Uma avaliação dos nossos riscos

Opinião|Lula precisa dizer


Não está claro se o líder nas pesquisas compreendeu as mudanças dos últimos 20 anos

Por William Waack

Lula mantém nos debates e entrevistas uma referência central para dizer como governaria em 2023: o que ele pegou em 2003. Ocorre que o Brasil e o mundo mudaram muito e, para pior, do ponto de vista de um presidente da República. Vamos a algumas mudanças decisivas (a lista não é exaustiva).

A questão fiscal se agravou e virou um sério dilema representado pela quebra de um consenso social, que foi o de criar no Brasil um estado de bem-estar sem a capacidade de financiar crescentes gastos sociais. Lula estaria obrigado a combinar política monetária contracionista (para evitar inflação) com uma política fiscal expansionista (para fazer transferência de renda). Ainda não disse como.

Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como. Foto: Dida Sampaio/Estadão
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No já ruim sistema de governo, o Legislativo avançou sobre o Executivo de maneira inédita e usurpou instrumentos de poder real. Emendas impositivas e do relator mudaram a característica da relação entre Planalto e Congresso, talvez de forma definitiva. O presidente, reconhece Lula, se tornou refém. Para governar, teria de alterar essa relação, mas não disse como.

O STF se tornou protagonista político. O próprio Lula é bom exemplo: foi e saiu da cadeia por decisões do STF. O ativismo judicial não é novidade, mas se acentuou com enorme velocidade nos últimos anos. Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como.

Partidos se enfraqueceram e pouco cumprem do que se imaginou que fosse seu papel constitucional. São ridiculamente mais de 30, numa maçaroca ideológica agravada pelo fato de que o sistema eleitoral não ajuda a reduzir a distância entre representantes e representados. Ambos os fatores têm peso no fracionamento do Legislativo e complicam a formação de maiorias sólidas. Além de muito conversar, Lula precisa dizer como alteraria o quadro.

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Violência política não é novidade no Brasil. Mas Lula assumiria enfrentando uma oposição nutrida, aguerrida, motivada, mobilizada e liderada por um clã que provavelmente terá problemas na Justiça. Lula fala em pacificar o País, ao mesmo tempo que participa ativamente de festival de pauladas cuja escalada é preocupante. Não disse como conseguiria essa pacificação.

Por último (neste texto) vivia-se há 20 anos o período dos “dividendos da paz” com o fim da Guerra Fria e o boom das commodities. A China é hoje uma superpotência desafiando a ordem que os EUA chefiaram, e a guerra da Ucrânia é a expressão de nova e perigosa guerra fria. Lula precisaria dizer quais são os interesses do Brasil, que nunca foram idênticos aos do PT, nesse quadro internacional de enorme tensão.

Lula mantém nos debates e entrevistas uma referência central para dizer como governaria em 2023: o que ele pegou em 2003. Ocorre que o Brasil e o mundo mudaram muito e, para pior, do ponto de vista de um presidente da República. Vamos a algumas mudanças decisivas (a lista não é exaustiva).

A questão fiscal se agravou e virou um sério dilema representado pela quebra de um consenso social, que foi o de criar no Brasil um estado de bem-estar sem a capacidade de financiar crescentes gastos sociais. Lula estaria obrigado a combinar política monetária contracionista (para evitar inflação) com uma política fiscal expansionista (para fazer transferência de renda). Ainda não disse como.

Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como. Foto: Dida Sampaio/Estadão

No já ruim sistema de governo, o Legislativo avançou sobre o Executivo de maneira inédita e usurpou instrumentos de poder real. Emendas impositivas e do relator mudaram a característica da relação entre Planalto e Congresso, talvez de forma definitiva. O presidente, reconhece Lula, se tornou refém. Para governar, teria de alterar essa relação, mas não disse como.

O STF se tornou protagonista político. O próprio Lula é bom exemplo: foi e saiu da cadeia por decisões do STF. O ativismo judicial não é novidade, mas se acentuou com enorme velocidade nos últimos anos. Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como.

Partidos se enfraqueceram e pouco cumprem do que se imaginou que fosse seu papel constitucional. São ridiculamente mais de 30, numa maçaroca ideológica agravada pelo fato de que o sistema eleitoral não ajuda a reduzir a distância entre representantes e representados. Ambos os fatores têm peso no fracionamento do Legislativo e complicam a formação de maiorias sólidas. Além de muito conversar, Lula precisa dizer como alteraria o quadro.

Violência política não é novidade no Brasil. Mas Lula assumiria enfrentando uma oposição nutrida, aguerrida, motivada, mobilizada e liderada por um clã que provavelmente terá problemas na Justiça. Lula fala em pacificar o País, ao mesmo tempo que participa ativamente de festival de pauladas cuja escalada é preocupante. Não disse como conseguiria essa pacificação.

Por último (neste texto) vivia-se há 20 anos o período dos “dividendos da paz” com o fim da Guerra Fria e o boom das commodities. A China é hoje uma superpotência desafiando a ordem que os EUA chefiaram, e a guerra da Ucrânia é a expressão de nova e perigosa guerra fria. Lula precisaria dizer quais são os interesses do Brasil, que nunca foram idênticos aos do PT, nesse quadro internacional de enorme tensão.

Lula mantém nos debates e entrevistas uma referência central para dizer como governaria em 2023: o que ele pegou em 2003. Ocorre que o Brasil e o mundo mudaram muito e, para pior, do ponto de vista de um presidente da República. Vamos a algumas mudanças decisivas (a lista não é exaustiva).

A questão fiscal se agravou e virou um sério dilema representado pela quebra de um consenso social, que foi o de criar no Brasil um estado de bem-estar sem a capacidade de financiar crescentes gastos sociais. Lula estaria obrigado a combinar política monetária contracionista (para evitar inflação) com uma política fiscal expansionista (para fazer transferência de renda). Ainda não disse como.

Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como. Foto: Dida Sampaio/Estadão

No já ruim sistema de governo, o Legislativo avançou sobre o Executivo de maneira inédita e usurpou instrumentos de poder real. Emendas impositivas e do relator mudaram a característica da relação entre Planalto e Congresso, talvez de forma definitiva. O presidente, reconhece Lula, se tornou refém. Para governar, teria de alterar essa relação, mas não disse como.

O STF se tornou protagonista político. O próprio Lula é bom exemplo: foi e saiu da cadeia por decisões do STF. O ativismo judicial não é novidade, mas se acentuou com enorme velocidade nos últimos anos. Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como.

Partidos se enfraqueceram e pouco cumprem do que se imaginou que fosse seu papel constitucional. São ridiculamente mais de 30, numa maçaroca ideológica agravada pelo fato de que o sistema eleitoral não ajuda a reduzir a distância entre representantes e representados. Ambos os fatores têm peso no fracionamento do Legislativo e complicam a formação de maiorias sólidas. Além de muito conversar, Lula precisa dizer como alteraria o quadro.

Violência política não é novidade no Brasil. Mas Lula assumiria enfrentando uma oposição nutrida, aguerrida, motivada, mobilizada e liderada por um clã que provavelmente terá problemas na Justiça. Lula fala em pacificar o País, ao mesmo tempo que participa ativamente de festival de pauladas cuja escalada é preocupante. Não disse como conseguiria essa pacificação.

Por último (neste texto) vivia-se há 20 anos o período dos “dividendos da paz” com o fim da Guerra Fria e o boom das commodities. A China é hoje uma superpotência desafiando a ordem que os EUA chefiaram, e a guerra da Ucrânia é a expressão de nova e perigosa guerra fria. Lula precisaria dizer quais são os interesses do Brasil, que nunca foram idênticos aos do PT, nesse quadro internacional de enorme tensão.

Lula mantém nos debates e entrevistas uma referência central para dizer como governaria em 2023: o que ele pegou em 2003. Ocorre que o Brasil e o mundo mudaram muito e, para pior, do ponto de vista de um presidente da República. Vamos a algumas mudanças decisivas (a lista não é exaustiva).

A questão fiscal se agravou e virou um sério dilema representado pela quebra de um consenso social, que foi o de criar no Brasil um estado de bem-estar sem a capacidade de financiar crescentes gastos sociais. Lula estaria obrigado a combinar política monetária contracionista (para evitar inflação) com uma política fiscal expansionista (para fazer transferência de renda). Ainda não disse como.

Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como. Foto: Dida Sampaio/Estadão

No já ruim sistema de governo, o Legislativo avançou sobre o Executivo de maneira inédita e usurpou instrumentos de poder real. Emendas impositivas e do relator mudaram a característica da relação entre Planalto e Congresso, talvez de forma definitiva. O presidente, reconhece Lula, se tornou refém. Para governar, teria de alterar essa relação, mas não disse como.

O STF se tornou protagonista político. O próprio Lula é bom exemplo: foi e saiu da cadeia por decisões do STF. O ativismo judicial não é novidade, mas se acentuou com enorme velocidade nos últimos anos. Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como.

Partidos se enfraqueceram e pouco cumprem do que se imaginou que fosse seu papel constitucional. São ridiculamente mais de 30, numa maçaroca ideológica agravada pelo fato de que o sistema eleitoral não ajuda a reduzir a distância entre representantes e representados. Ambos os fatores têm peso no fracionamento do Legislativo e complicam a formação de maiorias sólidas. Além de muito conversar, Lula precisa dizer como alteraria o quadro.

Violência política não é novidade no Brasil. Mas Lula assumiria enfrentando uma oposição nutrida, aguerrida, motivada, mobilizada e liderada por um clã que provavelmente terá problemas na Justiça. Lula fala em pacificar o País, ao mesmo tempo que participa ativamente de festival de pauladas cuja escalada é preocupante. Não disse como conseguiria essa pacificação.

Por último (neste texto) vivia-se há 20 anos o período dos “dividendos da paz” com o fim da Guerra Fria e o boom das commodities. A China é hoje uma superpotência desafiando a ordem que os EUA chefiaram, e a guerra da Ucrânia é a expressão de nova e perigosa guerra fria. Lula precisaria dizer quais são os interesses do Brasil, que nunca foram idênticos aos do PT, nesse quadro internacional de enorme tensão.

Lula mantém nos debates e entrevistas uma referência central para dizer como governaria em 2023: o que ele pegou em 2003. Ocorre que o Brasil e o mundo mudaram muito e, para pior, do ponto de vista de um presidente da República. Vamos a algumas mudanças decisivas (a lista não é exaustiva).

A questão fiscal se agravou e virou um sério dilema representado pela quebra de um consenso social, que foi o de criar no Brasil um estado de bem-estar sem a capacidade de financiar crescentes gastos sociais. Lula estaria obrigado a combinar política monetária contracionista (para evitar inflação) com uma política fiscal expansionista (para fazer transferência de renda). Ainda não disse como.

Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como. Foto: Dida Sampaio/Estadão

No já ruim sistema de governo, o Legislativo avançou sobre o Executivo de maneira inédita e usurpou instrumentos de poder real. Emendas impositivas e do relator mudaram a característica da relação entre Planalto e Congresso, talvez de forma definitiva. O presidente, reconhece Lula, se tornou refém. Para governar, teria de alterar essa relação, mas não disse como.

O STF se tornou protagonista político. O próprio Lula é bom exemplo: foi e saiu da cadeia por decisões do STF. O ativismo judicial não é novidade, mas se acentuou com enorme velocidade nos últimos anos. Lula sempre disse que sabia lidar com a política, mas não com o Judiciário, que estaria obrigado a enfrentar. Não disse como.

Partidos se enfraqueceram e pouco cumprem do que se imaginou que fosse seu papel constitucional. São ridiculamente mais de 30, numa maçaroca ideológica agravada pelo fato de que o sistema eleitoral não ajuda a reduzir a distância entre representantes e representados. Ambos os fatores têm peso no fracionamento do Legislativo e complicam a formação de maiorias sólidas. Além de muito conversar, Lula precisa dizer como alteraria o quadro.

Violência política não é novidade no Brasil. Mas Lula assumiria enfrentando uma oposição nutrida, aguerrida, motivada, mobilizada e liderada por um clã que provavelmente terá problemas na Justiça. Lula fala em pacificar o País, ao mesmo tempo que participa ativamente de festival de pauladas cuja escalada é preocupante. Não disse como conseguiria essa pacificação.

Por último (neste texto) vivia-se há 20 anos o período dos “dividendos da paz” com o fim da Guerra Fria e o boom das commodities. A China é hoje uma superpotência desafiando a ordem que os EUA chefiaram, e a guerra da Ucrânia é a expressão de nova e perigosa guerra fria. Lula precisaria dizer quais são os interesses do Brasil, que nunca foram idênticos aos do PT, nesse quadro internacional de enorme tensão.

Opinião por William Waack

Jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

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