Acre ‘deporta’ para São Paulo 400 refugiados do Haiti


Maioria estava em abrigo que foi fechado; secretária de Justiça paulista diz que equivalente acriano foi ‘desleal’ ao não avisar sobre viagem

Por Bruno Ribeiro

SÃO PAULO - Cerca de 400 refugiados do Haiti chegaram a São Paulo nos últimos 15 dias, sem ter local adequado para ficar. Eles estavam, principalmente, em um abrigo de Brasileia, cidade de 22 mil habitantes no sul do Acre, que teve de ser fechado por falta de condições. Agora, estão na Casa do Migrante, local apoiado pela Pastoral do Migrante da Igreja Católica, no Glicério, região central da cidade, onde não há condições para receber tanta gente.

A vinda dos refugiados causou indignação na Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo. A titular da pasta, Eloisa de Souza Arruda, acusa seu colega Nilson Mourão, secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Acre, de ser "desleal" por não tê-la procurado antes de financiar a viagem dos refugiados. Mourão, por sua vez, diz que a secretária precisa "se informar melhor" sobre a situação.

A maior parte dos haitianos que vieram para a capital paulista foi abrigada na casa de amigos e parentes que já estavam na capital. Entretanto, cerca de cem deles estão na pastoral.

continua após a publicidade

O padre Antenor Dalla Vecchia, que atua na pastoral, afirma que os refugiados estão em situação precária. "Eles estão dormindo em nosso galpão, que obviamente não foi projetado como moradia." Afirma, no entanto, que todos têm recebido alimentação e cuidados adequados. "Eles saem durante o dia, tentam arrumar emprego e moradia, mas voltam para dormir", diz o padre.

Desde 2010, o Acre já recebeu cerca de 20 mil haitianos, que estavam sendo transportados pelo governo do Estado para onde eles pediram para ir. O fluxo, porém, parou com a cheia do Rio Madeira, que isolou o Estado. Isso superlotou Brasileia e o abrigo foi transferido para Rio Branco. A viagem para outros Estados só ocorreu por meio de caronas em aviões cargueiros que abasteceram o Acre durante a crise e voltavam vazios.

Crise. "Esse secretário Nilson Mourão não procurou seu equivalente em São Paulo, que, por acaso sou eu, para providenciar os cuidados adequados. Procurou o padre da pastoral e avisou que ‘alguns’ haitianos chegariam aqui. Chegaram 400", afirma Eloisa.

continua após a publicidade

Ela se queixa de o Acre ter financiado a viagem, usando a Força Aérea Brasileira (FAB) e diz que os haitianos estão sem carteira de trabalho. "Isso os expõe ao tráfico de pessoas e ao tráfico de drogas", diz a secretária paulista.

Embora reconheça que o colega acriano não tenha cometido nenhuma ilegalidade, ela afirma que, "nos padrões internacionais, isso poderia ser classificado como deportação forçada", ao descrever o transporte, com ônibus urbanos de Rondônia de lá até aqui.

A secretária deve visitar nesta quinta-feira, 24, o abrigo do Glicério e diz que a primeira providência foi contatar o Ministério Público do Trabalho para acelerar a obtenção de carteira de trabalho. Em seguida, pretende cobrar da Prefeitura o fornecimento de abrigos adequados. O prefeito Fernando Haddad (PT) disse ontem que apura a situação e que a cidade ajudará como puder.

continua após a publicidade

"Acho que pode haver um viés político (o governador do Acre é do PT) ao tentar transformar um problema humanitário, de tão fácil solução para o Estado mais rico da federação, em uma crise", disse o secretário acriano.

"O que a secretária precisa entender é que o Acre não é o destino deles. Eles preferem ir para Mato Grosso, São Paulo e Rio Grande do Sul e nós ajudamos. É o digno", afirmou Mourão.

SÃO PAULO - Cerca de 400 refugiados do Haiti chegaram a São Paulo nos últimos 15 dias, sem ter local adequado para ficar. Eles estavam, principalmente, em um abrigo de Brasileia, cidade de 22 mil habitantes no sul do Acre, que teve de ser fechado por falta de condições. Agora, estão na Casa do Migrante, local apoiado pela Pastoral do Migrante da Igreja Católica, no Glicério, região central da cidade, onde não há condições para receber tanta gente.

A vinda dos refugiados causou indignação na Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo. A titular da pasta, Eloisa de Souza Arruda, acusa seu colega Nilson Mourão, secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Acre, de ser "desleal" por não tê-la procurado antes de financiar a viagem dos refugiados. Mourão, por sua vez, diz que a secretária precisa "se informar melhor" sobre a situação.

A maior parte dos haitianos que vieram para a capital paulista foi abrigada na casa de amigos e parentes que já estavam na capital. Entretanto, cerca de cem deles estão na pastoral.

O padre Antenor Dalla Vecchia, que atua na pastoral, afirma que os refugiados estão em situação precária. "Eles estão dormindo em nosso galpão, que obviamente não foi projetado como moradia." Afirma, no entanto, que todos têm recebido alimentação e cuidados adequados. "Eles saem durante o dia, tentam arrumar emprego e moradia, mas voltam para dormir", diz o padre.

Desde 2010, o Acre já recebeu cerca de 20 mil haitianos, que estavam sendo transportados pelo governo do Estado para onde eles pediram para ir. O fluxo, porém, parou com a cheia do Rio Madeira, que isolou o Estado. Isso superlotou Brasileia e o abrigo foi transferido para Rio Branco. A viagem para outros Estados só ocorreu por meio de caronas em aviões cargueiros que abasteceram o Acre durante a crise e voltavam vazios.

Crise. "Esse secretário Nilson Mourão não procurou seu equivalente em São Paulo, que, por acaso sou eu, para providenciar os cuidados adequados. Procurou o padre da pastoral e avisou que ‘alguns’ haitianos chegariam aqui. Chegaram 400", afirma Eloisa.

Ela se queixa de o Acre ter financiado a viagem, usando a Força Aérea Brasileira (FAB) e diz que os haitianos estão sem carteira de trabalho. "Isso os expõe ao tráfico de pessoas e ao tráfico de drogas", diz a secretária paulista.

Embora reconheça que o colega acriano não tenha cometido nenhuma ilegalidade, ela afirma que, "nos padrões internacionais, isso poderia ser classificado como deportação forçada", ao descrever o transporte, com ônibus urbanos de Rondônia de lá até aqui.

A secretária deve visitar nesta quinta-feira, 24, o abrigo do Glicério e diz que a primeira providência foi contatar o Ministério Público do Trabalho para acelerar a obtenção de carteira de trabalho. Em seguida, pretende cobrar da Prefeitura o fornecimento de abrigos adequados. O prefeito Fernando Haddad (PT) disse ontem que apura a situação e que a cidade ajudará como puder.

"Acho que pode haver um viés político (o governador do Acre é do PT) ao tentar transformar um problema humanitário, de tão fácil solução para o Estado mais rico da federação, em uma crise", disse o secretário acriano.

"O que a secretária precisa entender é que o Acre não é o destino deles. Eles preferem ir para Mato Grosso, São Paulo e Rio Grande do Sul e nós ajudamos. É o digno", afirmou Mourão.

SÃO PAULO - Cerca de 400 refugiados do Haiti chegaram a São Paulo nos últimos 15 dias, sem ter local adequado para ficar. Eles estavam, principalmente, em um abrigo de Brasileia, cidade de 22 mil habitantes no sul do Acre, que teve de ser fechado por falta de condições. Agora, estão na Casa do Migrante, local apoiado pela Pastoral do Migrante da Igreja Católica, no Glicério, região central da cidade, onde não há condições para receber tanta gente.

A vinda dos refugiados causou indignação na Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo. A titular da pasta, Eloisa de Souza Arruda, acusa seu colega Nilson Mourão, secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Acre, de ser "desleal" por não tê-la procurado antes de financiar a viagem dos refugiados. Mourão, por sua vez, diz que a secretária precisa "se informar melhor" sobre a situação.

A maior parte dos haitianos que vieram para a capital paulista foi abrigada na casa de amigos e parentes que já estavam na capital. Entretanto, cerca de cem deles estão na pastoral.

O padre Antenor Dalla Vecchia, que atua na pastoral, afirma que os refugiados estão em situação precária. "Eles estão dormindo em nosso galpão, que obviamente não foi projetado como moradia." Afirma, no entanto, que todos têm recebido alimentação e cuidados adequados. "Eles saem durante o dia, tentam arrumar emprego e moradia, mas voltam para dormir", diz o padre.

Desde 2010, o Acre já recebeu cerca de 20 mil haitianos, que estavam sendo transportados pelo governo do Estado para onde eles pediram para ir. O fluxo, porém, parou com a cheia do Rio Madeira, que isolou o Estado. Isso superlotou Brasileia e o abrigo foi transferido para Rio Branco. A viagem para outros Estados só ocorreu por meio de caronas em aviões cargueiros que abasteceram o Acre durante a crise e voltavam vazios.

Crise. "Esse secretário Nilson Mourão não procurou seu equivalente em São Paulo, que, por acaso sou eu, para providenciar os cuidados adequados. Procurou o padre da pastoral e avisou que ‘alguns’ haitianos chegariam aqui. Chegaram 400", afirma Eloisa.

Ela se queixa de o Acre ter financiado a viagem, usando a Força Aérea Brasileira (FAB) e diz que os haitianos estão sem carteira de trabalho. "Isso os expõe ao tráfico de pessoas e ao tráfico de drogas", diz a secretária paulista.

Embora reconheça que o colega acriano não tenha cometido nenhuma ilegalidade, ela afirma que, "nos padrões internacionais, isso poderia ser classificado como deportação forçada", ao descrever o transporte, com ônibus urbanos de Rondônia de lá até aqui.

A secretária deve visitar nesta quinta-feira, 24, o abrigo do Glicério e diz que a primeira providência foi contatar o Ministério Público do Trabalho para acelerar a obtenção de carteira de trabalho. Em seguida, pretende cobrar da Prefeitura o fornecimento de abrigos adequados. O prefeito Fernando Haddad (PT) disse ontem que apura a situação e que a cidade ajudará como puder.

"Acho que pode haver um viés político (o governador do Acre é do PT) ao tentar transformar um problema humanitário, de tão fácil solução para o Estado mais rico da federação, em uma crise", disse o secretário acriano.

"O que a secretária precisa entender é que o Acre não é o destino deles. Eles preferem ir para Mato Grosso, São Paulo e Rio Grande do Sul e nós ajudamos. É o digno", afirmou Mourão.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.