disseminou a ideia de que o PT, “amigo de ditaduras sanguinárias”, fecharia igrejas, obrigaria as crianças a usar banheiros unissex, liberaria o aborto e ameaçaria a integridade das famílias.

Se esse discurso não conquistou todos e tampouco foi absorvido na sua integralidade, é certo também que ele foi aceito como verídico por uma parcela de fiéis que, a partir de então, não puderam mais tolerar quem manifestasse o voto em Lula ou críticas a Bolsonaro. Afinal, como tolerar o apoio a tamanhos atos bárbaros da esquerda? Como decorrência, assistimos episódios de violência inclusive em igrejas – tanto evangélicas quanto católicas. O bolsonarismo, ao se espalhar pela sociedade, vem trazendo o desejo de aniquilação da diferença, mesmo entre aqueles que comungam da mesma fé. Não é preciso ser profeta para saber que isso trará consequências sérias, dentro e fora dos templos.

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*DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA PELA USP E DIRETOR DO OBSERVATÓRIO EVANGÉLICO

Certamente, esta eleição entrará para a história pela forte presença das pautas religiosas, morais e de costumes. Meses atrás, entretanto, quem previsse tal quadro estaria na contramão dos principais analistas e das pesquisas de opinião, que identificavam como preocupação central do eleitorado questões econômicas, como desemprego, inflação, pobreza e fome. Teria o Brasil se tornado mais suscetível aos temas morais? Certamente, o crescimento dos evangélicos na população e, consequentemente, na política, tem a ver com esse quadro. Há, porém, um outro fator que explica o cenário.

A maioria dos analistas tem apontado a baixa influência eleitoral dos auxílios da apelidada “PEC Kamikaze”, da intervenção nos preços dos combustíveis e da política de expansão do crédito consignado dos bancos públicos. Ao olhar as pesquisas de intenção de voto, realmente as faixas do eleitorado de menor renda, principais beneficiárias das medidas, aparecem ainda dando preferência ao candidato oposicionista, Lula, por ampla margem. Talvez o principal efeito de tais políticas não tenha se dado diretamente na intenção de voto, mas sim na instauração de um ambiente econômico que tornou a pauta moral e religiosa mais favorável.

O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. Foto: Viramundo e Mundovirado

Por estarem no terreno das crenças e das paixões, e menos conectadas à materialidade, tais pautas são mais suscetíveis à dinâmica do marketing político agressivo e das fake news. O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. E é preciso dizer que, nesse aspecto, não há simetria entre os lados da disputa. Foi o bolsonarismo que trouxe para o entorno de si uma legião de religiosos e, por eles, disseminou a ideia de que o PT, “amigo de ditaduras sanguinárias”, fecharia igrejas, obrigaria as crianças a usar banheiros unissex, liberaria o aborto e ameaçaria a integridade das famílias.

Se esse discurso não conquistou todos e tampouco foi absorvido na sua integralidade, é certo também que ele foi aceito como verídico por uma parcela de fiéis que, a partir de então, não puderam mais tolerar quem manifestasse o voto em Lula ou críticas a Bolsonaro. Afinal, como tolerar o apoio a tamanhos atos bárbaros da esquerda? Como decorrência, assistimos episódios de violência inclusive em igrejas – tanto evangélicas quanto católicas. O bolsonarismo, ao se espalhar pela sociedade, vem trazendo o desejo de aniquilação da diferença, mesmo entre aqueles que comungam da mesma fé. Não é preciso ser profeta para saber que isso trará consequências sérias, dentro e fora dos templos.

*DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA PELA USP E DIRETOR DO OBSERVATÓRIO EVANGÉLICO

Certamente, esta eleição entrará para a história pela forte presença das pautas religiosas, morais e de costumes. Meses atrás, entretanto, quem previsse tal quadro estaria na contramão dos principais analistas e das pesquisas de opinião, que identificavam como preocupação central do eleitorado questões econômicas, como desemprego, inflação, pobreza e fome. Teria o Brasil se tornado mais suscetível aos temas morais? Certamente, o crescimento dos evangélicos na população e, consequentemente, na política, tem a ver com esse quadro. Há, porém, um outro fator que explica o cenário.

A maioria dos analistas tem apontado a baixa influência eleitoral dos auxílios da apelidada “PEC Kamikaze”, da intervenção nos preços dos combustíveis e da política de expansão do crédito consignado dos bancos públicos. Ao olhar as pesquisas de intenção de voto, realmente as faixas do eleitorado de menor renda, principais beneficiárias das medidas, aparecem ainda dando preferência ao candidato oposicionista, Lula, por ampla margem. Talvez o principal efeito de tais políticas não tenha se dado diretamente na intenção de voto, mas sim na instauração de um ambiente econômico que tornou a pauta moral e religiosa mais favorável.

O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. Foto: Viramundo e Mundovirado

Por estarem no terreno das crenças e das paixões, e menos conectadas à materialidade, tais pautas são mais suscetíveis à dinâmica do marketing político agressivo e das fake news. O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. E é preciso dizer que, nesse aspecto, não há simetria entre os lados da disputa. Foi o bolsonarismo que trouxe para o entorno de si uma legião de religiosos e, por eles, disseminou a ideia de que o PT, “amigo de ditaduras sanguinárias”, fecharia igrejas, obrigaria as crianças a usar banheiros unissex, liberaria o aborto e ameaçaria a integridade das famílias.

Se esse discurso não conquistou todos e tampouco foi absorvido na sua integralidade, é certo também que ele foi aceito como verídico por uma parcela de fiéis que, a partir de então, não puderam mais tolerar quem manifestasse o voto em Lula ou críticas a Bolsonaro. Afinal, como tolerar o apoio a tamanhos atos bárbaros da esquerda? Como decorrência, assistimos episódios de violência inclusive em igrejas – tanto evangélicas quanto católicas. O bolsonarismo, ao se espalhar pela sociedade, vem trazendo o desejo de aniquilação da diferença, mesmo entre aqueles que comungam da mesma fé. Não é preciso ser profeta para saber que isso trará consequências sérias, dentro e fora dos templos.

*DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA PELA USP E DIRETOR DO OBSERVATÓRIO EVANGÉLICO

Certamente, esta eleição entrará para a história pela forte presença das pautas religiosas, morais e de costumes. Meses atrás, entretanto, quem previsse tal quadro estaria na contramão dos principais analistas e das pesquisas de opinião, que identificavam como preocupação central do eleitorado questões econômicas, como desemprego, inflação, pobreza e fome. Teria o Brasil se tornado mais suscetível aos temas morais? Certamente, o crescimento dos evangélicos na população e, consequentemente, na política, tem a ver com esse quadro. Há, porém, um outro fator que explica o cenário.

A maioria dos analistas tem apontado a baixa influência eleitoral dos auxílios da apelidada “PEC Kamikaze”, da intervenção nos preços dos combustíveis e da política de expansão do crédito consignado dos bancos públicos. Ao olhar as pesquisas de intenção de voto, realmente as faixas do eleitorado de menor renda, principais beneficiárias das medidas, aparecem ainda dando preferência ao candidato oposicionista, Lula, por ampla margem. Talvez o principal efeito de tais políticas não tenha se dado diretamente na intenção de voto, mas sim na instauração de um ambiente econômico que tornou a pauta moral e religiosa mais favorável.

O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. Foto: Viramundo e Mundovirado

Por estarem no terreno das crenças e das paixões, e menos conectadas à materialidade, tais pautas são mais suscetíveis à dinâmica do marketing político agressivo e das fake news. O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. E é preciso dizer que, nesse aspecto, não há simetria entre os lados da disputa. Foi o bolsonarismo que trouxe para o entorno de si uma legião de religiosos e, por eles, disseminou a ideia de que o PT, “amigo de ditaduras sanguinárias”, fecharia igrejas, obrigaria as crianças a usar banheiros unissex, liberaria o aborto e ameaçaria a integridade das famílias.

Se esse discurso não conquistou todos e tampouco foi absorvido na sua integralidade, é certo também que ele foi aceito como verídico por uma parcela de fiéis que, a partir de então, não puderam mais tolerar quem manifestasse o voto em Lula ou críticas a Bolsonaro. Afinal, como tolerar o apoio a tamanhos atos bárbaros da esquerda? Como decorrência, assistimos episódios de violência inclusive em igrejas – tanto evangélicas quanto católicas. O bolsonarismo, ao se espalhar pela sociedade, vem trazendo o desejo de aniquilação da diferença, mesmo entre aqueles que comungam da mesma fé. Não é preciso ser profeta para saber que isso trará consequências sérias, dentro e fora dos templos.

*DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA PELA USP E DIRETOR DO OBSERVATÓRIO EVANGÉLICO

Certamente, esta eleição entrará para a história pela forte presença das pautas religiosas, morais e de costumes. Meses atrás, entretanto, quem previsse tal quadro estaria na contramão dos principais analistas e das pesquisas de opinião, que identificavam como preocupação central do eleitorado questões econômicas, como desemprego, inflação, pobreza e fome. Teria o Brasil se tornado mais suscetível aos temas morais? Certamente, o crescimento dos evangélicos na população e, consequentemente, na política, tem a ver com esse quadro. Há, porém, um outro fator que explica o cenário.

A maioria dos analistas tem apontado a baixa influência eleitoral dos auxílios da apelidada “PEC Kamikaze”, da intervenção nos preços dos combustíveis e da política de expansão do crédito consignado dos bancos públicos. Ao olhar as pesquisas de intenção de voto, realmente as faixas do eleitorado de menor renda, principais beneficiárias das medidas, aparecem ainda dando preferência ao candidato oposicionista, Lula, por ampla margem. Talvez o principal efeito de tais políticas não tenha se dado diretamente na intenção de voto, mas sim na instauração de um ambiente econômico que tornou a pauta moral e religiosa mais favorável.

O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. Foto: Viramundo e Mundovirado

Por estarem no terreno das crenças e das paixões, e menos conectadas à materialidade, tais pautas são mais suscetíveis à dinâmica do marketing político agressivo e das fake news. O uso intenso desse arsenal, contudo, tem efeitos colaterais: ao aguçarem tanto fervores religiosos, identidades e emoções, geram também violência – inclusive nas igrejas. E é preciso dizer que, nesse aspecto, não há simetria entre os lados da disputa. Foi o bolsonarismo que trouxe para o entorno de si uma legião de religiosos e, por eles, disseminou a ideia de que o PT, “amigo de ditaduras sanguinárias”, fecharia igrejas, obrigaria as crianças a usar banheiros unissex, liberaria o aborto e ameaçaria a integridade das famílias.

Se esse discurso não conquistou todos e tampouco foi absorvido na sua integralidade, é certo também que ele foi aceito como verídico por uma parcela de fiéis que, a partir de então, não puderam mais tolerar quem manifestasse o voto em Lula ou críticas a Bolsonaro. Afinal, como tolerar o apoio a tamanhos atos bárbaros da esquerda? Como decorrência, assistimos episódios de violência inclusive em igrejas – tanto evangélicas quanto católicas. O bolsonarismo, ao se espalhar pela sociedade, vem trazendo o desejo de aniquilação da diferença, mesmo entre aqueles que comungam da mesma fé. Não é preciso ser profeta para saber que isso trará consequências sérias, dentro e fora dos templos.

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