‘Voto envergonhado’ e indecisos são peças-chave para Pablo Marçal tentar chegar ao 2º turno; entenda


Especialistas avaliam que o efeito do voto envergonhado, impulsionado pelo comportamento controverso do candidato do PRTB, e o elevado número de indecisos aumentam as chances de que o ex-coach obtenha mais votos nas urnas do que os indicados pelos institutos de pesquisa

Por Hugo Henud
Atualização:

O candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) tem potencial para obter mais votos nas urnas do que o indicado até agora pelos institutos de pesquisa. Especialistas ouvidos pelo Estadão destacam que o chamado “voto envergonhado” — impulsionado pelo estilo agressivo adotado por Marçal na campanha e o elevado número de eleitores indecisos aumentam as chances de subnotificação nas intenções de voto do ex-coach, o que poderia viabilizar sua ida ao segundo turno das eleições.

Desde o início da campanha, Marçal tem se envolvido em uma série de polêmicas. A mais recente envolveu sua expulsão do debate realizado pelo Grupo Flow na segunda-feira, 23, seguida pela agressão de seu assessor ao marqueteiro da equipe de Ricardo Nunes (MDB) no mesmo evento.

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Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Para Yuri Sanches, diretor de política do Instituto AtlasIntel, o comportamento controverso e socialmente reprovável do ex-coach resulta no chamado “voto envergonhado” — quando eleitores, por “vergonha” ou “medo” de uma reação negativa, evitam declarar sua intenção de voto em pesquisas eleitorais. Sanches explica que a dinâmica é uma das razões pelas quais Marçal tende a se sair melhor em levantamentos que utilizam metodologias de coleta de dados online, onde os entrevistados se sentem mais à vontade para expressar suas verdadeiras preferências.

“É provável, sim, que ele tenha um desempenho maior do que as pesquisas mostram hoje, e o principal motivo seria justamente o voto envergonhado. Existe uma parte do eleitorado que, diante das controvérsias, especialmente em pesquisas com interação humana, como as realizadas por telefone ou presencialmente, não se sente confortável em declarar seu voto ao entrevistador. Esse movimento acaba não sendo captado pelos institutos”, explica.

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O professor de ciência política da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte (EUA) e pesquisador da Quaest, Frederico Pereira, acrescenta que, além de ter um perfil que favorece o voto envergonhado, Marçal se destaca por sua forte presença nas redes sociais, o que lhe confere uma maior capacidade de atrair e engajar o eleitorado indeciso na reta final das eleições, em comparação com os demais candidatos. Pereira ressalta ainda que é provável que parte desse voto envergonhado esteja entre os indecisos, tornando este grupo fundamental para definir quais candidatos irão para o segundo turno.

“É bem provável que essa candidatura apareça com mais votos do que o visto até aqui, por ser mais efetiva em levar as pessoas para a urna, tirá-las de casa. É menos abstenção. Com todo esse barulho e com essa força nas redes sociais, ele tem potencial de conquistar, no final, essa parte dos indecisos. As pesquisas, por sua vez, acabam não captando a mudança de direção nos últimos dias. Não me surpreenderia se ele aparecer com mais votos no dia das eleições”, pontua.

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A menos de duas semanas das eleições, os institutos de pesquisa têm mostrado que, no cenário espontâneo — no qual os nomes dos candidatos não são apresentados aos eleitores — há um elevado número de eleitores indecisos na cidade de São Paulo. O último levantamento da Quaest, divulgado na terça-feira, 24, apontou que 46% dos eleitores ainda não declararam voto em nenhum dos candidatos, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) foi mencionado por 16% dos entrevistados, seguido por Marçal e Nunes, cada um com 14% das menções.

Rejeição a Marçal tende a reforçar voto envergonhado

O cientista político João Feres, coordenador do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP) do IESP/Uerj, que realiza pesquisas qualitativas sobre o eleitorado de Marçal, avalia que a alta rejeição tende a estimular o voto envergonhado, levando eleitores simpáticos ao ex-coach a esconderem sua intenção de voto, especialmente quando percebem uma desaprovação social significativa ao seu redor. A última pesquisa da Quaest mostra que 50% do eleitorado afirma que não votaria no ex-coach, enquanto, no Datafolha, ele é rejeitado por 48% dos eleitores.

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“Marçal se encaixa bem nessa categoria de candidato. Ele capta o sentimento antissistema, mas, ao mesmo tempo, adota um comportamento estrondoso, com um código social muitas vezes considerado inaceitável. Esses fatores levam algumas pessoas a querer votar nele, mas com vergonha de admitir. Boulos, por exemplo, não se encaixa nesse perfil, apesar da alta rejeição”, explica.

Da mesma forma, o cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública (DOXA), Bruno Schaefer, destaca que, a despeito da alta rejeição e dos fatos negativos acumulados nas últimas semanas, Marçal não apenas não perdeu força, como também continua viável para alcançar o segundo turno.

Em sua avaliação, o fato de as pesquisas mostrarem que Marçal possui um eleitorado mais convicto do que o de Nunes abre a possibilidade de uma migração de votos para o candidato do PRTB, contribuindo também para que o ex-coach tenha uma votação discrepante da apontada pelos institutos.

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“Existe a possibilidade de ocorrer uma migração de votos de Nunes para Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado. Não descartaria Marçal no segundo turno. As eleições de São Paulo estão imprevisíveis, e por todos esses fatores — voto envergonhado, domínio das redes sociais, voto convicto — Marçal tem margem para apresentar uma maior pontuação e surpreender”, completa.

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O candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) tem potencial para obter mais votos nas urnas do que o indicado até agora pelos institutos de pesquisa. Especialistas ouvidos pelo Estadão destacam que o chamado “voto envergonhado” — impulsionado pelo estilo agressivo adotado por Marçal na campanha e o elevado número de eleitores indecisos aumentam as chances de subnotificação nas intenções de voto do ex-coach, o que poderia viabilizar sua ida ao segundo turno das eleições.

Desde o início da campanha, Marçal tem se envolvido em uma série de polêmicas. A mais recente envolveu sua expulsão do debate realizado pelo Grupo Flow na segunda-feira, 23, seguida pela agressão de seu assessor ao marqueteiro da equipe de Ricardo Nunes (MDB) no mesmo evento.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Para Yuri Sanches, diretor de política do Instituto AtlasIntel, o comportamento controverso e socialmente reprovável do ex-coach resulta no chamado “voto envergonhado” — quando eleitores, por “vergonha” ou “medo” de uma reação negativa, evitam declarar sua intenção de voto em pesquisas eleitorais. Sanches explica que a dinâmica é uma das razões pelas quais Marçal tende a se sair melhor em levantamentos que utilizam metodologias de coleta de dados online, onde os entrevistados se sentem mais à vontade para expressar suas verdadeiras preferências.

“É provável, sim, que ele tenha um desempenho maior do que as pesquisas mostram hoje, e o principal motivo seria justamente o voto envergonhado. Existe uma parte do eleitorado que, diante das controvérsias, especialmente em pesquisas com interação humana, como as realizadas por telefone ou presencialmente, não se sente confortável em declarar seu voto ao entrevistador. Esse movimento acaba não sendo captado pelos institutos”, explica.

O professor de ciência política da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte (EUA) e pesquisador da Quaest, Frederico Pereira, acrescenta que, além de ter um perfil que favorece o voto envergonhado, Marçal se destaca por sua forte presença nas redes sociais, o que lhe confere uma maior capacidade de atrair e engajar o eleitorado indeciso na reta final das eleições, em comparação com os demais candidatos. Pereira ressalta ainda que é provável que parte desse voto envergonhado esteja entre os indecisos, tornando este grupo fundamental para definir quais candidatos irão para o segundo turno.

“É bem provável que essa candidatura apareça com mais votos do que o visto até aqui, por ser mais efetiva em levar as pessoas para a urna, tirá-las de casa. É menos abstenção. Com todo esse barulho e com essa força nas redes sociais, ele tem potencial de conquistar, no final, essa parte dos indecisos. As pesquisas, por sua vez, acabam não captando a mudança de direção nos últimos dias. Não me surpreenderia se ele aparecer com mais votos no dia das eleições”, pontua.

A menos de duas semanas das eleições, os institutos de pesquisa têm mostrado que, no cenário espontâneo — no qual os nomes dos candidatos não são apresentados aos eleitores — há um elevado número de eleitores indecisos na cidade de São Paulo. O último levantamento da Quaest, divulgado na terça-feira, 24, apontou que 46% dos eleitores ainda não declararam voto em nenhum dos candidatos, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) foi mencionado por 16% dos entrevistados, seguido por Marçal e Nunes, cada um com 14% das menções.

Rejeição a Marçal tende a reforçar voto envergonhado

O cientista político João Feres, coordenador do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP) do IESP/Uerj, que realiza pesquisas qualitativas sobre o eleitorado de Marçal, avalia que a alta rejeição tende a estimular o voto envergonhado, levando eleitores simpáticos ao ex-coach a esconderem sua intenção de voto, especialmente quando percebem uma desaprovação social significativa ao seu redor. A última pesquisa da Quaest mostra que 50% do eleitorado afirma que não votaria no ex-coach, enquanto, no Datafolha, ele é rejeitado por 48% dos eleitores.

“Marçal se encaixa bem nessa categoria de candidato. Ele capta o sentimento antissistema, mas, ao mesmo tempo, adota um comportamento estrondoso, com um código social muitas vezes considerado inaceitável. Esses fatores levam algumas pessoas a querer votar nele, mas com vergonha de admitir. Boulos, por exemplo, não se encaixa nesse perfil, apesar da alta rejeição”, explica.

Da mesma forma, o cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública (DOXA), Bruno Schaefer, destaca que, a despeito da alta rejeição e dos fatos negativos acumulados nas últimas semanas, Marçal não apenas não perdeu força, como também continua viável para alcançar o segundo turno.

Em sua avaliação, o fato de as pesquisas mostrarem que Marçal possui um eleitorado mais convicto do que o de Nunes abre a possibilidade de uma migração de votos para o candidato do PRTB, contribuindo também para que o ex-coach tenha uma votação discrepante da apontada pelos institutos.

“Existe a possibilidade de ocorrer uma migração de votos de Nunes para Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado. Não descartaria Marçal no segundo turno. As eleições de São Paulo estão imprevisíveis, e por todos esses fatores — voto envergonhado, domínio das redes sociais, voto convicto — Marçal tem margem para apresentar uma maior pontuação e surpreender”, completa.

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O candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) tem potencial para obter mais votos nas urnas do que o indicado até agora pelos institutos de pesquisa. Especialistas ouvidos pelo Estadão destacam que o chamado “voto envergonhado” — impulsionado pelo estilo agressivo adotado por Marçal na campanha e o elevado número de eleitores indecisos aumentam as chances de subnotificação nas intenções de voto do ex-coach, o que poderia viabilizar sua ida ao segundo turno das eleições.

Desde o início da campanha, Marçal tem se envolvido em uma série de polêmicas. A mais recente envolveu sua expulsão do debate realizado pelo Grupo Flow na segunda-feira, 23, seguida pela agressão de seu assessor ao marqueteiro da equipe de Ricardo Nunes (MDB) no mesmo evento.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Para Yuri Sanches, diretor de política do Instituto AtlasIntel, o comportamento controverso e socialmente reprovável do ex-coach resulta no chamado “voto envergonhado” — quando eleitores, por “vergonha” ou “medo” de uma reação negativa, evitam declarar sua intenção de voto em pesquisas eleitorais. Sanches explica que a dinâmica é uma das razões pelas quais Marçal tende a se sair melhor em levantamentos que utilizam metodologias de coleta de dados online, onde os entrevistados se sentem mais à vontade para expressar suas verdadeiras preferências.

“É provável, sim, que ele tenha um desempenho maior do que as pesquisas mostram hoje, e o principal motivo seria justamente o voto envergonhado. Existe uma parte do eleitorado que, diante das controvérsias, especialmente em pesquisas com interação humana, como as realizadas por telefone ou presencialmente, não se sente confortável em declarar seu voto ao entrevistador. Esse movimento acaba não sendo captado pelos institutos”, explica.

O professor de ciência política da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte (EUA) e pesquisador da Quaest, Frederico Pereira, acrescenta que, além de ter um perfil que favorece o voto envergonhado, Marçal se destaca por sua forte presença nas redes sociais, o que lhe confere uma maior capacidade de atrair e engajar o eleitorado indeciso na reta final das eleições, em comparação com os demais candidatos. Pereira ressalta ainda que é provável que parte desse voto envergonhado esteja entre os indecisos, tornando este grupo fundamental para definir quais candidatos irão para o segundo turno.

“É bem provável que essa candidatura apareça com mais votos do que o visto até aqui, por ser mais efetiva em levar as pessoas para a urna, tirá-las de casa. É menos abstenção. Com todo esse barulho e com essa força nas redes sociais, ele tem potencial de conquistar, no final, essa parte dos indecisos. As pesquisas, por sua vez, acabam não captando a mudança de direção nos últimos dias. Não me surpreenderia se ele aparecer com mais votos no dia das eleições”, pontua.

A menos de duas semanas das eleições, os institutos de pesquisa têm mostrado que, no cenário espontâneo — no qual os nomes dos candidatos não são apresentados aos eleitores — há um elevado número de eleitores indecisos na cidade de São Paulo. O último levantamento da Quaest, divulgado na terça-feira, 24, apontou que 46% dos eleitores ainda não declararam voto em nenhum dos candidatos, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) foi mencionado por 16% dos entrevistados, seguido por Marçal e Nunes, cada um com 14% das menções.

Rejeição a Marçal tende a reforçar voto envergonhado

O cientista político João Feres, coordenador do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP) do IESP/Uerj, que realiza pesquisas qualitativas sobre o eleitorado de Marçal, avalia que a alta rejeição tende a estimular o voto envergonhado, levando eleitores simpáticos ao ex-coach a esconderem sua intenção de voto, especialmente quando percebem uma desaprovação social significativa ao seu redor. A última pesquisa da Quaest mostra que 50% do eleitorado afirma que não votaria no ex-coach, enquanto, no Datafolha, ele é rejeitado por 48% dos eleitores.

“Marçal se encaixa bem nessa categoria de candidato. Ele capta o sentimento antissistema, mas, ao mesmo tempo, adota um comportamento estrondoso, com um código social muitas vezes considerado inaceitável. Esses fatores levam algumas pessoas a querer votar nele, mas com vergonha de admitir. Boulos, por exemplo, não se encaixa nesse perfil, apesar da alta rejeição”, explica.

Da mesma forma, o cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública (DOXA), Bruno Schaefer, destaca que, a despeito da alta rejeição e dos fatos negativos acumulados nas últimas semanas, Marçal não apenas não perdeu força, como também continua viável para alcançar o segundo turno.

Em sua avaliação, o fato de as pesquisas mostrarem que Marçal possui um eleitorado mais convicto do que o de Nunes abre a possibilidade de uma migração de votos para o candidato do PRTB, contribuindo também para que o ex-coach tenha uma votação discrepante da apontada pelos institutos.

“Existe a possibilidade de ocorrer uma migração de votos de Nunes para Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado. Não descartaria Marçal no segundo turno. As eleições de São Paulo estão imprevisíveis, e por todos esses fatores — voto envergonhado, domínio das redes sociais, voto convicto — Marçal tem margem para apresentar uma maior pontuação e surpreender”, completa.

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O candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) tem potencial para obter mais votos nas urnas do que o indicado até agora pelos institutos de pesquisa. Especialistas ouvidos pelo Estadão destacam que o chamado “voto envergonhado” — impulsionado pelo estilo agressivo adotado por Marçal na campanha e o elevado número de eleitores indecisos aumentam as chances de subnotificação nas intenções de voto do ex-coach, o que poderia viabilizar sua ida ao segundo turno das eleições.

Desde o início da campanha, Marçal tem se envolvido em uma série de polêmicas. A mais recente envolveu sua expulsão do debate realizado pelo Grupo Flow na segunda-feira, 23, seguida pela agressão de seu assessor ao marqueteiro da equipe de Ricardo Nunes (MDB) no mesmo evento.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Para Yuri Sanches, diretor de política do Instituto AtlasIntel, o comportamento controverso e socialmente reprovável do ex-coach resulta no chamado “voto envergonhado” — quando eleitores, por “vergonha” ou “medo” de uma reação negativa, evitam declarar sua intenção de voto em pesquisas eleitorais. Sanches explica que a dinâmica é uma das razões pelas quais Marçal tende a se sair melhor em levantamentos que utilizam metodologias de coleta de dados online, onde os entrevistados se sentem mais à vontade para expressar suas verdadeiras preferências.

“É provável, sim, que ele tenha um desempenho maior do que as pesquisas mostram hoje, e o principal motivo seria justamente o voto envergonhado. Existe uma parte do eleitorado que, diante das controvérsias, especialmente em pesquisas com interação humana, como as realizadas por telefone ou presencialmente, não se sente confortável em declarar seu voto ao entrevistador. Esse movimento acaba não sendo captado pelos institutos”, explica.

O professor de ciência política da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte (EUA) e pesquisador da Quaest, Frederico Pereira, acrescenta que, além de ter um perfil que favorece o voto envergonhado, Marçal se destaca por sua forte presença nas redes sociais, o que lhe confere uma maior capacidade de atrair e engajar o eleitorado indeciso na reta final das eleições, em comparação com os demais candidatos. Pereira ressalta ainda que é provável que parte desse voto envergonhado esteja entre os indecisos, tornando este grupo fundamental para definir quais candidatos irão para o segundo turno.

“É bem provável que essa candidatura apareça com mais votos do que o visto até aqui, por ser mais efetiva em levar as pessoas para a urna, tirá-las de casa. É menos abstenção. Com todo esse barulho e com essa força nas redes sociais, ele tem potencial de conquistar, no final, essa parte dos indecisos. As pesquisas, por sua vez, acabam não captando a mudança de direção nos últimos dias. Não me surpreenderia se ele aparecer com mais votos no dia das eleições”, pontua.

A menos de duas semanas das eleições, os institutos de pesquisa têm mostrado que, no cenário espontâneo — no qual os nomes dos candidatos não são apresentados aos eleitores — há um elevado número de eleitores indecisos na cidade de São Paulo. O último levantamento da Quaest, divulgado na terça-feira, 24, apontou que 46% dos eleitores ainda não declararam voto em nenhum dos candidatos, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) foi mencionado por 16% dos entrevistados, seguido por Marçal e Nunes, cada um com 14% das menções.

Rejeição a Marçal tende a reforçar voto envergonhado

O cientista político João Feres, coordenador do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP) do IESP/Uerj, que realiza pesquisas qualitativas sobre o eleitorado de Marçal, avalia que a alta rejeição tende a estimular o voto envergonhado, levando eleitores simpáticos ao ex-coach a esconderem sua intenção de voto, especialmente quando percebem uma desaprovação social significativa ao seu redor. A última pesquisa da Quaest mostra que 50% do eleitorado afirma que não votaria no ex-coach, enquanto, no Datafolha, ele é rejeitado por 48% dos eleitores.

“Marçal se encaixa bem nessa categoria de candidato. Ele capta o sentimento antissistema, mas, ao mesmo tempo, adota um comportamento estrondoso, com um código social muitas vezes considerado inaceitável. Esses fatores levam algumas pessoas a querer votar nele, mas com vergonha de admitir. Boulos, por exemplo, não se encaixa nesse perfil, apesar da alta rejeição”, explica.

Da mesma forma, o cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública (DOXA), Bruno Schaefer, destaca que, a despeito da alta rejeição e dos fatos negativos acumulados nas últimas semanas, Marçal não apenas não perdeu força, como também continua viável para alcançar o segundo turno.

Em sua avaliação, o fato de as pesquisas mostrarem que Marçal possui um eleitorado mais convicto do que o de Nunes abre a possibilidade de uma migração de votos para o candidato do PRTB, contribuindo também para que o ex-coach tenha uma votação discrepante da apontada pelos institutos.

“Existe a possibilidade de ocorrer uma migração de votos de Nunes para Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado. Não descartaria Marçal no segundo turno. As eleições de São Paulo estão imprevisíveis, e por todos esses fatores — voto envergonhado, domínio das redes sociais, voto convicto — Marçal tem margem para apresentar uma maior pontuação e surpreender”, completa.

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