O diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) David Zylberstajn, um dos mentores do plano de Gestão do Racionamento, ironizou hoje em Salvador, os juizes que tem se manifestado contra a legalidade do programa. "Esses juristas parecem que vivem em Marte, correm logo para seus alfarrábios e acham que em sua volta não está acontecendo nada", disse. "Quem recorrer à Justiça vai ganhar é o apagão", ameaçou diante da eminência de ações contra as multas e cortes de energia. Zylberstajn ficou desconcertado, contudo, quando um jornalista retrucou: "Se o senhor considera isso, em que planeta vive, então, o presidente Fernando Henrique Cardoso que se disse surpreso com a situação energética do Brasil?". O técnico tentou defender. "Quando o presidente soube da situação tomou providências para resolver o problema, não foi aos tribunais para atrapalhar", observou, reforçando haver gente, "falando precipitadamente" como a Ordem dos Advogados do Brasil . "Antes de sair o plano a OAB já era contra". Ele voltou a garantir que não há alternativa melhor ao programa de racionamento criado pelo governo. "É um remédio amargo, mas é melhor que UTI", disse, lembrando que se o sistema de cotas de energia não der certo, o "apagão" será inevitável. "Serão 7 a 8 horas de corte de energia por dia em todo o País", disse, caso os consumidores não consigam economizar os 20% proposto pelo programa. Somente no final do próximo mês é que será possível avaliar se o sistema de cotas vai dar certo. "Por enquanto, desde que lançamos o programa, a redução média expontânea da população tem sido entre 5% e 6% por dia". Ele acredita que com "mobilização social e apoio da mídia" será possível atingir a meta dos 20% e evitar os "apagões". Para o governo, a redução de gastos de energia, pelo menos no papel, será maior. Conforme o programa, no próximo mês as repartições, órgãos e empresas terão que reduzir 25% o consumo e em julho 30%. O coordenador de mestrado em Regulação da Industria de Energia da Universidade de Salvador (Unifacs) James Correia, membro da equipe responsável pela elaboração do plano de racionamento, garantiu que cada prédio do governo terá um responsável direto pela economia. "Haverá cortes de energia como qualquer outra unidade e medidas administrativas por parte do governo, sobre o coordenador que não cumprir a meta", garantiu.