Abordagem nos Jardins tem de ser diferente da periferia, diz novo comandante da Rota


Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo diz que policial adota formas distintas de atuação em áreas nobres e na periferia para que seja 'respeitado'

Por Marco Antônio Carvalho
A Rota é considerada a 'tropa de elite' da Polícia Militar de São Paulo Foto: Estadão Conteúdo

O novo comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o 1.º Batalhão de Choque da Polícia Militar paulista, disse ao portal UOL que os policiais que atuam na região nobre e na periferia da capital paulista adotam formas diferentes de abordagem e contato. “É outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma de ele abordar tem de ser diferente. Se ele for abordar uma pessoa da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins, ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse o tenente-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo.

A declaração foi alvo de críticas por policiais especialistas no estudo de procedimentos-padrão da corporação e do ouvidor das polícias do Estado, Júlio César Fernandes Neves, que a classificou como “discriminatória e elitista”, tendo dito esperar que o comportamento “não prospere”. A reportagem solicitou entrevista com o tenente-coronel e pediu posicionamento à Secretaria da Segurança Pública, mas não obteve resposta.

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Na entrevista, Mello Araújo disse ainda que a linguagem usada é diferente. “Da mesma forma, se eu coloco um da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com uma pessoa do Jardins que está ali, andando”, complementou. “O policial tem de se adaptar àquele meio que ele está naquele momento.”

A major da reserva da PM paulista e pesquisadora do Instituto Igarapé Tânia Pinc disse que, apesar de esse discurso ser comum dentro e fora da corporação, “não faz muito sentido”. “O policial só pode decidir por abordar alguém quando há suspeita de crime, seja portando arma ou droga, andando em carro que pode ter sido roubado”, disse. “Chegar apontando arma, deixando de observar os procedimentos e condutas é algo que muitos policiais acreditam que precisa ser assim em áreas onde a taxa de crime violento é mais alta.” 

Para ela, a opção por uma abordagem truculenta na periferia pode apresentar risco para o policial. “Quando um policial desembarca da viatura com a arma na posição terceiro olho, já apontando a arma, daí não há mais nenhum outro recurso, a não ser atirar depois disso”, disse. A oficial lembra que o uso escalonado da força prevê, por exemplo, que a arma fique no coldre, depois seja retirada na chamada posição sul, para baixo, para só então ser apontada para um suspeito. “Não há mais segurança para ele com essas abordagens. Há ainda risco de abusos.”

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Jardins ou Capão. O coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho disse que “com a Mercedes-Benz dos Jardins ou com a Kombi velha do Capão Redondo” a abordagem deve ser sempre educada, mas severa quando necessária. “É um padrão só. Você nunca entra com o peito voltado para o vidro do motorista, por exemplo, sempre vem por trás. No bairro violento, a cautela e o alerta são redobrados, mas não há alteração substancial.”

O coronel aproveitou para criticar a operação realizada pela Rota na quarta, em que 25 pessoas foram presas e 100 quilos de drogas, apreendidos. “A Rota não conhece a cidade, quem conhece é o policiamento territorial, os batalhões, que conhecem as ruas e as dinâmicas locais”, acrescentou. A Rota deslocou 400 dos 700 homens para atuar simultaneamente em ocorrências de tráfico em diferentes pontos da cidade. 

O ouvidor das Polícias disse que “todos têm de ter tratamento igual”. “Tanto na periferia como nos Jardins.” Para ele, como a “hierarquia é implacável”, ainda que todos não pensem dessa forma, acabam tendo de seguir a determinação. “Isso dá margem a atitudes imprevisíveis do policial.”

A Rota é considerada a 'tropa de elite' da Polícia Militar de São Paulo Foto: Estadão Conteúdo

O novo comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o 1.º Batalhão de Choque da Polícia Militar paulista, disse ao portal UOL que os policiais que atuam na região nobre e na periferia da capital paulista adotam formas diferentes de abordagem e contato. “É outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma de ele abordar tem de ser diferente. Se ele for abordar uma pessoa da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins, ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse o tenente-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo.

A declaração foi alvo de críticas por policiais especialistas no estudo de procedimentos-padrão da corporação e do ouvidor das polícias do Estado, Júlio César Fernandes Neves, que a classificou como “discriminatória e elitista”, tendo dito esperar que o comportamento “não prospere”. A reportagem solicitou entrevista com o tenente-coronel e pediu posicionamento à Secretaria da Segurança Pública, mas não obteve resposta.

Na entrevista, Mello Araújo disse ainda que a linguagem usada é diferente. “Da mesma forma, se eu coloco um da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com uma pessoa do Jardins que está ali, andando”, complementou. “O policial tem de se adaptar àquele meio que ele está naquele momento.”

A major da reserva da PM paulista e pesquisadora do Instituto Igarapé Tânia Pinc disse que, apesar de esse discurso ser comum dentro e fora da corporação, “não faz muito sentido”. “O policial só pode decidir por abordar alguém quando há suspeita de crime, seja portando arma ou droga, andando em carro que pode ter sido roubado”, disse. “Chegar apontando arma, deixando de observar os procedimentos e condutas é algo que muitos policiais acreditam que precisa ser assim em áreas onde a taxa de crime violento é mais alta.” 

Para ela, a opção por uma abordagem truculenta na periferia pode apresentar risco para o policial. “Quando um policial desembarca da viatura com a arma na posição terceiro olho, já apontando a arma, daí não há mais nenhum outro recurso, a não ser atirar depois disso”, disse. A oficial lembra que o uso escalonado da força prevê, por exemplo, que a arma fique no coldre, depois seja retirada na chamada posição sul, para baixo, para só então ser apontada para um suspeito. “Não há mais segurança para ele com essas abordagens. Há ainda risco de abusos.”

Jardins ou Capão. O coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho disse que “com a Mercedes-Benz dos Jardins ou com a Kombi velha do Capão Redondo” a abordagem deve ser sempre educada, mas severa quando necessária. “É um padrão só. Você nunca entra com o peito voltado para o vidro do motorista, por exemplo, sempre vem por trás. No bairro violento, a cautela e o alerta são redobrados, mas não há alteração substancial.”

O coronel aproveitou para criticar a operação realizada pela Rota na quarta, em que 25 pessoas foram presas e 100 quilos de drogas, apreendidos. “A Rota não conhece a cidade, quem conhece é o policiamento territorial, os batalhões, que conhecem as ruas e as dinâmicas locais”, acrescentou. A Rota deslocou 400 dos 700 homens para atuar simultaneamente em ocorrências de tráfico em diferentes pontos da cidade. 

O ouvidor das Polícias disse que “todos têm de ter tratamento igual”. “Tanto na periferia como nos Jardins.” Para ele, como a “hierarquia é implacável”, ainda que todos não pensem dessa forma, acabam tendo de seguir a determinação. “Isso dá margem a atitudes imprevisíveis do policial.”

A Rota é considerada a 'tropa de elite' da Polícia Militar de São Paulo Foto: Estadão Conteúdo

O novo comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o 1.º Batalhão de Choque da Polícia Militar paulista, disse ao portal UOL que os policiais que atuam na região nobre e na periferia da capital paulista adotam formas diferentes de abordagem e contato. “É outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma de ele abordar tem de ser diferente. Se ele for abordar uma pessoa da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins, ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse o tenente-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo.

A declaração foi alvo de críticas por policiais especialistas no estudo de procedimentos-padrão da corporação e do ouvidor das polícias do Estado, Júlio César Fernandes Neves, que a classificou como “discriminatória e elitista”, tendo dito esperar que o comportamento “não prospere”. A reportagem solicitou entrevista com o tenente-coronel e pediu posicionamento à Secretaria da Segurança Pública, mas não obteve resposta.

Na entrevista, Mello Araújo disse ainda que a linguagem usada é diferente. “Da mesma forma, se eu coloco um da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com uma pessoa do Jardins que está ali, andando”, complementou. “O policial tem de se adaptar àquele meio que ele está naquele momento.”

A major da reserva da PM paulista e pesquisadora do Instituto Igarapé Tânia Pinc disse que, apesar de esse discurso ser comum dentro e fora da corporação, “não faz muito sentido”. “O policial só pode decidir por abordar alguém quando há suspeita de crime, seja portando arma ou droga, andando em carro que pode ter sido roubado”, disse. “Chegar apontando arma, deixando de observar os procedimentos e condutas é algo que muitos policiais acreditam que precisa ser assim em áreas onde a taxa de crime violento é mais alta.” 

Para ela, a opção por uma abordagem truculenta na periferia pode apresentar risco para o policial. “Quando um policial desembarca da viatura com a arma na posição terceiro olho, já apontando a arma, daí não há mais nenhum outro recurso, a não ser atirar depois disso”, disse. A oficial lembra que o uso escalonado da força prevê, por exemplo, que a arma fique no coldre, depois seja retirada na chamada posição sul, para baixo, para só então ser apontada para um suspeito. “Não há mais segurança para ele com essas abordagens. Há ainda risco de abusos.”

Jardins ou Capão. O coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho disse que “com a Mercedes-Benz dos Jardins ou com a Kombi velha do Capão Redondo” a abordagem deve ser sempre educada, mas severa quando necessária. “É um padrão só. Você nunca entra com o peito voltado para o vidro do motorista, por exemplo, sempre vem por trás. No bairro violento, a cautela e o alerta são redobrados, mas não há alteração substancial.”

O coronel aproveitou para criticar a operação realizada pela Rota na quarta, em que 25 pessoas foram presas e 100 quilos de drogas, apreendidos. “A Rota não conhece a cidade, quem conhece é o policiamento territorial, os batalhões, que conhecem as ruas e as dinâmicas locais”, acrescentou. A Rota deslocou 400 dos 700 homens para atuar simultaneamente em ocorrências de tráfico em diferentes pontos da cidade. 

O ouvidor das Polícias disse que “todos têm de ter tratamento igual”. “Tanto na periferia como nos Jardins.” Para ele, como a “hierarquia é implacável”, ainda que todos não pensem dessa forma, acabam tendo de seguir a determinação. “Isso dá margem a atitudes imprevisíveis do policial.”

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