O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo-MG), ainda discute com aliados se irá ao ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no próximo domingo, 25, na Avenida Paulista. O grupo formado por secretários e conselheiros mais próximos do chefe do Executivo mineiro, inclusive integrantes do Novo, é contrário à presença de Zema, mas há membros da sigla que avaliam que ele deveria ir.
O governo de Minas e o Novo não comentaram. A sigla liberou seus mandatários e filiados a irem à manifestação caso queiram porque entende se tratar de uma questão pessoal e não institucional. Dos três deputados federais da legenda, apenas Marcel van Hattem (Novo-RS) confirmou presença até o momento.
Zema deu sinais, em conversas nesta sexta-feira, 23, que cogita participar do ato. A tendência é que o martelo seja batido em cima da hora para evitar pressão sobre o governador, independentemente de qual for a decisão, e não repetir o que aconteceu no evento de um ano do 8 de Janeiro em Brasílila.
Naquela ocasião, Zema anunciou pela manhã que iria a Brasília para participar da cerimônia promovida pelo governo Lula (PT), Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso Nacional. Horas depois, quando já estava na capital, desistiu de comparecer. Oficialmente, o mineiro disse que mudou de ideia porque o evento deixou de ser institucional e se tornou político. Nos bastidores, no entanto, ele foi pressionado por lideranças do Novo.
“Todo ato pró-democracia é sempre bem-vindo. Minha agenda ainda está sendo definida” declarou Zema ao ser perguntado na quarta-feira, 21, sobre a manifestação convocada por Bolsonaro. O governador mineiro apoiou o ex-presidente na eleição de 2018 e também no segundo turno em 2022. No ano passado, concedeu título de cidadão honorário de Minas Gerais ao ex-presidente, ocasião em que ambos trocaram elogios.
A postura de Zema é semelhante à do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD-PR), que voltou de uma viagem aos EUA, mas ainda não decidiu se comparecerá à manifestação. Também aliados de Bolsonaro, Gladson Cameli (PP), governador do Acre, e Antônio Denarium (PP), chefe do Executivo de Roraima, não irão à Paulista. Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, teria avisado ao ex-presidente que não comparecerá devido a uma viagem ao exterior, segundo o Metrópoles.
Por outro lado, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), com quem Bolsonaro ficará hospedado em São Paulo, Ronaldo Caiado (União-GO) e Jorginho Mello (PL-SC) confirmaram presença, assim como o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB-SP).
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A manifestação na Paulista foi convocada pelo próprio Bolsonaro após ele ter sido alvo de operação da Polícia Federal que investiga suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil antes e após a eleição de 2022. O ex-presidente teve o passaporte confiscado e quatro ex-assessores dele foram presos preventivamente.
Bolsonaro prestou depoimento sobre o caso na quinta-feira, 22, mas ficou em silêncio. A defesa alega que não teve acesso às íntegras do processo e da delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que embasou parte significativa da operação.
“O nosso encontro na Paulista [será] um ato pacífico pelo nosso Estado Democrático de Direito, pela nossa liberdade, pela nossa família e pelo nosso futuro”, disse o ex-chefe do Executivo federal em vídeo publicado nas redes sociais nesta sexta-feira. Anteriormente, Bolsonaro pediu que seus apoiadores não levem faixas com críticas ao STF ou a “quem quer que seja”.