Na zona norte de São Paulo, o Mandaqui é bairro e distrito de classe média. Faz parte da subprefeitura de Santana e fica na divisa de São Paulo com o município de Mairiporã. É vizinho dos seguintes bairros: Tremembé, Tucuruvi, Casa Verde e Cachoeirinha. Inclui em seu território pedaços do Horto Florestal (que compartilha com o Tremembé), da Serra e do Parque Estadual da Cantareira. Na história da cidade, o surgimento e o desenvolvimento do Mandaqui se deram em duas fases principais. Primeiro, houve um tempo em que era importante de passagem de viajantes. Depois, converteu-se em uma das paradas do trenzinho da Cantareira e cresceu perto dos trilhos. Os registros mais antigos datam do período colonial, quando era ainda uma parada de tropeiros. Em 1616, o bandeirante Amador Bueno da Ribeira foi autorizado a erguer um moinho de trigo “ao lado do Ribeirão Mandaqui” – Mandaqui era o nome indígena de um dos afluentes da margem direita do Rio Grande, o Tietê, nos anos 1600. Em tupi, significa algo como “rio dos bagres”.
O bairro nascia ali e ganharia cada vez mais contornos rurais. O que contribuía para isso era o isolamento promovido pela várzea do Tietê. No início do século XX, o Mandaqui era ocupado por chácaras para produção agrícola e passeio. A maior parte dos agricultores e moradores eram imigrantes europeus atraídos pela proximidade da serra, a vegetação abundante e a altitude de mais de 700 metros. A urbanização e o aumento populacional no Mandaqui, assim como em outros bairros do pedaço, foram pautados pela Tramway da Cantareira, que operou desde 1893 e até meados da década de 1960. A ferrovia havia sido implantada para ajudar na construção de um reservatório de água no alto da serra. O trem acabou se convertendo no principal, e às vezes único, meio de transporte de moradores e um modo de escoar sua produção, ainda essencialmente rural, para o mercado central da cidade. Perto dos trilhos e ao redor das estações surgiram os povoamentos mais consistentes – a antiga estação da Tramway, no Mandaqui, ficava na Rua Professor Valério Giuli, esquina com a Voluntários da Pátria. Ela não existe mais. Ainda assim, o que prevaleceu durante muito tempo foi o perfil de cidade do interior: pouca gente, clima rural, sossego. Uma das famílias mais importantes tinha o nome de Zunkeller. Era brasileira de origem francesa e instalou-se na região central do Mandaqui, onde plantavam videiras, faziam vinho e criavam gado. O patriarca da família teve cinco filhos com a mulher Judith. No fim da década de 1920, dividiu suas terras com eles, que começaram a loteá-las. Os loteamentos na região começavam ali e avançavam lentamente. A urbanização mais potente ocorreria nos anos de 1960, quando começaram a ser construídos os prédios no bairro – a própria casa do sítio dos Zumkeller, que ficava ao lado do atual Conjunto dos Bancários (Residencial Santo Antônio), foi demolida e deu espaço para a verticalização.Hospital do Mandaqui. Marco histórico da região, o Hospital do Mandaqui foi inaugurado em 1938 e se chamava Parque Hospitalar do Mandaqui. Tinha capacidade para atender 800 tuberculosos internados. A região foi escolhida em virtude do isolamento e do bom clima. Na época, a internação era obrigatória para que a doença não se propagasse. Até a década de 1950, não havia medicamentos para a tuberculose e, para promover a cura, eram empregados processos mecânicos como o pneumotórax, uma coluna de água com uma agulha que era introduzida no tórax. O sanatório era famoso por abrigar especialistas nos mais diversos tipos de tuberculose, coisa rara na época. As drogas começaram a chegar na década de 1950 e com isso métodos químicos e mecânicos passaram a ser combinados. A mortalidade diminuiu e desde os anos de 1960 a internação passou a ser exigida apenas para os casos mais graves. Em meados da década de 1980, o Mandaqui foi convertido em hospital geral e não só especializado em tuberculose. Acabou virando também uma referência em traumatologia.