O Rio Pinheiros amanheceu verde e ainda mais turvo nesta segunda-feira, 9, chamando a atenção de quem passava pela Marginal ou olhava através das janelas dos grandes prédios da Vila Olímpia e da Cidade Jardim. De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o motivo foi o tempo seco. O Estado de São Paulo enfrenta seca histórica, com alto risco de incêndio.
“Por conta do período seco, agravado pela forte estiagem, a vazão do Pinheiros diminuiu significativamente, favorecendo a proliferação de algas devido às concentrações de nutrientes em relação à pouca água no rio”, afirma a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado, por meio da Cetesb.
A proliferação de algas é um fenômeno que pode acontecer em rios e lagos por causas naturais, mas principalmente como resultado da ação humana, quando a água está poluída. Derramamento de esgoto, poluentes, fertilizantes e dejetos de animais intensificam o problema, que provoca proliferação de cianobactérias e é nocivo à saúde, segundo o Ministério da Saúde.
As características do Pinheiros, de “rio atípico”, com pouca vazão e despejo frequente de carga orgânica, colabora para o agravamento do fenômeno. A Cetesb diz que a condição da água só deve melhorar após chuvas intensas. Ou seja, é preciso aumentar a quantidade de água no rio.
São Paulo tem previsão de chuva para o domingo, 15, e a segunda-feira, 16, mas a intensidade deve ser fraca, chegando a até 18 milímetros. Pelo segundo dia consecutivo, a capital paulista ocupa o primeiro lugar em um ranking mundial de pior qualidade do ar, por conta do tempo seco.
A própria Cetesb classifica a poluição na região metropolitana como “muito ruim”, com consequências para pessoas com problemas respiratórios e também para a população em geral.
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Questionada pelo Estadão a respeito do tratamento da água do Rio Pinheiros, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente afirmou que vem implementando, desde o início de 2023, “uma série de ações de curto, médio e longo prazo, como ampliação do saneamento básico, monitoramento da qualidade da água, desassoreamento e recuperação de fauna e flora” do Tietê e seus afluentes, como o Pinheiros.
“A previsão é que, até 2026, sejam investidos R$ 15,3 bilhões”, afirma a pasta. Segundo o governo, no primeiro ano do programa IntegraTietê foi feita a maior remoção de resíduos nos Rios Tietê e Pinheiros desde 2015, com 1,4 milhão de metros cúbicos de sedimentos removidos, volume equivalente à carga de 99.508 caminhões basculantes. “Se esses caminhões fossem enfileirados, ocupariam uma distância de quase 1.000 km – o suficiente para uma viagem de ida entre São Paulo e Brasília.”
O governo do Estado reafirma, ainda, que a Sabesp tem como meta conectar ao sistema de esgoto aproximadamente 2 milhões de imóveis, no trecho do Alto Tietê que vai de Salesópolis até o encontro com o Rio Pinheiros, até o final de 2029. Além de modernizar e ampliar a capacidade de cinco estações de tratamento de esgoto (ABC, Barueri, Parque Novo Mundo, São Miguel e Suzano).
“Vale lembrar que a limpeza e conservação do Tietê e seus afluentes é um dever de todos. É muito importante que a população faça o descarte correto do lixo e tenha consciência que manter a cidade limpa depende de todos os paulistas. Da mesma forma, que a varrição e a coleta de lixo, por parte dos municípios, seja feita corretamente.”