Uma avaliação dos nossos riscos

Opinião|Governo Lula vê a Venezuela como parte do lado que vai vencendo o conflito geopolítico


Planalto entende a grande ruptura geopolítica atual no sentido de que é inevitável o triunfo do ‘Sul’, conduzido pela China

Por William Waack

Visto da perspectiva do Planalto, o ditador Nicolás Maduro está do lado certo da história. O que o chavismo não conseguiu há vinte anos está acontecendo agora: o fim do Império americano.

Lula e suas posturas de política externa – o Brasil se mete onde nada tem a dizer e onde tem muito a dizer quase nada consegue – são inconsequentes no caso da crise da Venezuela pois virou briga de cachorro grande. Rússia e China dão ao chavismo um extraordinário grau de conforto.

Também nesse sentido, Lula e sua assessoria internacional se sentem do “lado certo”, o vencedor. Entendem a grande ruptura geopolítica atual em linha com um “determinismo” no sentido de que é inevitável o triunfo do “Sul” (os pobres, os emergentes, os espezinhados pela hipocrisia Ocidental) conduzido pela China.

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Lula e Celso Amorim têm a visão de que lado vencedor é o que está a Venezuela de Maduro Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Essa visão de mundo parte da premissa de que valores como democracia ou direitos humanos são mero pretexto de países ocidentais para avançar seus interesses, sobretudo econômicos. E que sanções não passam de ferramentas para atrapalhar os contestadores dessa ordem.

É uma forma tosca, primitiva e retrógrada de enxergar as profundas transformações na ordem internacional, mas o problema não é o grau de sofisticação de quem toma decisões desse tipo no Planalto. Mas, sim, em que medida o País (e não a figura de seu presidente e seu partido) avança seus interesses no meio de tanta imprevisibilidade – algo que as super potências mais temem.

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É muito delicada a situação brasileira. O País é uma potência regional média com escassa capacidade de projeção de poder. De forma bastante resumida, depende tanto de seus mercados de exportação na Ásia quanto de seus fornecedores de insumos tecnológicos no Ocidente (no caso da Defesa, de países da Otan).

O Brasil se tornou uma superpotência na produção e exportação de alimentos e virou um alvo preferencial num mundo no qual, nas palavras do embaixador Roberto Azevedo, ex-presidente da OMC, “proliferam os unilateralismos”. Ou seja, não é fácil se equilibrar entre dois grandes rivais (China e EUA) ainda por cima num ambiente no qual um protecionismo cada vez mais acentuado (Europa) impõe as regras no setor do agro.

Os caminhos para se manobrar em contexto tão complexo e delicado exigiriam do Planalto abandonar o viés ideológico na análise dos acontecimentos internacionais e dedicar-se a um mínimo de planejamento estratégico. Mas para que, se o mundo está caminhando para o “lado certo”?

Visto da perspectiva do Planalto, o ditador Nicolás Maduro está do lado certo da história. O que o chavismo não conseguiu há vinte anos está acontecendo agora: o fim do Império americano.

Lula e suas posturas de política externa – o Brasil se mete onde nada tem a dizer e onde tem muito a dizer quase nada consegue – são inconsequentes no caso da crise da Venezuela pois virou briga de cachorro grande. Rússia e China dão ao chavismo um extraordinário grau de conforto.

Também nesse sentido, Lula e sua assessoria internacional se sentem do “lado certo”, o vencedor. Entendem a grande ruptura geopolítica atual em linha com um “determinismo” no sentido de que é inevitável o triunfo do “Sul” (os pobres, os emergentes, os espezinhados pela hipocrisia Ocidental) conduzido pela China.

Lula e Celso Amorim têm a visão de que lado vencedor é o que está a Venezuela de Maduro Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Essa visão de mundo parte da premissa de que valores como democracia ou direitos humanos são mero pretexto de países ocidentais para avançar seus interesses, sobretudo econômicos. E que sanções não passam de ferramentas para atrapalhar os contestadores dessa ordem.

É uma forma tosca, primitiva e retrógrada de enxergar as profundas transformações na ordem internacional, mas o problema não é o grau de sofisticação de quem toma decisões desse tipo no Planalto. Mas, sim, em que medida o País (e não a figura de seu presidente e seu partido) avança seus interesses no meio de tanta imprevisibilidade – algo que as super potências mais temem.

É muito delicada a situação brasileira. O País é uma potência regional média com escassa capacidade de projeção de poder. De forma bastante resumida, depende tanto de seus mercados de exportação na Ásia quanto de seus fornecedores de insumos tecnológicos no Ocidente (no caso da Defesa, de países da Otan).

O Brasil se tornou uma superpotência na produção e exportação de alimentos e virou um alvo preferencial num mundo no qual, nas palavras do embaixador Roberto Azevedo, ex-presidente da OMC, “proliferam os unilateralismos”. Ou seja, não é fácil se equilibrar entre dois grandes rivais (China e EUA) ainda por cima num ambiente no qual um protecionismo cada vez mais acentuado (Europa) impõe as regras no setor do agro.

Os caminhos para se manobrar em contexto tão complexo e delicado exigiriam do Planalto abandonar o viés ideológico na análise dos acontecimentos internacionais e dedicar-se a um mínimo de planejamento estratégico. Mas para que, se o mundo está caminhando para o “lado certo”?

Visto da perspectiva do Planalto, o ditador Nicolás Maduro está do lado certo da história. O que o chavismo não conseguiu há vinte anos está acontecendo agora: o fim do Império americano.

Lula e suas posturas de política externa – o Brasil se mete onde nada tem a dizer e onde tem muito a dizer quase nada consegue – são inconsequentes no caso da crise da Venezuela pois virou briga de cachorro grande. Rússia e China dão ao chavismo um extraordinário grau de conforto.

Também nesse sentido, Lula e sua assessoria internacional se sentem do “lado certo”, o vencedor. Entendem a grande ruptura geopolítica atual em linha com um “determinismo” no sentido de que é inevitável o triunfo do “Sul” (os pobres, os emergentes, os espezinhados pela hipocrisia Ocidental) conduzido pela China.

Lula e Celso Amorim têm a visão de que lado vencedor é o que está a Venezuela de Maduro Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Essa visão de mundo parte da premissa de que valores como democracia ou direitos humanos são mero pretexto de países ocidentais para avançar seus interesses, sobretudo econômicos. E que sanções não passam de ferramentas para atrapalhar os contestadores dessa ordem.

É uma forma tosca, primitiva e retrógrada de enxergar as profundas transformações na ordem internacional, mas o problema não é o grau de sofisticação de quem toma decisões desse tipo no Planalto. Mas, sim, em que medida o País (e não a figura de seu presidente e seu partido) avança seus interesses no meio de tanta imprevisibilidade – algo que as super potências mais temem.

É muito delicada a situação brasileira. O País é uma potência regional média com escassa capacidade de projeção de poder. De forma bastante resumida, depende tanto de seus mercados de exportação na Ásia quanto de seus fornecedores de insumos tecnológicos no Ocidente (no caso da Defesa, de países da Otan).

O Brasil se tornou uma superpotência na produção e exportação de alimentos e virou um alvo preferencial num mundo no qual, nas palavras do embaixador Roberto Azevedo, ex-presidente da OMC, “proliferam os unilateralismos”. Ou seja, não é fácil se equilibrar entre dois grandes rivais (China e EUA) ainda por cima num ambiente no qual um protecionismo cada vez mais acentuado (Europa) impõe as regras no setor do agro.

Os caminhos para se manobrar em contexto tão complexo e delicado exigiriam do Planalto abandonar o viés ideológico na análise dos acontecimentos internacionais e dedicar-se a um mínimo de planejamento estratégico. Mas para que, se o mundo está caminhando para o “lado certo”?

Opinião por William Waack

Jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

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