Curiosidades do mundo da Política

Há 20 anos, ladrões furtavam pêndulo do sino da Independência, mas não sabiam que era réplica


Badalo original está na Igreja São Geraldo, na zona oeste da capital paulista, guardado; sino de bronze não pode ser retirado do local, a não ser que ‘destruam a torre e retirem com guindaste’, alerta padre

Por Heitor Mazzoco

Há 20 anos, no dia 25 de novembro de 2003, ladrões (até hoje não se sabe quantos ou quem) entraram pelos fundos da Igreja São Geraldo, na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, arrombaram três portas e furtaram o pêndulo do sino da Independência, utilizado em 1822, na antiga Igreja da Sé, quando dom Pedro 1º proclamou o fim da dependência brasileira de Portugal. Duas décadas depois, o crime continua sem solução. Nenhum suspeito e nenhum preso.

Mas há um detalhe: o pêndulo furtado era uma réplica sem valor comercial daquele que badalou a Independência na Praça da Sé há 201 anos, o que só foi revelado depois. O original está guardado na Igreja São Geraldo e também não tem valor econômico, o que os ladrões não sabiam à época.

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Hoje, porém, os bandidos podem comemorar. Pela legislação brasileira, a ação criminosa prescreveu. A pena para furto qualificado prevê reclusão máxima de oito anos. A prescrição, portanto, ocorre em 12 anos. A Polícia Civil de São Paulo, no entanto, disse que “o caso não está encerrado. Se novos fatos surgirem, o 23º DP (Perdizes) dará andamento à investigação”.

Oziel Azevedo de Lima, 46 anos, funcionário da Igreja São Geraldo das Perdizes no Largo Padre Péricles em São Paulo, mostra badalo original do sino de bronze e ouro de duas toneladas. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

O que se falou nas semanas seguintes ao ato criminoso foi a de que os bandidos estariam de olho no sino e não apenas no pêndulo. Isso porque o sino tem 18 kg de ouro. No entanto, não há como retirá-lo por estar fundido ao bronze. Na época, a Polícia Civil suspeitou da participação de uma quadrilha e não apenas de um ladrão solitário na ação. Mas o sino não é fácil de ser retirado da torre da igreja, mesmo com o auxílio de várias pessoas. Caso fosse, há outro problema: o peso. São 2,25 toneladas, 1,75 metro de altura e 1,70 metro de diâmetro. Apenas o pêndulo pesava entre 40 e 60 kg.

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Na sexta-feira, 24, o Estadão esteve na Igreja São Geraldo e conversou com funcionários e com o padre José Augusto Schramm Brasil, 72 anos, o mesmo da época, que faz um alerta para novas tentativas de crime contra o patrimônio histórico. “Não tem como tirar o sino, a não ser que destruam a torre e tirem com guindaste”, afirmou.

Padre Brasil informou que, na década de 1980, a manutenção pediu para que o pêndulo original fosse retirado, por ser de ferro. “Ao bater no sino de bronze, com o tempo, poderia dar problema. Então, tiramos e colocamos um substituto”, disse ao Estadão.

Em 2003, Estadão noticiou crime contra igreja de São Geraldo, na zona oeste da capital Foto: Reprodução | Acervo Estadão
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Sino da Independência foi levado para Igreja São Geraldo há 81 anos

Após o momento histórico de 1822, o sino de bronze continuou na Sé até 1913, quando a igreja da época foi demolida. O sino, então, ficou guardado pelo Arcebispado de São Paulo até 1942, quando foi transferido para o atual local por determinação do então arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva.

Apesar de ser alvo de curiosos e estudiosos, o sino não toca todos os dias, explica o padre Brasil. A igreja tem três sinos (o antigo e famoso construído em 1820 e outros dois menores). Todos os dias, às 12h e depois às 18h, o menor sino toca. Aos fins de semana, 30 minutos antes das missas, o sino também é acionado.

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Sino que se encontra na Igreja São Geraldo das Perdizes, no Largo Padre Péricles em São Paulo, é de bronze e ouro e tem duas toneladas Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

O mais antigo, o da Independência, é utilizado apenas em datas especiais, como 7 de Setembro e Páscoa, por exemplo. O som é alto, explica o padre Brasil, e, por isso, os vizinhos que moram em condomínios próximos são avisados. Em uma oportunidade, o pároco precisou assinar cartas e enviar aos moradores com aviso de que o sino da Independência seria ouvido na região.

Sociedade tem pouco carinho pelo patrimônio e pela memória, avalia historiador

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Furto, roubo ou perda de objetos importantes para história do Brasil incomodam, mas não surpreendem o historiador Eduardo Lima. Para ele, a sociedade atual não preserva como deveria os bens relacionados ao passado do país.

“A sociedade atual brasileira tem pouco carinho pelo patrimônio e pela memória. Olhe o que aconteceu com Museu Nacional (Rio de Janeiro), que deixaram pegar fogo por falta de investimento. A gente não tem a cultura de preservação. O brasileiro não entendeu essa importância”, disse o especialista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Em 7 de setembro de 1822, então instalado na Igreja da Sé, sino foi utilizado para avisar população sobre a Proclamação da Independência por dom Pedro 1º.  Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
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Lima diz que o assunto de valorização e preservação dos objetos históricos precisa ser amplo para que todos tenham noção e criem uma memória sobre o passado.

“Temos o conceito de história, que é da ciência, conceito de patrimônio e o conceito de memória. Este que temos que analisar. A questão da memória, da escolha do que preservar, que depende do conhecimento histórico. A memória e o patrimônio são mutáveis. Os grupos sociais decidem o que querem lembrar e o que querem esquecer. Lógico que há correlação de forças, os setores com mais força fazem questão de preservar o patrimônio cultural que acham mais relevante, por exemplo, patrimônio cultural católico que, por muitos anos, foi pensamento hegemônico da cultura e religião. Havia um cuidado em preservar as igrejas, preservar objetos da igreja”, afirmou o especialista, que também é mestre me história social pela Unesp.

Lima lembra ainda que os objetos históricos fazem parte de uma construção da própria identidade. Quando isso se perde, é complicado resgatar. “Para essas pessoas que furtaram o objeto da Igreja Católica, não significam nada dentro da cultura. Para eles, somente uma ignorância ao patrimônio e em saber o que aquilo representa. O poder público deveria investir mais na questão da memória e do patrimônio. E também dar valor em novas memórias, as esquecidas, como memória da escravidão”, disse.

Há 20 anos, no dia 25 de novembro de 2003, ladrões (até hoje não se sabe quantos ou quem) entraram pelos fundos da Igreja São Geraldo, na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, arrombaram três portas e furtaram o pêndulo do sino da Independência, utilizado em 1822, na antiga Igreja da Sé, quando dom Pedro 1º proclamou o fim da dependência brasileira de Portugal. Duas décadas depois, o crime continua sem solução. Nenhum suspeito e nenhum preso.

Mas há um detalhe: o pêndulo furtado era uma réplica sem valor comercial daquele que badalou a Independência na Praça da Sé há 201 anos, o que só foi revelado depois. O original está guardado na Igreja São Geraldo e também não tem valor econômico, o que os ladrões não sabiam à época.

Hoje, porém, os bandidos podem comemorar. Pela legislação brasileira, a ação criminosa prescreveu. A pena para furto qualificado prevê reclusão máxima de oito anos. A prescrição, portanto, ocorre em 12 anos. A Polícia Civil de São Paulo, no entanto, disse que “o caso não está encerrado. Se novos fatos surgirem, o 23º DP (Perdizes) dará andamento à investigação”.

Oziel Azevedo de Lima, 46 anos, funcionário da Igreja São Geraldo das Perdizes no Largo Padre Péricles em São Paulo, mostra badalo original do sino de bronze e ouro de duas toneladas. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

O que se falou nas semanas seguintes ao ato criminoso foi a de que os bandidos estariam de olho no sino e não apenas no pêndulo. Isso porque o sino tem 18 kg de ouro. No entanto, não há como retirá-lo por estar fundido ao bronze. Na época, a Polícia Civil suspeitou da participação de uma quadrilha e não apenas de um ladrão solitário na ação. Mas o sino não é fácil de ser retirado da torre da igreja, mesmo com o auxílio de várias pessoas. Caso fosse, há outro problema: o peso. São 2,25 toneladas, 1,75 metro de altura e 1,70 metro de diâmetro. Apenas o pêndulo pesava entre 40 e 60 kg.

Na sexta-feira, 24, o Estadão esteve na Igreja São Geraldo e conversou com funcionários e com o padre José Augusto Schramm Brasil, 72 anos, o mesmo da época, que faz um alerta para novas tentativas de crime contra o patrimônio histórico. “Não tem como tirar o sino, a não ser que destruam a torre e tirem com guindaste”, afirmou.

Padre Brasil informou que, na década de 1980, a manutenção pediu para que o pêndulo original fosse retirado, por ser de ferro. “Ao bater no sino de bronze, com o tempo, poderia dar problema. Então, tiramos e colocamos um substituto”, disse ao Estadão.

Em 2003, Estadão noticiou crime contra igreja de São Geraldo, na zona oeste da capital Foto: Reprodução | Acervo Estadão

Sino da Independência foi levado para Igreja São Geraldo há 81 anos

Após o momento histórico de 1822, o sino de bronze continuou na Sé até 1913, quando a igreja da época foi demolida. O sino, então, ficou guardado pelo Arcebispado de São Paulo até 1942, quando foi transferido para o atual local por determinação do então arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva.

Apesar de ser alvo de curiosos e estudiosos, o sino não toca todos os dias, explica o padre Brasil. A igreja tem três sinos (o antigo e famoso construído em 1820 e outros dois menores). Todos os dias, às 12h e depois às 18h, o menor sino toca. Aos fins de semana, 30 minutos antes das missas, o sino também é acionado.

Sino que se encontra na Igreja São Geraldo das Perdizes, no Largo Padre Péricles em São Paulo, é de bronze e ouro e tem duas toneladas Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

O mais antigo, o da Independência, é utilizado apenas em datas especiais, como 7 de Setembro e Páscoa, por exemplo. O som é alto, explica o padre Brasil, e, por isso, os vizinhos que moram em condomínios próximos são avisados. Em uma oportunidade, o pároco precisou assinar cartas e enviar aos moradores com aviso de que o sino da Independência seria ouvido na região.

Sociedade tem pouco carinho pelo patrimônio e pela memória, avalia historiador

Furto, roubo ou perda de objetos importantes para história do Brasil incomodam, mas não surpreendem o historiador Eduardo Lima. Para ele, a sociedade atual não preserva como deveria os bens relacionados ao passado do país.

“A sociedade atual brasileira tem pouco carinho pelo patrimônio e pela memória. Olhe o que aconteceu com Museu Nacional (Rio de Janeiro), que deixaram pegar fogo por falta de investimento. A gente não tem a cultura de preservação. O brasileiro não entendeu essa importância”, disse o especialista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Em 7 de setembro de 1822, então instalado na Igreja da Sé, sino foi utilizado para avisar população sobre a Proclamação da Independência por dom Pedro 1º.  Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

Lima diz que o assunto de valorização e preservação dos objetos históricos precisa ser amplo para que todos tenham noção e criem uma memória sobre o passado.

“Temos o conceito de história, que é da ciência, conceito de patrimônio e o conceito de memória. Este que temos que analisar. A questão da memória, da escolha do que preservar, que depende do conhecimento histórico. A memória e o patrimônio são mutáveis. Os grupos sociais decidem o que querem lembrar e o que querem esquecer. Lógico que há correlação de forças, os setores com mais força fazem questão de preservar o patrimônio cultural que acham mais relevante, por exemplo, patrimônio cultural católico que, por muitos anos, foi pensamento hegemônico da cultura e religião. Havia um cuidado em preservar as igrejas, preservar objetos da igreja”, afirmou o especialista, que também é mestre me história social pela Unesp.

Lima lembra ainda que os objetos históricos fazem parte de uma construção da própria identidade. Quando isso se perde, é complicado resgatar. “Para essas pessoas que furtaram o objeto da Igreja Católica, não significam nada dentro da cultura. Para eles, somente uma ignorância ao patrimônio e em saber o que aquilo representa. O poder público deveria investir mais na questão da memória e do patrimônio. E também dar valor em novas memórias, as esquecidas, como memória da escravidão”, disse.

Há 20 anos, no dia 25 de novembro de 2003, ladrões (até hoje não se sabe quantos ou quem) entraram pelos fundos da Igreja São Geraldo, na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, arrombaram três portas e furtaram o pêndulo do sino da Independência, utilizado em 1822, na antiga Igreja da Sé, quando dom Pedro 1º proclamou o fim da dependência brasileira de Portugal. Duas décadas depois, o crime continua sem solução. Nenhum suspeito e nenhum preso.

Mas há um detalhe: o pêndulo furtado era uma réplica sem valor comercial daquele que badalou a Independência na Praça da Sé há 201 anos, o que só foi revelado depois. O original está guardado na Igreja São Geraldo e também não tem valor econômico, o que os ladrões não sabiam à época.

Hoje, porém, os bandidos podem comemorar. Pela legislação brasileira, a ação criminosa prescreveu. A pena para furto qualificado prevê reclusão máxima de oito anos. A prescrição, portanto, ocorre em 12 anos. A Polícia Civil de São Paulo, no entanto, disse que “o caso não está encerrado. Se novos fatos surgirem, o 23º DP (Perdizes) dará andamento à investigação”.

Oziel Azevedo de Lima, 46 anos, funcionário da Igreja São Geraldo das Perdizes no Largo Padre Péricles em São Paulo, mostra badalo original do sino de bronze e ouro de duas toneladas. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

O que se falou nas semanas seguintes ao ato criminoso foi a de que os bandidos estariam de olho no sino e não apenas no pêndulo. Isso porque o sino tem 18 kg de ouro. No entanto, não há como retirá-lo por estar fundido ao bronze. Na época, a Polícia Civil suspeitou da participação de uma quadrilha e não apenas de um ladrão solitário na ação. Mas o sino não é fácil de ser retirado da torre da igreja, mesmo com o auxílio de várias pessoas. Caso fosse, há outro problema: o peso. São 2,25 toneladas, 1,75 metro de altura e 1,70 metro de diâmetro. Apenas o pêndulo pesava entre 40 e 60 kg.

Na sexta-feira, 24, o Estadão esteve na Igreja São Geraldo e conversou com funcionários e com o padre José Augusto Schramm Brasil, 72 anos, o mesmo da época, que faz um alerta para novas tentativas de crime contra o patrimônio histórico. “Não tem como tirar o sino, a não ser que destruam a torre e tirem com guindaste”, afirmou.

Padre Brasil informou que, na década de 1980, a manutenção pediu para que o pêndulo original fosse retirado, por ser de ferro. “Ao bater no sino de bronze, com o tempo, poderia dar problema. Então, tiramos e colocamos um substituto”, disse ao Estadão.

Em 2003, Estadão noticiou crime contra igreja de São Geraldo, na zona oeste da capital Foto: Reprodução | Acervo Estadão

Sino da Independência foi levado para Igreja São Geraldo há 81 anos

Após o momento histórico de 1822, o sino de bronze continuou na Sé até 1913, quando a igreja da época foi demolida. O sino, então, ficou guardado pelo Arcebispado de São Paulo até 1942, quando foi transferido para o atual local por determinação do então arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva.

Apesar de ser alvo de curiosos e estudiosos, o sino não toca todos os dias, explica o padre Brasil. A igreja tem três sinos (o antigo e famoso construído em 1820 e outros dois menores). Todos os dias, às 12h e depois às 18h, o menor sino toca. Aos fins de semana, 30 minutos antes das missas, o sino também é acionado.

Sino que se encontra na Igreja São Geraldo das Perdizes, no Largo Padre Péricles em São Paulo, é de bronze e ouro e tem duas toneladas Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

O mais antigo, o da Independência, é utilizado apenas em datas especiais, como 7 de Setembro e Páscoa, por exemplo. O som é alto, explica o padre Brasil, e, por isso, os vizinhos que moram em condomínios próximos são avisados. Em uma oportunidade, o pároco precisou assinar cartas e enviar aos moradores com aviso de que o sino da Independência seria ouvido na região.

Sociedade tem pouco carinho pelo patrimônio e pela memória, avalia historiador

Furto, roubo ou perda de objetos importantes para história do Brasil incomodam, mas não surpreendem o historiador Eduardo Lima. Para ele, a sociedade atual não preserva como deveria os bens relacionados ao passado do país.

“A sociedade atual brasileira tem pouco carinho pelo patrimônio e pela memória. Olhe o que aconteceu com Museu Nacional (Rio de Janeiro), que deixaram pegar fogo por falta de investimento. A gente não tem a cultura de preservação. O brasileiro não entendeu essa importância”, disse o especialista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Em 7 de setembro de 1822, então instalado na Igreja da Sé, sino foi utilizado para avisar população sobre a Proclamação da Independência por dom Pedro 1º.  Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

Lima diz que o assunto de valorização e preservação dos objetos históricos precisa ser amplo para que todos tenham noção e criem uma memória sobre o passado.

“Temos o conceito de história, que é da ciência, conceito de patrimônio e o conceito de memória. Este que temos que analisar. A questão da memória, da escolha do que preservar, que depende do conhecimento histórico. A memória e o patrimônio são mutáveis. Os grupos sociais decidem o que querem lembrar e o que querem esquecer. Lógico que há correlação de forças, os setores com mais força fazem questão de preservar o patrimônio cultural que acham mais relevante, por exemplo, patrimônio cultural católico que, por muitos anos, foi pensamento hegemônico da cultura e religião. Havia um cuidado em preservar as igrejas, preservar objetos da igreja”, afirmou o especialista, que também é mestre me história social pela Unesp.

Lima lembra ainda que os objetos históricos fazem parte de uma construção da própria identidade. Quando isso se perde, é complicado resgatar. “Para essas pessoas que furtaram o objeto da Igreja Católica, não significam nada dentro da cultura. Para eles, somente uma ignorância ao patrimônio e em saber o que aquilo representa. O poder público deveria investir mais na questão da memória e do patrimônio. E também dar valor em novas memórias, as esquecidas, como memória da escravidão”, disse.

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