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Opinião|Coleira antilatido: as bolhas políticas permanecem soberanas


Fenômeno da polarização calcificada tomou conta do País e já tem características de divisão geográfica bem mais complexas do que a surrada divisão antiga “cidade-campo” ou “de classes”

Por William Waack
Atualização:

Não há muitas chances de o Brasil escapar no ano que vem da armadilha que se fechou em 2023, a da calcificação da polarização política. Até aqui ela funciona como uma espécie de coleira de choque antilatido – que o digam o governador Tarcísio de Freitas ou o ministro Fernando Haddad.

As duas bolhas cobram dos políticos que delas fazem parte (ou são vistos como fazendo parte) uma espécie de disciplina de comportamento centrada na pessoa dos respectivos chefes, Lula e Bolsonaro. Faz sentido: a coleira antichoque tem como objetivo impor uma lealdade do tipo canina.

O então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), encontra seus apoiadores em frente ao espelho d'água do Palácio da Alvorada em Brasília Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
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Esse é o aspecto menos relevante no fenômeno da calcificação. Nem mesmo o razoavelmente bem organizado PT é capaz de impor condutas monolíticas. Bolsonaro, como é notório, nunca foi capaz de criar uma estrutura hierarquizada que transformasse comandos em ações.

Significa, no caso do grande evento político de 2024, o das eleições municipais, que as peculiaridades locais terão peso importante, não importa a “nacionalização” do pleito. Por mais relevante que seja do ponto de vista do eleitor o grande embate nacional, Lula e Bolsonaro terão severas dificuldades em transferir votos automaticamente para seus ungidos nas grandes capitais.

Apoiadores do presidente Lula no dia da posse em Brasília Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
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Preocupante no fenômeno da calcificação das bolhas são seus aspectos políticos e sociais mais amplos, em termos de abrangência, profundidade e regionalização. O fenômeno tomou conta do País inteiro e já tem características de divisão geográfica bem mais complexas do que a surrada divisão antiga “cidade-campo” ou “de classes”.

Numa simplificação grosseira, essa divisão geográfica abrange um grande arco mal descrito como “Centro Oeste” (pois vai do Sul até o interior do Piauí e Bahia) e que corresponde em parte a áreas dinâmicas ligadas à agroindústria. Sua expressão própria, porém, não é a da celebração de resultados econômicos da balança comercial mas, sim, uma “cultura” e “valores” próprios.

Quanto ao grau de penetração na sociedade, a calcificação oferece aspectos graves abrangendo raça, religião, hábitos de consumo, esporte, educação, relações familiares e pessoais, descritas em detalhes preocupantes no recém lançado “Biografia do Abismo”, de Felipe Nunes e Thomas Traumann. Os dados sugerem um País que está aprofundando a armadilha.

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É muito difícil prever a duração de um fenômeno tão amplo como a polarização calcificada, que tem na selvageria e virulência das redes sociais o principal componente dessa coleira antilatido. Depende da capacidade de jovens lideranças em todos os espectros políticos de aprender a livrar o próprio pescoço.

Não há muitas chances de o Brasil escapar no ano que vem da armadilha que se fechou em 2023, a da calcificação da polarização política. Até aqui ela funciona como uma espécie de coleira de choque antilatido – que o digam o governador Tarcísio de Freitas ou o ministro Fernando Haddad.

As duas bolhas cobram dos políticos que delas fazem parte (ou são vistos como fazendo parte) uma espécie de disciplina de comportamento centrada na pessoa dos respectivos chefes, Lula e Bolsonaro. Faz sentido: a coleira antichoque tem como objetivo impor uma lealdade do tipo canina.

O então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), encontra seus apoiadores em frente ao espelho d'água do Palácio da Alvorada em Brasília Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Esse é o aspecto menos relevante no fenômeno da calcificação. Nem mesmo o razoavelmente bem organizado PT é capaz de impor condutas monolíticas. Bolsonaro, como é notório, nunca foi capaz de criar uma estrutura hierarquizada que transformasse comandos em ações.

Significa, no caso do grande evento político de 2024, o das eleições municipais, que as peculiaridades locais terão peso importante, não importa a “nacionalização” do pleito. Por mais relevante que seja do ponto de vista do eleitor o grande embate nacional, Lula e Bolsonaro terão severas dificuldades em transferir votos automaticamente para seus ungidos nas grandes capitais.

Apoiadores do presidente Lula no dia da posse em Brasília Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Preocupante no fenômeno da calcificação das bolhas são seus aspectos políticos e sociais mais amplos, em termos de abrangência, profundidade e regionalização. O fenômeno tomou conta do País inteiro e já tem características de divisão geográfica bem mais complexas do que a surrada divisão antiga “cidade-campo” ou “de classes”.

Numa simplificação grosseira, essa divisão geográfica abrange um grande arco mal descrito como “Centro Oeste” (pois vai do Sul até o interior do Piauí e Bahia) e que corresponde em parte a áreas dinâmicas ligadas à agroindústria. Sua expressão própria, porém, não é a da celebração de resultados econômicos da balança comercial mas, sim, uma “cultura” e “valores” próprios.

Quanto ao grau de penetração na sociedade, a calcificação oferece aspectos graves abrangendo raça, religião, hábitos de consumo, esporte, educação, relações familiares e pessoais, descritas em detalhes preocupantes no recém lançado “Biografia do Abismo”, de Felipe Nunes e Thomas Traumann. Os dados sugerem um País que está aprofundando a armadilha.

É muito difícil prever a duração de um fenômeno tão amplo como a polarização calcificada, que tem na selvageria e virulência das redes sociais o principal componente dessa coleira antilatido. Depende da capacidade de jovens lideranças em todos os espectros políticos de aprender a livrar o próprio pescoço.

Não há muitas chances de o Brasil escapar no ano que vem da armadilha que se fechou em 2023, a da calcificação da polarização política. Até aqui ela funciona como uma espécie de coleira de choque antilatido – que o digam o governador Tarcísio de Freitas ou o ministro Fernando Haddad.

As duas bolhas cobram dos políticos que delas fazem parte (ou são vistos como fazendo parte) uma espécie de disciplina de comportamento centrada na pessoa dos respectivos chefes, Lula e Bolsonaro. Faz sentido: a coleira antichoque tem como objetivo impor uma lealdade do tipo canina.

O então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), encontra seus apoiadores em frente ao espelho d'água do Palácio da Alvorada em Brasília Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Esse é o aspecto menos relevante no fenômeno da calcificação. Nem mesmo o razoavelmente bem organizado PT é capaz de impor condutas monolíticas. Bolsonaro, como é notório, nunca foi capaz de criar uma estrutura hierarquizada que transformasse comandos em ações.

Significa, no caso do grande evento político de 2024, o das eleições municipais, que as peculiaridades locais terão peso importante, não importa a “nacionalização” do pleito. Por mais relevante que seja do ponto de vista do eleitor o grande embate nacional, Lula e Bolsonaro terão severas dificuldades em transferir votos automaticamente para seus ungidos nas grandes capitais.

Apoiadores do presidente Lula no dia da posse em Brasília Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Preocupante no fenômeno da calcificação das bolhas são seus aspectos políticos e sociais mais amplos, em termos de abrangência, profundidade e regionalização. O fenômeno tomou conta do País inteiro e já tem características de divisão geográfica bem mais complexas do que a surrada divisão antiga “cidade-campo” ou “de classes”.

Numa simplificação grosseira, essa divisão geográfica abrange um grande arco mal descrito como “Centro Oeste” (pois vai do Sul até o interior do Piauí e Bahia) e que corresponde em parte a áreas dinâmicas ligadas à agroindústria. Sua expressão própria, porém, não é a da celebração de resultados econômicos da balança comercial mas, sim, uma “cultura” e “valores” próprios.

Quanto ao grau de penetração na sociedade, a calcificação oferece aspectos graves abrangendo raça, religião, hábitos de consumo, esporte, educação, relações familiares e pessoais, descritas em detalhes preocupantes no recém lançado “Biografia do Abismo”, de Felipe Nunes e Thomas Traumann. Os dados sugerem um País que está aprofundando a armadilha.

É muito difícil prever a duração de um fenômeno tão amplo como a polarização calcificada, que tem na selvageria e virulência das redes sociais o principal componente dessa coleira antilatido. Depende da capacidade de jovens lideranças em todos os espectros políticos de aprender a livrar o próprio pescoço.

Não há muitas chances de o Brasil escapar no ano que vem da armadilha que se fechou em 2023, a da calcificação da polarização política. Até aqui ela funciona como uma espécie de coleira de choque antilatido – que o digam o governador Tarcísio de Freitas ou o ministro Fernando Haddad.

As duas bolhas cobram dos políticos que delas fazem parte (ou são vistos como fazendo parte) uma espécie de disciplina de comportamento centrada na pessoa dos respectivos chefes, Lula e Bolsonaro. Faz sentido: a coleira antichoque tem como objetivo impor uma lealdade do tipo canina.

O então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), encontra seus apoiadores em frente ao espelho d'água do Palácio da Alvorada em Brasília Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Esse é o aspecto menos relevante no fenômeno da calcificação. Nem mesmo o razoavelmente bem organizado PT é capaz de impor condutas monolíticas. Bolsonaro, como é notório, nunca foi capaz de criar uma estrutura hierarquizada que transformasse comandos em ações.

Significa, no caso do grande evento político de 2024, o das eleições municipais, que as peculiaridades locais terão peso importante, não importa a “nacionalização” do pleito. Por mais relevante que seja do ponto de vista do eleitor o grande embate nacional, Lula e Bolsonaro terão severas dificuldades em transferir votos automaticamente para seus ungidos nas grandes capitais.

Apoiadores do presidente Lula no dia da posse em Brasília Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Preocupante no fenômeno da calcificação das bolhas são seus aspectos políticos e sociais mais amplos, em termos de abrangência, profundidade e regionalização. O fenômeno tomou conta do País inteiro e já tem características de divisão geográfica bem mais complexas do que a surrada divisão antiga “cidade-campo” ou “de classes”.

Numa simplificação grosseira, essa divisão geográfica abrange um grande arco mal descrito como “Centro Oeste” (pois vai do Sul até o interior do Piauí e Bahia) e que corresponde em parte a áreas dinâmicas ligadas à agroindústria. Sua expressão própria, porém, não é a da celebração de resultados econômicos da balança comercial mas, sim, uma “cultura” e “valores” próprios.

Quanto ao grau de penetração na sociedade, a calcificação oferece aspectos graves abrangendo raça, religião, hábitos de consumo, esporte, educação, relações familiares e pessoais, descritas em detalhes preocupantes no recém lançado “Biografia do Abismo”, de Felipe Nunes e Thomas Traumann. Os dados sugerem um País que está aprofundando a armadilha.

É muito difícil prever a duração de um fenômeno tão amplo como a polarização calcificada, que tem na selvageria e virulência das redes sociais o principal componente dessa coleira antilatido. Depende da capacidade de jovens lideranças em todos os espectros políticos de aprender a livrar o próprio pescoço.

Não há muitas chances de o Brasil escapar no ano que vem da armadilha que se fechou em 2023, a da calcificação da polarização política. Até aqui ela funciona como uma espécie de coleira de choque antilatido – que o digam o governador Tarcísio de Freitas ou o ministro Fernando Haddad.

As duas bolhas cobram dos políticos que delas fazem parte (ou são vistos como fazendo parte) uma espécie de disciplina de comportamento centrada na pessoa dos respectivos chefes, Lula e Bolsonaro. Faz sentido: a coleira antichoque tem como objetivo impor uma lealdade do tipo canina.

O então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), encontra seus apoiadores em frente ao espelho d'água do Palácio da Alvorada em Brasília Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Esse é o aspecto menos relevante no fenômeno da calcificação. Nem mesmo o razoavelmente bem organizado PT é capaz de impor condutas monolíticas. Bolsonaro, como é notório, nunca foi capaz de criar uma estrutura hierarquizada que transformasse comandos em ações.

Significa, no caso do grande evento político de 2024, o das eleições municipais, que as peculiaridades locais terão peso importante, não importa a “nacionalização” do pleito. Por mais relevante que seja do ponto de vista do eleitor o grande embate nacional, Lula e Bolsonaro terão severas dificuldades em transferir votos automaticamente para seus ungidos nas grandes capitais.

Apoiadores do presidente Lula no dia da posse em Brasília Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Preocupante no fenômeno da calcificação das bolhas são seus aspectos políticos e sociais mais amplos, em termos de abrangência, profundidade e regionalização. O fenômeno tomou conta do País inteiro e já tem características de divisão geográfica bem mais complexas do que a surrada divisão antiga “cidade-campo” ou “de classes”.

Numa simplificação grosseira, essa divisão geográfica abrange um grande arco mal descrito como “Centro Oeste” (pois vai do Sul até o interior do Piauí e Bahia) e que corresponde em parte a áreas dinâmicas ligadas à agroindústria. Sua expressão própria, porém, não é a da celebração de resultados econômicos da balança comercial mas, sim, uma “cultura” e “valores” próprios.

Quanto ao grau de penetração na sociedade, a calcificação oferece aspectos graves abrangendo raça, religião, hábitos de consumo, esporte, educação, relações familiares e pessoais, descritas em detalhes preocupantes no recém lançado “Biografia do Abismo”, de Felipe Nunes e Thomas Traumann. Os dados sugerem um País que está aprofundando a armadilha.

É muito difícil prever a duração de um fenômeno tão amplo como a polarização calcificada, que tem na selvageria e virulência das redes sociais o principal componente dessa coleira antilatido. Depende da capacidade de jovens lideranças em todos os espectros políticos de aprender a livrar o próprio pescoço.

Opinião por William Waack

Jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

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