A última impressão do 'Diário Oficial do Estado de São Paulo'


Fim da edição de papel emociona funcionários da Imprensa Oficial; publicação durou 127 anos

Por Edison Veiga

SÃO PAULO - Na noite de terça-feira, 30, antes de ir ao trabalho, Wagner dos Santos, de 44 anos, caminhou dois quarteirões em Ferraz de Vasconcelos, onde mora desde que nasceu, e deu um abraço em seu pai, José Pedro dos Santos, de 74 anos. “Sei que ele tem orgulho da minha profissão”, dizia Wagner, algumas horas mais tarde, quando era um dos notívagos funcionários da Imprensa Oficial responsáveis por rodar, no parque gráfico da Mooca, a última edição impressa do Diário Oficial do Estado de São Paulo: a de número 101 do ano 127 da publicação. 

Nenhum empregado será demitido Foto: Alex Silva/Estadão

O abraço tinha forte motivo. Nos 17 últimos anos antes da aposentadoria, José Pedro trabalhou na mesma gráfica, na mesma empresa, rodando o mesmo Diário Oficial. Por isso Wagner, que prepara chapas de impressão do jornal há 31 anos – como muitos começou ainda adolescente –, estava emocionado na madrugada desta quarta-feira, 31. 

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Sua vida toda foi construída entre past-ups, fotolitos e chapas, entre rotativas e remessas. Entre noites e madrugadas. Entre Ferraz de Vasconcelos e a Mooca. Um casamento, quatro filhos já crescidos – duas meninas, uma de 20, outra de 18; dois meninos, um de 15, outro de 12. “Eu sabia que esse processo ia passar por uma transformação, que o digital chegaria para mudar. Eu me preparei para isso.”

Nenhum dos funcionários envolvidos no trabalho de impressão do Diário Oficial será demitido, promete a diretoria. “A mão de obra toda vai continuar”, declarou ao Estado a presidente da Imprensa Oficial, Maria Felisa Moreno Gallego, na tarde desta terça-feira. Todos serão realocados, portanto, em outros projetos da casa. Livros escolares, por exemplo. 

Maria Felisa tem todas as justificativas na calculadora. A economia será de R$ 6 milhões por ano – papel, tinta e outros insumos. “Fora a questão do meio ambiente: vamos deixar de gastar 408 toneladas de papel por ano”, pontuou a presidente. 

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Se para padronizadores, diagramadores e revisores a rotina não deve ser alterada, na redação há expectativas de melhorias. À frente de uma equipe de sete repórteres, quatro fotógrafos, um editor de texto, uma editora de imagem, uma subeditora e um pré-pauteiro, a editora-chefe Maria Erminia Ferreira – que não revela a idade, mas tem 21 anos de Diário Oficial – vislumbra melhor futuro para as quatro páginas jornalísticas publicadas diariamente. “Estamos conversando para ver a linguagem mais adequada ao novo tempo”, disse. “É hora de adaptar. Talvez não precisemos mais nem ficar presos a esse limite de quatro páginas. Muitas vezes perdemos material por falta de espaço.”

Para a gráfica. Faltavam quatro minutos para a 1 hora quando a última impressão do Diário Oficial começou. Um pequeno exército de oito pessoas trabalhava na impressão. Outros três, na remessa. “Depois, acabou, né? Um dia histórico... Dá um pouco de tristeza, mas tem de olhar para a frente, pois para trás é só mesmo a saudade”, sentenciou Luiz Carlos Faccin, de 49 anos – 34 de Imprensa Oficial. 

Quando os mil exemplares da edição impressa datado de 31 de maio de 2017, com suas 336 páginas cada um, saíram do prelo, às 5 horas desta quarta, Wagner pretendia encontrar o pai, talvez ainda na parte da manhã. “Vou guardar um exemplar deste último. Vou levar para ele.”

SÃO PAULO - Na noite de terça-feira, 30, antes de ir ao trabalho, Wagner dos Santos, de 44 anos, caminhou dois quarteirões em Ferraz de Vasconcelos, onde mora desde que nasceu, e deu um abraço em seu pai, José Pedro dos Santos, de 74 anos. “Sei que ele tem orgulho da minha profissão”, dizia Wagner, algumas horas mais tarde, quando era um dos notívagos funcionários da Imprensa Oficial responsáveis por rodar, no parque gráfico da Mooca, a última edição impressa do Diário Oficial do Estado de São Paulo: a de número 101 do ano 127 da publicação. 

Nenhum empregado será demitido Foto: Alex Silva/Estadão

O abraço tinha forte motivo. Nos 17 últimos anos antes da aposentadoria, José Pedro trabalhou na mesma gráfica, na mesma empresa, rodando o mesmo Diário Oficial. Por isso Wagner, que prepara chapas de impressão do jornal há 31 anos – como muitos começou ainda adolescente –, estava emocionado na madrugada desta quarta-feira, 31. 

Sua vida toda foi construída entre past-ups, fotolitos e chapas, entre rotativas e remessas. Entre noites e madrugadas. Entre Ferraz de Vasconcelos e a Mooca. Um casamento, quatro filhos já crescidos – duas meninas, uma de 20, outra de 18; dois meninos, um de 15, outro de 12. “Eu sabia que esse processo ia passar por uma transformação, que o digital chegaria para mudar. Eu me preparei para isso.”

Nenhum dos funcionários envolvidos no trabalho de impressão do Diário Oficial será demitido, promete a diretoria. “A mão de obra toda vai continuar”, declarou ao Estado a presidente da Imprensa Oficial, Maria Felisa Moreno Gallego, na tarde desta terça-feira. Todos serão realocados, portanto, em outros projetos da casa. Livros escolares, por exemplo. 

Maria Felisa tem todas as justificativas na calculadora. A economia será de R$ 6 milhões por ano – papel, tinta e outros insumos. “Fora a questão do meio ambiente: vamos deixar de gastar 408 toneladas de papel por ano”, pontuou a presidente. 

Se para padronizadores, diagramadores e revisores a rotina não deve ser alterada, na redação há expectativas de melhorias. À frente de uma equipe de sete repórteres, quatro fotógrafos, um editor de texto, uma editora de imagem, uma subeditora e um pré-pauteiro, a editora-chefe Maria Erminia Ferreira – que não revela a idade, mas tem 21 anos de Diário Oficial – vislumbra melhor futuro para as quatro páginas jornalísticas publicadas diariamente. “Estamos conversando para ver a linguagem mais adequada ao novo tempo”, disse. “É hora de adaptar. Talvez não precisemos mais nem ficar presos a esse limite de quatro páginas. Muitas vezes perdemos material por falta de espaço.”

Para a gráfica. Faltavam quatro minutos para a 1 hora quando a última impressão do Diário Oficial começou. Um pequeno exército de oito pessoas trabalhava na impressão. Outros três, na remessa. “Depois, acabou, né? Um dia histórico... Dá um pouco de tristeza, mas tem de olhar para a frente, pois para trás é só mesmo a saudade”, sentenciou Luiz Carlos Faccin, de 49 anos – 34 de Imprensa Oficial. 

Quando os mil exemplares da edição impressa datado de 31 de maio de 2017, com suas 336 páginas cada um, saíram do prelo, às 5 horas desta quarta, Wagner pretendia encontrar o pai, talvez ainda na parte da manhã. “Vou guardar um exemplar deste último. Vou levar para ele.”

SÃO PAULO - Na noite de terça-feira, 30, antes de ir ao trabalho, Wagner dos Santos, de 44 anos, caminhou dois quarteirões em Ferraz de Vasconcelos, onde mora desde que nasceu, e deu um abraço em seu pai, José Pedro dos Santos, de 74 anos. “Sei que ele tem orgulho da minha profissão”, dizia Wagner, algumas horas mais tarde, quando era um dos notívagos funcionários da Imprensa Oficial responsáveis por rodar, no parque gráfico da Mooca, a última edição impressa do Diário Oficial do Estado de São Paulo: a de número 101 do ano 127 da publicação. 

Nenhum empregado será demitido Foto: Alex Silva/Estadão

O abraço tinha forte motivo. Nos 17 últimos anos antes da aposentadoria, José Pedro trabalhou na mesma gráfica, na mesma empresa, rodando o mesmo Diário Oficial. Por isso Wagner, que prepara chapas de impressão do jornal há 31 anos – como muitos começou ainda adolescente –, estava emocionado na madrugada desta quarta-feira, 31. 

Sua vida toda foi construída entre past-ups, fotolitos e chapas, entre rotativas e remessas. Entre noites e madrugadas. Entre Ferraz de Vasconcelos e a Mooca. Um casamento, quatro filhos já crescidos – duas meninas, uma de 20, outra de 18; dois meninos, um de 15, outro de 12. “Eu sabia que esse processo ia passar por uma transformação, que o digital chegaria para mudar. Eu me preparei para isso.”

Nenhum dos funcionários envolvidos no trabalho de impressão do Diário Oficial será demitido, promete a diretoria. “A mão de obra toda vai continuar”, declarou ao Estado a presidente da Imprensa Oficial, Maria Felisa Moreno Gallego, na tarde desta terça-feira. Todos serão realocados, portanto, em outros projetos da casa. Livros escolares, por exemplo. 

Maria Felisa tem todas as justificativas na calculadora. A economia será de R$ 6 milhões por ano – papel, tinta e outros insumos. “Fora a questão do meio ambiente: vamos deixar de gastar 408 toneladas de papel por ano”, pontuou a presidente. 

Se para padronizadores, diagramadores e revisores a rotina não deve ser alterada, na redação há expectativas de melhorias. À frente de uma equipe de sete repórteres, quatro fotógrafos, um editor de texto, uma editora de imagem, uma subeditora e um pré-pauteiro, a editora-chefe Maria Erminia Ferreira – que não revela a idade, mas tem 21 anos de Diário Oficial – vislumbra melhor futuro para as quatro páginas jornalísticas publicadas diariamente. “Estamos conversando para ver a linguagem mais adequada ao novo tempo”, disse. “É hora de adaptar. Talvez não precisemos mais nem ficar presos a esse limite de quatro páginas. Muitas vezes perdemos material por falta de espaço.”

Para a gráfica. Faltavam quatro minutos para a 1 hora quando a última impressão do Diário Oficial começou. Um pequeno exército de oito pessoas trabalhava na impressão. Outros três, na remessa. “Depois, acabou, né? Um dia histórico... Dá um pouco de tristeza, mas tem de olhar para a frente, pois para trás é só mesmo a saudade”, sentenciou Luiz Carlos Faccin, de 49 anos – 34 de Imprensa Oficial. 

Quando os mil exemplares da edição impressa datado de 31 de maio de 2017, com suas 336 páginas cada um, saíram do prelo, às 5 horas desta quarta, Wagner pretendia encontrar o pai, talvez ainda na parte da manhã. “Vou guardar um exemplar deste último. Vou levar para ele.”

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