Alberto Mendes, pai do tenente morto por Lamarca, morre em SP


Durante 44 anos, ele participou de todas as solenidades em memória do filho, Alberto Mendes Junior, considerado herói da PM

Por Marcelo Godoy

SÃO PAULO - O paulistano Alberto Mendes tinha dois filhos. Os dois queriam entrar na antiga Força Pública de São Paulo, mas um deles - Adauto - foi reprovado nos exames físicos. O mais velho tinha o nome do pai e seguiu a carreira militar. Nascido em 24 de janeiro de 1947, Alberto Mendes Junior seria executado em meio à selva do Vale do Ribeira, em São Paulo, no dia 10 de maio de 1970 por um grupo de guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) liderados pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca.

Mendes primeiro viveu a angústia do desaparecimento do filho, cujo corpo só seria encontrado meses depois,com a prisão de um dos integrantes da VPR: Ariston Lucena. Depois, a dor ao descobrir os detalhes da execução do jovem: morto a coronhadas em meio à mata. O filho e os homens que comandava caíram em uma emboscada montada pelo ex-capitão do Exército, que resolveu manter Mendes Junior como único prisioneiro. Perseguidos pelos militares que cercavam a região, os guerrilheiros de Lamarca resolveram matar o refém.

Pintor de paredes, Alberto Mendes nasceu no Tucuruvi, na zona norte. Seus pais tinham origem portuguesa. A morte transformou o filho do velho Mendes em um herói onipresente. Todo quartel da corporação passou a ostentar quadros com fotos do tenente. O velório do filho no quartel do Batalhão Tobias de Aguiar, no centro, reuniu cerca de 10 mil pessoas, que saíram com o caixão dali até o Mausoléu da PM, no Cemitério do Araçá. Percorreram quatro quilômetros acompanhados por batedores e pela banda da PM. Diante de todos, marchava o governador de São Paulo, Abreu Sodré. Era 10 de setembro de 1970.

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Por decisão da corporação, o filho do seu Alberto foi promovido a capitão. "Não existe ato de bravura, mas cumprimento do dever. Sempre fui contra promoções por bravura, pois não existe policial herói, mas policiais excelentes. A única exceção em toda a minha carreira foi o Mendes Junior", contava o fundador das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o coronel Salvador D'Aquino, que o comandava no batalhão quando o jovem morreu.

Desde então, o pai do tenente passou a ser convidado para todas as solenidades da Polícia Militar. Condecorou oito dos policiais que sobreviveram à emboscada que matara o filho. Dezoito ruas no Estado foram batizadas com o nome do agora capitão. Escolas também receberam seu nome. Cada vez que uma nova Praça Mendes Junior era inaugurada, uma perua da corporação parava em frente da casa dos pais para levá-los à solenidade. Podia ser em Ourinhos, em Dois Córregos, seu Alberto e dona Angelina faziam questão de estarem presentes.

A PM nunca deixou passar em branco a data da morte de seu filho. Todo 10 de maio, seu Alberto comparecia às solenidades na Rota e no Quartel do Comando Geral - em ambos os quartéis existem bustos de Mendes Junior. Durante anos, ele e a mulher iam até o cemitério pôr flores no túmulo do jovem. Também lavavam o lugar. Adauto, o outro filho, era encarregado de levá-los. Um dia, o pai achou que não era justo comprometer os fins de semana do rapaz e decidiu, aos 54 anos, aprender a dirigir e a comprar um carro.

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"Durante muito tempo o luto na minha família não acabou", afirmou Adauto. "Minha mãe passou anos conservando o quarto do meu irmão como ele deixara. A comoção em torno da morte, a publicidade em torno dela e o símbolo em que se transformou meu irmão impediram que o luto se concluísse." No último domingo, 30, em São Paulo, o luto de seu Alberto acabou. Tinha 90 anos. Deixou a viúva, Angelina, e o filho Adauto. E será enterrado no Cemitério Parque Jaraguá, às 11 horas, nesta terça-feira, 2.

SÃO PAULO - O paulistano Alberto Mendes tinha dois filhos. Os dois queriam entrar na antiga Força Pública de São Paulo, mas um deles - Adauto - foi reprovado nos exames físicos. O mais velho tinha o nome do pai e seguiu a carreira militar. Nascido em 24 de janeiro de 1947, Alberto Mendes Junior seria executado em meio à selva do Vale do Ribeira, em São Paulo, no dia 10 de maio de 1970 por um grupo de guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) liderados pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca.

Mendes primeiro viveu a angústia do desaparecimento do filho, cujo corpo só seria encontrado meses depois,com a prisão de um dos integrantes da VPR: Ariston Lucena. Depois, a dor ao descobrir os detalhes da execução do jovem: morto a coronhadas em meio à mata. O filho e os homens que comandava caíram em uma emboscada montada pelo ex-capitão do Exército, que resolveu manter Mendes Junior como único prisioneiro. Perseguidos pelos militares que cercavam a região, os guerrilheiros de Lamarca resolveram matar o refém.

Pintor de paredes, Alberto Mendes nasceu no Tucuruvi, na zona norte. Seus pais tinham origem portuguesa. A morte transformou o filho do velho Mendes em um herói onipresente. Todo quartel da corporação passou a ostentar quadros com fotos do tenente. O velório do filho no quartel do Batalhão Tobias de Aguiar, no centro, reuniu cerca de 10 mil pessoas, que saíram com o caixão dali até o Mausoléu da PM, no Cemitério do Araçá. Percorreram quatro quilômetros acompanhados por batedores e pela banda da PM. Diante de todos, marchava o governador de São Paulo, Abreu Sodré. Era 10 de setembro de 1970.

Por decisão da corporação, o filho do seu Alberto foi promovido a capitão. "Não existe ato de bravura, mas cumprimento do dever. Sempre fui contra promoções por bravura, pois não existe policial herói, mas policiais excelentes. A única exceção em toda a minha carreira foi o Mendes Junior", contava o fundador das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o coronel Salvador D'Aquino, que o comandava no batalhão quando o jovem morreu.

Desde então, o pai do tenente passou a ser convidado para todas as solenidades da Polícia Militar. Condecorou oito dos policiais que sobreviveram à emboscada que matara o filho. Dezoito ruas no Estado foram batizadas com o nome do agora capitão. Escolas também receberam seu nome. Cada vez que uma nova Praça Mendes Junior era inaugurada, uma perua da corporação parava em frente da casa dos pais para levá-los à solenidade. Podia ser em Ourinhos, em Dois Córregos, seu Alberto e dona Angelina faziam questão de estarem presentes.

A PM nunca deixou passar em branco a data da morte de seu filho. Todo 10 de maio, seu Alberto comparecia às solenidades na Rota e no Quartel do Comando Geral - em ambos os quartéis existem bustos de Mendes Junior. Durante anos, ele e a mulher iam até o cemitério pôr flores no túmulo do jovem. Também lavavam o lugar. Adauto, o outro filho, era encarregado de levá-los. Um dia, o pai achou que não era justo comprometer os fins de semana do rapaz e decidiu, aos 54 anos, aprender a dirigir e a comprar um carro.

"Durante muito tempo o luto na minha família não acabou", afirmou Adauto. "Minha mãe passou anos conservando o quarto do meu irmão como ele deixara. A comoção em torno da morte, a publicidade em torno dela e o símbolo em que se transformou meu irmão impediram que o luto se concluísse." No último domingo, 30, em São Paulo, o luto de seu Alberto acabou. Tinha 90 anos. Deixou a viúva, Angelina, e o filho Adauto. E será enterrado no Cemitério Parque Jaraguá, às 11 horas, nesta terça-feira, 2.

SÃO PAULO - O paulistano Alberto Mendes tinha dois filhos. Os dois queriam entrar na antiga Força Pública de São Paulo, mas um deles - Adauto - foi reprovado nos exames físicos. O mais velho tinha o nome do pai e seguiu a carreira militar. Nascido em 24 de janeiro de 1947, Alberto Mendes Junior seria executado em meio à selva do Vale do Ribeira, em São Paulo, no dia 10 de maio de 1970 por um grupo de guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) liderados pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca.

Mendes primeiro viveu a angústia do desaparecimento do filho, cujo corpo só seria encontrado meses depois,com a prisão de um dos integrantes da VPR: Ariston Lucena. Depois, a dor ao descobrir os detalhes da execução do jovem: morto a coronhadas em meio à mata. O filho e os homens que comandava caíram em uma emboscada montada pelo ex-capitão do Exército, que resolveu manter Mendes Junior como único prisioneiro. Perseguidos pelos militares que cercavam a região, os guerrilheiros de Lamarca resolveram matar o refém.

Pintor de paredes, Alberto Mendes nasceu no Tucuruvi, na zona norte. Seus pais tinham origem portuguesa. A morte transformou o filho do velho Mendes em um herói onipresente. Todo quartel da corporação passou a ostentar quadros com fotos do tenente. O velório do filho no quartel do Batalhão Tobias de Aguiar, no centro, reuniu cerca de 10 mil pessoas, que saíram com o caixão dali até o Mausoléu da PM, no Cemitério do Araçá. Percorreram quatro quilômetros acompanhados por batedores e pela banda da PM. Diante de todos, marchava o governador de São Paulo, Abreu Sodré. Era 10 de setembro de 1970.

Por decisão da corporação, o filho do seu Alberto foi promovido a capitão. "Não existe ato de bravura, mas cumprimento do dever. Sempre fui contra promoções por bravura, pois não existe policial herói, mas policiais excelentes. A única exceção em toda a minha carreira foi o Mendes Junior", contava o fundador das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o coronel Salvador D'Aquino, que o comandava no batalhão quando o jovem morreu.

Desde então, o pai do tenente passou a ser convidado para todas as solenidades da Polícia Militar. Condecorou oito dos policiais que sobreviveram à emboscada que matara o filho. Dezoito ruas no Estado foram batizadas com o nome do agora capitão. Escolas também receberam seu nome. Cada vez que uma nova Praça Mendes Junior era inaugurada, uma perua da corporação parava em frente da casa dos pais para levá-los à solenidade. Podia ser em Ourinhos, em Dois Córregos, seu Alberto e dona Angelina faziam questão de estarem presentes.

A PM nunca deixou passar em branco a data da morte de seu filho. Todo 10 de maio, seu Alberto comparecia às solenidades na Rota e no Quartel do Comando Geral - em ambos os quartéis existem bustos de Mendes Junior. Durante anos, ele e a mulher iam até o cemitério pôr flores no túmulo do jovem. Também lavavam o lugar. Adauto, o outro filho, era encarregado de levá-los. Um dia, o pai achou que não era justo comprometer os fins de semana do rapaz e decidiu, aos 54 anos, aprender a dirigir e a comprar um carro.

"Durante muito tempo o luto na minha família não acabou", afirmou Adauto. "Minha mãe passou anos conservando o quarto do meu irmão como ele deixara. A comoção em torno da morte, a publicidade em torno dela e o símbolo em que se transformou meu irmão impediram que o luto se concluísse." No último domingo, 30, em São Paulo, o luto de seu Alberto acabou. Tinha 90 anos. Deixou a viúva, Angelina, e o filho Adauto. E será enterrado no Cemitério Parque Jaraguá, às 11 horas, nesta terça-feira, 2.

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