Uma avaliação dos nossos riscos

Opinião|Judicialização do bem: STF considera que deu um ‘freio de arrumação’ na política


Ainda que integrantes do Supremo considerem que sua atuação política é com “p” maiúsculo, não é assim que são vistos pelas forças políticas e por enorme parcela do público

Por William Waack

Num país, como o Brasil, pouco “pensado” pelas elites, cabeças pensantes do STF ocuparam esse espaço. Dada a notória falta de lideranças políticas abrangentes, essas cabeças pensantes se colocam como “socorro” e “futuro” ao mesmo tempo.

“Socorro” pois entendem que seu auto atribuído poder de polícia e investigação “salvou” a democracia. Parte relevante dos integrantes do STF enxerga as elites empresariais e políticas brasileiras como cegas para o bem comum, avessas a princípios. Portanto o STF as salva de si próprias, mesmo através de medidas excepcionais, como censura e perseguição de alvos bolsonaristas.

Reúnião de chefes de Poder no STF para tratar das emendas ao Orçamento Foto: Gustavo Moreno/STF
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“Futuro” pois consideram que o STF pode “fazer história”, no sentido de encaminhar a sociedade brasileira rumo a consensos abrangentes e “modernos” (como o marco temporal). Assim também teria sido a “intermediação” do STF em suas mais recentes ações políticas, na questão das emendas e da desoneração de folhas de pagamento.

Considera-se no Supremo que a judicialização das duas questões foi um “freio de arrumação” necessário para coibir abusos fiscais (desoneração) e éticos legais (emendas Pix). E que está em boa medida obrigando Executivo e Legislativo a se acomodarem.

É o troco que a política recebe do STF, onde mais uma vez foi-se buscar “soluções” que o jogo político se mostra incapaz de encontrar. Ocorre que o problema de fundo é muito mais abrangente do que os mecanismos das emendas, ou das compensações para as desonerações.

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Trata-se da relação “estrutural” entre Congresso e Planalto, que se alterou profundamente nos últimos 25 anos rumo a um semipresidencialismo de fato. Descrevendo-se ao STF como “refém” do parlamento, o Executivo queria reverter décadas de história. Situação agravada pelo fato de carecer de horizontes amplos e ser minoritário num Congresso forte.

Essa estreiteza de projetos, agendas e posturas talvez seja, no fundo, o que mais facilitou a compreensão de “empoderamento” que o Congresso desenvolveu sobre si mesmo. Ele se vê como “a” instância da política, muito mais abrangente que o Executivo. E ele, o Congresso, é que se acha liberto da condição de “refém” do Planalto (não só via emendas).

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É bastante óbvio que esse embate é político por definição. E ainda que integrantes do STF considerem que sua atuação política é com “p” maiúsculo, não é assim que são vistos pelas forças políticas e por enorme parcela do público – simplificando brutalmente, o Supremo é visto como parte do problema e não como a possível instância de solução

Dai a impressão no acordo entre os três poderes desta semana que um rato saiu da montanha. O desarranjo institucional e a estagnação política e econômica vem sendo “produzidas” há anos. O STF não é dissociado disso tudo. Ele é um retrato.

Num país, como o Brasil, pouco “pensado” pelas elites, cabeças pensantes do STF ocuparam esse espaço. Dada a notória falta de lideranças políticas abrangentes, essas cabeças pensantes se colocam como “socorro” e “futuro” ao mesmo tempo.

“Socorro” pois entendem que seu auto atribuído poder de polícia e investigação “salvou” a democracia. Parte relevante dos integrantes do STF enxerga as elites empresariais e políticas brasileiras como cegas para o bem comum, avessas a princípios. Portanto o STF as salva de si próprias, mesmo através de medidas excepcionais, como censura e perseguição de alvos bolsonaristas.

Reúnião de chefes de Poder no STF para tratar das emendas ao Orçamento Foto: Gustavo Moreno/STF

“Futuro” pois consideram que o STF pode “fazer história”, no sentido de encaminhar a sociedade brasileira rumo a consensos abrangentes e “modernos” (como o marco temporal). Assim também teria sido a “intermediação” do STF em suas mais recentes ações políticas, na questão das emendas e da desoneração de folhas de pagamento.

Considera-se no Supremo que a judicialização das duas questões foi um “freio de arrumação” necessário para coibir abusos fiscais (desoneração) e éticos legais (emendas Pix). E que está em boa medida obrigando Executivo e Legislativo a se acomodarem.

É o troco que a política recebe do STF, onde mais uma vez foi-se buscar “soluções” que o jogo político se mostra incapaz de encontrar. Ocorre que o problema de fundo é muito mais abrangente do que os mecanismos das emendas, ou das compensações para as desonerações.

Trata-se da relação “estrutural” entre Congresso e Planalto, que se alterou profundamente nos últimos 25 anos rumo a um semipresidencialismo de fato. Descrevendo-se ao STF como “refém” do parlamento, o Executivo queria reverter décadas de história. Situação agravada pelo fato de carecer de horizontes amplos e ser minoritário num Congresso forte.

Essa estreiteza de projetos, agendas e posturas talvez seja, no fundo, o que mais facilitou a compreensão de “empoderamento” que o Congresso desenvolveu sobre si mesmo. Ele se vê como “a” instância da política, muito mais abrangente que o Executivo. E ele, o Congresso, é que se acha liberto da condição de “refém” do Planalto (não só via emendas).

É bastante óbvio que esse embate é político por definição. E ainda que integrantes do STF considerem que sua atuação política é com “p” maiúsculo, não é assim que são vistos pelas forças políticas e por enorme parcela do público – simplificando brutalmente, o Supremo é visto como parte do problema e não como a possível instância de solução

Dai a impressão no acordo entre os três poderes desta semana que um rato saiu da montanha. O desarranjo institucional e a estagnação política e econômica vem sendo “produzidas” há anos. O STF não é dissociado disso tudo. Ele é um retrato.

Num país, como o Brasil, pouco “pensado” pelas elites, cabeças pensantes do STF ocuparam esse espaço. Dada a notória falta de lideranças políticas abrangentes, essas cabeças pensantes se colocam como “socorro” e “futuro” ao mesmo tempo.

“Socorro” pois entendem que seu auto atribuído poder de polícia e investigação “salvou” a democracia. Parte relevante dos integrantes do STF enxerga as elites empresariais e políticas brasileiras como cegas para o bem comum, avessas a princípios. Portanto o STF as salva de si próprias, mesmo através de medidas excepcionais, como censura e perseguição de alvos bolsonaristas.

Reúnião de chefes de Poder no STF para tratar das emendas ao Orçamento Foto: Gustavo Moreno/STF

“Futuro” pois consideram que o STF pode “fazer história”, no sentido de encaminhar a sociedade brasileira rumo a consensos abrangentes e “modernos” (como o marco temporal). Assim também teria sido a “intermediação” do STF em suas mais recentes ações políticas, na questão das emendas e da desoneração de folhas de pagamento.

Considera-se no Supremo que a judicialização das duas questões foi um “freio de arrumação” necessário para coibir abusos fiscais (desoneração) e éticos legais (emendas Pix). E que está em boa medida obrigando Executivo e Legislativo a se acomodarem.

É o troco que a política recebe do STF, onde mais uma vez foi-se buscar “soluções” que o jogo político se mostra incapaz de encontrar. Ocorre que o problema de fundo é muito mais abrangente do que os mecanismos das emendas, ou das compensações para as desonerações.

Trata-se da relação “estrutural” entre Congresso e Planalto, que se alterou profundamente nos últimos 25 anos rumo a um semipresidencialismo de fato. Descrevendo-se ao STF como “refém” do parlamento, o Executivo queria reverter décadas de história. Situação agravada pelo fato de carecer de horizontes amplos e ser minoritário num Congresso forte.

Essa estreiteza de projetos, agendas e posturas talvez seja, no fundo, o que mais facilitou a compreensão de “empoderamento” que o Congresso desenvolveu sobre si mesmo. Ele se vê como “a” instância da política, muito mais abrangente que o Executivo. E ele, o Congresso, é que se acha liberto da condição de “refém” do Planalto (não só via emendas).

É bastante óbvio que esse embate é político por definição. E ainda que integrantes do STF considerem que sua atuação política é com “p” maiúsculo, não é assim que são vistos pelas forças políticas e por enorme parcela do público – simplificando brutalmente, o Supremo é visto como parte do problema e não como a possível instância de solução

Dai a impressão no acordo entre os três poderes desta semana que um rato saiu da montanha. O desarranjo institucional e a estagnação política e econômica vem sendo “produzidas” há anos. O STF não é dissociado disso tudo. Ele é um retrato.

Num país, como o Brasil, pouco “pensado” pelas elites, cabeças pensantes do STF ocuparam esse espaço. Dada a notória falta de lideranças políticas abrangentes, essas cabeças pensantes se colocam como “socorro” e “futuro” ao mesmo tempo.

“Socorro” pois entendem que seu auto atribuído poder de polícia e investigação “salvou” a democracia. Parte relevante dos integrantes do STF enxerga as elites empresariais e políticas brasileiras como cegas para o bem comum, avessas a princípios. Portanto o STF as salva de si próprias, mesmo através de medidas excepcionais, como censura e perseguição de alvos bolsonaristas.

Reúnião de chefes de Poder no STF para tratar das emendas ao Orçamento Foto: Gustavo Moreno/STF

“Futuro” pois consideram que o STF pode “fazer história”, no sentido de encaminhar a sociedade brasileira rumo a consensos abrangentes e “modernos” (como o marco temporal). Assim também teria sido a “intermediação” do STF em suas mais recentes ações políticas, na questão das emendas e da desoneração de folhas de pagamento.

Considera-se no Supremo que a judicialização das duas questões foi um “freio de arrumação” necessário para coibir abusos fiscais (desoneração) e éticos legais (emendas Pix). E que está em boa medida obrigando Executivo e Legislativo a se acomodarem.

É o troco que a política recebe do STF, onde mais uma vez foi-se buscar “soluções” que o jogo político se mostra incapaz de encontrar. Ocorre que o problema de fundo é muito mais abrangente do que os mecanismos das emendas, ou das compensações para as desonerações.

Trata-se da relação “estrutural” entre Congresso e Planalto, que se alterou profundamente nos últimos 25 anos rumo a um semipresidencialismo de fato. Descrevendo-se ao STF como “refém” do parlamento, o Executivo queria reverter décadas de história. Situação agravada pelo fato de carecer de horizontes amplos e ser minoritário num Congresso forte.

Essa estreiteza de projetos, agendas e posturas talvez seja, no fundo, o que mais facilitou a compreensão de “empoderamento” que o Congresso desenvolveu sobre si mesmo. Ele se vê como “a” instância da política, muito mais abrangente que o Executivo. E ele, o Congresso, é que se acha liberto da condição de “refém” do Planalto (não só via emendas).

É bastante óbvio que esse embate é político por definição. E ainda que integrantes do STF considerem que sua atuação política é com “p” maiúsculo, não é assim que são vistos pelas forças políticas e por enorme parcela do público – simplificando brutalmente, o Supremo é visto como parte do problema e não como a possível instância de solução

Dai a impressão no acordo entre os três poderes desta semana que um rato saiu da montanha. O desarranjo institucional e a estagnação política e econômica vem sendo “produzidas” há anos. O STF não é dissociado disso tudo. Ele é um retrato.

Opinião por William Waack

Jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

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