Uma avaliação dos nossos riscos

Opinião|Medo e rancor


O Brasil está se tornando um país de irreconciliáveis

Por William Waack

É bastante óbvio que as campanhas de Lula e Bolsonaro tivessem concentrado fogo em destruir a imagem do adversário. Durante bastante tempo a atual campanha foi descrita como um campeonato de rejeições. Venceria a rejeição mais baixa.

A de Lula oscilou um pouco para cima, a de Bolsonaro um pouco para baixo. Mantêm-se razoavelmente próximas, com Bolsonaro mais rejeitado do que Lula. Ambos sofreram e desferiram ataques violentos, muitos abaixo da linha da cintura, mas as duas táticas aparentemente não funcionaram como as campanhas supunham.

A explicação provavelmente se deve a um fenômeno de postura dos eleitores que tem a ver com medo e rancor. É bastante nutrido o contingente dos que dizem não votar em um candidato de jeito nenhum. Nem que isso signifique fazer uma escolha que jamais teria sido considerada.

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Não, não se trata de votar no “menos pior” (sob qualquer ponto de vista). Trata-se de fazer qualquer coisa para evitar a vitória de quem se tem mais medo e/ou rancor. Está aí o “perdão” concedido a cada um. Perdoam-se pecados de Lula, pois ele impede uma vitória de Bolsonaro. E vice-versa.

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro disputam segundo turno na disputa pelo Planalto Foto: Nelson Almeida/AFP e Joédson Alves/EFE

A atual eleição é provavelmente a mais “emocional” de uma já longa série de pleitos presidenciais pós-redemocratização. Há pouco de “racional” na opção por um candidato motivada por medo e rancor do outro.

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Talvez seja esse um motivo central para entender qual a razão de xingamentos não “colarem” no oponente. “Ladrão e corrupto” ou “genocida e fascista” já foram levados em conta por quem tem medo e/ou rancor por um ou pelo outro.

Nas categorias convencionais com as quais se pretende explicar formação de opinião e comportamento eleitoral há sempre referência a questões sociais e estruturais mais profundas. Como a insegurança trazida por desemprego, por exemplo, “culpa” deste ou daquele personagem político. Ou uma situação percebida como desvantajosa e atribuída por um grupo social a outro, que leva igualmente ao “rancor” por alguma figura pública (e, por outro lado, à acolhida de promessas populistas).

No ambiente tóxico incentivado por redes sociais, esses fatores “clássicos” perdem um tanto de sua relevância. Estudiosos das redes sociais costumam dizer que um dos principais obstáculos na análise dos dados é identificar claramente grupos socioeconômicos nas várias plataformas, embora algumas delas correspondam a determinados padrões culturais, de idade, de consumo e poder aquisitivo.

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O principal problema do medo e rancor como motivação eleitoral não é apenas a óbvia “qualidade” (ou falta de) da escolha. É a relevância para o que vem depois. O Brasil está, infelizmente, se tornando um país de irreconciliáveis.

É bastante óbvio que as campanhas de Lula e Bolsonaro tivessem concentrado fogo em destruir a imagem do adversário. Durante bastante tempo a atual campanha foi descrita como um campeonato de rejeições. Venceria a rejeição mais baixa.

A de Lula oscilou um pouco para cima, a de Bolsonaro um pouco para baixo. Mantêm-se razoavelmente próximas, com Bolsonaro mais rejeitado do que Lula. Ambos sofreram e desferiram ataques violentos, muitos abaixo da linha da cintura, mas as duas táticas aparentemente não funcionaram como as campanhas supunham.

A explicação provavelmente se deve a um fenômeno de postura dos eleitores que tem a ver com medo e rancor. É bastante nutrido o contingente dos que dizem não votar em um candidato de jeito nenhum. Nem que isso signifique fazer uma escolha que jamais teria sido considerada.

Não, não se trata de votar no “menos pior” (sob qualquer ponto de vista). Trata-se de fazer qualquer coisa para evitar a vitória de quem se tem mais medo e/ou rancor. Está aí o “perdão” concedido a cada um. Perdoam-se pecados de Lula, pois ele impede uma vitória de Bolsonaro. E vice-versa.

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro disputam segundo turno na disputa pelo Planalto Foto: Nelson Almeida/AFP e Joédson Alves/EFE

A atual eleição é provavelmente a mais “emocional” de uma já longa série de pleitos presidenciais pós-redemocratização. Há pouco de “racional” na opção por um candidato motivada por medo e rancor do outro.

Talvez seja esse um motivo central para entender qual a razão de xingamentos não “colarem” no oponente. “Ladrão e corrupto” ou “genocida e fascista” já foram levados em conta por quem tem medo e/ou rancor por um ou pelo outro.

Nas categorias convencionais com as quais se pretende explicar formação de opinião e comportamento eleitoral há sempre referência a questões sociais e estruturais mais profundas. Como a insegurança trazida por desemprego, por exemplo, “culpa” deste ou daquele personagem político. Ou uma situação percebida como desvantajosa e atribuída por um grupo social a outro, que leva igualmente ao “rancor” por alguma figura pública (e, por outro lado, à acolhida de promessas populistas).

No ambiente tóxico incentivado por redes sociais, esses fatores “clássicos” perdem um tanto de sua relevância. Estudiosos das redes sociais costumam dizer que um dos principais obstáculos na análise dos dados é identificar claramente grupos socioeconômicos nas várias plataformas, embora algumas delas correspondam a determinados padrões culturais, de idade, de consumo e poder aquisitivo.

O principal problema do medo e rancor como motivação eleitoral não é apenas a óbvia “qualidade” (ou falta de) da escolha. É a relevância para o que vem depois. O Brasil está, infelizmente, se tornando um país de irreconciliáveis.

É bastante óbvio que as campanhas de Lula e Bolsonaro tivessem concentrado fogo em destruir a imagem do adversário. Durante bastante tempo a atual campanha foi descrita como um campeonato de rejeições. Venceria a rejeição mais baixa.

A de Lula oscilou um pouco para cima, a de Bolsonaro um pouco para baixo. Mantêm-se razoavelmente próximas, com Bolsonaro mais rejeitado do que Lula. Ambos sofreram e desferiram ataques violentos, muitos abaixo da linha da cintura, mas as duas táticas aparentemente não funcionaram como as campanhas supunham.

A explicação provavelmente se deve a um fenômeno de postura dos eleitores que tem a ver com medo e rancor. É bastante nutrido o contingente dos que dizem não votar em um candidato de jeito nenhum. Nem que isso signifique fazer uma escolha que jamais teria sido considerada.

Não, não se trata de votar no “menos pior” (sob qualquer ponto de vista). Trata-se de fazer qualquer coisa para evitar a vitória de quem se tem mais medo e/ou rancor. Está aí o “perdão” concedido a cada um. Perdoam-se pecados de Lula, pois ele impede uma vitória de Bolsonaro. E vice-versa.

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro disputam segundo turno na disputa pelo Planalto Foto: Nelson Almeida/AFP e Joédson Alves/EFE

A atual eleição é provavelmente a mais “emocional” de uma já longa série de pleitos presidenciais pós-redemocratização. Há pouco de “racional” na opção por um candidato motivada por medo e rancor do outro.

Talvez seja esse um motivo central para entender qual a razão de xingamentos não “colarem” no oponente. “Ladrão e corrupto” ou “genocida e fascista” já foram levados em conta por quem tem medo e/ou rancor por um ou pelo outro.

Nas categorias convencionais com as quais se pretende explicar formação de opinião e comportamento eleitoral há sempre referência a questões sociais e estruturais mais profundas. Como a insegurança trazida por desemprego, por exemplo, “culpa” deste ou daquele personagem político. Ou uma situação percebida como desvantajosa e atribuída por um grupo social a outro, que leva igualmente ao “rancor” por alguma figura pública (e, por outro lado, à acolhida de promessas populistas).

No ambiente tóxico incentivado por redes sociais, esses fatores “clássicos” perdem um tanto de sua relevância. Estudiosos das redes sociais costumam dizer que um dos principais obstáculos na análise dos dados é identificar claramente grupos socioeconômicos nas várias plataformas, embora algumas delas correspondam a determinados padrões culturais, de idade, de consumo e poder aquisitivo.

O principal problema do medo e rancor como motivação eleitoral não é apenas a óbvia “qualidade” (ou falta de) da escolha. É a relevância para o que vem depois. O Brasil está, infelizmente, se tornando um país de irreconciliáveis.

É bastante óbvio que as campanhas de Lula e Bolsonaro tivessem concentrado fogo em destruir a imagem do adversário. Durante bastante tempo a atual campanha foi descrita como um campeonato de rejeições. Venceria a rejeição mais baixa.

A de Lula oscilou um pouco para cima, a de Bolsonaro um pouco para baixo. Mantêm-se razoavelmente próximas, com Bolsonaro mais rejeitado do que Lula. Ambos sofreram e desferiram ataques violentos, muitos abaixo da linha da cintura, mas as duas táticas aparentemente não funcionaram como as campanhas supunham.

A explicação provavelmente se deve a um fenômeno de postura dos eleitores que tem a ver com medo e rancor. É bastante nutrido o contingente dos que dizem não votar em um candidato de jeito nenhum. Nem que isso signifique fazer uma escolha que jamais teria sido considerada.

Não, não se trata de votar no “menos pior” (sob qualquer ponto de vista). Trata-se de fazer qualquer coisa para evitar a vitória de quem se tem mais medo e/ou rancor. Está aí o “perdão” concedido a cada um. Perdoam-se pecados de Lula, pois ele impede uma vitória de Bolsonaro. E vice-versa.

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro disputam segundo turno na disputa pelo Planalto Foto: Nelson Almeida/AFP e Joédson Alves/EFE

A atual eleição é provavelmente a mais “emocional” de uma já longa série de pleitos presidenciais pós-redemocratização. Há pouco de “racional” na opção por um candidato motivada por medo e rancor do outro.

Talvez seja esse um motivo central para entender qual a razão de xingamentos não “colarem” no oponente. “Ladrão e corrupto” ou “genocida e fascista” já foram levados em conta por quem tem medo e/ou rancor por um ou pelo outro.

Nas categorias convencionais com as quais se pretende explicar formação de opinião e comportamento eleitoral há sempre referência a questões sociais e estruturais mais profundas. Como a insegurança trazida por desemprego, por exemplo, “culpa” deste ou daquele personagem político. Ou uma situação percebida como desvantajosa e atribuída por um grupo social a outro, que leva igualmente ao “rancor” por alguma figura pública (e, por outro lado, à acolhida de promessas populistas).

No ambiente tóxico incentivado por redes sociais, esses fatores “clássicos” perdem um tanto de sua relevância. Estudiosos das redes sociais costumam dizer que um dos principais obstáculos na análise dos dados é identificar claramente grupos socioeconômicos nas várias plataformas, embora algumas delas correspondam a determinados padrões culturais, de idade, de consumo e poder aquisitivo.

O principal problema do medo e rancor como motivação eleitoral não é apenas a óbvia “qualidade” (ou falta de) da escolha. É a relevância para o que vem depois. O Brasil está, infelizmente, se tornando um país de irreconciliáveis.

É bastante óbvio que as campanhas de Lula e Bolsonaro tivessem concentrado fogo em destruir a imagem do adversário. Durante bastante tempo a atual campanha foi descrita como um campeonato de rejeições. Venceria a rejeição mais baixa.

A de Lula oscilou um pouco para cima, a de Bolsonaro um pouco para baixo. Mantêm-se razoavelmente próximas, com Bolsonaro mais rejeitado do que Lula. Ambos sofreram e desferiram ataques violentos, muitos abaixo da linha da cintura, mas as duas táticas aparentemente não funcionaram como as campanhas supunham.

A explicação provavelmente se deve a um fenômeno de postura dos eleitores que tem a ver com medo e rancor. É bastante nutrido o contingente dos que dizem não votar em um candidato de jeito nenhum. Nem que isso signifique fazer uma escolha que jamais teria sido considerada.

Não, não se trata de votar no “menos pior” (sob qualquer ponto de vista). Trata-se de fazer qualquer coisa para evitar a vitória de quem se tem mais medo e/ou rancor. Está aí o “perdão” concedido a cada um. Perdoam-se pecados de Lula, pois ele impede uma vitória de Bolsonaro. E vice-versa.

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro disputam segundo turno na disputa pelo Planalto Foto: Nelson Almeida/AFP e Joédson Alves/EFE

A atual eleição é provavelmente a mais “emocional” de uma já longa série de pleitos presidenciais pós-redemocratização. Há pouco de “racional” na opção por um candidato motivada por medo e rancor do outro.

Talvez seja esse um motivo central para entender qual a razão de xingamentos não “colarem” no oponente. “Ladrão e corrupto” ou “genocida e fascista” já foram levados em conta por quem tem medo e/ou rancor por um ou pelo outro.

Nas categorias convencionais com as quais se pretende explicar formação de opinião e comportamento eleitoral há sempre referência a questões sociais e estruturais mais profundas. Como a insegurança trazida por desemprego, por exemplo, “culpa” deste ou daquele personagem político. Ou uma situação percebida como desvantajosa e atribuída por um grupo social a outro, que leva igualmente ao “rancor” por alguma figura pública (e, por outro lado, à acolhida de promessas populistas).

No ambiente tóxico incentivado por redes sociais, esses fatores “clássicos” perdem um tanto de sua relevância. Estudiosos das redes sociais costumam dizer que um dos principais obstáculos na análise dos dados é identificar claramente grupos socioeconômicos nas várias plataformas, embora algumas delas correspondam a determinados padrões culturais, de idade, de consumo e poder aquisitivo.

O principal problema do medo e rancor como motivação eleitoral não é apenas a óbvia “qualidade” (ou falta de) da escolha. É a relevância para o que vem depois. O Brasil está, infelizmente, se tornando um país de irreconciliáveis.

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Opinião por William Waack

Jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

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