Acervo de cápsula do tempo aberta após 100 anos será exposto em museu de SP; saiba o que tem lá


Caixa de cobre chumbada no saguão de escola estadual revela fotografias, documentos, jornais, selos e até caixa de sabonete

Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - O Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, criado em 1956 na casa em que residiu o primeiro presidente civil do Brasil, em Piracicaba, interior de São Paulo, prepara-se para receber um acervo especial. O conteúdo de uma cápsula do tempo aberta após cem anos na Escola Estadual Sud Mennucci está sendo tratado em laboratório para ser exposto a partir de 15 de novembro próximo.

A caixa de cobre, chumbada no saguão da Escola Estadual Sud Mennucci, foi aberta no dia 7 de setembro e revelou um acervo de mais de 600 itens, entre fotografias, documentos, boletins escolares, jornais, selos e dinheiro em cédulas e moedas da época. Havia também livros, cadernos de música e desenhos e até uma caixa de sabonete.

As fotografias do período sofreram com a ação do tempo e estão passando por um processo de restauro. As moedas estão sendo polidas, assim como a caixa de cobre, que também ficará exposta. O museu prepara a sala de exposições paralelas para receber esse acervo, que deve ficar à disposição do público por tempo ainda indeterminado.

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Apesar da ampla divulgação que cercou a abertura da cápsula, um número pequeno de pessoas conseguiu acompanhar presencialmente o fato histórico. A expectativa da administração do museu é de que um grande número de visitantes compareça para ver de perto o material que revela costumes e histórias da Piracicaba de 1922.

Cápsula do tempo foi aberta após ter sido escondida há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

“Viagem para o futuro”

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É como se uma janela tivesse sido aberta para um passado remoto, quando ainda não se falava em celular, internet e rede social. A ideia dessa “viagem para o futuro” foi do diretor da escola da época, Honorato Faustino, que escreveu uma carta referindo-se aos objetos contidos na caixa “que possam quiçá interessar a uma época em que a face da terra estará profundamente transformada”.

O educador deixou indicações precisas sobre o local onde a cápsula foi “escondida” e a data da abertura. “A caixa de cobre está encerrada em uma câmera cimentada, na parede que separa o anfiteatro do vestíbulo, quase ao rés do chão, em frente à porta principal da entrada do edifício para o lado da atual Rua de São João.”

O ponto exato foi marcado com um quadro de mármore parafusado na parede, com a inscrição:” Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022.”

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O dia 15 de novembro foi escolhido para abertura da exposição porque é quando se completam cem anos do fechamento da cápsula. Os objetos foram reunidos no período de celebração do centenário da Independência em 1922, mas a caixa foi inserida na parede do saguão em 15 de novembro de 1922, nos 33 anos da Proclamação da República.

Cápsula do tempo

1 | 6

Após 100 anos

Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação
2 | 6

Ideia do diretor

Foto: Guilherme Scarassati Martins
3 | 6

600 itens

Foto: Guilherme Scarassati Martins
4 | 6

Passado

Foto: Guilherme Scarassati Martins
5 | 6

Desenho

Foto: Guilherme Scarassati Martins
6 | 6

Cartão-postal

Foto: Guilherme Scarassati Martins

Bom estado

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O material que passa por recuperação no laboratório da escola está em bom estado e inclui fotos de um professor lecionando uma aula de química e alunos se exercitando no pátio durante a aula de educação física. O curioso é que na época todos usavam terno e gravata.

Na exposição, quadros explicativos darão informações sobre o contexto em que cada objeto foi colocado na cápsula. Os documentos escritos à mão estão sendo digitalizados. A carta na qual o diretor Honorato Faustino de Oliveira relata a intenção de, na época, enviar uma mensagem para os piracicabanos do futuro estará em local de destaque no museu.

Ele cita a cápsula do tempo como “uma caixa de cobre de documentos de toda a sorte, que possam dar aos criadores, nossos patrícios, que viessem d’aqui a cem anos, uma ideia mais ou menos nítida do estado atual dessa casa de Ensino Público, do trabalho mental que foi desenvolvido pelos seus professores e alunos”.

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A carta é encerrada com um apelo aos funcionários da então chamada Escola Normal de Piracicaba. “A esses dignos funcionários pedimos encarecidamente, façam religiosamente conservar e respeitar a nossa instituição, enviando todos os esforços para que essa lembrança do passado chegue intacta a 2022, a quem se destina, no mesmo local que se encontra, de modo que só possa ser daí retirada pelos seus próprios destinatários, no dia festivo em que se passa o segundo centenário da proclamação da Independência do Brasil - 7 de setembro de 2022.”

O diretor fez questão de registrar o ponto exato de inserção da cápsula, pensando na possibilidade de que a estrutura do prédio viesse a ser substancialmente alterada, o que não aconteceu. O marco do local, uma placa de mármore com os dizeres “Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022″ também será exposto no museu.

Materiais que estavam em cápsula do tempo "escondida" há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação
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A escola

Fundada em 1897 na área central da cidade, na Rua do Rosário, a atual Escola Estadual Sud Mennucci iniciou suas atividades como “Escola Complementar de Piracicaba”, com o objetivo de formar professores. Em 1911, trocou o nome para Escola Normal, funcionando assim por vinte anos, e em 1917, a instituição foi transferida para a rua São João, em um prédio situado no Bairro Alto, onde está até hoje.

O prédio foi tombado em 2002 pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado de São Paulo. A construção foi projetada pelo arquiteto João Castagnoli, em 1913, cabendo a Carlos Rosencrantz o detalhamento dos ornamentos internos. Foi construída pelo Departamento de Obras Públicas do Estado de São Paulo, junto com outras nove escolas normais do Estado, sendo a primeira a Caetano de Campos, na cidade de São Paulo em 1894 e, as últimas, em Campinas e Casa Branca, em 1919.

Tratavam-se, conforme o Condephaat, de edificações mais elaboradas, com programas desenvolvidos para atender às exigências do recém-implantado regime republicano, em 1889, que entendia ser necessário ter a escola normal para formar professores primários.

Foram introduzidos auditórios e bibliotecas, espaços até então improvisados. Em 1920, com a reformulação do ensino público estadual, as dez escolas normais foram igualadas aos ginásios, tornando-se estabelecimentos de ensino secundário especial.

Serviço: O Museu Prudente de Moraes fica na Rua Santo Antônio, 641, no centro de Piracicaba, e funciona de terça a sexta, das 9 às 17, sábados e feriados das 10 às 14 horas, com entrada gratuita.

SOROCABA - O Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, criado em 1956 na casa em que residiu o primeiro presidente civil do Brasil, em Piracicaba, interior de São Paulo, prepara-se para receber um acervo especial. O conteúdo de uma cápsula do tempo aberta após cem anos na Escola Estadual Sud Mennucci está sendo tratado em laboratório para ser exposto a partir de 15 de novembro próximo.

A caixa de cobre, chumbada no saguão da Escola Estadual Sud Mennucci, foi aberta no dia 7 de setembro e revelou um acervo de mais de 600 itens, entre fotografias, documentos, boletins escolares, jornais, selos e dinheiro em cédulas e moedas da época. Havia também livros, cadernos de música e desenhos e até uma caixa de sabonete.

As fotografias do período sofreram com a ação do tempo e estão passando por um processo de restauro. As moedas estão sendo polidas, assim como a caixa de cobre, que também ficará exposta. O museu prepara a sala de exposições paralelas para receber esse acervo, que deve ficar à disposição do público por tempo ainda indeterminado.

Apesar da ampla divulgação que cercou a abertura da cápsula, um número pequeno de pessoas conseguiu acompanhar presencialmente o fato histórico. A expectativa da administração do museu é de que um grande número de visitantes compareça para ver de perto o material que revela costumes e histórias da Piracicaba de 1922.

Cápsula do tempo foi aberta após ter sido escondida há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

“Viagem para o futuro”

É como se uma janela tivesse sido aberta para um passado remoto, quando ainda não se falava em celular, internet e rede social. A ideia dessa “viagem para o futuro” foi do diretor da escola da época, Honorato Faustino, que escreveu uma carta referindo-se aos objetos contidos na caixa “que possam quiçá interessar a uma época em que a face da terra estará profundamente transformada”.

O educador deixou indicações precisas sobre o local onde a cápsula foi “escondida” e a data da abertura. “A caixa de cobre está encerrada em uma câmera cimentada, na parede que separa o anfiteatro do vestíbulo, quase ao rés do chão, em frente à porta principal da entrada do edifício para o lado da atual Rua de São João.”

O ponto exato foi marcado com um quadro de mármore parafusado na parede, com a inscrição:” Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022.”

O dia 15 de novembro foi escolhido para abertura da exposição porque é quando se completam cem anos do fechamento da cápsula. Os objetos foram reunidos no período de celebração do centenário da Independência em 1922, mas a caixa foi inserida na parede do saguão em 15 de novembro de 1922, nos 33 anos da Proclamação da República.

Cápsula do tempo

1 | 6

Após 100 anos

Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação
2 | 6

Ideia do diretor

Foto: Guilherme Scarassati Martins
3 | 6

600 itens

Foto: Guilherme Scarassati Martins
4 | 6

Passado

Foto: Guilherme Scarassati Martins
5 | 6

Desenho

Foto: Guilherme Scarassati Martins
6 | 6

Cartão-postal

Foto: Guilherme Scarassati Martins

Bom estado

O material que passa por recuperação no laboratório da escola está em bom estado e inclui fotos de um professor lecionando uma aula de química e alunos se exercitando no pátio durante a aula de educação física. O curioso é que na época todos usavam terno e gravata.

Na exposição, quadros explicativos darão informações sobre o contexto em que cada objeto foi colocado na cápsula. Os documentos escritos à mão estão sendo digitalizados. A carta na qual o diretor Honorato Faustino de Oliveira relata a intenção de, na época, enviar uma mensagem para os piracicabanos do futuro estará em local de destaque no museu.

Ele cita a cápsula do tempo como “uma caixa de cobre de documentos de toda a sorte, que possam dar aos criadores, nossos patrícios, que viessem d’aqui a cem anos, uma ideia mais ou menos nítida do estado atual dessa casa de Ensino Público, do trabalho mental que foi desenvolvido pelos seus professores e alunos”.

A carta é encerrada com um apelo aos funcionários da então chamada Escola Normal de Piracicaba. “A esses dignos funcionários pedimos encarecidamente, façam religiosamente conservar e respeitar a nossa instituição, enviando todos os esforços para que essa lembrança do passado chegue intacta a 2022, a quem se destina, no mesmo local que se encontra, de modo que só possa ser daí retirada pelos seus próprios destinatários, no dia festivo em que se passa o segundo centenário da proclamação da Independência do Brasil - 7 de setembro de 2022.”

O diretor fez questão de registrar o ponto exato de inserção da cápsula, pensando na possibilidade de que a estrutura do prédio viesse a ser substancialmente alterada, o que não aconteceu. O marco do local, uma placa de mármore com os dizeres “Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022″ também será exposto no museu.

Materiais que estavam em cápsula do tempo "escondida" há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

A escola

Fundada em 1897 na área central da cidade, na Rua do Rosário, a atual Escola Estadual Sud Mennucci iniciou suas atividades como “Escola Complementar de Piracicaba”, com o objetivo de formar professores. Em 1911, trocou o nome para Escola Normal, funcionando assim por vinte anos, e em 1917, a instituição foi transferida para a rua São João, em um prédio situado no Bairro Alto, onde está até hoje.

O prédio foi tombado em 2002 pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado de São Paulo. A construção foi projetada pelo arquiteto João Castagnoli, em 1913, cabendo a Carlos Rosencrantz o detalhamento dos ornamentos internos. Foi construída pelo Departamento de Obras Públicas do Estado de São Paulo, junto com outras nove escolas normais do Estado, sendo a primeira a Caetano de Campos, na cidade de São Paulo em 1894 e, as últimas, em Campinas e Casa Branca, em 1919.

Tratavam-se, conforme o Condephaat, de edificações mais elaboradas, com programas desenvolvidos para atender às exigências do recém-implantado regime republicano, em 1889, que entendia ser necessário ter a escola normal para formar professores primários.

Foram introduzidos auditórios e bibliotecas, espaços até então improvisados. Em 1920, com a reformulação do ensino público estadual, as dez escolas normais foram igualadas aos ginásios, tornando-se estabelecimentos de ensino secundário especial.

Serviço: O Museu Prudente de Moraes fica na Rua Santo Antônio, 641, no centro de Piracicaba, e funciona de terça a sexta, das 9 às 17, sábados e feriados das 10 às 14 horas, com entrada gratuita.

SOROCABA - O Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, criado em 1956 na casa em que residiu o primeiro presidente civil do Brasil, em Piracicaba, interior de São Paulo, prepara-se para receber um acervo especial. O conteúdo de uma cápsula do tempo aberta após cem anos na Escola Estadual Sud Mennucci está sendo tratado em laboratório para ser exposto a partir de 15 de novembro próximo.

A caixa de cobre, chumbada no saguão da Escola Estadual Sud Mennucci, foi aberta no dia 7 de setembro e revelou um acervo de mais de 600 itens, entre fotografias, documentos, boletins escolares, jornais, selos e dinheiro em cédulas e moedas da época. Havia também livros, cadernos de música e desenhos e até uma caixa de sabonete.

As fotografias do período sofreram com a ação do tempo e estão passando por um processo de restauro. As moedas estão sendo polidas, assim como a caixa de cobre, que também ficará exposta. O museu prepara a sala de exposições paralelas para receber esse acervo, que deve ficar à disposição do público por tempo ainda indeterminado.

Apesar da ampla divulgação que cercou a abertura da cápsula, um número pequeno de pessoas conseguiu acompanhar presencialmente o fato histórico. A expectativa da administração do museu é de que um grande número de visitantes compareça para ver de perto o material que revela costumes e histórias da Piracicaba de 1922.

Cápsula do tempo foi aberta após ter sido escondida há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

“Viagem para o futuro”

É como se uma janela tivesse sido aberta para um passado remoto, quando ainda não se falava em celular, internet e rede social. A ideia dessa “viagem para o futuro” foi do diretor da escola da época, Honorato Faustino, que escreveu uma carta referindo-se aos objetos contidos na caixa “que possam quiçá interessar a uma época em que a face da terra estará profundamente transformada”.

O educador deixou indicações precisas sobre o local onde a cápsula foi “escondida” e a data da abertura. “A caixa de cobre está encerrada em uma câmera cimentada, na parede que separa o anfiteatro do vestíbulo, quase ao rés do chão, em frente à porta principal da entrada do edifício para o lado da atual Rua de São João.”

O ponto exato foi marcado com um quadro de mármore parafusado na parede, com a inscrição:” Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022.”

O dia 15 de novembro foi escolhido para abertura da exposição porque é quando se completam cem anos do fechamento da cápsula. Os objetos foram reunidos no período de celebração do centenário da Independência em 1922, mas a caixa foi inserida na parede do saguão em 15 de novembro de 1922, nos 33 anos da Proclamação da República.

Cápsula do tempo

1 | 6

Após 100 anos

Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação
2 | 6

Ideia do diretor

Foto: Guilherme Scarassati Martins
3 | 6

600 itens

Foto: Guilherme Scarassati Martins
4 | 6

Passado

Foto: Guilherme Scarassati Martins
5 | 6

Desenho

Foto: Guilherme Scarassati Martins
6 | 6

Cartão-postal

Foto: Guilherme Scarassati Martins

Bom estado

O material que passa por recuperação no laboratório da escola está em bom estado e inclui fotos de um professor lecionando uma aula de química e alunos se exercitando no pátio durante a aula de educação física. O curioso é que na época todos usavam terno e gravata.

Na exposição, quadros explicativos darão informações sobre o contexto em que cada objeto foi colocado na cápsula. Os documentos escritos à mão estão sendo digitalizados. A carta na qual o diretor Honorato Faustino de Oliveira relata a intenção de, na época, enviar uma mensagem para os piracicabanos do futuro estará em local de destaque no museu.

Ele cita a cápsula do tempo como “uma caixa de cobre de documentos de toda a sorte, que possam dar aos criadores, nossos patrícios, que viessem d’aqui a cem anos, uma ideia mais ou menos nítida do estado atual dessa casa de Ensino Público, do trabalho mental que foi desenvolvido pelos seus professores e alunos”.

A carta é encerrada com um apelo aos funcionários da então chamada Escola Normal de Piracicaba. “A esses dignos funcionários pedimos encarecidamente, façam religiosamente conservar e respeitar a nossa instituição, enviando todos os esforços para que essa lembrança do passado chegue intacta a 2022, a quem se destina, no mesmo local que se encontra, de modo que só possa ser daí retirada pelos seus próprios destinatários, no dia festivo em que se passa o segundo centenário da proclamação da Independência do Brasil - 7 de setembro de 2022.”

O diretor fez questão de registrar o ponto exato de inserção da cápsula, pensando na possibilidade de que a estrutura do prédio viesse a ser substancialmente alterada, o que não aconteceu. O marco do local, uma placa de mármore com os dizeres “Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022″ também será exposto no museu.

Materiais que estavam em cápsula do tempo "escondida" há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

A escola

Fundada em 1897 na área central da cidade, na Rua do Rosário, a atual Escola Estadual Sud Mennucci iniciou suas atividades como “Escola Complementar de Piracicaba”, com o objetivo de formar professores. Em 1911, trocou o nome para Escola Normal, funcionando assim por vinte anos, e em 1917, a instituição foi transferida para a rua São João, em um prédio situado no Bairro Alto, onde está até hoje.

O prédio foi tombado em 2002 pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado de São Paulo. A construção foi projetada pelo arquiteto João Castagnoli, em 1913, cabendo a Carlos Rosencrantz o detalhamento dos ornamentos internos. Foi construída pelo Departamento de Obras Públicas do Estado de São Paulo, junto com outras nove escolas normais do Estado, sendo a primeira a Caetano de Campos, na cidade de São Paulo em 1894 e, as últimas, em Campinas e Casa Branca, em 1919.

Tratavam-se, conforme o Condephaat, de edificações mais elaboradas, com programas desenvolvidos para atender às exigências do recém-implantado regime republicano, em 1889, que entendia ser necessário ter a escola normal para formar professores primários.

Foram introduzidos auditórios e bibliotecas, espaços até então improvisados. Em 1920, com a reformulação do ensino público estadual, as dez escolas normais foram igualadas aos ginásios, tornando-se estabelecimentos de ensino secundário especial.

Serviço: O Museu Prudente de Moraes fica na Rua Santo Antônio, 641, no centro de Piracicaba, e funciona de terça a sexta, das 9 às 17, sábados e feriados das 10 às 14 horas, com entrada gratuita.

SOROCABA - O Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, criado em 1956 na casa em que residiu o primeiro presidente civil do Brasil, em Piracicaba, interior de São Paulo, prepara-se para receber um acervo especial. O conteúdo de uma cápsula do tempo aberta após cem anos na Escola Estadual Sud Mennucci está sendo tratado em laboratório para ser exposto a partir de 15 de novembro próximo.

A caixa de cobre, chumbada no saguão da Escola Estadual Sud Mennucci, foi aberta no dia 7 de setembro e revelou um acervo de mais de 600 itens, entre fotografias, documentos, boletins escolares, jornais, selos e dinheiro em cédulas e moedas da época. Havia também livros, cadernos de música e desenhos e até uma caixa de sabonete.

As fotografias do período sofreram com a ação do tempo e estão passando por um processo de restauro. As moedas estão sendo polidas, assim como a caixa de cobre, que também ficará exposta. O museu prepara a sala de exposições paralelas para receber esse acervo, que deve ficar à disposição do público por tempo ainda indeterminado.

Apesar da ampla divulgação que cercou a abertura da cápsula, um número pequeno de pessoas conseguiu acompanhar presencialmente o fato histórico. A expectativa da administração do museu é de que um grande número de visitantes compareça para ver de perto o material que revela costumes e histórias da Piracicaba de 1922.

Cápsula do tempo foi aberta após ter sido escondida há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

“Viagem para o futuro”

É como se uma janela tivesse sido aberta para um passado remoto, quando ainda não se falava em celular, internet e rede social. A ideia dessa “viagem para o futuro” foi do diretor da escola da época, Honorato Faustino, que escreveu uma carta referindo-se aos objetos contidos na caixa “que possam quiçá interessar a uma época em que a face da terra estará profundamente transformada”.

O educador deixou indicações precisas sobre o local onde a cápsula foi “escondida” e a data da abertura. “A caixa de cobre está encerrada em uma câmera cimentada, na parede que separa o anfiteatro do vestíbulo, quase ao rés do chão, em frente à porta principal da entrada do edifício para o lado da atual Rua de São João.”

O ponto exato foi marcado com um quadro de mármore parafusado na parede, com a inscrição:” Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022.”

O dia 15 de novembro foi escolhido para abertura da exposição porque é quando se completam cem anos do fechamento da cápsula. Os objetos foram reunidos no período de celebração do centenário da Independência em 1922, mas a caixa foi inserida na parede do saguão em 15 de novembro de 1922, nos 33 anos da Proclamação da República.

Cápsula do tempo

1 | 6

Após 100 anos

Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação
2 | 6

Ideia do diretor

Foto: Guilherme Scarassati Martins
3 | 6

600 itens

Foto: Guilherme Scarassati Martins
4 | 6

Passado

Foto: Guilherme Scarassati Martins
5 | 6

Desenho

Foto: Guilherme Scarassati Martins
6 | 6

Cartão-postal

Foto: Guilherme Scarassati Martins

Bom estado

O material que passa por recuperação no laboratório da escola está em bom estado e inclui fotos de um professor lecionando uma aula de química e alunos se exercitando no pátio durante a aula de educação física. O curioso é que na época todos usavam terno e gravata.

Na exposição, quadros explicativos darão informações sobre o contexto em que cada objeto foi colocado na cápsula. Os documentos escritos à mão estão sendo digitalizados. A carta na qual o diretor Honorato Faustino de Oliveira relata a intenção de, na época, enviar uma mensagem para os piracicabanos do futuro estará em local de destaque no museu.

Ele cita a cápsula do tempo como “uma caixa de cobre de documentos de toda a sorte, que possam dar aos criadores, nossos patrícios, que viessem d’aqui a cem anos, uma ideia mais ou menos nítida do estado atual dessa casa de Ensino Público, do trabalho mental que foi desenvolvido pelos seus professores e alunos”.

A carta é encerrada com um apelo aos funcionários da então chamada Escola Normal de Piracicaba. “A esses dignos funcionários pedimos encarecidamente, façam religiosamente conservar e respeitar a nossa instituição, enviando todos os esforços para que essa lembrança do passado chegue intacta a 2022, a quem se destina, no mesmo local que se encontra, de modo que só possa ser daí retirada pelos seus próprios destinatários, no dia festivo em que se passa o segundo centenário da proclamação da Independência do Brasil - 7 de setembro de 2022.”

O diretor fez questão de registrar o ponto exato de inserção da cápsula, pensando na possibilidade de que a estrutura do prédio viesse a ser substancialmente alterada, o que não aconteceu. O marco do local, uma placa de mármore com os dizeres “Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022″ também será exposto no museu.

Materiais que estavam em cápsula do tempo "escondida" há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

A escola

Fundada em 1897 na área central da cidade, na Rua do Rosário, a atual Escola Estadual Sud Mennucci iniciou suas atividades como “Escola Complementar de Piracicaba”, com o objetivo de formar professores. Em 1911, trocou o nome para Escola Normal, funcionando assim por vinte anos, e em 1917, a instituição foi transferida para a rua São João, em um prédio situado no Bairro Alto, onde está até hoje.

O prédio foi tombado em 2002 pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado de São Paulo. A construção foi projetada pelo arquiteto João Castagnoli, em 1913, cabendo a Carlos Rosencrantz o detalhamento dos ornamentos internos. Foi construída pelo Departamento de Obras Públicas do Estado de São Paulo, junto com outras nove escolas normais do Estado, sendo a primeira a Caetano de Campos, na cidade de São Paulo em 1894 e, as últimas, em Campinas e Casa Branca, em 1919.

Tratavam-se, conforme o Condephaat, de edificações mais elaboradas, com programas desenvolvidos para atender às exigências do recém-implantado regime republicano, em 1889, que entendia ser necessário ter a escola normal para formar professores primários.

Foram introduzidos auditórios e bibliotecas, espaços até então improvisados. Em 1920, com a reformulação do ensino público estadual, as dez escolas normais foram igualadas aos ginásios, tornando-se estabelecimentos de ensino secundário especial.

Serviço: O Museu Prudente de Moraes fica na Rua Santo Antônio, 641, no centro de Piracicaba, e funciona de terça a sexta, das 9 às 17, sábados e feriados das 10 às 14 horas, com entrada gratuita.

SOROCABA - O Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, criado em 1956 na casa em que residiu o primeiro presidente civil do Brasil, em Piracicaba, interior de São Paulo, prepara-se para receber um acervo especial. O conteúdo de uma cápsula do tempo aberta após cem anos na Escola Estadual Sud Mennucci está sendo tratado em laboratório para ser exposto a partir de 15 de novembro próximo.

A caixa de cobre, chumbada no saguão da Escola Estadual Sud Mennucci, foi aberta no dia 7 de setembro e revelou um acervo de mais de 600 itens, entre fotografias, documentos, boletins escolares, jornais, selos e dinheiro em cédulas e moedas da época. Havia também livros, cadernos de música e desenhos e até uma caixa de sabonete.

As fotografias do período sofreram com a ação do tempo e estão passando por um processo de restauro. As moedas estão sendo polidas, assim como a caixa de cobre, que também ficará exposta. O museu prepara a sala de exposições paralelas para receber esse acervo, que deve ficar à disposição do público por tempo ainda indeterminado.

Apesar da ampla divulgação que cercou a abertura da cápsula, um número pequeno de pessoas conseguiu acompanhar presencialmente o fato histórico. A expectativa da administração do museu é de que um grande número de visitantes compareça para ver de perto o material que revela costumes e histórias da Piracicaba de 1922.

Cápsula do tempo foi aberta após ter sido escondida há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

“Viagem para o futuro”

É como se uma janela tivesse sido aberta para um passado remoto, quando ainda não se falava em celular, internet e rede social. A ideia dessa “viagem para o futuro” foi do diretor da escola da época, Honorato Faustino, que escreveu uma carta referindo-se aos objetos contidos na caixa “que possam quiçá interessar a uma época em que a face da terra estará profundamente transformada”.

O educador deixou indicações precisas sobre o local onde a cápsula foi “escondida” e a data da abertura. “A caixa de cobre está encerrada em uma câmera cimentada, na parede que separa o anfiteatro do vestíbulo, quase ao rés do chão, em frente à porta principal da entrada do edifício para o lado da atual Rua de São João.”

O ponto exato foi marcado com um quadro de mármore parafusado na parede, com a inscrição:” Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022.”

O dia 15 de novembro foi escolhido para abertura da exposição porque é quando se completam cem anos do fechamento da cápsula. Os objetos foram reunidos no período de celebração do centenário da Independência em 1922, mas a caixa foi inserida na parede do saguão em 15 de novembro de 1922, nos 33 anos da Proclamação da República.

Cápsula do tempo

1 | 6

Após 100 anos

Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação
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Ideia do diretor

Foto: Guilherme Scarassati Martins
3 | 6

600 itens

Foto: Guilherme Scarassati Martins
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Passado

Foto: Guilherme Scarassati Martins
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Desenho

Foto: Guilherme Scarassati Martins
6 | 6

Cartão-postal

Foto: Guilherme Scarassati Martins

Bom estado

O material que passa por recuperação no laboratório da escola está em bom estado e inclui fotos de um professor lecionando uma aula de química e alunos se exercitando no pátio durante a aula de educação física. O curioso é que na época todos usavam terno e gravata.

Na exposição, quadros explicativos darão informações sobre o contexto em que cada objeto foi colocado na cápsula. Os documentos escritos à mão estão sendo digitalizados. A carta na qual o diretor Honorato Faustino de Oliveira relata a intenção de, na época, enviar uma mensagem para os piracicabanos do futuro estará em local de destaque no museu.

Ele cita a cápsula do tempo como “uma caixa de cobre de documentos de toda a sorte, que possam dar aos criadores, nossos patrícios, que viessem d’aqui a cem anos, uma ideia mais ou menos nítida do estado atual dessa casa de Ensino Público, do trabalho mental que foi desenvolvido pelos seus professores e alunos”.

A carta é encerrada com um apelo aos funcionários da então chamada Escola Normal de Piracicaba. “A esses dignos funcionários pedimos encarecidamente, façam religiosamente conservar e respeitar a nossa instituição, enviando todos os esforços para que essa lembrança do passado chegue intacta a 2022, a quem se destina, no mesmo local que se encontra, de modo que só possa ser daí retirada pelos seus próprios destinatários, no dia festivo em que se passa o segundo centenário da proclamação da Independência do Brasil - 7 de setembro de 2022.”

O diretor fez questão de registrar o ponto exato de inserção da cápsula, pensando na possibilidade de que a estrutura do prédio viesse a ser substancialmente alterada, o que não aconteceu. O marco do local, uma placa de mármore com os dizeres “Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022″ também será exposto no museu.

Materiais que estavam em cápsula do tempo "escondida" há 100 anos na Escola Estadual Sud Mennucci em Piracicaba, interior de São Paulo. Foto: EE Sud Mennucci/Divulgação

A escola

Fundada em 1897 na área central da cidade, na Rua do Rosário, a atual Escola Estadual Sud Mennucci iniciou suas atividades como “Escola Complementar de Piracicaba”, com o objetivo de formar professores. Em 1911, trocou o nome para Escola Normal, funcionando assim por vinte anos, e em 1917, a instituição foi transferida para a rua São João, em um prédio situado no Bairro Alto, onde está até hoje.

O prédio foi tombado em 2002 pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado de São Paulo. A construção foi projetada pelo arquiteto João Castagnoli, em 1913, cabendo a Carlos Rosencrantz o detalhamento dos ornamentos internos. Foi construída pelo Departamento de Obras Públicas do Estado de São Paulo, junto com outras nove escolas normais do Estado, sendo a primeira a Caetano de Campos, na cidade de São Paulo em 1894 e, as últimas, em Campinas e Casa Branca, em 1919.

Tratavam-se, conforme o Condephaat, de edificações mais elaboradas, com programas desenvolvidos para atender às exigências do recém-implantado regime republicano, em 1889, que entendia ser necessário ter a escola normal para formar professores primários.

Foram introduzidos auditórios e bibliotecas, espaços até então improvisados. Em 1920, com a reformulação do ensino público estadual, as dez escolas normais foram igualadas aos ginásios, tornando-se estabelecimentos de ensino secundário especial.

Serviço: O Museu Prudente de Moraes fica na Rua Santo Antônio, 641, no centro de Piracicaba, e funciona de terça a sexta, das 9 às 17, sábados e feriados das 10 às 14 horas, com entrada gratuita.

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