Vozes contra o 'Fora Dilma' e contra o ajuste fiscal também


Movimentos à esquerda do PT debatem como criticar governo federal sem dar força a pedidos de impeachment

Por Roldão Arruda

A redução no tamanho do corte dos benefícios trabalhistas não vai ter muito efeito sobre os grupos situados mais à esquerda do espectro político do País. Eles consideram o corte dos benefícios uma parte pequena do ajuste fiscal que está em andamento no segundo mandato do governo Dilma Rousseff. Esses grupos vivem um momento de perplexidade. Diante da crise política, um dos principais problemas para a esquerda é conciliar duas bandeiras aparentemente opostas. De um lado apoiam a permanência de Dilma no poder e se opõem ao impeachment. De outro, atacam sua política de austeridade fiscal. Para a esquerda, isso vai afetar a classe trabalhadora e agravar o desemprego. Ninguém está disposto a defendê-la nas ruas.

PSOL reuniu mil pessoas em debate em São Paulo Foto: Shlo/Divulgação

"O governo é indefensável em relação a essas medidas de ajuste", disse Guilherme Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), durante um debate realizado no sábado, em São Paulo, sobre o avanço do conservadorismo e direitos sociais. Organizado pelo PSOL no Sindicato dos Bancários, em São Paulo, o encontro reuniu quase mil pessoas, a maioria jovens - um feito notável para um chuvoso sábado à tarde. Durante quase duas horas, eles ouviram cinco análises de conjuntura. As cinco convergiram para o ponto de impasse: é preciso defender o governo contra as tentativas de impeachment, apontando-o como uma espécie de golpe branco; e, ao mesmo tempo, atacar o governo por sua política econômica. "Não temos como defender o governo, mas também não temos como não defender. Esse é o problema que vamos ter que resolver", disse o cientista político André Singer, filiado ao PT. "Do ponto de vista político, a esquerda não pode apoiar uma política econômica que provoca desemprego. É suicídio político." Singer e os outros debatedores disseram que a política econômica em curso vai agravar a redução do nível de emprego e a queda nos índices de aprovação do governo. "O desemprego que já começou é resultado da crise econômica de 2014. Ainda não começou o desemprego resultante do ajuste que está sendo feito."Coração. Para a líder sindical Berna Menezes, da Intersindical, central vinculada ao PSOL, a campanha eleitoral de Dilma reanimou a militância petista e atraiu outros partidos de esquerda quando houve a polarização com o PSDB e ela, com o lema do coração valente, se apresentou como opositora das políticas de reajuste que seriam supostamente levadas adiante por Aécio Neves. "A militância retomou as ruas", disse a sindicalista. "Mas o coração valente de outubro se transformou em coração covarde em janeiro." O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que a manutenção do ajuste fiscal significará "suicídio político". Para Frei Betto, escritor e assessor das comunidades eclesiais de base (CEBs) e de movimentos populares, as medidas tendem a penalizar os pobres, sem atingir os ricos. Os debatedores concordaram que os grupos de esquerda deveriam tentar organizar uma frente. O primeiro passo seria definir sua amplitude e com quais bandeiras iria atuar. No debate do sábado, ouviu-se desde a defesa de reformas básicas, como a reforma política, à reestatização da Vale do Rio Doce. O que parece ser comum aos grupos, por enquanto, é que a frente, se sair, não vai apoiar a atual política econômica de Dilma.

A redução no tamanho do corte dos benefícios trabalhistas não vai ter muito efeito sobre os grupos situados mais à esquerda do espectro político do País. Eles consideram o corte dos benefícios uma parte pequena do ajuste fiscal que está em andamento no segundo mandato do governo Dilma Rousseff. Esses grupos vivem um momento de perplexidade. Diante da crise política, um dos principais problemas para a esquerda é conciliar duas bandeiras aparentemente opostas. De um lado apoiam a permanência de Dilma no poder e se opõem ao impeachment. De outro, atacam sua política de austeridade fiscal. Para a esquerda, isso vai afetar a classe trabalhadora e agravar o desemprego. Ninguém está disposto a defendê-la nas ruas.

PSOL reuniu mil pessoas em debate em São Paulo Foto: Shlo/Divulgação

"O governo é indefensável em relação a essas medidas de ajuste", disse Guilherme Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), durante um debate realizado no sábado, em São Paulo, sobre o avanço do conservadorismo e direitos sociais. Organizado pelo PSOL no Sindicato dos Bancários, em São Paulo, o encontro reuniu quase mil pessoas, a maioria jovens - um feito notável para um chuvoso sábado à tarde. Durante quase duas horas, eles ouviram cinco análises de conjuntura. As cinco convergiram para o ponto de impasse: é preciso defender o governo contra as tentativas de impeachment, apontando-o como uma espécie de golpe branco; e, ao mesmo tempo, atacar o governo por sua política econômica. "Não temos como defender o governo, mas também não temos como não defender. Esse é o problema que vamos ter que resolver", disse o cientista político André Singer, filiado ao PT. "Do ponto de vista político, a esquerda não pode apoiar uma política econômica que provoca desemprego. É suicídio político." Singer e os outros debatedores disseram que a política econômica em curso vai agravar a redução do nível de emprego e a queda nos índices de aprovação do governo. "O desemprego que já começou é resultado da crise econômica de 2014. Ainda não começou o desemprego resultante do ajuste que está sendo feito."Coração. Para a líder sindical Berna Menezes, da Intersindical, central vinculada ao PSOL, a campanha eleitoral de Dilma reanimou a militância petista e atraiu outros partidos de esquerda quando houve a polarização com o PSDB e ela, com o lema do coração valente, se apresentou como opositora das políticas de reajuste que seriam supostamente levadas adiante por Aécio Neves. "A militância retomou as ruas", disse a sindicalista. "Mas o coração valente de outubro se transformou em coração covarde em janeiro." O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que a manutenção do ajuste fiscal significará "suicídio político". Para Frei Betto, escritor e assessor das comunidades eclesiais de base (CEBs) e de movimentos populares, as medidas tendem a penalizar os pobres, sem atingir os ricos. Os debatedores concordaram que os grupos de esquerda deveriam tentar organizar uma frente. O primeiro passo seria definir sua amplitude e com quais bandeiras iria atuar. No debate do sábado, ouviu-se desde a defesa de reformas básicas, como a reforma política, à reestatização da Vale do Rio Doce. O que parece ser comum aos grupos, por enquanto, é que a frente, se sair, não vai apoiar a atual política econômica de Dilma.

A redução no tamanho do corte dos benefícios trabalhistas não vai ter muito efeito sobre os grupos situados mais à esquerda do espectro político do País. Eles consideram o corte dos benefícios uma parte pequena do ajuste fiscal que está em andamento no segundo mandato do governo Dilma Rousseff. Esses grupos vivem um momento de perplexidade. Diante da crise política, um dos principais problemas para a esquerda é conciliar duas bandeiras aparentemente opostas. De um lado apoiam a permanência de Dilma no poder e se opõem ao impeachment. De outro, atacam sua política de austeridade fiscal. Para a esquerda, isso vai afetar a classe trabalhadora e agravar o desemprego. Ninguém está disposto a defendê-la nas ruas.

PSOL reuniu mil pessoas em debate em São Paulo Foto: Shlo/Divulgação

"O governo é indefensável em relação a essas medidas de ajuste", disse Guilherme Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), durante um debate realizado no sábado, em São Paulo, sobre o avanço do conservadorismo e direitos sociais. Organizado pelo PSOL no Sindicato dos Bancários, em São Paulo, o encontro reuniu quase mil pessoas, a maioria jovens - um feito notável para um chuvoso sábado à tarde. Durante quase duas horas, eles ouviram cinco análises de conjuntura. As cinco convergiram para o ponto de impasse: é preciso defender o governo contra as tentativas de impeachment, apontando-o como uma espécie de golpe branco; e, ao mesmo tempo, atacar o governo por sua política econômica. "Não temos como defender o governo, mas também não temos como não defender. Esse é o problema que vamos ter que resolver", disse o cientista político André Singer, filiado ao PT. "Do ponto de vista político, a esquerda não pode apoiar uma política econômica que provoca desemprego. É suicídio político." Singer e os outros debatedores disseram que a política econômica em curso vai agravar a redução do nível de emprego e a queda nos índices de aprovação do governo. "O desemprego que já começou é resultado da crise econômica de 2014. Ainda não começou o desemprego resultante do ajuste que está sendo feito."Coração. Para a líder sindical Berna Menezes, da Intersindical, central vinculada ao PSOL, a campanha eleitoral de Dilma reanimou a militância petista e atraiu outros partidos de esquerda quando houve a polarização com o PSDB e ela, com o lema do coração valente, se apresentou como opositora das políticas de reajuste que seriam supostamente levadas adiante por Aécio Neves. "A militância retomou as ruas", disse a sindicalista. "Mas o coração valente de outubro se transformou em coração covarde em janeiro." O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que a manutenção do ajuste fiscal significará "suicídio político". Para Frei Betto, escritor e assessor das comunidades eclesiais de base (CEBs) e de movimentos populares, as medidas tendem a penalizar os pobres, sem atingir os ricos. Os debatedores concordaram que os grupos de esquerda deveriam tentar organizar uma frente. O primeiro passo seria definir sua amplitude e com quais bandeiras iria atuar. No debate do sábado, ouviu-se desde a defesa de reformas básicas, como a reforma política, à reestatização da Vale do Rio Doce. O que parece ser comum aos grupos, por enquanto, é que a frente, se sair, não vai apoiar a atual política econômica de Dilma.

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