Curiosidades do mundo da Política

FAB já registrou 710 casos de OVNIs no Brasil; documentos, fotos e até vídeos são públicos


Acervo reunido no Arquivo Nacional pode ser consultado; registros mostram que Aeronáutica montou setor destinado a pesquisar disco voadores

Por Francisco Leali
Atualização:

Objetos voadores não identificados existem. Pelo menos, no Brasil, suas histórias são oficiais e estão todas reunidas na pilha de documentos da Força Aérea Brasileira (FAB). Quer saber quem já viu um disco voador? Onde foi? Quantos foram avistados? Tudo isso está disponível para consulta no Arquivo Nacional num acervo que foi criado a partir de documentos liberados pela FAB.

O acervo inclui até mesmo gravações de conversas entre torres de controle de voo e pilotos. Apesar de recheadas de códigos de navegação aeronáutica, as conversas mostram relatos de aviadores e militares sobre terem visto algo que não sabiam o que era.

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Dados compilados pela Aeronáutica indicam que entre 1954 e 2005 foram 710 casos de avistamentos de alguma coisa voando. Uma luz brilhante que se mexia no céu, bolas acesas, discos voadores, aeronaves registradas detectadas por radares da FAB e até mesmo avistadas por aviões caças.

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Na série histórica de registros oficiais, 1977 foi o ano em que mais recebemos “visitas desconhecidas”. Foram 85 casos. Naquele ano, até a capital federal foi “invadida”. Era 29 de maio. Um documento com carimbo de “reservado” da Aeronáutica reproduz a conversa do Controle de Tráfego Aéreo com um avião militar. O controlador de voo pergunta se o piloto estava conseguindo ver diretamente o objeto que aparecia no radar. Primeiro o piloto diz que nada via. Depois confirma.

“Positivo, sobre o aeroporto. Está se deslocando em pouca velocidade , luz azul, como se fosse uma estrela, mas está se deslocando”. Em reposta, o controlador diz que a luz foi para o centro do Poder federal: “Afirmativo, esse objeto está em deslocamento, com pouca velocidade, se aproximou, veio do setor Norte de Brasília, sobrevoou o Palácio da Alvorada, a Esplanada dos Ministérios. Agora deve estar sobre o aeroporto”.

Documento da FAB relatando presença de OVNIs em Brasília em 1977 Foto: Reprodução / Estadão
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Para quem ficou curioso com a recente discussão organizada no Congresso dos Estados Unidos sobre supostos ETs em solo norteamericano, o arquivo brasileiro não deixa por menos. O material já foi objeto de pesquisa científica e subsidiou até dissertação de Mestrado. Mas pode decepcionar aquele que for buscar novas revelações sobre o mais famoso Extra Terrestre brasileiro, o que teria pousado e circulado pela cidade de Varginha (MG) na década de 1990.

No material já digitalizado e disponível à consulta pela internet no site do Arquivo Nacional traz pouca coisa sobre o ET mineiro. A maioria é reprodução de notícias da imprensa.

Registro de OVNIs em 1982 em Anápolis onde está localizada base da Aeronáutica Foto: Reprodução / Estadão
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Nem por isso, o acervo deixa de ter relevância histórica. Ali estão os documentos comprovando que as Forças Armadas já tiveram até uma estrutura formal com comandante indicado para levantar os casos de objetos voadores desconhecidos. Foi durante da ditadura. Em 1969, a Força Aérea decidiu montar em São Paulo o Sioani, “Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados”.

Como relata o pesquisador João Francisco Scharamm em dissertação defendida na Universidade de Brasília, foi a primeira vez que o Estado brasileiro criou uma estrutura formal para pesquisar e estudar esses fenômenos aéreos. Na época, o interesse militar estava contaminado pelo receio de que os estranhos objetos avistados pudessem ser, na verdade, experimentos da União Soviética ou mesmo dos Estados Unidos, aliados do regime militar.

O Siani seguia a norma militar. Tinha estrutura definida e representantes em bases da Aeronáutica espalhados pelo País. ”Entendemos que o assunto é sério e com seriedade será tratado. Qualquer intromissão indébita em área de trabalho do SIOANI, em seus assuntos ou deformação de noticiário será energicamente reprimida e responsabilizados seus autores”, diz o documento de criação do sistema caçador de OVNI que na época eram chamados de OANIs (objetos aéreos não identificados).

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No Arquivo Nacional, os registros oficiais sobre o tema têm até nome. Fazem parte do “Fundo Objeto Voador Não identificado” que, atualmente, é composto por 867 itens. Há de tudo ali. De foto a trecho de vídeo. De relatórios confidenciais a cópias de notícias de jornal.

Os documentos mostram, por exemplo, que muito antes de 1996, quando veio a público a história do ET de Varginha, já havia registros oficiais da FAB de que a cidade mineira recebera uma outra visita desconhecida. Foi em 1971. Relatório do então Ministério da Aeronáutica informa que naquele ano a população da cidade ficara impressionada com a passagem de “um objeto de forma ovalada, predominantemente prateado, que não só circulou sobre a cidade, como também pairou em determinados pontos de bairros”.

Os documentos mais antigos, ainda da década de 1950, reproduzem fotos publicadas de suposto disco voador avistado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Na época, a Aeronáutica teria feito um estudo para saber se as fotos eram verdadeiras. Os croquis com a posição do sol e do disco fazem parte do acervo do Arquivo Nacional.

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Fotos de suposto disco voador na Barra da Tijuca em 1954 Foto: Reprodução / Arquivo Nacional

O caso mais notório e que envolveu o reconhecimento oficial da FAB de que, de fato, OVNIs foram avistados em direção à Brasília, ocorreu em 1986. Na época, caças foram despachados para perseguir aquelas luzes. Os registros do que os militares fizeram para saber o que era aquilo estão relatados em vários documentos com carimbos de confidencial, mas hoje de acesso livre a qualquer curioso com tempo para percorrer o acervo público, mesmo que via internet.

Os documentos reproduzem as transcrições das conversas entre pilotos e as torres de controle aéreo. Pilotos de caça contam como avistaram os objetos, tentaram alcançá-los, mas os perderam de vista ainda que seus jatos estivessem em velocidade subsônica.

Croquis de discos

Há ainda pequenos registros de avistamentos e croquis dos supostos objetos feitos a partir do que as pessoas entrevistadas pelos militares relataram ter visto. Os desenhos assemelham-se aos discos voadores que povoam a cinematografia de ficção científica.

OVNIs no Brasil

1 | 5

Croqui de disco voador feito pela FAB

Foto: Reprodução / Estadão
2 | 5

Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
5 | 5

Croqui de imagem de radar da base da FAB em Anápolis que captou objetos não identificados em 1982

Foto: Reprodução / Estadão

Conclusões? Não há. OANIs, OVNIs ou UFOs, seja qual for a sigla, os objetos que ainda fogem à explicação da ciência aeronáutica seguem no imaginário, mas também sob a forma de um repositório de documentos com histórias de quem viu e acreditou ou continuou na dúvida.

Objetos voadores não identificados existem. Pelo menos, no Brasil, suas histórias são oficiais e estão todas reunidas na pilha de documentos da Força Aérea Brasileira (FAB). Quer saber quem já viu um disco voador? Onde foi? Quantos foram avistados? Tudo isso está disponível para consulta no Arquivo Nacional num acervo que foi criado a partir de documentos liberados pela FAB.

O acervo inclui até mesmo gravações de conversas entre torres de controle de voo e pilotos. Apesar de recheadas de códigos de navegação aeronáutica, as conversas mostram relatos de aviadores e militares sobre terem visto algo que não sabiam o que era.

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Dados compilados pela Aeronáutica indicam que entre 1954 e 2005 foram 710 casos de avistamentos de alguma coisa voando. Uma luz brilhante que se mexia no céu, bolas acesas, discos voadores, aeronaves registradas detectadas por radares da FAB e até mesmo avistadas por aviões caças.

Na série histórica de registros oficiais, 1977 foi o ano em que mais recebemos “visitas desconhecidas”. Foram 85 casos. Naquele ano, até a capital federal foi “invadida”. Era 29 de maio. Um documento com carimbo de “reservado” da Aeronáutica reproduz a conversa do Controle de Tráfego Aéreo com um avião militar. O controlador de voo pergunta se o piloto estava conseguindo ver diretamente o objeto que aparecia no radar. Primeiro o piloto diz que nada via. Depois confirma.

“Positivo, sobre o aeroporto. Está se deslocando em pouca velocidade , luz azul, como se fosse uma estrela, mas está se deslocando”. Em reposta, o controlador diz que a luz foi para o centro do Poder federal: “Afirmativo, esse objeto está em deslocamento, com pouca velocidade, se aproximou, veio do setor Norte de Brasília, sobrevoou o Palácio da Alvorada, a Esplanada dos Ministérios. Agora deve estar sobre o aeroporto”.

Documento da FAB relatando presença de OVNIs em Brasília em 1977 Foto: Reprodução / Estadão

Para quem ficou curioso com a recente discussão organizada no Congresso dos Estados Unidos sobre supostos ETs em solo norteamericano, o arquivo brasileiro não deixa por menos. O material já foi objeto de pesquisa científica e subsidiou até dissertação de Mestrado. Mas pode decepcionar aquele que for buscar novas revelações sobre o mais famoso Extra Terrestre brasileiro, o que teria pousado e circulado pela cidade de Varginha (MG) na década de 1990.

No material já digitalizado e disponível à consulta pela internet no site do Arquivo Nacional traz pouca coisa sobre o ET mineiro. A maioria é reprodução de notícias da imprensa.

Registro de OVNIs em 1982 em Anápolis onde está localizada base da Aeronáutica Foto: Reprodução / Estadão

Nem por isso, o acervo deixa de ter relevância histórica. Ali estão os documentos comprovando que as Forças Armadas já tiveram até uma estrutura formal com comandante indicado para levantar os casos de objetos voadores desconhecidos. Foi durante da ditadura. Em 1969, a Força Aérea decidiu montar em São Paulo o Sioani, “Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados”.

Como relata o pesquisador João Francisco Scharamm em dissertação defendida na Universidade de Brasília, foi a primeira vez que o Estado brasileiro criou uma estrutura formal para pesquisar e estudar esses fenômenos aéreos. Na época, o interesse militar estava contaminado pelo receio de que os estranhos objetos avistados pudessem ser, na verdade, experimentos da União Soviética ou mesmo dos Estados Unidos, aliados do regime militar.

O Siani seguia a norma militar. Tinha estrutura definida e representantes em bases da Aeronáutica espalhados pelo País. ”Entendemos que o assunto é sério e com seriedade será tratado. Qualquer intromissão indébita em área de trabalho do SIOANI, em seus assuntos ou deformação de noticiário será energicamente reprimida e responsabilizados seus autores”, diz o documento de criação do sistema caçador de OVNI que na época eram chamados de OANIs (objetos aéreos não identificados).

No Arquivo Nacional, os registros oficiais sobre o tema têm até nome. Fazem parte do “Fundo Objeto Voador Não identificado” que, atualmente, é composto por 867 itens. Há de tudo ali. De foto a trecho de vídeo. De relatórios confidenciais a cópias de notícias de jornal.

Os documentos mostram, por exemplo, que muito antes de 1996, quando veio a público a história do ET de Varginha, já havia registros oficiais da FAB de que a cidade mineira recebera uma outra visita desconhecida. Foi em 1971. Relatório do então Ministério da Aeronáutica informa que naquele ano a população da cidade ficara impressionada com a passagem de “um objeto de forma ovalada, predominantemente prateado, que não só circulou sobre a cidade, como também pairou em determinados pontos de bairros”.

Os documentos mais antigos, ainda da década de 1950, reproduzem fotos publicadas de suposto disco voador avistado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Na época, a Aeronáutica teria feito um estudo para saber se as fotos eram verdadeiras. Os croquis com a posição do sol e do disco fazem parte do acervo do Arquivo Nacional.

Fotos de suposto disco voador na Barra da Tijuca em 1954 Foto: Reprodução / Arquivo Nacional

O caso mais notório e que envolveu o reconhecimento oficial da FAB de que, de fato, OVNIs foram avistados em direção à Brasília, ocorreu em 1986. Na época, caças foram despachados para perseguir aquelas luzes. Os registros do que os militares fizeram para saber o que era aquilo estão relatados em vários documentos com carimbos de confidencial, mas hoje de acesso livre a qualquer curioso com tempo para percorrer o acervo público, mesmo que via internet.

Os documentos reproduzem as transcrições das conversas entre pilotos e as torres de controle aéreo. Pilotos de caça contam como avistaram os objetos, tentaram alcançá-los, mas os perderam de vista ainda que seus jatos estivessem em velocidade subsônica.

Croquis de discos

Há ainda pequenos registros de avistamentos e croquis dos supostos objetos feitos a partir do que as pessoas entrevistadas pelos militares relataram ter visto. Os desenhos assemelham-se aos discos voadores que povoam a cinematografia de ficção científica.

OVNIs no Brasil

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Croqui de disco voador feito pela FAB

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Croqui de imagem de radar da base da FAB em Anápolis que captou objetos não identificados em 1982

Foto: Reprodução / Estadão

Conclusões? Não há. OANIs, OVNIs ou UFOs, seja qual for a sigla, os objetos que ainda fogem à explicação da ciência aeronáutica seguem no imaginário, mas também sob a forma de um repositório de documentos com histórias de quem viu e acreditou ou continuou na dúvida.

Objetos voadores não identificados existem. Pelo menos, no Brasil, suas histórias são oficiais e estão todas reunidas na pilha de documentos da Força Aérea Brasileira (FAB). Quer saber quem já viu um disco voador? Onde foi? Quantos foram avistados? Tudo isso está disponível para consulta no Arquivo Nacional num acervo que foi criado a partir de documentos liberados pela FAB.

O acervo inclui até mesmo gravações de conversas entre torres de controle de voo e pilotos. Apesar de recheadas de códigos de navegação aeronáutica, as conversas mostram relatos de aviadores e militares sobre terem visto algo que não sabiam o que era.

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Dados compilados pela Aeronáutica indicam que entre 1954 e 2005 foram 710 casos de avistamentos de alguma coisa voando. Uma luz brilhante que se mexia no céu, bolas acesas, discos voadores, aeronaves registradas detectadas por radares da FAB e até mesmo avistadas por aviões caças.

Na série histórica de registros oficiais, 1977 foi o ano em que mais recebemos “visitas desconhecidas”. Foram 85 casos. Naquele ano, até a capital federal foi “invadida”. Era 29 de maio. Um documento com carimbo de “reservado” da Aeronáutica reproduz a conversa do Controle de Tráfego Aéreo com um avião militar. O controlador de voo pergunta se o piloto estava conseguindo ver diretamente o objeto que aparecia no radar. Primeiro o piloto diz que nada via. Depois confirma.

“Positivo, sobre o aeroporto. Está se deslocando em pouca velocidade , luz azul, como se fosse uma estrela, mas está se deslocando”. Em reposta, o controlador diz que a luz foi para o centro do Poder federal: “Afirmativo, esse objeto está em deslocamento, com pouca velocidade, se aproximou, veio do setor Norte de Brasília, sobrevoou o Palácio da Alvorada, a Esplanada dos Ministérios. Agora deve estar sobre o aeroporto”.

Documento da FAB relatando presença de OVNIs em Brasília em 1977 Foto: Reprodução / Estadão

Para quem ficou curioso com a recente discussão organizada no Congresso dos Estados Unidos sobre supostos ETs em solo norteamericano, o arquivo brasileiro não deixa por menos. O material já foi objeto de pesquisa científica e subsidiou até dissertação de Mestrado. Mas pode decepcionar aquele que for buscar novas revelações sobre o mais famoso Extra Terrestre brasileiro, o que teria pousado e circulado pela cidade de Varginha (MG) na década de 1990.

No material já digitalizado e disponível à consulta pela internet no site do Arquivo Nacional traz pouca coisa sobre o ET mineiro. A maioria é reprodução de notícias da imprensa.

Registro de OVNIs em 1982 em Anápolis onde está localizada base da Aeronáutica Foto: Reprodução / Estadão

Nem por isso, o acervo deixa de ter relevância histórica. Ali estão os documentos comprovando que as Forças Armadas já tiveram até uma estrutura formal com comandante indicado para levantar os casos de objetos voadores desconhecidos. Foi durante da ditadura. Em 1969, a Força Aérea decidiu montar em São Paulo o Sioani, “Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados”.

Como relata o pesquisador João Francisco Scharamm em dissertação defendida na Universidade de Brasília, foi a primeira vez que o Estado brasileiro criou uma estrutura formal para pesquisar e estudar esses fenômenos aéreos. Na época, o interesse militar estava contaminado pelo receio de que os estranhos objetos avistados pudessem ser, na verdade, experimentos da União Soviética ou mesmo dos Estados Unidos, aliados do regime militar.

O Siani seguia a norma militar. Tinha estrutura definida e representantes em bases da Aeronáutica espalhados pelo País. ”Entendemos que o assunto é sério e com seriedade será tratado. Qualquer intromissão indébita em área de trabalho do SIOANI, em seus assuntos ou deformação de noticiário será energicamente reprimida e responsabilizados seus autores”, diz o documento de criação do sistema caçador de OVNI que na época eram chamados de OANIs (objetos aéreos não identificados).

No Arquivo Nacional, os registros oficiais sobre o tema têm até nome. Fazem parte do “Fundo Objeto Voador Não identificado” que, atualmente, é composto por 867 itens. Há de tudo ali. De foto a trecho de vídeo. De relatórios confidenciais a cópias de notícias de jornal.

Os documentos mostram, por exemplo, que muito antes de 1996, quando veio a público a história do ET de Varginha, já havia registros oficiais da FAB de que a cidade mineira recebera uma outra visita desconhecida. Foi em 1971. Relatório do então Ministério da Aeronáutica informa que naquele ano a população da cidade ficara impressionada com a passagem de “um objeto de forma ovalada, predominantemente prateado, que não só circulou sobre a cidade, como também pairou em determinados pontos de bairros”.

Os documentos mais antigos, ainda da década de 1950, reproduzem fotos publicadas de suposto disco voador avistado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Na época, a Aeronáutica teria feito um estudo para saber se as fotos eram verdadeiras. Os croquis com a posição do sol e do disco fazem parte do acervo do Arquivo Nacional.

Fotos de suposto disco voador na Barra da Tijuca em 1954 Foto: Reprodução / Arquivo Nacional

O caso mais notório e que envolveu o reconhecimento oficial da FAB de que, de fato, OVNIs foram avistados em direção à Brasília, ocorreu em 1986. Na época, caças foram despachados para perseguir aquelas luzes. Os registros do que os militares fizeram para saber o que era aquilo estão relatados em vários documentos com carimbos de confidencial, mas hoje de acesso livre a qualquer curioso com tempo para percorrer o acervo público, mesmo que via internet.

Os documentos reproduzem as transcrições das conversas entre pilotos e as torres de controle aéreo. Pilotos de caça contam como avistaram os objetos, tentaram alcançá-los, mas os perderam de vista ainda que seus jatos estivessem em velocidade subsônica.

Croquis de discos

Há ainda pequenos registros de avistamentos e croquis dos supostos objetos feitos a partir do que as pessoas entrevistadas pelos militares relataram ter visto. Os desenhos assemelham-se aos discos voadores que povoam a cinematografia de ficção científica.

OVNIs no Brasil

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Croqui de disco voador feito pela FAB

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

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Croqui de imagem de radar da base da FAB em Anápolis que captou objetos não identificados em 1982

Foto: Reprodução / Estadão

Conclusões? Não há. OANIs, OVNIs ou UFOs, seja qual for a sigla, os objetos que ainda fogem à explicação da ciência aeronáutica seguem no imaginário, mas também sob a forma de um repositório de documentos com histórias de quem viu e acreditou ou continuou na dúvida.

Objetos voadores não identificados existem. Pelo menos, no Brasil, suas histórias são oficiais e estão todas reunidas na pilha de documentos da Força Aérea Brasileira (FAB). Quer saber quem já viu um disco voador? Onde foi? Quantos foram avistados? Tudo isso está disponível para consulta no Arquivo Nacional num acervo que foi criado a partir de documentos liberados pela FAB.

O acervo inclui até mesmo gravações de conversas entre torres de controle de voo e pilotos. Apesar de recheadas de códigos de navegação aeronáutica, as conversas mostram relatos de aviadores e militares sobre terem visto algo que não sabiam o que era.

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Dados compilados pela Aeronáutica indicam que entre 1954 e 2005 foram 710 casos de avistamentos de alguma coisa voando. Uma luz brilhante que se mexia no céu, bolas acesas, discos voadores, aeronaves registradas detectadas por radares da FAB e até mesmo avistadas por aviões caças.

Na série histórica de registros oficiais, 1977 foi o ano em que mais recebemos “visitas desconhecidas”. Foram 85 casos. Naquele ano, até a capital federal foi “invadida”. Era 29 de maio. Um documento com carimbo de “reservado” da Aeronáutica reproduz a conversa do Controle de Tráfego Aéreo com um avião militar. O controlador de voo pergunta se o piloto estava conseguindo ver diretamente o objeto que aparecia no radar. Primeiro o piloto diz que nada via. Depois confirma.

“Positivo, sobre o aeroporto. Está se deslocando em pouca velocidade , luz azul, como se fosse uma estrela, mas está se deslocando”. Em reposta, o controlador diz que a luz foi para o centro do Poder federal: “Afirmativo, esse objeto está em deslocamento, com pouca velocidade, se aproximou, veio do setor Norte de Brasília, sobrevoou o Palácio da Alvorada, a Esplanada dos Ministérios. Agora deve estar sobre o aeroporto”.

Documento da FAB relatando presença de OVNIs em Brasília em 1977 Foto: Reprodução / Estadão

Para quem ficou curioso com a recente discussão organizada no Congresso dos Estados Unidos sobre supostos ETs em solo norteamericano, o arquivo brasileiro não deixa por menos. O material já foi objeto de pesquisa científica e subsidiou até dissertação de Mestrado. Mas pode decepcionar aquele que for buscar novas revelações sobre o mais famoso Extra Terrestre brasileiro, o que teria pousado e circulado pela cidade de Varginha (MG) na década de 1990.

No material já digitalizado e disponível à consulta pela internet no site do Arquivo Nacional traz pouca coisa sobre o ET mineiro. A maioria é reprodução de notícias da imprensa.

Registro de OVNIs em 1982 em Anápolis onde está localizada base da Aeronáutica Foto: Reprodução / Estadão

Nem por isso, o acervo deixa de ter relevância histórica. Ali estão os documentos comprovando que as Forças Armadas já tiveram até uma estrutura formal com comandante indicado para levantar os casos de objetos voadores desconhecidos. Foi durante da ditadura. Em 1969, a Força Aérea decidiu montar em São Paulo o Sioani, “Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados”.

Como relata o pesquisador João Francisco Scharamm em dissertação defendida na Universidade de Brasília, foi a primeira vez que o Estado brasileiro criou uma estrutura formal para pesquisar e estudar esses fenômenos aéreos. Na época, o interesse militar estava contaminado pelo receio de que os estranhos objetos avistados pudessem ser, na verdade, experimentos da União Soviética ou mesmo dos Estados Unidos, aliados do regime militar.

O Siani seguia a norma militar. Tinha estrutura definida e representantes em bases da Aeronáutica espalhados pelo País. ”Entendemos que o assunto é sério e com seriedade será tratado. Qualquer intromissão indébita em área de trabalho do SIOANI, em seus assuntos ou deformação de noticiário será energicamente reprimida e responsabilizados seus autores”, diz o documento de criação do sistema caçador de OVNI que na época eram chamados de OANIs (objetos aéreos não identificados).

No Arquivo Nacional, os registros oficiais sobre o tema têm até nome. Fazem parte do “Fundo Objeto Voador Não identificado” que, atualmente, é composto por 867 itens. Há de tudo ali. De foto a trecho de vídeo. De relatórios confidenciais a cópias de notícias de jornal.

Os documentos mostram, por exemplo, que muito antes de 1996, quando veio a público a história do ET de Varginha, já havia registros oficiais da FAB de que a cidade mineira recebera uma outra visita desconhecida. Foi em 1971. Relatório do então Ministério da Aeronáutica informa que naquele ano a população da cidade ficara impressionada com a passagem de “um objeto de forma ovalada, predominantemente prateado, que não só circulou sobre a cidade, como também pairou em determinados pontos de bairros”.

Os documentos mais antigos, ainda da década de 1950, reproduzem fotos publicadas de suposto disco voador avistado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Na época, a Aeronáutica teria feito um estudo para saber se as fotos eram verdadeiras. Os croquis com a posição do sol e do disco fazem parte do acervo do Arquivo Nacional.

Fotos de suposto disco voador na Barra da Tijuca em 1954 Foto: Reprodução / Arquivo Nacional

O caso mais notório e que envolveu o reconhecimento oficial da FAB de que, de fato, OVNIs foram avistados em direção à Brasília, ocorreu em 1986. Na época, caças foram despachados para perseguir aquelas luzes. Os registros do que os militares fizeram para saber o que era aquilo estão relatados em vários documentos com carimbos de confidencial, mas hoje de acesso livre a qualquer curioso com tempo para percorrer o acervo público, mesmo que via internet.

Os documentos reproduzem as transcrições das conversas entre pilotos e as torres de controle aéreo. Pilotos de caça contam como avistaram os objetos, tentaram alcançá-los, mas os perderam de vista ainda que seus jatos estivessem em velocidade subsônica.

Croquis de discos

Há ainda pequenos registros de avistamentos e croquis dos supostos objetos feitos a partir do que as pessoas entrevistadas pelos militares relataram ter visto. Os desenhos assemelham-se aos discos voadores que povoam a cinematografia de ficção científica.

OVNIs no Brasil

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Croqui de disco voador feito pela FAB

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Croqui de imagem de radar da base da FAB em Anápolis que captou objetos não identificados em 1982

Foto: Reprodução / Estadão

Conclusões? Não há. OANIs, OVNIs ou UFOs, seja qual for a sigla, os objetos que ainda fogem à explicação da ciência aeronáutica seguem no imaginário, mas também sob a forma de um repositório de documentos com histórias de quem viu e acreditou ou continuou na dúvida.

Objetos voadores não identificados existem. Pelo menos, no Brasil, suas histórias são oficiais e estão todas reunidas na pilha de documentos da Força Aérea Brasileira (FAB). Quer saber quem já viu um disco voador? Onde foi? Quantos foram avistados? Tudo isso está disponível para consulta no Arquivo Nacional num acervo que foi criado a partir de documentos liberados pela FAB.

O acervo inclui até mesmo gravações de conversas entre torres de controle de voo e pilotos. Apesar de recheadas de códigos de navegação aeronáutica, as conversas mostram relatos de aviadores e militares sobre terem visto algo que não sabiam o que era.

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Dados compilados pela Aeronáutica indicam que entre 1954 e 2005 foram 710 casos de avistamentos de alguma coisa voando. Uma luz brilhante que se mexia no céu, bolas acesas, discos voadores, aeronaves registradas detectadas por radares da FAB e até mesmo avistadas por aviões caças.

Na série histórica de registros oficiais, 1977 foi o ano em que mais recebemos “visitas desconhecidas”. Foram 85 casos. Naquele ano, até a capital federal foi “invadida”. Era 29 de maio. Um documento com carimbo de “reservado” da Aeronáutica reproduz a conversa do Controle de Tráfego Aéreo com um avião militar. O controlador de voo pergunta se o piloto estava conseguindo ver diretamente o objeto que aparecia no radar. Primeiro o piloto diz que nada via. Depois confirma.

“Positivo, sobre o aeroporto. Está se deslocando em pouca velocidade , luz azul, como se fosse uma estrela, mas está se deslocando”. Em reposta, o controlador diz que a luz foi para o centro do Poder federal: “Afirmativo, esse objeto está em deslocamento, com pouca velocidade, se aproximou, veio do setor Norte de Brasília, sobrevoou o Palácio da Alvorada, a Esplanada dos Ministérios. Agora deve estar sobre o aeroporto”.

Documento da FAB relatando presença de OVNIs em Brasília em 1977 Foto: Reprodução / Estadão

Para quem ficou curioso com a recente discussão organizada no Congresso dos Estados Unidos sobre supostos ETs em solo norteamericano, o arquivo brasileiro não deixa por menos. O material já foi objeto de pesquisa científica e subsidiou até dissertação de Mestrado. Mas pode decepcionar aquele que for buscar novas revelações sobre o mais famoso Extra Terrestre brasileiro, o que teria pousado e circulado pela cidade de Varginha (MG) na década de 1990.

No material já digitalizado e disponível à consulta pela internet no site do Arquivo Nacional traz pouca coisa sobre o ET mineiro. A maioria é reprodução de notícias da imprensa.

Registro de OVNIs em 1982 em Anápolis onde está localizada base da Aeronáutica Foto: Reprodução / Estadão

Nem por isso, o acervo deixa de ter relevância histórica. Ali estão os documentos comprovando que as Forças Armadas já tiveram até uma estrutura formal com comandante indicado para levantar os casos de objetos voadores desconhecidos. Foi durante da ditadura. Em 1969, a Força Aérea decidiu montar em São Paulo o Sioani, “Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados”.

Como relata o pesquisador João Francisco Scharamm em dissertação defendida na Universidade de Brasília, foi a primeira vez que o Estado brasileiro criou uma estrutura formal para pesquisar e estudar esses fenômenos aéreos. Na época, o interesse militar estava contaminado pelo receio de que os estranhos objetos avistados pudessem ser, na verdade, experimentos da União Soviética ou mesmo dos Estados Unidos, aliados do regime militar.

O Siani seguia a norma militar. Tinha estrutura definida e representantes em bases da Aeronáutica espalhados pelo País. ”Entendemos que o assunto é sério e com seriedade será tratado. Qualquer intromissão indébita em área de trabalho do SIOANI, em seus assuntos ou deformação de noticiário será energicamente reprimida e responsabilizados seus autores”, diz o documento de criação do sistema caçador de OVNI que na época eram chamados de OANIs (objetos aéreos não identificados).

No Arquivo Nacional, os registros oficiais sobre o tema têm até nome. Fazem parte do “Fundo Objeto Voador Não identificado” que, atualmente, é composto por 867 itens. Há de tudo ali. De foto a trecho de vídeo. De relatórios confidenciais a cópias de notícias de jornal.

Os documentos mostram, por exemplo, que muito antes de 1996, quando veio a público a história do ET de Varginha, já havia registros oficiais da FAB de que a cidade mineira recebera uma outra visita desconhecida. Foi em 1971. Relatório do então Ministério da Aeronáutica informa que naquele ano a população da cidade ficara impressionada com a passagem de “um objeto de forma ovalada, predominantemente prateado, que não só circulou sobre a cidade, como também pairou em determinados pontos de bairros”.

Os documentos mais antigos, ainda da década de 1950, reproduzem fotos publicadas de suposto disco voador avistado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Na época, a Aeronáutica teria feito um estudo para saber se as fotos eram verdadeiras. Os croquis com a posição do sol e do disco fazem parte do acervo do Arquivo Nacional.

Fotos de suposto disco voador na Barra da Tijuca em 1954 Foto: Reprodução / Arquivo Nacional

O caso mais notório e que envolveu o reconhecimento oficial da FAB de que, de fato, OVNIs foram avistados em direção à Brasília, ocorreu em 1986. Na época, caças foram despachados para perseguir aquelas luzes. Os registros do que os militares fizeram para saber o que era aquilo estão relatados em vários documentos com carimbos de confidencial, mas hoje de acesso livre a qualquer curioso com tempo para percorrer o acervo público, mesmo que via internet.

Os documentos reproduzem as transcrições das conversas entre pilotos e as torres de controle aéreo. Pilotos de caça contam como avistaram os objetos, tentaram alcançá-los, mas os perderam de vista ainda que seus jatos estivessem em velocidade subsônica.

Croquis de discos

Há ainda pequenos registros de avistamentos e croquis dos supostos objetos feitos a partir do que as pessoas entrevistadas pelos militares relataram ter visto. Os desenhos assemelham-se aos discos voadores que povoam a cinematografia de ficção científica.

OVNIs no Brasil

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Croqui de disco voador feito pela FAB

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Desenho de OVNI incluído em relatório da FAB a partir de relatos de quem disse que viu

Foto: Reprodução / Estadão
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Croqui de imagem de radar da base da FAB em Anápolis que captou objetos não identificados em 1982

Foto: Reprodução / Estadão

Conclusões? Não há. OANIs, OVNIs ou UFOs, seja qual for a sigla, os objetos que ainda fogem à explicação da ciência aeronáutica seguem no imaginário, mas também sob a forma de um repositório de documentos com histórias de quem viu e acreditou ou continuou na dúvida.

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