Curiosidades do mundo da Política

Prévias, congressos e convenções partidárias já terminaram em incêndio e militante sem calças


Em 1978, Paulo Maluf desbancou Laudo Natel em convenção da extinta Arena e o caso foi parar na Justiça depois que a Assembleia Legislativa, palco do encontro, pegou fogo; técnico de futebol, em 2022, foi substituído nos acréscimos e não conseguiu ser candidato ao Senado: ‘fui apunhalado’

Por Heitor Mazzoco

A partir deste sábado, 20, começa o prazo para os partidos políticos realizarem as convenções para apresentação oficial de seus candidatos às prefeituras e câmaras para disputa eleitoral deste ano. Os encontros servem para que os partidos definam seus candidatos nas eleições. No entanto, muitos deles já entraram para a história da política brasileira diante das divergências entre as correntes partidárias. São vários os episódios que terminaram com empurrões, troca de socos, gritaria, fogo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e até briga pela “paternidade” de urna de votação.

Nas últimas eleições em 2022, por exemplo, o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo não conseguiu ser candidato ao Senado Federal pelo PSB em Tocantins. Em uma convenção tensa, em agosto daquele ano, o técnico afirmou ter sido “apunhalado” depois de ter sido substituído em cima da hora por Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas.

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Luxemburgo disse ter sido traído na política  Foto: Daniel Teixeira / Estadão Conteúdo

Na ocasião, houve empurrões, gritos e ameaças entre os correligionários. Luxemburgo afirmou, à época, que processaria o PSB diante da “postura ditatorial e rasteira”, mas desistiu da briga judicial. Pouco mais de um mês do episódio, o técnico disse ao Estadão, rindo, ter sido “traído no futebol e na política”.

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Já em Belo Horizonte (MG), outra convenção do PSB, em 2018, terminou com empurra-empurra e gritos de “golpista”. O encontro foi organizado por apoiadores de Márcio Lacerda, que tentava ser o candidato da legenda ao governo de Minas.

No entanto, com a chegada do opositor Júlio Delgado (PSB-MG), então deputado estadual, ao lado do então presidente da sigla René Vilela, troca de empurrões e ofensas ocorreram.

Delegados do partido e apoiadores do deputado federal Júlio Delgado entraram em confronto na reunião do PSB em 2018 Foto: Estevão Galvão/Assessoria do Marcio Lacerda
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Lacerda, posteriormente, foi alvo de uma ação eleitoral do próprio partido para barrar sua candidatura ao Palácio Tiradentes, sob argumento de não respeitar as diretrizes da sigla. À época, o PSB articulava fazer parte da chapa de Adalclever Lopes (MDB), mas terminou junto na tentativa de reeleição de Fernando Pimentel (PT) após uma intervenção nacional.

As confusões não são recentes. Uma convenção que entrou para a história ocorreu no dia 4 de junho de 1978, na Casa dos deputados paulistas, a Alesp. Na ocasião, integrantes da extinta Aliança Renovadora Nacional (Arena) votaram entre Paulo Maluf e Laudo Natel para o governo biônico de São Paulo.

Paulo Maluf sorri depois de desbancar Laudo Natel, o então candidato de Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo  Foto: Estadão Conteúdo
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Maluf venceu por uma diferença de menos de 30 votos. Mas, na contagem da votação, um incêndio começou em um dos plenários da Alesp. Apesar do corre-corre e insinuações de “maracutaia”, nenhuma urna com votos foi atingida pelo fogo, que foi controlado com rapidez, sem comprometer a estrutura do Palácio 9 de Julho.

Dias depois, o então delegado Romeu Tuma, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), afirmou que o incêndio foi acidental. Natel ainda tentou contestar a eleição de Maluf na Justiça Eleitoral, mas não obteve sucesso. À época, toda confusão na Alesp e a escolha de Maluf para o governo paulista foram temas de editorial do Estadão intitulado “O grande circo”. Maluf governou São Paulo entre 1979 e 1982.

Em 1992, o apresentador Silvio Santos quase saiu candidato a prefeito de São Paulo. Faltou combinar com o extinto PFL, partido pelo qual o homem do baú pretendia disputar o pleito. O vice seria Júlio Casares, hoje presidente do São Paulo Futebol Clube.

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27 de abril de 1992: Julio Casares e Silvio Santos se reúnem para debater pré-campanha à Prefeitura de São Paulo. Casares era cotado como vice do apresentador Foto: @juliocasares_sp via Instagram

Ao depender do aval da maioria dos integrantes do PFL, Silvio Santos foi preterido. A convenção, à época, terminou em pancadaria. Iniciados os trabalhos, o grupo favorável a Arnaldo Faria de Sá avançou sobre a mesa em que estavam sendo recolhidos os votos e, da reação dos delegados pró-Silvio, eclodiu uma briga generalizada.

“A gente tinha uma meia dúzia de seguranças, não davam conta do recado”, disse o ex-senador Marcondes Gadelha. “O pau cantou. Foi pancadaria, quebra-quebra, cadeirada, tudo o que você puder imaginar. Eu nunca vi isso na minha vida, nem na cidade mais perdida aqui do interior da Paraíba.”

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Prévias e congressos também viraram ‘ringues’

Um dos mais famosos episódios de briga interna ocorreu entre tucanos na pré-campanha para Prefeitura de São Paulo, em 2016. Numa troca de empurrões, tapas e socos, Albino José Seriqueira terminou a confusão com as calças na altura das canelas. Por pouco, a cueca branca não seguiu pelo mesmo caminho.

A briga de 2016 entre apoiadores de João Doria e militantes favoráveis a Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli ocorreu no diretório do Tatuapé, o primeiro fundado pelo partido. Uma discussão sobre supostas irregularidades nas prévias terminou com Bininho, como Seriqueira é conhecido, com a calça arriada, caído na sarjeta. Dois anos depois, em 2018, ele já estava rompido com Doria.

Em 2023, o 8º Congresso Nacional do PSOL terminou com troca de socos entre os “companheiros”. Na ocasião, Paula Coradi foi eleita presidente do partido até 2026. Ela pertence ao grupo do deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito de São Paulo neste ano, e defendia uma aproximação com o governo de Lula. Já o outro grupo que disputava a presidência da legenda na ocasião defendia independência em relação ao governo petista.

Integrantes do partidos relataram ao Estadão que durante as discussões, aliados de Boulos propuseram dividir os setores da fundação Lauro Campos entre as diferentes correntes do partido. Como a ideia não foi aceita, alguns militantes se exaltaram e um deles deu um soco em outro colega.

A partir deste sábado, 20, começa o prazo para os partidos políticos realizarem as convenções para apresentação oficial de seus candidatos às prefeituras e câmaras para disputa eleitoral deste ano. Os encontros servem para que os partidos definam seus candidatos nas eleições. No entanto, muitos deles já entraram para a história da política brasileira diante das divergências entre as correntes partidárias. São vários os episódios que terminaram com empurrões, troca de socos, gritaria, fogo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e até briga pela “paternidade” de urna de votação.

Nas últimas eleições em 2022, por exemplo, o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo não conseguiu ser candidato ao Senado Federal pelo PSB em Tocantins. Em uma convenção tensa, em agosto daquele ano, o técnico afirmou ter sido “apunhalado” depois de ter sido substituído em cima da hora por Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas.

Luxemburgo disse ter sido traído na política  Foto: Daniel Teixeira / Estadão Conteúdo

Na ocasião, houve empurrões, gritos e ameaças entre os correligionários. Luxemburgo afirmou, à época, que processaria o PSB diante da “postura ditatorial e rasteira”, mas desistiu da briga judicial. Pouco mais de um mês do episódio, o técnico disse ao Estadão, rindo, ter sido “traído no futebol e na política”.

Já em Belo Horizonte (MG), outra convenção do PSB, em 2018, terminou com empurra-empurra e gritos de “golpista”. O encontro foi organizado por apoiadores de Márcio Lacerda, que tentava ser o candidato da legenda ao governo de Minas.

No entanto, com a chegada do opositor Júlio Delgado (PSB-MG), então deputado estadual, ao lado do então presidente da sigla René Vilela, troca de empurrões e ofensas ocorreram.

Delegados do partido e apoiadores do deputado federal Júlio Delgado entraram em confronto na reunião do PSB em 2018 Foto: Estevão Galvão/Assessoria do Marcio Lacerda

Lacerda, posteriormente, foi alvo de uma ação eleitoral do próprio partido para barrar sua candidatura ao Palácio Tiradentes, sob argumento de não respeitar as diretrizes da sigla. À época, o PSB articulava fazer parte da chapa de Adalclever Lopes (MDB), mas terminou junto na tentativa de reeleição de Fernando Pimentel (PT) após uma intervenção nacional.

As confusões não são recentes. Uma convenção que entrou para a história ocorreu no dia 4 de junho de 1978, na Casa dos deputados paulistas, a Alesp. Na ocasião, integrantes da extinta Aliança Renovadora Nacional (Arena) votaram entre Paulo Maluf e Laudo Natel para o governo biônico de São Paulo.

Paulo Maluf sorri depois de desbancar Laudo Natel, o então candidato de Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo  Foto: Estadão Conteúdo

Maluf venceu por uma diferença de menos de 30 votos. Mas, na contagem da votação, um incêndio começou em um dos plenários da Alesp. Apesar do corre-corre e insinuações de “maracutaia”, nenhuma urna com votos foi atingida pelo fogo, que foi controlado com rapidez, sem comprometer a estrutura do Palácio 9 de Julho.

Dias depois, o então delegado Romeu Tuma, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), afirmou que o incêndio foi acidental. Natel ainda tentou contestar a eleição de Maluf na Justiça Eleitoral, mas não obteve sucesso. À época, toda confusão na Alesp e a escolha de Maluf para o governo paulista foram temas de editorial do Estadão intitulado “O grande circo”. Maluf governou São Paulo entre 1979 e 1982.

Em 1992, o apresentador Silvio Santos quase saiu candidato a prefeito de São Paulo. Faltou combinar com o extinto PFL, partido pelo qual o homem do baú pretendia disputar o pleito. O vice seria Júlio Casares, hoje presidente do São Paulo Futebol Clube.

27 de abril de 1992: Julio Casares e Silvio Santos se reúnem para debater pré-campanha à Prefeitura de São Paulo. Casares era cotado como vice do apresentador Foto: @juliocasares_sp via Instagram

Ao depender do aval da maioria dos integrantes do PFL, Silvio Santos foi preterido. A convenção, à época, terminou em pancadaria. Iniciados os trabalhos, o grupo favorável a Arnaldo Faria de Sá avançou sobre a mesa em que estavam sendo recolhidos os votos e, da reação dos delegados pró-Silvio, eclodiu uma briga generalizada.

“A gente tinha uma meia dúzia de seguranças, não davam conta do recado”, disse o ex-senador Marcondes Gadelha. “O pau cantou. Foi pancadaria, quebra-quebra, cadeirada, tudo o que você puder imaginar. Eu nunca vi isso na minha vida, nem na cidade mais perdida aqui do interior da Paraíba.”

Prévias e congressos também viraram ‘ringues’

Um dos mais famosos episódios de briga interna ocorreu entre tucanos na pré-campanha para Prefeitura de São Paulo, em 2016. Numa troca de empurrões, tapas e socos, Albino José Seriqueira terminou a confusão com as calças na altura das canelas. Por pouco, a cueca branca não seguiu pelo mesmo caminho.

A briga de 2016 entre apoiadores de João Doria e militantes favoráveis a Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli ocorreu no diretório do Tatuapé, o primeiro fundado pelo partido. Uma discussão sobre supostas irregularidades nas prévias terminou com Bininho, como Seriqueira é conhecido, com a calça arriada, caído na sarjeta. Dois anos depois, em 2018, ele já estava rompido com Doria.

Em 2023, o 8º Congresso Nacional do PSOL terminou com troca de socos entre os “companheiros”. Na ocasião, Paula Coradi foi eleita presidente do partido até 2026. Ela pertence ao grupo do deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito de São Paulo neste ano, e defendia uma aproximação com o governo de Lula. Já o outro grupo que disputava a presidência da legenda na ocasião defendia independência em relação ao governo petista.

Integrantes do partidos relataram ao Estadão que durante as discussões, aliados de Boulos propuseram dividir os setores da fundação Lauro Campos entre as diferentes correntes do partido. Como a ideia não foi aceita, alguns militantes se exaltaram e um deles deu um soco em outro colega.

A partir deste sábado, 20, começa o prazo para os partidos políticos realizarem as convenções para apresentação oficial de seus candidatos às prefeituras e câmaras para disputa eleitoral deste ano. Os encontros servem para que os partidos definam seus candidatos nas eleições. No entanto, muitos deles já entraram para a história da política brasileira diante das divergências entre as correntes partidárias. São vários os episódios que terminaram com empurrões, troca de socos, gritaria, fogo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e até briga pela “paternidade” de urna de votação.

Nas últimas eleições em 2022, por exemplo, o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo não conseguiu ser candidato ao Senado Federal pelo PSB em Tocantins. Em uma convenção tensa, em agosto daquele ano, o técnico afirmou ter sido “apunhalado” depois de ter sido substituído em cima da hora por Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas.

Luxemburgo disse ter sido traído na política  Foto: Daniel Teixeira / Estadão Conteúdo

Na ocasião, houve empurrões, gritos e ameaças entre os correligionários. Luxemburgo afirmou, à época, que processaria o PSB diante da “postura ditatorial e rasteira”, mas desistiu da briga judicial. Pouco mais de um mês do episódio, o técnico disse ao Estadão, rindo, ter sido “traído no futebol e na política”.

Já em Belo Horizonte (MG), outra convenção do PSB, em 2018, terminou com empurra-empurra e gritos de “golpista”. O encontro foi organizado por apoiadores de Márcio Lacerda, que tentava ser o candidato da legenda ao governo de Minas.

No entanto, com a chegada do opositor Júlio Delgado (PSB-MG), então deputado estadual, ao lado do então presidente da sigla René Vilela, troca de empurrões e ofensas ocorreram.

Delegados do partido e apoiadores do deputado federal Júlio Delgado entraram em confronto na reunião do PSB em 2018 Foto: Estevão Galvão/Assessoria do Marcio Lacerda

Lacerda, posteriormente, foi alvo de uma ação eleitoral do próprio partido para barrar sua candidatura ao Palácio Tiradentes, sob argumento de não respeitar as diretrizes da sigla. À época, o PSB articulava fazer parte da chapa de Adalclever Lopes (MDB), mas terminou junto na tentativa de reeleição de Fernando Pimentel (PT) após uma intervenção nacional.

As confusões não são recentes. Uma convenção que entrou para a história ocorreu no dia 4 de junho de 1978, na Casa dos deputados paulistas, a Alesp. Na ocasião, integrantes da extinta Aliança Renovadora Nacional (Arena) votaram entre Paulo Maluf e Laudo Natel para o governo biônico de São Paulo.

Paulo Maluf sorri depois de desbancar Laudo Natel, o então candidato de Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo  Foto: Estadão Conteúdo

Maluf venceu por uma diferença de menos de 30 votos. Mas, na contagem da votação, um incêndio começou em um dos plenários da Alesp. Apesar do corre-corre e insinuações de “maracutaia”, nenhuma urna com votos foi atingida pelo fogo, que foi controlado com rapidez, sem comprometer a estrutura do Palácio 9 de Julho.

Dias depois, o então delegado Romeu Tuma, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), afirmou que o incêndio foi acidental. Natel ainda tentou contestar a eleição de Maluf na Justiça Eleitoral, mas não obteve sucesso. À época, toda confusão na Alesp e a escolha de Maluf para o governo paulista foram temas de editorial do Estadão intitulado “O grande circo”. Maluf governou São Paulo entre 1979 e 1982.

Em 1992, o apresentador Silvio Santos quase saiu candidato a prefeito de São Paulo. Faltou combinar com o extinto PFL, partido pelo qual o homem do baú pretendia disputar o pleito. O vice seria Júlio Casares, hoje presidente do São Paulo Futebol Clube.

27 de abril de 1992: Julio Casares e Silvio Santos se reúnem para debater pré-campanha à Prefeitura de São Paulo. Casares era cotado como vice do apresentador Foto: @juliocasares_sp via Instagram

Ao depender do aval da maioria dos integrantes do PFL, Silvio Santos foi preterido. A convenção, à época, terminou em pancadaria. Iniciados os trabalhos, o grupo favorável a Arnaldo Faria de Sá avançou sobre a mesa em que estavam sendo recolhidos os votos e, da reação dos delegados pró-Silvio, eclodiu uma briga generalizada.

“A gente tinha uma meia dúzia de seguranças, não davam conta do recado”, disse o ex-senador Marcondes Gadelha. “O pau cantou. Foi pancadaria, quebra-quebra, cadeirada, tudo o que você puder imaginar. Eu nunca vi isso na minha vida, nem na cidade mais perdida aqui do interior da Paraíba.”

Prévias e congressos também viraram ‘ringues’

Um dos mais famosos episódios de briga interna ocorreu entre tucanos na pré-campanha para Prefeitura de São Paulo, em 2016. Numa troca de empurrões, tapas e socos, Albino José Seriqueira terminou a confusão com as calças na altura das canelas. Por pouco, a cueca branca não seguiu pelo mesmo caminho.

A briga de 2016 entre apoiadores de João Doria e militantes favoráveis a Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli ocorreu no diretório do Tatuapé, o primeiro fundado pelo partido. Uma discussão sobre supostas irregularidades nas prévias terminou com Bininho, como Seriqueira é conhecido, com a calça arriada, caído na sarjeta. Dois anos depois, em 2018, ele já estava rompido com Doria.

Em 2023, o 8º Congresso Nacional do PSOL terminou com troca de socos entre os “companheiros”. Na ocasião, Paula Coradi foi eleita presidente do partido até 2026. Ela pertence ao grupo do deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito de São Paulo neste ano, e defendia uma aproximação com o governo de Lula. Já o outro grupo que disputava a presidência da legenda na ocasião defendia independência em relação ao governo petista.

Integrantes do partidos relataram ao Estadão que durante as discussões, aliados de Boulos propuseram dividir os setores da fundação Lauro Campos entre as diferentes correntes do partido. Como a ideia não foi aceita, alguns militantes se exaltaram e um deles deu um soco em outro colega.

A partir deste sábado, 20, começa o prazo para os partidos políticos realizarem as convenções para apresentação oficial de seus candidatos às prefeituras e câmaras para disputa eleitoral deste ano. Os encontros servem para que os partidos definam seus candidatos nas eleições. No entanto, muitos deles já entraram para a história da política brasileira diante das divergências entre as correntes partidárias. São vários os episódios que terminaram com empurrões, troca de socos, gritaria, fogo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e até briga pela “paternidade” de urna de votação.

Nas últimas eleições em 2022, por exemplo, o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo não conseguiu ser candidato ao Senado Federal pelo PSB em Tocantins. Em uma convenção tensa, em agosto daquele ano, o técnico afirmou ter sido “apunhalado” depois de ter sido substituído em cima da hora por Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas.

Luxemburgo disse ter sido traído na política  Foto: Daniel Teixeira / Estadão Conteúdo

Na ocasião, houve empurrões, gritos e ameaças entre os correligionários. Luxemburgo afirmou, à época, que processaria o PSB diante da “postura ditatorial e rasteira”, mas desistiu da briga judicial. Pouco mais de um mês do episódio, o técnico disse ao Estadão, rindo, ter sido “traído no futebol e na política”.

Já em Belo Horizonte (MG), outra convenção do PSB, em 2018, terminou com empurra-empurra e gritos de “golpista”. O encontro foi organizado por apoiadores de Márcio Lacerda, que tentava ser o candidato da legenda ao governo de Minas.

No entanto, com a chegada do opositor Júlio Delgado (PSB-MG), então deputado estadual, ao lado do então presidente da sigla René Vilela, troca de empurrões e ofensas ocorreram.

Delegados do partido e apoiadores do deputado federal Júlio Delgado entraram em confronto na reunião do PSB em 2018 Foto: Estevão Galvão/Assessoria do Marcio Lacerda

Lacerda, posteriormente, foi alvo de uma ação eleitoral do próprio partido para barrar sua candidatura ao Palácio Tiradentes, sob argumento de não respeitar as diretrizes da sigla. À época, o PSB articulava fazer parte da chapa de Adalclever Lopes (MDB), mas terminou junto na tentativa de reeleição de Fernando Pimentel (PT) após uma intervenção nacional.

As confusões não são recentes. Uma convenção que entrou para a história ocorreu no dia 4 de junho de 1978, na Casa dos deputados paulistas, a Alesp. Na ocasião, integrantes da extinta Aliança Renovadora Nacional (Arena) votaram entre Paulo Maluf e Laudo Natel para o governo biônico de São Paulo.

Paulo Maluf sorri depois de desbancar Laudo Natel, o então candidato de Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo  Foto: Estadão Conteúdo

Maluf venceu por uma diferença de menos de 30 votos. Mas, na contagem da votação, um incêndio começou em um dos plenários da Alesp. Apesar do corre-corre e insinuações de “maracutaia”, nenhuma urna com votos foi atingida pelo fogo, que foi controlado com rapidez, sem comprometer a estrutura do Palácio 9 de Julho.

Dias depois, o então delegado Romeu Tuma, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), afirmou que o incêndio foi acidental. Natel ainda tentou contestar a eleição de Maluf na Justiça Eleitoral, mas não obteve sucesso. À época, toda confusão na Alesp e a escolha de Maluf para o governo paulista foram temas de editorial do Estadão intitulado “O grande circo”. Maluf governou São Paulo entre 1979 e 1982.

Em 1992, o apresentador Silvio Santos quase saiu candidato a prefeito de São Paulo. Faltou combinar com o extinto PFL, partido pelo qual o homem do baú pretendia disputar o pleito. O vice seria Júlio Casares, hoje presidente do São Paulo Futebol Clube.

27 de abril de 1992: Julio Casares e Silvio Santos se reúnem para debater pré-campanha à Prefeitura de São Paulo. Casares era cotado como vice do apresentador Foto: @juliocasares_sp via Instagram

Ao depender do aval da maioria dos integrantes do PFL, Silvio Santos foi preterido. A convenção, à época, terminou em pancadaria. Iniciados os trabalhos, o grupo favorável a Arnaldo Faria de Sá avançou sobre a mesa em que estavam sendo recolhidos os votos e, da reação dos delegados pró-Silvio, eclodiu uma briga generalizada.

“A gente tinha uma meia dúzia de seguranças, não davam conta do recado”, disse o ex-senador Marcondes Gadelha. “O pau cantou. Foi pancadaria, quebra-quebra, cadeirada, tudo o que você puder imaginar. Eu nunca vi isso na minha vida, nem na cidade mais perdida aqui do interior da Paraíba.”

Prévias e congressos também viraram ‘ringues’

Um dos mais famosos episódios de briga interna ocorreu entre tucanos na pré-campanha para Prefeitura de São Paulo, em 2016. Numa troca de empurrões, tapas e socos, Albino José Seriqueira terminou a confusão com as calças na altura das canelas. Por pouco, a cueca branca não seguiu pelo mesmo caminho.

A briga de 2016 entre apoiadores de João Doria e militantes favoráveis a Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli ocorreu no diretório do Tatuapé, o primeiro fundado pelo partido. Uma discussão sobre supostas irregularidades nas prévias terminou com Bininho, como Seriqueira é conhecido, com a calça arriada, caído na sarjeta. Dois anos depois, em 2018, ele já estava rompido com Doria.

Em 2023, o 8º Congresso Nacional do PSOL terminou com troca de socos entre os “companheiros”. Na ocasião, Paula Coradi foi eleita presidente do partido até 2026. Ela pertence ao grupo do deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito de São Paulo neste ano, e defendia uma aproximação com o governo de Lula. Já o outro grupo que disputava a presidência da legenda na ocasião defendia independência em relação ao governo petista.

Integrantes do partidos relataram ao Estadão que durante as discussões, aliados de Boulos propuseram dividir os setores da fundação Lauro Campos entre as diferentes correntes do partido. Como a ideia não foi aceita, alguns militantes se exaltaram e um deles deu um soco em outro colega.

A partir deste sábado, 20, começa o prazo para os partidos políticos realizarem as convenções para apresentação oficial de seus candidatos às prefeituras e câmaras para disputa eleitoral deste ano. Os encontros servem para que os partidos definam seus candidatos nas eleições. No entanto, muitos deles já entraram para a história da política brasileira diante das divergências entre as correntes partidárias. São vários os episódios que terminaram com empurrões, troca de socos, gritaria, fogo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e até briga pela “paternidade” de urna de votação.

Nas últimas eleições em 2022, por exemplo, o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo não conseguiu ser candidato ao Senado Federal pelo PSB em Tocantins. Em uma convenção tensa, em agosto daquele ano, o técnico afirmou ter sido “apunhalado” depois de ter sido substituído em cima da hora por Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas.

Luxemburgo disse ter sido traído na política  Foto: Daniel Teixeira / Estadão Conteúdo

Na ocasião, houve empurrões, gritos e ameaças entre os correligionários. Luxemburgo afirmou, à época, que processaria o PSB diante da “postura ditatorial e rasteira”, mas desistiu da briga judicial. Pouco mais de um mês do episódio, o técnico disse ao Estadão, rindo, ter sido “traído no futebol e na política”.

Já em Belo Horizonte (MG), outra convenção do PSB, em 2018, terminou com empurra-empurra e gritos de “golpista”. O encontro foi organizado por apoiadores de Márcio Lacerda, que tentava ser o candidato da legenda ao governo de Minas.

No entanto, com a chegada do opositor Júlio Delgado (PSB-MG), então deputado estadual, ao lado do então presidente da sigla René Vilela, troca de empurrões e ofensas ocorreram.

Delegados do partido e apoiadores do deputado federal Júlio Delgado entraram em confronto na reunião do PSB em 2018 Foto: Estevão Galvão/Assessoria do Marcio Lacerda

Lacerda, posteriormente, foi alvo de uma ação eleitoral do próprio partido para barrar sua candidatura ao Palácio Tiradentes, sob argumento de não respeitar as diretrizes da sigla. À época, o PSB articulava fazer parte da chapa de Adalclever Lopes (MDB), mas terminou junto na tentativa de reeleição de Fernando Pimentel (PT) após uma intervenção nacional.

As confusões não são recentes. Uma convenção que entrou para a história ocorreu no dia 4 de junho de 1978, na Casa dos deputados paulistas, a Alesp. Na ocasião, integrantes da extinta Aliança Renovadora Nacional (Arena) votaram entre Paulo Maluf e Laudo Natel para o governo biônico de São Paulo.

Paulo Maluf sorri depois de desbancar Laudo Natel, o então candidato de Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo  Foto: Estadão Conteúdo

Maluf venceu por uma diferença de menos de 30 votos. Mas, na contagem da votação, um incêndio começou em um dos plenários da Alesp. Apesar do corre-corre e insinuações de “maracutaia”, nenhuma urna com votos foi atingida pelo fogo, que foi controlado com rapidez, sem comprometer a estrutura do Palácio 9 de Julho.

Dias depois, o então delegado Romeu Tuma, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), afirmou que o incêndio foi acidental. Natel ainda tentou contestar a eleição de Maluf na Justiça Eleitoral, mas não obteve sucesso. À época, toda confusão na Alesp e a escolha de Maluf para o governo paulista foram temas de editorial do Estadão intitulado “O grande circo”. Maluf governou São Paulo entre 1979 e 1982.

Em 1992, o apresentador Silvio Santos quase saiu candidato a prefeito de São Paulo. Faltou combinar com o extinto PFL, partido pelo qual o homem do baú pretendia disputar o pleito. O vice seria Júlio Casares, hoje presidente do São Paulo Futebol Clube.

27 de abril de 1992: Julio Casares e Silvio Santos se reúnem para debater pré-campanha à Prefeitura de São Paulo. Casares era cotado como vice do apresentador Foto: @juliocasares_sp via Instagram

Ao depender do aval da maioria dos integrantes do PFL, Silvio Santos foi preterido. A convenção, à época, terminou em pancadaria. Iniciados os trabalhos, o grupo favorável a Arnaldo Faria de Sá avançou sobre a mesa em que estavam sendo recolhidos os votos e, da reação dos delegados pró-Silvio, eclodiu uma briga generalizada.

“A gente tinha uma meia dúzia de seguranças, não davam conta do recado”, disse o ex-senador Marcondes Gadelha. “O pau cantou. Foi pancadaria, quebra-quebra, cadeirada, tudo o que você puder imaginar. Eu nunca vi isso na minha vida, nem na cidade mais perdida aqui do interior da Paraíba.”

Prévias e congressos também viraram ‘ringues’

Um dos mais famosos episódios de briga interna ocorreu entre tucanos na pré-campanha para Prefeitura de São Paulo, em 2016. Numa troca de empurrões, tapas e socos, Albino José Seriqueira terminou a confusão com as calças na altura das canelas. Por pouco, a cueca branca não seguiu pelo mesmo caminho.

A briga de 2016 entre apoiadores de João Doria e militantes favoráveis a Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli ocorreu no diretório do Tatuapé, o primeiro fundado pelo partido. Uma discussão sobre supostas irregularidades nas prévias terminou com Bininho, como Seriqueira é conhecido, com a calça arriada, caído na sarjeta. Dois anos depois, em 2018, ele já estava rompido com Doria.

Em 2023, o 8º Congresso Nacional do PSOL terminou com troca de socos entre os “companheiros”. Na ocasião, Paula Coradi foi eleita presidente do partido até 2026. Ela pertence ao grupo do deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito de São Paulo neste ano, e defendia uma aproximação com o governo de Lula. Já o outro grupo que disputava a presidência da legenda na ocasião defendia independência em relação ao governo petista.

Integrantes do partidos relataram ao Estadão que durante as discussões, aliados de Boulos propuseram dividir os setores da fundação Lauro Campos entre as diferentes correntes do partido. Como a ideia não foi aceita, alguns militantes se exaltaram e um deles deu um soco em outro colega.

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