Uma avaliação dos nossos riscos

Opinião|Romper o ferrolho


Pressionada pelo duplo ataque de bolsonaristas e lulistas, 3.ª via busca ‘novidade eleitoral’

Por William Waack

Parece que também Lula considera alta a probabilidade de Jair Bolsonaro não estar no segundo turno. Daí certa pressa em “garantir” o mais cedo possível uma ampla coligação para ganhar já no primeiro.

Lula seria poupado de dois cenários de alto risco. O primeiro é ter de enfrentar mais uma vez o “todos contra o PT”. Parte da militância petista, especialmente nos círculos intelectualizados, considera que Lula já passou da condição de vilão à de mártir. A esta altura do calendário, é uma postura temerária.

Um segundo turno só seria confortável para Lula, portanto, se seu adversário fosse Jair Bolsonaro. Foto: Amanda Perobelli/REUTERS e Dida Sampaio/ESTADÃO
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O segundo cenário de risco para Lula – se tiver de enfrentar um segundo turno – é o longo mês de negociações entre a primeira e a segunda votação com diferentes chefes de bancadas, capazes de extrair o máximo dele. Por isso mesmo, o esforço de articuladores do PT para formar uma bancada de no mínimo 257 integrantes, contando, além da esquerda, com uma eventual federação e/ou com PSB e PSD de Gilberto Kassab. É nesta complicada tarefa que Lula se concentra hoje.

Um segundo turno só seria confortável para Lula, portanto, se seu adversário fosse Jair Bolsonaro. Ao contrário do que pensa o presidente da República, hoje é muito mais fácil formar uma coligação contra ele do que contra Lula. Há, de fato, notável divergência de opiniões entre articuladores e analistas políticos quanto às chances de Bolsonaro não passar do primeiro turno. Para sustentar que Bolsonaro vai para o duelo final cita-se o exemplo de José Serra – que chegou a um segundo turno contra Lula com apenas 23% dos votos.

Vem daí o que surge como óbvia e clara tática eleitoral de Bolsonaro: fechar as portas a qualquer candidato que represente ameaça real de tirá-lo da segunda votação. O alvo neste momento é o ex-juiz Sérgio Moro, que precisará de muito mais robustez político-partidária e de capacidade de campanha política para enfrentar o “movimento de pinça” (na linguagem militar) de bolsonarismo e petismo contra ele. Até aqui, o movimento o impede de decolar.

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Setores da terceira via consideram, a partir desse quadro, que apenas uma “absoluta novidade” eleitoral romperia essa espécie de “ferrolho” bolsonarista-lulista do quadro político. Alguns veteranos de operações políticas são muito céticos quanto à possibilidade de Ciro Gomes e João Doria representarem esse papel.

Passaram a apostar na senadora Simone Tebet. Estão tratando de dar a ela o que se chamaria de “fortalecimento de musculatura” política – e grudar nela um grande nome da economia, ligado ao sucesso do Plano Real. De vice ideal, Simone está passando à condição de última esperança.

Parece que também Lula considera alta a probabilidade de Jair Bolsonaro não estar no segundo turno. Daí certa pressa em “garantir” o mais cedo possível uma ampla coligação para ganhar já no primeiro.

Lula seria poupado de dois cenários de alto risco. O primeiro é ter de enfrentar mais uma vez o “todos contra o PT”. Parte da militância petista, especialmente nos círculos intelectualizados, considera que Lula já passou da condição de vilão à de mártir. A esta altura do calendário, é uma postura temerária.

Um segundo turno só seria confortável para Lula, portanto, se seu adversário fosse Jair Bolsonaro. Foto: Amanda Perobelli/REUTERS e Dida Sampaio/ESTADÃO

O segundo cenário de risco para Lula – se tiver de enfrentar um segundo turno – é o longo mês de negociações entre a primeira e a segunda votação com diferentes chefes de bancadas, capazes de extrair o máximo dele. Por isso mesmo, o esforço de articuladores do PT para formar uma bancada de no mínimo 257 integrantes, contando, além da esquerda, com uma eventual federação e/ou com PSB e PSD de Gilberto Kassab. É nesta complicada tarefa que Lula se concentra hoje.

Um segundo turno só seria confortável para Lula, portanto, se seu adversário fosse Jair Bolsonaro. Ao contrário do que pensa o presidente da República, hoje é muito mais fácil formar uma coligação contra ele do que contra Lula. Há, de fato, notável divergência de opiniões entre articuladores e analistas políticos quanto às chances de Bolsonaro não passar do primeiro turno. Para sustentar que Bolsonaro vai para o duelo final cita-se o exemplo de José Serra – que chegou a um segundo turno contra Lula com apenas 23% dos votos.

Vem daí o que surge como óbvia e clara tática eleitoral de Bolsonaro: fechar as portas a qualquer candidato que represente ameaça real de tirá-lo da segunda votação. O alvo neste momento é o ex-juiz Sérgio Moro, que precisará de muito mais robustez político-partidária e de capacidade de campanha política para enfrentar o “movimento de pinça” (na linguagem militar) de bolsonarismo e petismo contra ele. Até aqui, o movimento o impede de decolar.

Setores da terceira via consideram, a partir desse quadro, que apenas uma “absoluta novidade” eleitoral romperia essa espécie de “ferrolho” bolsonarista-lulista do quadro político. Alguns veteranos de operações políticas são muito céticos quanto à possibilidade de Ciro Gomes e João Doria representarem esse papel.

Passaram a apostar na senadora Simone Tebet. Estão tratando de dar a ela o que se chamaria de “fortalecimento de musculatura” política – e grudar nela um grande nome da economia, ligado ao sucesso do Plano Real. De vice ideal, Simone está passando à condição de última esperança.

Parece que também Lula considera alta a probabilidade de Jair Bolsonaro não estar no segundo turno. Daí certa pressa em “garantir” o mais cedo possível uma ampla coligação para ganhar já no primeiro.

Lula seria poupado de dois cenários de alto risco. O primeiro é ter de enfrentar mais uma vez o “todos contra o PT”. Parte da militância petista, especialmente nos círculos intelectualizados, considera que Lula já passou da condição de vilão à de mártir. A esta altura do calendário, é uma postura temerária.

Um segundo turno só seria confortável para Lula, portanto, se seu adversário fosse Jair Bolsonaro. Foto: Amanda Perobelli/REUTERS e Dida Sampaio/ESTADÃO

O segundo cenário de risco para Lula – se tiver de enfrentar um segundo turno – é o longo mês de negociações entre a primeira e a segunda votação com diferentes chefes de bancadas, capazes de extrair o máximo dele. Por isso mesmo, o esforço de articuladores do PT para formar uma bancada de no mínimo 257 integrantes, contando, além da esquerda, com uma eventual federação e/ou com PSB e PSD de Gilberto Kassab. É nesta complicada tarefa que Lula se concentra hoje.

Um segundo turno só seria confortável para Lula, portanto, se seu adversário fosse Jair Bolsonaro. Ao contrário do que pensa o presidente da República, hoje é muito mais fácil formar uma coligação contra ele do que contra Lula. Há, de fato, notável divergência de opiniões entre articuladores e analistas políticos quanto às chances de Bolsonaro não passar do primeiro turno. Para sustentar que Bolsonaro vai para o duelo final cita-se o exemplo de José Serra – que chegou a um segundo turno contra Lula com apenas 23% dos votos.

Vem daí o que surge como óbvia e clara tática eleitoral de Bolsonaro: fechar as portas a qualquer candidato que represente ameaça real de tirá-lo da segunda votação. O alvo neste momento é o ex-juiz Sérgio Moro, que precisará de muito mais robustez político-partidária e de capacidade de campanha política para enfrentar o “movimento de pinça” (na linguagem militar) de bolsonarismo e petismo contra ele. Até aqui, o movimento o impede de decolar.

Setores da terceira via consideram, a partir desse quadro, que apenas uma “absoluta novidade” eleitoral romperia essa espécie de “ferrolho” bolsonarista-lulista do quadro político. Alguns veteranos de operações políticas são muito céticos quanto à possibilidade de Ciro Gomes e João Doria representarem esse papel.

Passaram a apostar na senadora Simone Tebet. Estão tratando de dar a ela o que se chamaria de “fortalecimento de musculatura” política – e grudar nela um grande nome da economia, ligado ao sucesso do Plano Real. De vice ideal, Simone está passando à condição de última esperança.

Opinião por William Waack

Jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

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